«Desacordo frontal com essa coisa a que se chama novo Acordo Ortográfico.»
João Barrento, Tradutor e escritor, vencedor do Prémio Camões em 2023
«Em defesa da Língua Portuguesa, a autora deste artigo não adopta o chamado "Acordo Ortográfico" de 1990, por o considerar linguística e estruturalmente inconsistente, contrário à própria noção de Ortografia e incongruente com princípios fundamentais da Etimologia, da Semântica e da Fonética, um instrumento de promoção da iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral, e ainda por não resultar de uma discussão científica séria e por não reunir condições de vigência legal na ordem jurídica interna.»
Luzia Rocha, investigadora
«De todos os Países, que existem no mundo, apenas Portugal foi de cavalo para burro, e ignorantemente, optou por transformar a sua Língua, uma das mais antigas da Europa, num abominável, aberrante, execrável, deplorável, inaceitável, lamentável, patético e vergonhoso linguajar de mentes mirradas.»
Isabel A. Ferreira, jornalista, escritora e autora do Blogue «O Lugar da Língua Portuguesa», em 27-09‑2023
«9.º) Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc.»
Base IX do Acordo Ortográfico de 1990
No mês em que se apresenta o Orçamento de Estado, mais uma vez, Francisco Miguel Valada no blogue Aventar expõe a mixórdia ortográfica com que esse documento é escrito. Certamente a quatro mãos ou a quatro pés, como me segredam aqui ao lado. Para que o leitor também o verifique, aqui ficam as já tradicionais calinadas:
- «Aquisição líquida de activos financeiros (excepto privatizações)» (página 181) e quer «a desvalorização súbita e acentuada do preço dos ativos financeiros» (página 65), quer «exceto máquinas e equipamentos» (página.6);
- «PROTECÇÃO SOCIAL DE BASE» (página 241) e «por via da proteção do salário mínimo nacional» (página 76);
- «caracterizado pela flexibilidade» (página 244) e «caraterizado pelo aumento no nível geral de preços» (página 22);
- «027 – SEGURANÇA E ACÇÃO SOCIAL – ACÇÃO SOCIAL» (página 226) e «100 – INICIATIVAS DE AÇÃO CLIMÁTICA» (página 226) — efectivamente, na mesma página;
- «às respectivas comunidades» (página 297) e «Prestação média e respetivas componentes no crédito à habitação» (página. 69);
- «promoção de uma adopção consciente» (página 297) e «a adoção de diversas medidas» (página 301);
- «é expectável que o investimento previsto no PRR» (página 95) e «Neste contexto, é expetável que» (página 28);
- «abaixo das expectativas» (página 3) e «As expetativas para o resto do ano» (página 2);
- «Conquistar e motivar o talento para o sector» (página 253) e «os maiores grupos do setor» (página 167);
- «de carácter juvenil ou grupal» (página 227) e «a informação de caráter patrimonial» (página 120);
- «revisão dos pactos sectoriais» (página 245) e «PROGRAMAS ORÇAMENTAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS» (página 245) — exactamente na mesma página e, curiosamente, PROGRAMAS ORÇAMENTAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS é o título deste capítulo (o quinto) do Relatório.
- «nos preços dos serviços mais intensivos em contato presencial» (página 40).
Uma ortografia que não pára de confundir acção e ação, activos e ativos, adopção e adoção, carácter e caráter, caracterizado e caraterizado, excepto e exceto, expectativas e expetativas, expectável e expetável, protecção e proteção, respectivas e respetivas, sector e setor, sectoriais e setoriais e usa o já omnipresente contato é uma ortografia pouco recomendável. Por isso, merece uma veemente reprovação. É essa a nossa profunda convicção.
Ah, João Barrento também disse: «Não vejo quais possam ser as vantagens de uma reforma [ortográfica] que parece nascer de um inexplicável complexo colonial em relação a países hoje mais que emancipados. Também não vejo que tecnicamente se simplifique ou facilite seja o que for — pelo contrário, em certos aspectos geram-se ainda mais ambiguidades. Este processo, particularmente na última fase, foi acima de tudo o de uma negociata política, tramada por um governo à revelia de órgãos e entidades por ele criados para terem opinião na matéria.»
Ah, lemos, há dias, em órgãos da imprensa escrita as seguintes expressões «… casos perigosos de adição…» e «… uma problemática adição ao jogo.» É certamente um discurso pouco inclusivo que discrimina as outras operações matemáticas, pois também deve haver por aí casos perigosos de subtracção, de divisão e de multiplicação. Basta pensar na multiplicação de fatos e de contatos.
João Esperança Barroca
Sabemos que o Ensino em Portugal está um caos.
A destruição da Língua Portuguesa, com a introdução do AO90, tem contribuído para esse caos.
Ao contrário da França, o BEM mais precioso do nosso País é o vil metal e a IGNORÂNCIA dos políticos que mantêm esta situação.
O vil metal está acima de tudo. Só interessam salários, orçamento de Estado, dinheiro para aqui, dinheiro para ali…
Mas não só do vil metal vivem os cidadãos.
Nesta campanha eleitoral, os debates dizem da pobreza política em que Portugal está mergulhado.
Querem saber o que pensam os partidos sobre o AO90? Não pensam NADA. O que lhes interessa a escrita? Falam e escrevem mal. O AO90 só lhes dá jeito, para além do jeito nos bolsos.
Estamos a ser invadidos pela mediocridade linguística e cultural importada do Brasil.
Leiam a notícia publicada no Jornal i, aqui:
https://ionline.sapo.pt/artigo/758746/a-invasao-do-portugu-s-do-brasil-nao-tem-a-ver-com-estranheza-mas-sim-com-linguas-diferentes?seccao=Portugal_i
Mas mais do que a notícia, os comentários são a parte mais importante: dizem tudo o que há a dizer sobre a vulgaridade que querem impingir-nos.
E o que fazem os partidos políticos que vão a eleições, no próximo dia 30 de Janeiro? Não fazem nada, e mantém o silêncio ensurdecedor sobre esta matéria.
Portugal está a perder os quadros de QUALIDADE. A emigração jovem está aceleradíssima. Estudar em Portugal significa ser pretendente ao analfabetismo funcional.
Que miserável está o nosso País! Que miserável está a política portuguesa! Que miserável está o Ensino em Portugal! Que miserável está a NOSSA Língua Portuguesa!
Emigrem Jovens! Que em Portugal NÃO HÁ FUTURO!
Isabel A. Ferreira
. Em Defesa da Ortografia (...
. Ouvi hoje no Primeiro Jor...