Quinta-feira, 7 de Novembro de 2024

«Em Defesa da Ortografia» (LXXIII), por João Esperança Barroca

 

 «Com o novo Acordo Ortográfico, introduziu-se o caos: neste dicionário uma palavra tem "c", neste é dupla grafia, neste tem "p", neste não tem. As palavras em que se mexeu são palavras em que ninguém errava, e em que agora se erra. Temos ainda outro problema, que é haver palavras que estão a ser pronunciadas de outra forma porque perderam a consoante muda que guardava a vogal aberta. Há inúmeros exemplos na televisão e na rádio

Manuel Monteiro, escritor, tradutor e revisor, Página Um, 03-10-2024

 

«Há deputados incomodados com os silêncios de Lacerda Sales e de Rebelo de Sousa. Todavia, não vejo qualquer deputado incomodado com o permanente silêncio de quem escreveu “agora facto é igual a fato (de roupa)”. É silêncio antigo, mas sem referir razões. No entanto, aparentemente, não incomoda.»

Francisco Miguel Valada, Intérprete de Conferência, no blogue Aventar

 

«É incompreensível que um inglês leia Walter Scott ou Oscar Wilde na grafia original, o mesmo sucedendo a um francês em relação a Balzac ou Zola, um espanhol em relação a Pérez Galdós e um norte-americano em relação a Mark Twain, enquanto as obras de um Camilo ou um Eça de Queiroz já foram impressas em quatro diferentes grafias do nosso idioma.

As sucessivas reformas da ortografia portuguesa são um péssimo exemplo de intromissão do poder político numa área que devia ser reservada à comunidade científica.

Cada mudança de regime produziu uma "reforma ortográfica" em Portugal. Para efeitos que nada tinham a ver com o amor à língua portuguesa, antes pelo contrário.»

 

Pedro Correia, jornalista e autor no blogue Delito de Opinião

 

Nos últimos “Em Defesa da Ortografia LXXI”, alertámos para a afirmação de Pedro Correia, e de muitos outros, no programa “Prova Oral”, de que, hoje, sem recurso às múltiplas ferramentas tecnológicas, ninguém sabe aplicar devidamente o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).

 

Para provar a veracidade desta afirmação, leia-se, por exemplo, o artigo de opinião de Margarida Marrucho Mota Amador, Coach (seja lá o que isso for) e ex-directora do Colégio do Sagrado Coração de Maria e do Externato O Beiral em Lisboa, “A educação compensatória: gueto ou valorização”, publicado no jornal Público, em 4 de Julho do corrente ano.

 

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A autora, como outros, afirma que toma a opção de escrever na nova ortografia e usa, por ordem alfabética, como se pode comprovar na imagem, retirada do blogue Tradutores Contra o Acordo Ortográfico os seguintes termos: ação, antevêem, características, expectativas, factores, objetivos, e projectos. Como se vê, Margarida Amador labora num erro, pois parece ter preferência por uma ortografia coerente e respeitadora da etimologia. Conviria, contudo, que alguém lhe chamasse a atenção, dizendo: Não, Margarida Amador, a senhora não utiliza a nova ortografia; utiliza, no geral, a ortografia de 1945, polvilhada de umas aberrações, à laia de enxertos, trazidas pelo AO90.

 

Continuando a pesquisa de aberrações que preenchem e preencheram a Comunicação Social, deparámos com os fatos e os contatos do costume, a que se junta a ficção, que abre a porta a outras aberrações como ficionar e ficionista, por exemplo:

 

  1. "Eu aqui estou para ser presidente da Câmara de Lisboa", contrapôs, referindo que deu "tudo" para isso e para lutar "contra o adormecimento social em que o PS vive, em que o Governo vive, numa ilusão, numa fição". RTP, 28-08-2021;
  2. Aquele que é designado de “segundo cérebro” vive, de forma secreta, nos intestinos. Porquê? Vamos esclarecer, com a ajuda dos nossos convidados: Ricardo Rangel, médico de Endocrinologia e nutrição orientado para saúde da mulher, e a naturopata Cátia Antunes, especialista em patologia inflamatória do intestino. E porque o refluxo do ácido gástrico pode causar ou agravar as úlceras de contato das cordas vocais, mais à frente, Clara Capucho, otorrinolaringologista especialista em voz, vai juntar-se a nós.” Expresso 14-08-2024;
  3. Ele analisa que, embora haja tendências mundiais – como o fato de populações votarem sempre nos candidatos oposicionistas, uma expressão da irritação do público com as democracias –, o que leva autocratas ao poder são as circunstâncias locais de cada país. “No final das contas, a política latino-americana é moldada por dinâmicas latino-americanas, não por eventos nos Estados Unidos.”

 

Não era previsível, mas os EUA são um país grande, com alto nível de doenças mentais não tratadas, um número extraordinariamente grande de armas que são facilmente acessíveis e em meio a [sic] uma campanha eleitoral muito, muito polarizada, dramaticamente reforçada pelas redes sociais. Então, o fato de que um jovem de 20 anos poderia facilmente conseguir uma arma e tentar assassinar um dos candidatos nos Estados Unidos, dadas as condições, não deveria chocar ninguém. Não que seja previsível, mas não é chocante. Expresso, 22-07-2024

 

Como vê, caro leitor, nos sítios do costume, mora a ortografia do costume. Quase ninguém fala do elefante na sala, não é?

 

Se é assim na Comunicação Social, como será com o cidadão comum?

 

Ah, parece que cada vez há mais restaurantes especializados em espetadas ou existe um incremento de bandarilheiros na indústria tauromáquica.

 

Ah, a TVI 24 precisa de mais umas horitas para interiorizar as regras do AO90.

 

Ah, o Observador também tem, recorrentemente, umas saudáveis recaídas…

 

João Esperança Barroca

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 15:18

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Terça-feira, 30 de Maio de 2023

Em Defesa da Ortografia (LIX), por João Esperança Barroca

 

«Sou adepta de “acêntos”, “hí-fenes” e “trëmas”.

A nova ortografia não me representa.

A resistência é um dever.»

Rita Lee, cantora brasileira

 

«Que grande compreensão tem esta gente das regras do Acordo Ortográfico de 1990... Nem com mais vinte anos em cima vão dominar a nova ortografia. E isto com jornalistas, imagine-se agora com o falante comum

Helder Guégués, tradutor e revisor, 19-04-2023, no blogue O Linguagista

   

«Raios partam o Acordo e quem nada faz para o reverter! Raios partam os políticos que fazem proclamações de amor infinito à língua portuguesa e a maltratam todos os dias, e não piam quanto ao acordo cacográfico. A integridade linguística é prova de carácter, com "c" antes do "t"!»

Maria Rueff, com texto de Manuel Monteiro na TSF

    

A par de fatos, que não são para vestir, como se observou no escrito do mês de Abril, os contatos são a segunda marca indelével do AO90. Só a sua aparição e proliferação seria razão suficiente, como escreve Manuel Monteiro, para pôr cobro à sua aplicação. Acrescem ainda, entre outras, o fracasso da unificação e as frequentes incoerências.

 

Voltemos de novo aos contatos. Uma breve incursão por alguns órgãos de Comunicação Social traz-nos, entre outras pérolas:

 

1. «Com cerca de cem membros e mais de cinquenta pontos de contato, como é referido na sua página da Internet, esta organização reúne outras de todo o mundo, por forma a melhor combater a corrupção no desporto.»

Vítor Rosa, A Bola, 31-03-2023

 

2. «Depois de João Galamba ter, em conferência de imprensa no sábado, confirmado a tentativa de entrar em contato com Costa- “Estava, penso que a conduzir, e não atendeu”.»

Expresso, 01-05-2023

 

3. «Na sua mensagem de abertura da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que se realiza esta semana, Ornelas revelou que este grupo deverá ter a “autonomia necessária para acolher e acompanhar as vítimas” e “assegurar o necessário apoio e a possível recuperação dos danos por estas sofridos”, dispondo de uma linha de atendimento e de “condições para o contato e acompanhamento pessoal».

Expresso, 17-04-23

 

4. «Até há pouco tempo, publicar um livro exigia do autor muito mais do que a já hercúlea habilidade de parir universos inteiros com as próprias mãos: sem oceanos de suor, alguma sorte e uma bela rede de contatos que garantisse os olhos de uma editora sobre o seu original, dificilmente o sucesso lhe bateria à porta.»

Observador, 11-04-2023

 

5. «O predador sexual, que já tinha sido condenado anteriormente por agressão, exposição indecente, indecência grosseira com crianças e crueldade animal, e que foi descrito pelo procurador como: «uma "suposta transgénero" que usou essa vertente de personalidade para ‘entrar em contato com pessoas vulneráveis’», aproveitou-se das políticas identitárias e mascarou-se com uma peruca, maquilhagem e soutiens com enchimento para se declarar mulher, ser preso na cela delas e continuar a violá-las.»

 Sol, 30-03-2023

 

 6. «Governo diz que CM de Setúbal não quis celebrar um protocolo com o Alto Comissariado para as Migrações. 

 Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, diz que a Câmara Municipal de Setúbal tem fugido aos contatos e a essa formalização de uma parceria com o Alto Comissariado.»

 Observador, 10-05-2022

 

7. «Isabel Lima, professora de português do Colégio, diz que a atividade foi enriquecedora e que “o contato com o espaço físico é diferente da percepção que se tem dentro da sala de aula”. Para a docente, vivências como estas permitem que os jovens fiquem mais atentos às notícias e à desinformação.»

JN, 20-02-2023

 

8. «Este contato com os autarcas, e as autarquias, é muito importante. Tendo em conta que dos 10 municípios a visitar apenas 3 têm gestão social-democrata, há muito para aprender e, eventualmente, replicar as boas práticas.»

 Manuel Portugal Lage, DN, 17-04-2023

 

9. «Acabei de entrar em contato com o comandante de uma das brigadas que defendem a cidade. Posso afirmar com confiança que as forças de defesa ucranianas controlam uma percentagem muito maior do território de Bakhmut", disse o porta-voz das forças ucranianas em declarações à CNN International

 DN, 11-04-2023

 

10. «Verstappen defendeu que Lewis Hamilton não seguiu as regras da corrida ao ultrapassá-lo na primeira volta. "Da minha parte, apenas tentei evitar o contato, está bem claro nas regras o que é permitido fazer agora do lado de fora, mas claramente não é seguido", disse.”»

DN, 01-04-2023

 

O que acha desta pequena colecção, caro eleitor? Será isto um não-assunto, como dizem alguns que se julgam entendidos também em Linguística? Justifica-se que os responsáveis teçam rasgados elogios à língua no Dia Mundial da Língua Portuguesa e continuem a assobiar para o lado no resto do ano?

 

Ah, e como escrevemos em Abril, o nome dos meses, quando se refere uma efeméride ou um acontecimento histórico, deve ser grafado com maiúscula. Sempre!

 

João Esperança Barroca

 

***
Uma vez que pergunta, caro João Esperança Barroca,  e sendo eu sua leitora, digo-lhe que esta pequena colecção de contatos
diz de um servilismo absolutamente bacoco, a juntar a uma ignorância optativa e ao DESPREZO que o presidente da República, o (des) governo português e os deputados da Nação (salvaguardando as raras excepções que pugnam pela NOSSA Língua Portuguesa), votam a Portugal, insultando os Portugueses Pensantes com essa atitude servil , anti-democrática [com hifene], ditatorial, ilegal e inconstitucional. E isto só acontece porque vivemos numa República DOS Bananas.

Isabel A. Ferreira

***

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publicado por Isabel A. Ferreira às 18:31

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Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2021

Porque o que é Português é bom, os leitores escolheram o Jornal PÚBLICO como site de referência em Portugal com mais visitas

 

Diz o seu director-adjunto, Amílcar Correia:

 

"No ano que terminou, um ano para esquecer, como se chamava o nosso especial dedicado aos acontecimentos de 2020, o PÚBLICO foi o site de referência em Portugal com mais visitas. O PÚBLICO online totalizou mais de 276 milhões visitas durante o último ano, um crescimento de 43% face a 2019. O tempo médio de permanência dos leitores nas páginas do site aumentou 35% nos últimos 12 meses. Comparando com os dados revelados pelo Expresso e pelo Observador, o PÚBLICO teve mais 35% de visitas do que o primeiro (que registou um total de 203 milhões de visitas) e mais 4,3% do que o segundo (que registou 264 milhões de visitas)."  

 

Isto não surpreende, porque os Portugueses que LÊEM não procuram ler textos truncados, escritos no vergonhoso mixordês, que anda por aí, e nada tem a ver com a Cultura Linguística Portuguesa.

 

Quem LÊ, procura textos escorreitamente escritos em Bom Português, e não só o Jornal PÚBLICO, como LIVROS, que, felizmente, estão a desabrochar, por aí, em Bom Português, incluindo as traduções de obras estrangeiras.

 

Parabéns PÚBLICO! Parabéns a todos os que preferem o que é Português, porque o que é Português é bom e é nosso!

 

Isabel A. Ferreira

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 17:43

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Terça-feira, 15 de Dezembro de 2020

«Viagem alucinante pelo país das cinco ortografias»

 

«Podemos livrar-nos de Trump ou até do bicho coroado que nos atormenta, mas tardamos a livrar-nos da pseudo-ortografia.» (Nuno Pacheco)

 

NUNO PACHECO.jpg

 

Por Nuno Pacheco

 

Por má sina ou fatalidade, há coisas de que não nos livramos. Podemos livrar-nos de Trump, poderemos até livrar-nos do bicho coroado que nos atormenta, mas há um mal que continua a perseguir-nos sem desfalecer e que alastra como uma praga: a pseudo-ortografia. Houve até quem, de forma brilhante e acertadamente, lhe inventasse nome: pentaortografia. Num artigo bem recente, de 5 de Dezembro, no Diário do Minho, M. Moura Pacheco (ao qual, apesar do apelido, não me unem laços familiares) veio explicar de forma sucinta esta magno problema.

 

Começa assim: “Quando eu aprendi a escrever, havia duas ortografias: a certa e a errada. Agora há, pelo menos cinco. E todas auto-consideradas certas – é a pentaortografia.” Quais são? Ele explica: primeiro, a ortografia clássica ou antiga (a do acordo, ou reforma, de 1945); depois, “a do chamado ‘acordo ortográfico’ que, por sinal, nunca foi acordado”; em seguida, há “a ortografia do ‘super-acordo’ ou dos fanáticos do ‘acordo’. São aqueles que não podem ver uma consoante antes de outra sem que, zelosamente, a façam cair”; em quarto lugar, vem “uma mistura das três anteriores, em doses e proporções ao gosto de cada um, em ‘cocktails’ sortidos de um extenso cardápio.”; e, por fim, a quinta ortografia: “É a que não se integra em nenhuma das anteriores, que está errada à luz de qualquer delas, que desvirtua a fonética, atraiçoa a etimologia, ofende a morfologia e atropela a sintaxe. Uma espécie de sublimação da anterior. Mas é, talvez, a mais popular de todas.” Daí esta conclusão do autor, professor universitário aposentado: “Das duas velhas ortografias, o ‘acordo’ que ninguém acordou conseguiu fazer cinco – a pentaortografia. É o que se chama produtividade cultural!!!” Outra voz que se tem levantado, com regular insistência, contra tal realidade e dando exemplos, é a de João Esperança Barroca, na série “Em defesa da ortografia”, no jornal Cidade de Tomar.

 

Exagero? Antes fosse. Todos os dias, e é bom aqui sublinhar todos, surgem exemplos desta novilíngua que se vai insinuando pela má escrita e que, sem ameaçar a língua portuguesa (que já resistiu a tanto e há-de resistir a tudo), ameaça impiedosamente a nossa paciência. Alguns exemplos, recolhidos por olhares atentos, permitem uma avaliação sumária de tais misérias.

 

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Na rua, um sinal de proibição de trânsito ressalva excepo [por excepto] acesso à escola”, bem perto de um outro onde se anuncia “Todas as direcções” (à “antiga”, com ). Na RTP, no Jornal da Tarde, lemos este aviso: “Restrições do fim-de-semana impõem novos horários para espétaculos [!] culturais”; enquanto isso, num anúncio governamental de restrições devido à pandemia, lia-se nas projecções atrás do primeiro-ministro: “Limitação de circulação na via pública nos 121 concelhos, ao fim-de-semana a partir das 13h.” Um desgoverno no aplicar do Acordo Ortográfico de 1990, que, na caça aos hífenes, impôs como norma fim de semana.

 

Quem diz hífenes diz acentos. Mão zelosa deve ter achado por bem este título “A ERC pode por [em lugar de pôr] em causa a sobrevivência da TVI” (Visão, 24/11). Quanto a “impatos”, “patos” ou “estupefatos”, vão surgindo a eito, apesar de se pronunciar claramente o omitido C em impaCtopaCto ou estupefaCto. No artigo “Costa apresenta plano para investir 43 mil milhões até 2030”, no Observador (22/11), lá vinha: “com menor impato no clima”; o mesmo numa circular de formação escolar, onde se menciona o “impato nos currículos”. Já num antigo artigo da Visão (“Quando a Europa vai à Escola”), apesar de aí se escrever “impacto” sem erro, surge esta linda frase: “É sempre preciso patuar com algo que não é o ideal”; e na TVI (26/2) tivemos ainda esta pérola: “Setor bancário está estupefato com esta decisão.”

 

Isto já para não falar nos “artefatos tecnológicos” (numa comunicação sobre Tecnologia Educativa), no “julgamento por corrução do ex-presidente Sarkozy” (Lux, 30/11), na “interrução de trânsito” (Câmaras do Machico e do Funchal), ou na “queda de um helicótero” [por helicóptero] em notícias publicadas em 2019 em jornais de Coimbra e da Madeira.

 

impato de tudo isto deixa-nos estupefatos. O melhor é ir a um espétaculo, a ver se passa.

 

Fonte: https://www.publico.pt/2020/12/10/culturaipsilon/opiniao/viagem-alucinante-pais-cinco-ortografias-1942286

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:33

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Sexta-feira, 22 de Maio de 2020

Eis a prova provada do motivo pelo qual os órgãos de comunicação social (jornais, TVs e revistas) escrevem em “mixordês”

 

Afinal são subsidiados pelo Estado, a mando do governo, e quando isto acontece, significa que são paus-mandados.

Entende-se, agora, tanta subserviência na divulgação de uma grafia que envergonha até as pedras da Calçada Portuguesa.

 

Contudo, há quem não se deixe vender. Há quem resista ao canto da sereia...

Quem tem na ESCRITA o seu instrumento de trabalho, deve mantê-lo inconspurcado, para que possa prestar um bom serviço à sociedade.

Os órgãos de comunicação social, que usam a mixórdia ortográfica, vergaram-se ao poder e desprestigiaram-se.

Não servem a CULTURA JORNALÍSTICA.

Mas beneficiam a INCULTURA POLÍTICA.

(Se a classe política fosse Culta, jamais o AO90 teria tido pernas para andar, ainda que houvesse quem lhe acenasse com a aberração ortográfica).

 

Querem um termo adequado a esta subserviência? NOJO.  Grande NOJO.

Existe uma polémica ao redor destes apoios. Espero que depois disto, os que andaram a fazer o jeito ao governo, façam um acto de contrição, mandem às malvas a mixórdia ortográfica e o governo, e recuperem a dignidade jornalística perdida, que assenta na isenção, na insubmissão ao Poder, mas também numa escrita ESCORREITA.

Isabel A. Ferreira

 

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Quais os critérios do Governo no apoio aos média? Porque é acusado de falta de transparência?

Oito perguntas e respostas sobre uma polémica.

O apoio do Estado aos media, sob a forma de compra antecipada de publicidade institucional, está debaixo de fogo.

Eco e Observador recusaram aquilo que consideram ser uma subsidiação directa do Estado, num processo “pouco transparente” e com critérios distorcidos.

O Governo diz que os critérios são claros desde o início.

Afinal, em que ficamos?

 

Maria João Bourbon em 21. 05.2020 no Jornal o Expresso

 

Em que consiste o apoio do Estado aos grupos de comunicação social?

O apoio do Estado aos média consiste na compra antecipada de espaço para campanhas publicitárias nos meios de comunicação social. Ou seja, em 2020, e como medida de emergência para mitigar o impacto negativo da covid-19 nos média, o Estado decidiu pagar antecipadamente as campanhas de publicidade institucional antes de elas se realizarem. E destinar, para o efeito, uma verba de 15 milhões de euros, com IVA à taxa de 23% incluído – o que, feitas as contas, significa que o Estado vai acabar por recuperar 2,8 milhões de euros em IVA..........(continua)

 

Continuar a ler aqui:

https://expresso.pt/exclusivos/2020-05-21-Quais-os-criterios-do-Governo-no-apoio-aos-media--Porque-e-acusado-de-falta-de-transparencia--Oito-perguntas-e-respostas-sobre-uma-polemica

***

Continuam as críticas aos apoios aos media, mas Governo diz que distribuição é “proporcional e objectiva”.

Entre as vozes mais críticas está a do publisher do jornal Observador. José Manuel Fernandes diz que a distribuição é injusta e um castigo do PS às vozes incómodas da comunicação social e por isso a administração do jornal anunciou que irá rejeitar a verba que lhe estava destinada. Jornal Eco também irá rejeitar.

 

Liliana Borges do Jornal o Público

20 de Maio de 2020, 13:09 actualizado a 20 de Maio de 2020, 16:56

 

Esta quarta-feira, o Governo assegurou que a distribuição foi feita “de acordo com critérios proporcionais e objectivos”. Mas a garantia não convenceu o Observador e o jornal anunciou que irá rejeitar a verba que lhe era destinada. A mesma decisão tomou também o jornal Eco, que irá rejeitar a verba de 19 mil euros.

 

Ainda durante a manhã, na rádio Observador, José Manuel Fernandes admite que hesitou “até à última hora” em falar sobre o assunto. “Mas tinha as entranhas às voltas e não resisti”, declarou, antes de disparar acusações contra o Governo. “O pior bicho para a liberdade de informação é um Governo socialista”, considerou.

 

Já ao início da tarde, a administração do jornal e rádio fez saber que rejeita o apoio por considerar que “este programa não cumpre critérios mínimos de transparência e probidade para que o Observador possa aceitar fazer parte dele”.

 

O apoio do Governo:

Palavras para quê

Em causa está o que considera uma suspeita inevitável de “compadrio”. Isto porque o jornal Observador (exclusivamente digital) deveria receber uma das menores parcelas destinadas aos meios de comunicação social nacionais: cerca de 20 mil euros. “No tempo de José Sócrates era tudo à descarada, agora faz-se à socapa”, acusa o publisher do jornal que alterou também a sua estratégia de apelo aos leitores para que se tornem assinantes. Horas mais tarde, fonte da administração do Observador disse ao PÚBLICO que a verba será na realidade de 90 mil euros e que houve um erro por parte do Governo que ainda não foi comunicado oficialmente.

 

Em alguns artigos, o Observador apela agora à subscrição dos leitores, anexando uma tabela com a distribuição de parte dos 15 milhões de euros (a imagem não contempla todos os destinatários), e apela à subscrição dos leitores. “Palavras para quê? Só contamos consigo, caro leitor”, lê-se.

 

José Manuel Fernandes destaca que o Observador “nunca pediu apoios, nunca pediu subsídios nenhuns”, mas sim empréstimos garantidos pelo Estado “como estava a acontecer em muitos outros sectores”. “Nem sequer pediu o layoff porque nas empresas de comunicação social não deve haver layoff, uma vez que são precisas a trabalhar a 100%, especialmente nesta altura”, argumentou, apesar de as quedas de receitas terem obrigado alguns jornais a recorrer a esta solução, como foi da Global Media, que pôs mais de 500 trabalhadores em layoff. 

 

Continuar a ler aqui:

https://www.publico.pt/2020/05/20/politica/noticia/governo-tersea-enganado-observador-receber-90-mil-euros-jornal-continua-rejeitar-apoio-1917413

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:47

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Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2020

«A herança de Malaca Casteleiro e a alucinação unificadora da ortografia»

 

«Na morte do “pai” do Acordo Ortográfico de 1990, era preferível que tivesse ficado o homem e morrido a “obra”.» (Nuno Pacheco)

Pois concordo plenamente com o Nuno Pacheco.

 

E o facto é: não os Homens, mas o Futuro e a História sempre se encarregaram de julgar os que, pelas suas acções destruidoras, deixaram um rasto ruinoso, pelo caminho que percorreram em vida.


E o Dr. João Malaca Casteleiro (logo ele, um linguista, quem diria!) fez uma escolha errada, altamente prejudicial aos interesses de Portugal e dos Portugueses, e é essa escolha que marcará negativamente o seu lugar na História, e não só o dele, como o de todos os que se envolveram e estão envolvidos, na destruição da Língua Portuguesa, através da imposição ilegal (não esquecer que o AO45 não foi revogado e é a ele que devemos “obediência”) de um “acordo ortográfico” que nunca foi acordo, além de ser uma grande fraude.

 

Fiquemos com mais um excelente contributo de Nuno Pacheco, para a História da Defesa da Língua Portuguesa, em Portugal.

 

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Texto de Nuno Pacheco, publicado no Jornal Público

 

«Há casos em que é justo dizer: morre o homem, fica a obra. Mas na morte de João Malaca Casteleiro, lembrado na maioria dos obituários noticiosos como “pai” do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), era preferível que tivesse ficado o homem e morrido a “obra”. Apesar de ser difícil nutrir por ele simpatia, dado o que protagonizou, há que reconhecer-lhe a teimosa persistência num acordo que desde a génese era claramente um logro, mas que ele acabou por fazer impor.

 

Numa entrevista recente ao Observador, o linguista Fernando Venâncio (autor de Assim Nasceu Uma Língua, ed. Guerra & Paz, 2019 caracterizou deste modo tal logro: “O AO90 visava possibilitar um relatório, uma declaração, uniformes para todos os países de língua portuguesa. Visava, até, e aí já entramos no terreno da alucinação, conseguir a circulação de produtos linguísticos idênticos (traduções de literatura, legendagens, instruções de máquinas de lavar) por todas essas áreas do Planeta. Mas tenho de lhe tirar o chapéu, ao Dr. Malaca Casteleiro e seus próximos: foi com essa visão paradisíaca que convenceram os políticos.”

 

Pois agora que morreu, nem todos se apressaram a tirar-lhe o chapéu. No dia em que foi conhecida a sua morte, domingo, 9 de Fevereiro (a morte ocorrera no dia 7), a primeira notícia surgiu no Jornal de Notícias, assinada por Sérgio Almeida, seguindo-se, por esta ordem, as do Correio da Manhã, Sapo, PÚBLICO, Diário de Notícias, Observador e Expresso. O jornal i só no dia seguinte deu a notícia e apenas na edição em papel, numa breve de última página. Curiosamente, quer o Ciberdúvidas, quer o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (sítio oficial do AO90), quer a Academia das Ciências de Lisboa (esta lamentando o falecimento numa curta nota) só no dia 10 deram notícia da sua morte. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evocou-o como “defensor da língua portuguesa” (sic), mas do Governo, ou de ex-governantes que o apoiaram, nada se ouviu. Só o silêncio. Quanto à CPLP, só no dia 11 expressou “profunda consternação e grande pesar” pelo falecimento. 

 

Há outro motivo, na história da língua portuguesa, para recordar João Malaca Casteleiro: o Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), também este controverso. Fundada em 24 de Dezembro de 1779, no reinado de D. Maria I e em pleno iluminismo, a então Academia Real das Ciências começou a editar um dicionário da língua portuguesa em 1793, mas não passou do primeiro volume, só com a letra A, volume esse que viria a ser reeditado, “com a modernização indispensável”, 183 anos depois, em 1976. E não passaria daí até 1988, ano em que a Fundação Gulbenkian “lhe concedeu os meios indispensáveis à remuneração permanente da equipa do Dicionário”, segundo escreve no prefácio do dito (que viria a ser publicado em 2001, mas já lá vamos) o então presidente da ACL, Pina Martins, que fala ainda num “vultoso subsídio pontual” de duas outras entidades: a Secretaria de Estado da Cultura e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Malaca Casteleiro foi indicado para coordenador e a equipa, cuja lista o livro integra, contou com 61 “colaboradores externos” que trabalharam no dicionário por “um período, em princípio, não inferior a seis meses”.

 

Enquanto isto, o que sucedia no mundo, nestes dois séculos, em matéria de dicionários do português? Publicava-se o pioneiro Vocabulário do padre Raphael Bluteau (de 1712 a 1728), o Dicionário de Morais (1789, com uma edição monumental em 1961 de 12 volumes, 12.278 páginas e 304.460 vocábulos), o de Eduardo de Faria (1853), o de Frei Domingos Vieira (1871), o Aulete (iniciado em 1881), o Michaelis (1887?), o Cândido de Figueiredo (1898), o Lello Prático Ilustrado (1927), o da Porto Editora (1952), o de José Pedro Machado (1958, com reedições em 1971 e 1981, esta com 12 volumes e um 13.º de actualização, em 1986, num total de 8063 páginas), o Vocabulário de Rebelo Gonçalves (1966), o Aurélio (1975) e o da Texto Editora (de 1995, que dedicava as suas últimas 48 páginas, num total de 1654, a dizer o que mudaria com o acordo ortográfico).

 

 O da ACL sai em 2001, e com uma chancela comercial: a da Verbo. O mesmo ano em que, no Brasil, se publicava pela primeira vez o Dicionário Houaiss. Mas enquanto este, na edição portuguesa, logo em 2002 e também pela mão de Malaca Casteleiro (que coordenou a sua adaptação à ortografia de 1945), lamentava não ter havido “ainda vontade política de levar por diante a implantação do Acordo Ortográfico celebrado em 1990”, o da ACL omitia-o por completo. Como se não existisse. Dez anos depois de o AO90 ter sido assinado em Lisboa, a ACL punha à venda um caro dicionário em dois grossos volumes com a norma de 1945 (que ainda hoje está legalmente em vigor, assinale-se!), não dedicando uma só palavra ao acordo que o seu próprio coordenador fizera questão de “vender”, com êxito, a políticos desejosos de brilhar numa qualquer ribalta da História. Isto quando dicionários como o da Texto (de 1995) já incluíam listas de palavras que seriam alteradas no novo acordo! Uma alucinação por fases, que habilidade! Só que em todas elas coube ao público, e à língua, pagar o preço do desvario.

 

P.S.: Por lapso (já corrigido, devido ao alerta de um leitor), não tinha sido referido o Vocabulário de Rebelo Gonçalves, editado em 1966.»

 

Fonte:

https://www.publico.pt/2020/02/13/culturaipsilon/opiniao/heranca-malaca-casteleiro-alucinacao-unificadora-ortografia-1903805

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:14

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Quarta-feira, 10 de Outubro de 2018

LÍNGUA PORTUGUESA VENDIDA POR 30 MILHÕES DE EUROS/ANO

 

O ministro dos Negócios DOS Estrangeiros, Augusto Santos Silva, diz que a Língua Portuguesa vale 30 milhões de Euros por ano, quase 17% do PIB.

 

De que língua “portuguesa” estará Santos Silva, que anda por aí a vender a verdadeira Língua Portuguesa ao desbarato, a falar? Não estará a falar, com toda a certeza, da Língua Portuguesa, a íntegra, a europeia, que continua a ser a Língua Oficial de Portugal, apesar do ilegal AO90 andar por aí a circular, como se fosse legal.

 

Essa tal “língua portuguesa”, que vale 30 milhões por ano (os trinta dinheiros recebidos pelo Judas Iscariotes do século XXI?) é tão-só a língua portuguesa grafada à moda brasileira, ou seja, o AO90.

 

Porque a Língua verdadeiramente Portuguesa não tem preço. Essa, é um Património Cultural Imaterial superior a toda e qualquer avaliação, e não é comerciável.

 

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As palavras mutiladas (entre umas poucas mais), que se vêem na imagem, são as excePções à regra brasileira. Escaparam de ser mutiladas, no Brasil, aquando da elaboração do Formulário Ortográfico de 1943. Origem da imagem: Facebook

 

Nota: os excertos que se seguem, grafados a itálico são retirados da notícia do jornal Observador, que servilmente segue o AO90 (sem a tal ser obrigado); as partes a negrito são de minha autoria; e a vermelho destaco as palavras grafadas à brasileira, introduzidas à pressão, na Língua Portuguesa.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a língua portuguesa "é das pessoas, depois da cultura, especificamente da literatura, e só depois é uma língua económica".

 

A Língua Portuguesa é das pessoas, não é de políticos ignorantes. Portanto, devolva-se a Língua Portuguesa às pessoas. E os políticos que vão aprender a História da Língua, para que saibam o crime que estão a cometer, ao imporem ILEGALMENTE um acordo ortográfico, assente na grafia brasileira, que nada tem a ver com as raízes greco-latinas, com Portugal, com a Europa, com a Família das Línguas Indo-Europeias, da qual a Língua Portuguesa faz parte.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, destacou esta terça-feira que a língua portuguesa representa, como “matéria para a atividade económica”, quase 17% do Produto Interno Bruto de Portugal, o equivalente a 30 mil milhões de euros por ano.

 

Como se a Língua Portuguesa fosse a bolota da aCtividade económica, para constar no PIB.

 

“A língua portuguesa é também de trabalho, é um valor económico de nós todos”, disse o governante, na inauguração da exposição itinerante “A Língua Portuguesa em Nós”, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), no edifício Central Tejo, com a presença do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira.

 

Não é verdade. A Língua Portuguesa não é uma Língua de trabalho, nem é um valor económico de todos nós. Essa “língua” de trabalho, de que fala Santos Silva, não é a Portuguesa, mas o AO90, uma linguagem grafada à brasileira, que poderá ter um valor económico apenas para os predadores da Língua Portuguesa, mas não para todos nós, que abominamos este novo modo de grafar. Para um Dialecto, como o do Brasil, a mutilação das palavras poderá ter um sentido. Não o tem, com toda a certeza, para uma Língua europeia.

 

Augusto Santos Silva lembrou que um estudo estimou “um conjunto de atividade económicas cuja matéria prima é o português, que vai desde as artes literárias performativas até à indústria do cinema, da edição didática e pedagógica até ao mundo da televisão ao audiovisual”. O ministro referiu que “a estimativa de todos estas atividades” em Portugal levam a “um número próximo de 17% do PIB, o que quer dizer que, a preços atuais, a língua, matéria para atividade económica, vale por ano pelo menos 30 mil milhões de euros”.

 

Veja-se como para Augusto Santos Silva a  Língua não passa de um saco de batatas, comerciável, vendável, rentável. Veja-se o estrago que Augusto Santos Silva anda a fazer por aí, quando eleva a aCtividade económica o mais valioso Património Cultural Imaterial de Portugal: a Língua Portuguesa. O ministro dos negócios da língua, qual Judas Iscariotes, vende a Língua Portuguesa por 30 milhões/ano, e ainda se vem gabar do que os ignorantes políticos portugueses fazem, como se estivessem a vender gato por lebre, num leilão de velharias escaqueiradas.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros acentuou também que “é uma língua de afirmação internacional e de comunicação internacional e é esta flexibilidade e polivalência que faz a sua força”.

 

Se ao menos, o ministro do negócio da língua soubesse do que está a falar. Mas não sabe. A Língua Portuguesa até poderia ser uma Língua de afirmação e de comunicação internacional, se não andasse por aí mutilada, como se vê nestes excertos acordizados, grafados à brasileira. A força da Língua Portuguesa está na sua diversidade, não numa pseudo-unificação que faz dela uma mixórdia europeia, e apenas europeia.

 

A Língua Portuguesa está de rastos, em Portugal. Na África escreve-se em Bom Português. Na Europa, onde a Língua Portuguesa teve origem, é a mixórdia total. A Língua Portuguesa, aCtualmente, não vale nada. Anda por aí deturpada, mutilada, incorreCtamente escrita. Abandalhada. Vendida como um saco de batatas deterioradas.

 

“Se Fernando Pessoa pôde dizer que a língua portuguesa era a sua pátria e se Vergílio Ferreira pôde dizer que da língua portuguesa se via o mar, acho que nós todos – os portugueses, os brasileiros, os angolanos, os guineenses, os são-tomenses, os moçambicanos, os cabo-verdianos e os timorenses – podemos todos dizer que da língua portuguesa, que é a nossa língua comum, se vê hoje o futuro”, disse.

 

Augusto Santos Silva devia lavar a boca antes de citar Fernando Pessoa ou Vergílio Ferreira, portugueses que souberam honrar a Língua Portuguesa, ao contrário dele, que a vende por 30 milhões/ano.

Augusto Santos Silva devia ter vergonha de meter no mesmo saco dos Portugueses e Brasileiros acordistas, os Angolanos, os Guineenses, os São-tomenses, os Moçambicanos, os Cabo-verdianos e os Timorenses que se estão nas tintas para o AO90, que o ministro dos negócios da língua anda por aí a vender. Cabo Verde até já dispensou o Português, e tem-no como língua estrangeira. E os restantes países mantém a grafia portuguesa, para vergonha de Portugal. E quanto ao ver-se o FUTURO através da linguagem que anda por aí a vender como Língua Portuguesa, é uma grande falácia. A Língua Portuguesa ao ser grafada à brasileira, tem os dias contados como Língua Portuguesa. E só os muito cegos mentais é que vêem futuro, onde não há a mínima probabilidade de haver futuro.

 

O ministro dos Negócios Externos do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, declarou que a língua portuguesa tem “relevância política e diplomática” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP. O membro do Governo de Michel Temer notou a importância do idioma na CPLP para “estreitar os laços de cooperação, de comunicação e buscando a aproximação de posições que os países têm sobre as grandes questões do mundo”.

 

O senhor Aloysio Nunes Ferreira pode declarar o que bem entender, porque tem de puxar a brasa para a sardinha brasileira. Quanto à importância da Língua (Original) Portuguesa, ela vale ZERO para a inútil e colonialista CPLP, que propaga a grafia brasileira, sabendo que não haverá futuro para a Língua Portuguesa dentro deste organismo falacioso e oportunista.

 

A exposição itinerante “A Língua Portuguesa em Nós”, criada pelo Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, no Brasil, exibe-se parte do acervo desta mostra apresentada na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, que percorreu países de África de língua portuguesa, como Cabo Verde, Angola e Moçambique.

A mostra faz um percurso pela presença da língua portuguesa no mundo, que representa atualmente cerca de 270 milhões de falantes nos cinco continentes, além de abordar o contacto com outros idiomas e a sua participação na formação cultural brasileira. Esta exposição no MAAT transitará, com caráter permanente, para a Cidade Literária de Óbidos.

 

Esta exposição itinerante nada tem a ver com a Língua Portuguesa, mas com o Dialecto Brasileiro, do qual derivaram vários outros dialectos brasileiros, espalhados de Norte a Sul do Brasil; nem tão-pouco tem a ver com 270 milhões de falantes no mundo, porque apenas no Brasil se fala brasileiro e se escreve à brasileira. Falemos antes assim, porque isto é o que se aproxima mais daquela verdade que muitos sabem, mas não dizem alto.

E se alguém tiver argumentos mais válidos e correCtos do que os meus, para rebater o que acabo de dizer, agradeço que os apresentem. Não vá eu estar errada, e não sei. Garanto que me retractarei.

 

Quanto ao senhor Augusto Santos Silva, tenho a dizer que tenha vergonha, porque já ninguém engole as suas patranhas.

 

Isabel A. Ferreira

 

Fonte:

https://observador.pt/2018/10/09/augusto-santos-silva-diz-que-lingua-portuguesa-vale-30-mil-milhoes-de-euros-por-ano/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:09

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