Vêm todos para as televisões muito preocupados com a pausa de quinze dias (que podem ser mais, devido ao agravamento da pandemia), porque aqui d’el rei que está provado que se se interromperem as aulas perde-se o fio à meada da aprendizagem, como se não fosse possível recuar, para recomeçar. E tratando-se de crianças, elas têm uma capacidade extraordinária para aprenderem e desaprenderem e tornarem a aprender, e se for preciso desaprenderem novamente, para logo aprenderem outra vez, sem o mínimo prejuízo.
Mas isto, para os decisores, é um bicho de sete cabeças.
Contudo, a grande questão, o grande prejuízo, o grave problema, como refere o escritor Fernando Dacosta, para todos os alunos de todos os níveis de ensinos, é a aplicação da mixórdia ortográfica, que lhes andam a impingir nas escolas, abrangendo todas as disciplinas, todos os alunos, todos os professores.
A Língua Portuguesa bem estruturada e gramaticalmente bem construída é o PILAR de toda a aprendizagem. É absolutamente fundamental, porque o desenvolvimento da inteligência acompanha a evolução da linguagem.
Comunicação, informação, memória cultural, transmissão, inovação e ruptura: eis o que a linguagem permite à inteligência. Clarificação, organização, ordenamento, análise, interpretação, compreensão, síntese, articulação: eis o que a inteligência oferece à linguagem.
Isto está estudado. E quem tiver curiosidade de aprofundar o assunto vá à Internet e procure os muitos estudos já realizados, que o comprovam.
«Fechar as escolas era liquidar o ano lectivo» disse Marcelo Rebelo de Sousa, antes de se fecharem as escolas. Contudo, o ano lectivo, à partida, já está liquidado, pelo vergonhoso ensino da mixórdia ortográfica portuguesa (novo nome da disciplina de Português), que anda a gerar os analfabetos funcionais do futuro.
O ensino está um verdadeiro caos. Só os cegos mentais não vêem isto.
Neste País de faz-de-conta fechem-se as escolas e faça-se de conta que houve um chumbo colectivo. Afinal, a aprendizagem já está perdida, há muito.
Aproveite-se o fecho das escolas para:
- Qualificar o desqualificado ENSINO.
- Dar melhor formação aos professores, nomeadamente aos de Português, para que saibam ler, escrever, usar e falar correCtamente (nada de usar o verbo TAR) a Língua Portuguesa. O nosso País chama-se PORTUGAL.
- Atirem-se ao lixo os manuais escolares amixordizados, e editem-se manuais escorreitamente escritos, em Bom Português.
- Reponha-se a ortografia portuguesa de 1945.
- Revejam-se as matérias curriculares.
- Tornem o ensino mais criativo. Mais aliciante.
- Ensinem os alunos a PENSAR. Não, a simplesmente obedecer.
Depois, abram as portas das escolas, e deixem entrar a LUZ do SABER.
Só então teremos escolas a cumprir a sua função: formar os alunos para o exercício de uma cidadania responsável, em que conte, acima de tudo, o amor pela Cultura e Língua Portuguesas.
Ouvi António Costa dizer que se fechassem as escolas teríamos maus políticos no futuro (mais ou menos isto). Não é verdade. Tanto quanto sabemos, as escolas, que os actuais políticos frequentaram, nunca fecharam, e os políticos são o que são: péssimos!
Ouvi também António Costa dizer, a propósito das restrições da pandemia, que não teria vergonha de recuar (mais ou menos isto).
Pois então? Também não tenha vergonha de recuar no que ao Acordo Ortográfico de 1990 diz respeito, porque é o maior erro de todos os erros que os políticos já cometeram.
Até porque recuar, para melhorar, é da INTELIGÊNCIA.
Manter o erro é da estupidez! E não sou apenas eu a dizê-lo.
Isabel A. Ferreira
. Professores e governantes...