Segunda-feira, 4 de Janeiro de 2021

Sobre a aplicação do AO90: «Quem tem o poder não são os políticos, não é o governo, não são as editoras, mas, muito simplesmente, o Povo»

 

Todos os que vêm a este Blogue, quer seja por concordarem comigo, quer seja por não concordarem comigo, com certeza, já chegaram à conclusão de que defender a Língua Portuguesa é uma das minhas prioridades, por ser a Língua o motor da inteligência; e destruir o AO90 é o objectivo final.

 

Sabemos, porém, que tudo tem o seu tempo para acontecer. O AO90 nasceu já com a sua sentença de morte anunciada. Também o sabemos. Por enquanto, o dia da sua execução é uma incógnita, porque, primeiro, é necessário que todas as editoras acordistas vão à falência, para que novas edições, na grafia portuguesa de 1945, a que na realidade está em vigor,  em Portugal, lhes permitam a recuperação económica.  

 

Neste momento, o AO90 anda por aí a fazer cada vez mais estragos na Língua Portuguesa, contudo, escudados na pandemia, que parou o mundo, como se não houvesse mais vida inteligente para além da vida do muito inteligente novo corona vírus, vão adiando a morte do mostrengo ortográfico, esperando que a coisa fique esquecida.

 

Mas como esquecer, se todos os dias somos bombardeados com a iniquidade de um pseudo-acordo que só Portugal, parvamente, activou?

 

ABRAÃO VICENTE.png

 

No início eram três: Brasil, Cabo Verde e Portugal. O Brasil está-se nas tintas para o acordo, e 99 % da população nem sabe o que isso é. Cabo Verde, é como diz o seu actual Ministro da Cultura: «O acordo ortográfico não é adoptado com seriedade em Cabo Verde: (…) O quotidiano em Cabo Verde é todo ele pensado, amado sentido em crioulo».  

 

Só os mentecaptos portugueses insistem no erro que foi este acordo, que não era necessário, nem ninguém quis ou quer.

 

Dito isto, deixo-vos com um comentário publicado algures no Facebook, relativo a um outro comentário, no qual se abordava a possibilidade de os Professores terem se recusado a ensinar o Português, na grafia 90% brasileira, e no mixordês português, gerado pela parvoíce daquela regra acordista que diz:  o que não se lê, não se escreve, criando verdadeiros abortos ortográficos, como exceto, aspeto, receção, infeção, infetado, exceção, enfim, e demais abortinhos quejandos.

 

Comentário:

 

«Achei especialmente interessante o comentário sobre a possibilidade de recusa dos professores, particularmente porque eu, já há alguns anos, comentei exactamente o mesmo: se os professores (bastariam os de língua portuguesa) se unissem e insurgissem contra o AO90 (i. e. ensinassem português correcto à revelia das imposições do governo e ministério da educação (?), esta palhaçada já teria tido o seu fim definitivo.

 

Infelizmente as pessoas não compreendem nem se mentalizam que quem tem o poder não são os políticos, não é o governo, não são as editoras. É sim, muito simplesmente, o povo.

 

Se o povo se unir numa qualquer causa justa, com integridade e determinação, e dessa forma boicotar todos aqueles que tentam impor ou infiltrar algo que sabemos ser errado, o povo sai vencedor.

 

Se ao menos entendessem o poder que têm!... Mas lamentavelmente não entendem e sei-o por observação directa.

 

Tive uma tia (já falecida) que há anos, quando toda este absurdo começou, questionei-a exactamente sobre isto: "Tu és professora, como é que consegues admitir isto e ensinar aos teus alunos uma língua podre e corrompida? Devias recusar-te a ensinar isso, é até falta de ética profissional uma professora de português ensinar brasileiro. Eu não ensinava, ensinaria português correcto, independentemente do que o ministério dissesse."

 

E a resposta foi: "Tás tolo, que querias que fizesse? Ainda era despedida!”

 

Eu apenas fiquei a pensar para mim próprio: "Como é possível mentes tão pequenas e limitadas serem professores?"  (A. V.)

 

***

O que a tia deste comentador não sabia, ou talvez soubesse, mas dava muito trabalho saber, é que jamais seria despedida por se recusar a ensinar aos seus alunos o ilegal e inconstitucional AO90, 90% assente na grafia brasileira.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:55

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