(Um naco de boa prosa bem-humorada, que expõe as tristes verdades deste nosso tempo, que corre para trás... - Isabel A. Ferreira)
Boa noite!!!
Boa noite, portuguesas e portugueses!
Boa noite, minhas amigas e meus amigos!
Bem-vindos e bem-vindas ao nosso comício!
Hoje, vamos falar, em primeiro lugar, da novilíngua... perdão... da nossa língua. Vamos falar da Língua Portuguesa.
Vamos falar da Língua Portuguesa (que tão maltratada tem sido desde há uns anos atrás). Por falar em anos atrás, permitam que vos conte a minha experiência pessoal quando ouvi, pela primeira vez, esta expressão:
Estava eu deitado na cama a pensar numa possível razão para se dizer «há anos atrás» e concluí, talvez erradamente, que deve ter sido por alguém ter confundido anos com ânus e daí o que seria uma evidência: há ânus atrás. Haverá uma explicação mais plausível? Se há, eu não a encontrei.
Vamos, então, companheiros e companheiras, falar da Língua Portuguesa, de como ela era falada há alguns anos atrás e de como é falada alguns anos à frente. (Aqui não haveria possibilidade de confusão com ânus).
Há alguns anos atrás, meus amigos e minhas amigas, quando a conjugação dos verbos ainda se estudava e se aprendia – e até havia pretéritos – quase todos e quase todas sabíamos do que estávamos a falar quando abríamos a boca. Atualmente – actualmente, para os outros e para as outras – abrimos a boca e é o que se vê: nós, amigos e amigas, falamos uma língua muito mais evoluída – que até tem vocábulos mais aprimorados (talvez por virem dos primos) – enquanto os outros e as outras teimam em falar Português mesmo Português, o que é um grande disparate porque isso é coisa de há uns anos atrás.
Por exemplo, minhas amigas e meus amigos, nos nossos discursos – prolixos, como gostamos – há tantas vantagens na novilíngua... perdão... na nossa língua que é impossível descrevê-las.
Apesar de utilizarmos muito mais palavras, para chegarmos a todos e a todas, poupamos imenso nas consoantes que fizemos cair. Atualmente – actualmente, para os outros e para as outras – dizemos e pronunciamos as novas palavras tal como fazíamos antes. Os outros e as outras têm dificuldade em fazê-lo, mas nós, minhas amigas e meus amigos, não temos culpa.
Sabemos, evidentemente, que há uma razão muito válida para que essas consoantes existam, mas, como alguém já disse «é assim porque é assim». Os outros e as outras escrevem e falam como entendem que está correto – correcto, para eles e para elas – que mais é que querem?
Portugueses e portuguesas, os outros e as outras queixam-se de que, nas escolas, o Português que se ensina faz com que as crianças – e não só – não saibam falar nem escrever na sua própria língua. Alguns falam em papaguear, cacarejar, linguajar, etc., mas isso é só para nos atingirem, meus amigos e minhas amigas. O que eles e elas têm é inveja. Não veem – vêem, para os outros e para as outras – um palmo à frente do nariz.
Companheiros e companheiras, se os outros e as outras têm razão de queixa, que falem com os professores e as professoras. São eles e elas que ensinam e são eles e elas que corrigem os testes. Nós, amigas e amigos, fazemos a nossa parte; fazemos aquilo para que fomos programados e programadas; cumprimos o que temos de cumprir. É esse o nosso dever. Mesmo que isso implique criar um novo Português... ou importá-lo (que talvez fique mais barato ou renda muito mais).
Portugueses e portuguesas, voltaremos a este assunto – se tiver de ser – numa próxima oportunidade. Até lá, vamos cantando e rindo que é para isso que cá estamos. Lembramos a todos e a todas que não têm de pagar o ônibus. Porra! Esta saiu sem eu querer. Mas habituem-se. Vêm aí muitas mais.
A.S.
Isto tem um nome, que não me atrevo a dizer alto…
Entretanto, recolhi vários textos que, ultimamente, têm vindo a público, todos indicando um único caminho: o da anulação do AO90.
Portugal é o único país da (mal) dita CPLP que faz questão de exigir que o apliquem, mas pior do que isso, é que há quem o aplique servilmente, sem questionar, ainda que não tenha de o aplicar, porque não existe lei alguma que o obrigue.
Sabemos que vivemos no muito anti-democrático regime do eu quero, posso e mando, apesar de essa não ter sido a vontade do Povo, que votou nos que agora querem, podem e mandam. Mas eles insistem: eu quero, posso e mando, porque fui eleito para querer, poder e mandar, ainda que não seja essa a vontade da absoluta maioria do Povo.
Isto também tem um nome: ditadura.
Por isso, é urgente encostar à parede os que querem, podem e mandam, exigindo-lhes, em uníssono que quem não sabe querer, poder e mandar deixe nas mãos de quem SABE a gestão da Língua Portuguesa, porque nem sempre querer, poder mandar é sinónimo de competência, de responsabilidade, de racionalidade e de compromisso com o que é melhor para Portugal e para os Portugueses. E o melhor para Portugal e para os Portugueses NÃO É sermos, linguisticamente, uma servil colónia do Brasil. Ponto.
Deixo-vos com um pequeno (porque a lista é enorme) apanhado de argumentos racionais, preconizados por pessoas com competência na matéria, e com ónus suficiente para acabar com este insulto à Cultura Linguística Portuguesa. É necessário clicar nos links.
Como é possível dizer isto tão impavidamente, senhor presidente da República Portuguesa, quando o senhor é um dos grandes culpados do estado caótico do ensino da Língua de Camões, que, a todo o custo, quer transformar em Língua de Machado de Assis, que não é pior ou melhor do que a Língua de Camões, apenas uma variante da nossa própria Língua? Como pode não ter a noção do que diz? Para melhorar o ensino da Língua de Camões é necessário que se extermine o AO90; que se devolva a Portugal a grafia portuguesa; e se prepare os professores para um ensino da Língua Portuguesa, com a máxima EXCELÊNCIA.
Isabel A. Ferreira
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Os malefícios de um provincianismo mental acrítico e fascinado pelo novo (Maria do Carmo Vieira)
«Nem a TLEBS [Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário], com as suas fastidiosas e aberrantes descrições, nem o AO90, com os “seus erros, imprecisões e incoerências”, propiciam uma reflexão sobre a Língua. Duas aventuras idênticas no seu provincianismo mental, obviamente acrítico e fascinado pelo novo!»
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A cassete riscada e espantosamente ultrapassada, do Ministro dos Negócios Estrangeiros, e que Miguel Sousa Tavares não soube aproveitar para destruir, logo ali.
https://www.facebook.com/watch/?v=1097137027484405
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Gente que não tem noção [por Rui Valente]
«Chegados a este ponto, para os movimentos independentistas brasileiros a minha mensagem só pode ser esta: andem lá com isso! E se os rótulos de “neo-colonialistas” ou de geradores de “preconceito linguístico” ajudarem, venham eles. Mas depressa! — não vá algum iluminado do Acordo Ortográfico lembrar-se de manter em Portugal a ortografia do AO90, mesmo quando já não houver (oficialmente) acordo algum.»
https://cedilha.net/ap53/2021/06/gente-que-nao-tem-nocao-por-rui-valente/
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Manuel Matos Monteiro entrevistado por Carlos Mendes no programa “Autores” (TVI) onde se fala da mixórdia ortográfica gerada pelo AO90
https://tviplayer.iol.pt/programa/autores/556c98760cf234bd4ef57632/video/60b9e43f0cf223efcbb468da
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Nove argumentos contra o Acordo Ortográfico de 1990 (Manuela Barros Ferreira)
Aqui fala-se de nove argumentos, mas poderiam ser noventa…
https://expresso.pt/opiniao/2016-05-11-Nove-argumentos-contra-o-Acordo-Ortografico-de-1990
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(Des)Acordo Ortográfico (Nelson Valente)
Onde se diz que o português brasileiro precisa de ser reconhecido como uma nova língua. E isso é uma decisão política.
https://www.diariodaregiao.com.br/secoes/blogs/artigos/2021/05/1233293--des-acordo-ortografico.html
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Entrevista ao Manuel Pessôa-Lopes
3 - O que é que o leva a ser contra o novo acordo ortográfico?
Leva-me tudo! O denominado acordo ortográfico – qual novilíngua do livro «1984» de George Orwell, destina-se a aniquilar a etimologia na língua portuguesa, a destroçar as nossas raízes culturais, a inibir a nossa capacidade de raciocinar, a controlar o pensamento e a matar a nossa a identidade.
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De Rerum Natura: PRONOME NO LUGAR CERTO É ELITISMO (Eugénio Lisboa)
«A minha opinião sobre o Acordo Ortográfico é simples e transparente: trata-se de um exercício tão monumentalmente fútil quanto dispendioso. Um formidável desperdício que nunca resolverá o problema que ostensivamente visa resolver: a “defesa da unidade essencial da língua portuguesa” (cito João Malaca Casteleiro e faço notar que ele não fala em “unidade ortográfica” mas sim em “unidade essencial da língua portuguesa”).»
http://dererummundi.blogspot.com/2021/06/pronome-no-lugar-certo-e-elitismo.html
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Entrevista ao Ivo Miguel Barroso
«O que é que o levou a ser contra o “Acordo Ortográfico” de 1990? Desde que foi imposto pelo 2.º Governo de José Sócrates, quais foram os problemas que este “Acordo” causou e de que forma tem prejudicado a língua e a cultura?
Ivo Miguel Barroso – Resumidamente, razões jurídicas, razões linguísticas e razões de cidadania. Na minha opinião, o Tratado do AO90 é inconstitucional, na sua totalidade, por violação do artigo 43.º, n.º 2 da Constituição: o Estado não pode programar a cultura e a educação segundo quaisquer “directrizes estéticas, políticas, ideológicas” (…) »
https://projectovidaseobras.wixsite.com/blog/single-post/2016/10/14/entrevista-ao-ivo-miguel-barroso
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O tal Acordo Ortográfico serve apenas para semear grandes desacordos (Lira Neto)
«(…) Assim, na narrativa do prólogo, que se passa na Nova York nos dias atuais, substituiu-se “ônibus” por “autocarro”; “celular” passou a “telemóvel”; “terno” (conjunto de calça, paletó e gravata”) virou “fato”. A propósito: Nova York está lá como Nova Iorque; Amsterdã, como Amsterdão.»
Um texto demonstrativo da irracionalidade ortográfica que o AO90 veio implantar em Portugal.
Pior: esta é a novilíngua portuguesa que os desgovernantes portugueses fazem questão de manter viva nas escolas portuguesas.
Um dia, terão de prestar contas a Portugal, por este crime de lesa-pátria.
Isabel A. Ferreira
Imagem retirada do Facebook
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