De uma mestranda, recebi o e-mail que aqui reproduzo, com a resposta que lhe dei.
É preciso desfazer mitos.
É preciso desmascarar os predadores da Língua Portuguesa.
É preciso pôr os pontos em todos os is do inútil, do inconstitucional, do ilegal, do imbecil, do incongruente, do indecifrável, do ignaro, do ignóbil, do irracional, do injusto, do impreciso, do impraticável, do improcedente, do improvisado, do impróprio, do impugnável, do inaceitável, do inaplicável, do incoerente, do incómodo, do irritante, do inconcebível, do inconspícuo, do inconsistente, do incorrecto, do ineficiente, do inexacto, do inacreditável, do inaceitável, do ignominioso, do infame, do injustificável, do inoportuno, do insano, do insultuoso AO90.
Cara Isabel
Muito obrigada pela sua exposição, no blogue da sapo, sobre a irrazoabilidade do novo acordo ortográfico.
Concordo plenamente consigo, mas vou mais longe... Acho-o perigoso.
Perigoso porque segue a senda do facilitismo (preceito comum ao nosso ensino hodierno). Não interessa saber expressar uma opinião, correcta e coerentemente, interessa debitar palavras, sem risco de cometer uma gafe. Interessa mitigar fronteiras para que possamos acolher os nossos irmãos transatlânticos, sem que eles tenham a pesadíssima tarefa de se adaptar a uma língua estranha e mística (falhou este intento, visto que conheço brasileiros que não entendem o "nosso" português falado).
Na altura da transposição falavam do perigo eminente da morte da língua portuguesa?! Não somos nós 10 milhões de cidadãos para a continuar a falar e a cuidar? Ou terá sido lobbying das editoras que poupam nos custos de terem de fazer uma edição para Portugal e outra para o Brasil entenda o português que (não) fala?
Mas divago.... A razão de lhe escrever é a de indagar se sabe porque razão a iniciativa popular foi "abafada". Eu só com o seu artigo tomei conhecimento da dita.... Com muito pesar meu, pois acredito que cometemos um crime ao deixar que a moda se instalasse.
Estou a preparar a minha tese de mestrado (em ramo do direito- ramo por excelência tradicionalista), e exigem ser aquela escrita segundo o AO. Barbaridade.... Vou evocar objecção de consciência e apresentar a dita em português... De Portugal... Tal como me foi muito bem ensinado, desde a escola primária e que tanto prezo. Vou receber represálias, mas... Fico de consciência limpa.
Muito, muito obrigada por, passado tanto tempo desta incongruência ter sido cimentada, continuar a lutar pelo que é a real língua portuguesa.
Com votos de elevada consideração e estima
T. F.
***
Cara T. F.,
Agradeço a sua mensagem.
Começo por dizer-lhe que concordo consigo: o AO90 é perigoso, em todos os sentidos.
E nada tem a ver com a falsa intenção de unir Portugal e Brasil através da Língua, porque até o mais analfabeto dos cidadãos sabe que jamais isso seria possível. Aqui a questão é meramente política. Não, uma política elevada, obviamente, mas uma política da mais rasteira. Muito, muito rasteira.
E nem sequer também nasceu para pouparem os custos de terem de fazer uma edição para Portugal e outra para o Brasil, porque o que se publica em Portugal não circula no Brasil, e o que se publica no Brasil não circula em Portugal.
É tudo uma monumental falácia para enganar os ceguinhos.
Pois o que tenho a dizer-lhe quanto à razão de a iniciativa popular estar a ser “abafada” é o seguinte: a política vigente é a do quero, posso e mando, ainda que viole a lei. O Parlamento está a violar a Lei que rege as ILCs, bem como está a violar a Constituição da República Portuguesa quanto à aplicação ilegal e inconstitucional do AO90, referida por TODOS os juristas, que já se debruçaram sobre o assunto.
Mas, nesta ditadura socialista, disfarçada de democracia, em que Portugal vive, os que governam têm o privilégio de violar tudo e mais alguma coisa, sem que se sentem no banco dos réus, porque se algum dia a JUSTIÇA portuguesa decidir cumprir a LEI, e culpar os governantes envolvidos nesta FRAUDE, chamada AO90, o Parlamento é capaz de mudar a Lei, a favor deles, como o querem fazer, por exemplo, na questão do aeroporto do Montijo. Os pareceres, em ambos os casos, são TODOS negativos, mas o que importa, se são eles que têm a faca e o queijo na mão, até para mudarem as leis, se as leis não lhes convierem?
Nesta questão do AO90, comentem-se vários crimes. Entre eles:
1 - O primeiro, e o mais grave, é o Crime de Lesa-Infância, ao obrigarem as nossas crianças a “aprenderem” uma mixórdia ortográfica ilegal, que nada tem a ver com a Língua Materna delas.
2 – O segundo, é o Crime de Lesa-Língua, ao substituírem a grafia portuguesa, pela grafia brasileira, com objectivos obscuros e impraticáveis, e acrescentando-lhe vocábulos desenraizados da Língua-Mãe, transformando-a na maior mixórdia linguística do Mundo.
3 – O terceiro, é o Crime de Lesa-Pátria, ao destruírem a Língua Portuguesa, vector de Identidade Nacional e Património Cultural Imaterial do nosso País, empurrando Portugal para a perda da Soberania Nacional, uma vez que o português acordizado, abrasileirado e amixordizado, que por aí circula, já não nos identifica, nem nos representa.
Daí que, cara T. F., ninguém, em Portugal, tem o direito de exigir que escreva a sua Tese de Mestrado na mixórdia ortográfica ILEGAL, que dá pelo nome de Acordo Ortográfico de 1990.
A T. F., como cidadã portuguesa, tem o direito de escrever a sua Tese na sua Língua Materna original, e não conforme a ortografia amixordizada que lhe impingiram, inconstitucionalmente.
Se a importunarem, quando apresentar a sua tese correCtamente escrita, peça que lhe mostrem a LEI que a obriga a escrever segundo a cartilha do AO90, tendo em conta que Lei NÃO É a Resolução do Conselho de Ministros 8/2011, 2011-01-25 que, ilegalmente, determinou (não OBRIGOU, porque apenas uma LEI OBRIGA) a aplicação do AO90.
Obviamente que poderá evocar a objecção de consciência e o direito à resistência, ambos direitos consignados na Constituição da República Portuguesa.
Há muitos mestrandos que se opuseram a escrever incorrectamente a sua Língua Materna, e nada lhes aconteceu, porque, na verdade, não existindo Lei que a tal obrigue, quem se recusar a aplicar a grafia ilegal, está a cumprir a Lei, ou seja, o Decreto 35.228, de 8 de Dezembro de 1945, vigente em Portugal, porque não foi revogado. E só uma lei revoga outra lei. Não uma RCM.
Por fim, quero dizer-lhe que esta incongruência não foi cimentada, como refere. Parece que foi, mas não foi. Há milhares de Portugueses, não só em Portugal, como por esse mundo fora, a manter intacta a Língua Portuguesa, porque a Língua Portuguesa NÃO É a mixórdia que circula na Internet, nos rodapés dos telejornais, nas legendas dos filmes que passam na televisão, nas traduções de livros acordizadas, nem nas obras de escritores acordistas, nem aquela linguagem que as nossas crianças estão a (des)aprender nas escolas, criminosamente.
Essa é a mixórdia linguística portuguesa, apenas usada pelos seguidistas, pelos servilistas, pelos comodistas, pelos acomodados e pelos ignorantes optativos de Portugal.
A Língua Portuguesa está preservada com os muitos, muitos milhares de Portugueses LIVRES que a escrevem correCtamente, e que a ensinam aos mais novos. É o que também faço com os meus netos, que aprendem acordês e Inglês na escola, e Português, em casa. E sabem que o acordês é para esquecer, quando tiverem idade para dizer NÃO!
Mas até lá, cara T. F., o mundo dará muitas voltas, e os predadores da Língua Portuguesa, numa dessas voltas, cairão no chão, atacados pela putrescência dos seus actos ignaros, e o AO90 será finalmente atirado para o caixote do lixo.
Com as minhas saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
A propósito da publicação do novo livro de José Rodrigues dos Santos, que traiu a Língua Portuguesa, e fez o frete aos editores…
(Origem da imagem: Internet)
Ideias que retirei do Facebook, onde se troca muitas ideias que, não saindo da página, não podem cumprir a sua função, ou seja, destruir o Acordo Ortográfico de 1990, que está a transformar a Língua Portuguesa num lixo linguístico.
E estas ideias, todas elas, têm de chegar à Assembleia da República Portuguesa, um lugar onde se decide da vida ou da morte da Língua, dos Valores Humanos, da Ética, da Moralidade, da Civilidade, da Cultura, da Civilização, da Evolução…
Estava-se a discorrer sobre a subserviência de alguns escritores portugueses ao lobby editorial instalado, que só publica o que bem entende, tenha ou não tenha qualidade literária ou linguística.
O que interessa é vender livros escritos por gente famosa, cá e lá, no outro lado do Atlântico, em terras descobertas ou achadas por Pedro Álvares Cabral, onde até há bem pouco tempo era necessário “traduzir” os nossos escritores para o Brasileirês (com todo o respeito, porque a Língua utilizada no Brasil, embora originária de Portugal, nasceu lá, foi metamorfoseada lá, desenraizou-se da matriz greco-latinam, que caracteriza as línguas europeias, e transformou-se numa outra língua), o que diminuía a possibilidade de avultados lucros aos editores portugueses, porque tinham de pagar as “traduções”.
E aqui é que está o busílis da falsa "obrigatoriedade” de escrever com erros ortográficos, a Língua Portuguesa, nas escolas portuguesas.
E nós sabemos que só vende livros, tenham ou não qualidade literária, quem é famoso. Quem tem nome na praça. Quem é vassalo do sistema. Quem é amigo, ou amigo do amigo de editores.
(Com todo o respeito pela senhora, até a mãe do Cristiano Ronaldo é escritora). E sabem porquê? Porque vende. Foi a resposta que me deu um editor.
Ora conversa daqui, conversa dali… no Facebook… o Álvaro comentou: «Gostaria que essa coisa de Novo Acordo de Editoras nunca fosse para a frente. Mas tenho pena dos miúdos que serão obrigados a cumpri-lo. Miúdos, professores e escritores».
Então o Paulo retorquiu, e muito bem: «Obrigados? Ninguém é obrigado e todos podemos recusar!»
E o Álvaro respondeu: «Experimente dizer isso num exame de português, ou mesmo ao seu editor (se escrever livros).
Bem, chegados aqui não me contive.
Até porque o mal dos Portugueses é aceitarem tudo sem o mínimo espírito crítico. Nas escolas portuguesas não é conveniente promover-se a Cultura Crítica, que é uma matéria muito útil e necessária para o desenvolvimento intelectual dos alunos.
Mas lá interessa aos governantes um povo demasiado culto? Demasiado crítico?
Não interessa. Quanto mais ignorante for o povo, mais submisso será.
Daí termos um país virado do avesso, a todos os níveis.
Respondi ao Álvaro:
Álvaro, há um direito que todos temos: objecção de consciência, quando algo vai contra as normas da nossa sanidade mental, cultural, moral e social.
Num exame de Português todos têm o direito de se RECUSAR a escrever com ERROS ORTOGRÁFICOS de grande e grave monta.
Um editor pode recusar-se a editar um livro escrito em BOM PORTUGUÊS, aliás como já era norma, antes de aparecer este famigerado AO de 1990.
Agora, um escritor tem duas opções, se um editor aceita publicar o seu livro: ou exige (por direito) que o seu livro seja publicado numa Língua com qualidade linguística, gramatical, ortográfica, etc., ou não publica o livro.
Tão simples quanto isso.
É o que eu faço.
Não querem publicar os meus livros, não publiquem.
Fernando Pessoa só publicou um livro em vida. E nem por isso deixou de ser FERNANDO PESSOA.
E Luiz de Camões só foi Luiz de Camões passados muitos anos depois da sua morte. E hoje tem um dia dedicado só a ele, como mais nenhum outro poeta tem.
O que alguns dos nossos escritores contemporâneos querem é a fama em vida. Mas essa fama, quando é assente em quimeras, morre quando eles estiverem a sete palmos debaixo da terra e esquecidos do mundo.
É a vã glória de uma fama assente na fatuidade.
Valerá a pena?
Isabel A. Ferreira
. Ninguém, em Portugal, tem...
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