Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2025

Eis um naco de bela prosa escorreitamente escrita na Variante Brasileira do Português, mostrando que é na diversidade da Língua que está toda a sua beleza e riqueza. Então porquê esse desatino de a querer unificar se, unificando-a, a empobrecem?

 

O texto intitula-se «O nascimento do Brasil», publicado no jornal PÚBLICO Brasil, por Pierre Aderne, e que aqui transcrevo, seguindo as devidas regras dos Direitos de Autor.


 Isabel A. Ferreira

Pierre Aderne.png

Pierre Aderne

26 de Fevereiro de 2025

«O nascimento do Brasil»


Os “Zés” brasileiros que constroem o país e lutam pelo direito de existir. A população negra representa 57% dos cidadãos do Brasil.

Seu Zé era um menino pardo brasileiro, nascido em Cajazeiras, sertão paraíbano. Em 1959, deixou sua terra rumo ao Planalto Central quando tinha apenas 17 anos. Ouviu dizer que um "pau de arara" — caminhão com caçamba onde viajavam retirantes nordestinos — estava chegando para recrutar trabalhadores para a construção da nova capital do Brasil. Como era menor de idade, não podia se cadastrar para o trabalho, entretanto, resolveu que deixaria o sertão escondido naquele caminhão.

 Pegou uma sacola plástica, na qual a mãe guardava as certidões de nascimento dele e dos irmãos. E, como era o caçula da família e analfabeto, procurou pela certidão que tivesse o papel mais bem conversado, que seria a sua. Vestido com um par de roupas, um par de sandálias de couro e os documentos no bolso, esperou o caminhão dar a partida para entrar clandestinamente na carroceria.

Bebeu apenas água durante cinco dias, oferecida pelos outros trabalhadores da travessia, pois não podia comer nas pensões do meio da estrada para não ser descoberto pelo motorista. Nas noites, dormia algumas horas nas paradas à beira da estrada, entre os pneus do caminhão, aproveitando a borracha ainda quente da rodagem. Já fraco e com muita fome, confidenciou ao recrutador que ali estava. Oito dias mais tarde, chegava ao barro vermelho do Cerrado, no centro do mapa do Brasil, para ajudar a construir Brasília.

 
Trabalhava 20 horas por dia numa oficina de carpintaria. Juntou dinheiro durante três anos, comprando o básico: roupas, sapatos, cobertas e mandando parte do salário para sua mãe, na Paraíba. Mudou-se, então, para um vilarejo no interior de Goiás, onde ainda vive, aos 82 anos, casado com a artesã Dona Nega.
 
Outros “Zés” brancos, pretos, pardos e índios ainda vivem nos arredores da capital. Candangos e seus descendentes que moram no entorno de Brasília, nas cidades satélites.

 Ao conversar esta semana com a atriz e antropóloga Iara Pietricovski a respeito das chamadas pautas identitárias, “que não são identitárias", concordamos que, de fato, talvez tudo se traduza em lutas pelo reconhecimento, pelos direitos de existir, de serem aceitas como partes desta sociedade.


 A população negra, que inclui pretos e pardos — pessoas que têm uma mistura de raças, principalmente, branca e negra, ou branca e indígena —, representa cerca de 57% dos cidadãos brasileiros.
 
Como diria o saudoso poeta brasiliense Tetê Catalão, os assuntos polêmicos são sempre mais bem resolvidos por meio da poesia. Termino, então, com este poema enviado hoje por mim para ser musicado pelo meu amado orixá Moacyr Luz.

 «Eu já fui ticuna, cainguangue, macuxi

Já fui terena, Pataxó e Guarani

Minha língua era nagô e iorubá,

Kimbundu, Kikongo, Tupi

Baniwa, Baré, Zulu, Conguês

Depois, virei compositor

de um novo português

Desde que nasci, bato tambor

Quem chegou pintou minha pele de cal

 por cima do ébano e do urucum

O baiano acha que eu vim de Portugal

O inglês pensa que eu nasci lá na Guiné

Meu idioma é a língua geral

 no pé do pau Brasil onde plantei o meu axé

 Sou diferente como foi Joãozinho Trinta

com capoeira não se brinca

Desde 21 de abril de 1500

 só de samba já compus mais de 200
 
Nasci junto com o Brasil

  e sou de lá em qualquer chão

 Não tenho pai, não tenho mãe

Aprendi no berço quem posso chamar de irmão

Qual é sua graça?

Satisfação»

***

Comentários ao texto:

Comtário ao PúblicoBrasil.PNG

 

in: https://www.publico.pt/2025/02/26/publico-brasil/opiniao/nascimento-brasil-2123919

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:47

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Quarta-feira, 16 de Outubro de 2024

«Brasileiros recolhem mais de 1 bilhão de euros à Previdência de Portugal, um recorde». Título de uma notícia no «Público brasil». O que é que isto significa? O que é “recolher um bilhão”?

 

Num artigo publicado no «Público brasil» este título lido por um português leva-o para uma situação caricata:  os brasileiros guardaram para si uma bilha de grandes dimensões. O que é que isto pode significar?

 

Bem sei que o “Público brasil” é um jornal criado para brasileiros, que não falam, nem escrevem Português, mas, estando em Portugal, a guardar para si tamanha bilha, já não era tempo de recolherem a sua Linguagem, e começarem a aprender Português?  É que o «Público brasil», não é um Boletim Cultural do Povo Brasileiro, circunscrito a Brasileiros. É um jornal online como outro qualquer.

Os Brasileiros usam bastantes vocábulos que não correspondem ao real significado da palavra. Eles andam por aí às centenas: uns, que não correspondem ao significado real; outros, que são brasileiros, mas apodados de português.


Eu já estou farta de me deparar com situações destas. Veja-se estas imagens (mas há-as aos magotes, por aí):

 

CAMÊRA-PLANEJE.png

 

Na imagem televisiva, bem escarrapachado, para que todos vejam e leiam, está o vocábulo câmera, pertencente unicamente ao léxico brasileiro, porque em Português dizemos câmara. Na outra está o vocábulo planeje, como propaganda de uma empresa brasileira, fixada na porta do seu escritório, situado numa galeria de muito movimento. O vocábulo planeje pertence unicamente ao léxico brasileiro. Nós, em Portugal, dizemos planeie, do Latim planus, que significa elaborar um plano.

ATENÇÃO! Nós estamos em Portugal! Por-tu-gal!!!! Estes vocábulos alienígenas estão a ser usados em Portugal. No Brasil jamais isto aconteceria, porque não falamos, nem escrevemos a mesma Língua, embora possa parecer que sim.

 

Vejamos um exemplo em Português/Castelhano, que pode explicar esta teoria:

-- Português: o contacto electrónico do director está correcto. Podem activá-lo.

-- Castelhano: el contacto electrónico del director es correcto. Pueden activarlo.

 

[-- Variante Brasileira do Português: o contato eletrónico do diretor está correto. Podem ativá-lo].

 

Podemos dizer que os Portugueses falam e escrevem Castelhano e os Espanhóis falam e escrevem Português? Não, não podemos, obviamente.

O que podemos dizer é que temos um tronco linguístico comum.

O Castelhano é uma Língua que deriva do Latim, tal como a Portuguesa.

A linguagem brasileira actual deriva do Português, que, por sua vez, deriva do Latim, e que os Brasileiros deslatinizaram ao deslusitanizarem-no, portanto, já não é mais Português. Aliás está bem visível a diferença.

Então por quê esta obsessão de nos quererem meter pelos olhos dentro a Variante Brasileira do Português, quando o Português é a GENETRIZ dessa Variante?

 

NÃO, não sou contra a imigração brasileira, mas sou contra esta insistência de querer meter pelos nossos olhos dentro a Variante Brasileira do Português, onde muita coisa não significa o que é: é o bilhão (uma bilha de grande dimensão), é a recolha (colher ou guardar, ou regressar a casa) enfim, já estou a ficar farta disto...

 

Vir para Portugal trabalhar é uma coisa. Vir para Portugal impor o Brasileiro ou os costumes brasileiros, é outra coisa. Os Brasileiros não falam, nem escrevem Português. E, em Portugal, escreve-se e fala-se Português. Todos os estrangeiros, quando emigram, são obrigados a escrever e a falar a Língua do País para o qual emigram, excepto os Brasileiros, em Portugal. Porquê? Por os fazerem sentir-se os donos disto tudo?

 

Eis dois comentários ao texto que recolhe um bilhão, onde não está em causa o contributo dos imigrantes brasileiros, mas o modo como estão a tentar impor a variante brasileira do Português, por toda a parte. E isto, não é da honestidade. Sempre ouvi dizer que em Roma, sê romano, um ditado que nos ensina a importância de respeitarmos e nos adaptarmos à Cultura, à Língua, aos Costumes e às Tradições locais, não esquecendo, porém, os valores do nosso País de origem, que podemos manter entre nós, mas NÃO impô-los ao País que nos acolhe.

 

Portanto, em Portugal, sejam portugueses, assim como eu, no Brasil, fui brasileira, não precisando, sequer, de me naturalizar.

Comentários ao PBR.PNG

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:15

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Segunda-feira, 7 de Outubro de 2024

«A língua portuguesa americana» ou uma nova maneira de insultar Portugal e os Portugueses, no jornal “Público brasil”, como se todos fôssemos parvos ou desprovidos de sentido crítico...

 

Pasmei, quando recebi via e-mail a mensagem abaixo referida:

«Envio-lhe este artigo caricato - como tantos neste espaço - publicado entre nós sob a chancela "Público brasil"»

https://www.publico.pt/2024/10/04/publico-brasil/opiniao/lingua-portuguesa-americana-2106501

 

Site José Antunes.PNG

Tradução: Português (endónimo: Português ou, por extenso, Língua Portuguesa) é uma Língua Românica Ocidental da família das Línguas Indo-Europeias originária da Península Ibérica da Europa. É nos documentos administrativos Latinos do século IX que se registam pela primeira vez palavras e frases escritas em Galaico-Português. 

Origem da imagem: https://www.joseantunes.com/  sítio de José Antunes  que, sentindo-se um exilado da Língua, quando os jornais em Portugal se fecharam para ele, investiu mais nos espaços de Língua Inglesa para onde já escrevia, entre outros que, entretanto, o convidaram. Custou-lhe muito ser impedido de escrever na sua própria Língua, quando a ela dedicou tantos, e mais 20 ao Jornalismo, e enraivece-se ao ver a forma como hoje se escreve. Todos os que amam a sua Língua Materna se enraivecem.

 

Quem me enviou o texto chamou caricato ao artigo que está na berlinda, e caricato é uma palavra suave para adjectivar o  que ali foi escrito.

Eu nunca li nada tão disparatado, tão sem nexo, tão eivado daquele complexo de vira-lata, que o jornalista brasileiro Nelson Rodrigues usou para caracterizar os seus compatriotas.

 

O autor de “A língua portuguesa americana”, um linguista que imagino ser brasileiro, mistura alhos com bugalhos; vai buscar, a um passado que já passou e não pode ser modificado, coisas que já não interessam para nada; malha naquele ferro já frio que já enjoa. E não vejo mais nenhum país do mundo, como é o caso do Brasil, a interferir tanto numa Língua que pertence a Portugal, um País livre e soberano [a não ser que Portugal já não o seja] e que não mais lhe diz respeito, até porque já não lhe pertence, devido a uma esquerda da ala mais ignorante a ter deslusitanizado.

 

O autor introduz um outro modo de insultar Portugal e os Portugueses, chamando à linguagem falada e escrita no Brasil, “português americano”, quando deveria chamar-lhe Variante Brasileira do Português. Até porque o vocábulo “americano” pode ser atribuído aos EUA, mais do que à América do Sul, à qual o Brasil pertence. Quando muito, poderiam designá-la como Variante sul-americana do Português, uma vez que é assim tão importante para os Brasileiros sentirem-se incluídos na América que eles gostariam de ser, mas não são, porque não tiveram capacidade para gerir o espólio deixado pelo ex-colonizador português, assim como os norte-americanos tiveram, para gerir o espólio deixado pelos Ingleses. E desta incapacidade, os Portugueses não têm culpa nenhuma. Porém, até já ouvimos Inácio Lula da Silva, em Madrid, ter o desplante de dizer que a culpa de o ensino no Brasil ser um fracasso é dos Portugueses. Será?

 

Não sei como é que o Público se deixou levar pela lábia brasileira e permitiu-se criar um jornal, onde Portugal e os Portugueses são frequentemente insultados, no seu próprio País!  Bonito serviço!!!!

***

O mesmo e-mail trouxe-me uma análise ao texto A língua portuguesa americana,  que passo a reproduzir, por ser do interesse público, e que é exactamente o que eu sinto e penso acerca desta infeliz incursão pela Língua que nasceu em Portugal, há quase 800 anos, e a mais ninguém pertence. Nenhum outro país do mundo se deixou tomar por parvo, como Portugal, em relação ao seu mais precioso símbolo identitário. Que espécie de decisores políticos temos? 

 

Eis os pontos essenciais dessa análise:

- Promoção da ideia que no Brasil existe uma Língua Portuguesa e não a Variante brasileira do Português.

 

- Lusofobia e Ressabiamento pela Colonização: o autor menciona que muitos brasileiros acreditam que teria sido "mais vantajoso" ser colonizado pelos ingleses, algo comum entre aqueles que vêem a colonização portuguesa de forma negativa. Isso revela um possível ressentimento em relação à herança colonial portuguesa, ignorando os desafios que outras ex-colónias britânicas também enfrentam. Além disso, há uma tendência a desvalorizar as contribuições portuguesas, como se a língua e cultura brasileira de matriz lusa fossem um fardo ou inferioridade herdada.

 

- Complexo de Inferioridade: o questionar sobre a legitimidade do português falado no Brasil, referindo-se à "língua" como "português americano" para evitar a designação "português europeu", pode ser visto como uma tentativa de distanciamento da herança portuguesa. Isso sugere um complexo de inferioridade ao enfatizar uma diferença que, embora real, pode ser exagerada para afirmar uma identidade própria.

 

- Incongruências: embora o autor critique a expressão "português europeu", ele também admite que muitos brasileiros fazem uso da Língua Portuguesa na Europa, apontando para uma contradição. Além disso, ele defende que o Brasil deveria se ver como parte da América, sem adoptar superficialmente aspectos dos EUA, mas ao mesmo tempo propõe a adopção de uma nomenclatura que ecoa essa influência norte-americana, o que parece paradoxal.

 

- Generalizações e Falta de Coerência: o texto faz uma generalização ao sugerir que falar brasileiro é partilhar de uma herança que não foi sempre ética ou nobre, sem explorar as matizes dessa afirmação. Isso gera uma percepção incompleta e reducionista da História e identidade linguística do Brasil, que é mais complexa e diversificada do que a dicotomia sugerida entre "português europeu" e "português americano".

 

Em resumo, o artigo apresenta uma visão que pode ser interpretada como ambígua e, por vezes, sem surpresa, ressentida em relação à herança portuguesa, enquanto busca simultaneamente afirmar uma identidade distinta, mas que carece de uma base sólida em certos pontos.

 

***

Nem todos em Portugal são parvos e desprovidos de sentido crítico.

 

Posto isto, penso que já era mais do que tempo de o Brasil abandonar a fase da primeira infância e dar um salto para a fase adulta e crescer como País livre, desatrelando-se de Portugal, porque enquanto andar atrelado ao ex-colonizador, a mendigar a muleta europeia e, muito ressabiadamente, a disseminar, por toda a parte, os maiores disparates sobre uma Língua que já NÃO é a deles, jamais chegará aos calcanhares dos Estados Unidos da América, como sempre foi do seu maior sonho.  


Um país só é adulto e livre quando abandona a fase da sua primeira infância, e deixa para trás as suas frustrações, delírios e um desmedido complexo de inferioridade. 

Isabel A. Ferreira

***

Comentário no «Público brasil»

Comentário Brasil.png

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:24

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Sexta-feira, 16 de Agosto de 2024

NÃO existe Português de Portugal vs. Português do Brasil, muito menos Variante do Português de Portugal. Enquanto insistirem nestes antilogismos a Língua Portuguesa continuará a ser vilipendiada... (Parte I)

 

Então o que existe?

Existe a Língua Portuguesa, única e inviolável, e as suas Variantes, sendo a mais evidente, a Variante Brasileira do Português, que pretendem impor aos países da CPLP.

 

É do foro da estupidez dizer que existe um Português Europeu, e que este é uma variante da Língua Portuguesa, quando o berço da Língua Portuguesa é Portugal, e foram os Portugueses que a levaram aos quatro cantos do mundo, onde deixaram um rasto de dialectos oriundos dessa Língua Lusa.



NÃO existe Português do Brasil, porque o Brasil alterou a estrutura da Língua Portuguesa, afastando-a das suas raízes greco-latinas, criando uma variante que apenas pertence ao Brasil, e a mais nenhuma outra ex-colónia portuguesa, e muito menos a Portugal. E essa alteração não se limita apenas à ortografia, mas igualmente ao léxico, à morfologia, à sintaxe e à semântica, porém, a mais notória alteração acontece na fonologia. A partir destas alterações, já não se pode mais falar de “Português” quando falamos da Língua do Brasil.

 

Ponham, por exemplo, um cidadão angolano e um cidadão brasileiro, frente a frente, numa entrevista, na televisão, e depois perguntem a uma criança, que já frequentou a Escola Básica, quem fala o quê. A criança dirá, sem qualquer hesitação, que o angolano fala Português, e o Brasileiro fala Brasileiro. Assim, tal e qual. E se perguntarem a um estrangeiro que tenha conhecimentos do Português, ele dirá o mesmo.


Há por aí quem (até ao mais alto nível) queira pôr em evidência a Variante Brasileira do Português -- à qual chamam, indevidamente, “português” --   apenas porque ela é utilizada por mais de 200 milhões de pessoas.  E daí? O que temos nós a ver com isso, a não ser sentirmo-nos usurpados na nossa identidade linguística?

 

As Variantes do Castelhano e do Inglês são utilizadas por muito mais de 200 milhões de pessoas. A Língua Castelhana e a Língua Inglesa andam por aí a ser vilipendiadas? NÃO andam. E sabem porquê? Porque os decisores políticos Espanhóis e Ingleses não sofrem do complexo de inferioridade de que os portuguesinhos sofrem, e não andam por aí a fazer desacordos desortográficos, para imporem aos Espanhóis e aos Ingleses as variantes que esses milhões falam e escrevem.  

 

E enquanto os decisores políticos portuguesinhos continuarem a aceitar, servilmente, a designação de “Português do Brasil”, e a impor aos Portugueses não-pensantes [porque os há pensantes, logo, insubmissos] a Variante Brasileira do Português, disfarçada no acordo ortográfico de 1990, com o argumento parvo de que eles são 200 milhões, a Língua Portuguesa continuará a ser vilipendiada.


Eles são milhões? E o que é que nós temos a ver com isso? Podiam ser muitos mais. E daí? Esses milhões têm lá a Variante deles, assim como os ex-colonizados espanhóis e ingleses têm as variantes deles, e os ex-colonizados espanhóis e ingleses não andam por aí a rastejar à ordem dos milhões...


O Brasil ainda não conseguiu cortar o cordão-umbilical com o ex-colonizador. Abominam a colonização portuguesa, até estão interessados em absurdas reparações históricas, deformaram a Língua pela qual optaram, quando se libertaram do jugo português. Por que não assumem de uma vez por todas a Variante Brasileira do Português, que, na escrita até pode parecer semelhante ao Português, mas na estrutura e na oralidade NÃO é. 



Nunca estudei Italiano, nem Galego, nem Mirandês. Nem os Italianos, nem os Galegos, nem os Mirandeses falam a minha Língua. Eu não sei falar Italiano, nem Galego, nem Mirandês. Mas leio e compreendo perfeitamente a escrita italiana, galega e mirandesa. Por que será?

 

Com esta idiotice de nos querem impingir a linguagem dos 200 milhões, criou-se uma terceira variante, que bem podemos designá-la como Mixórdia Portuguesa, que levou a uma balbúrdia ortográfica, única no mundo civilizado, onde a Escrita é um meio de comunicação e fixação do Saber, da Cultura e do Pensamento de um Povo.  Em Portugal, essa Mixórdia Ortográfica serve apenas para os básicos se comunicarem.

 

Este facto deplorável não deve dar ânimo a ninguém, porque quanto mais a balbúrdia se impõe, mais a Língua Portuguesa definha. Nunca ouviram dizer que uma mentira repetida muitas vezes transforma-se em verdade? Pois é! É o que está a acontecer nas redes sociais, na Internet, no Google, e os disparates que lá se escrevem começam a ser o pão nosso de cada dia. Nas redes sociais, na Internet, no Google apenas uma elite culta escreve em BOM Português.

 

José de Alencar.png

 

E a ignorância impera, ao mais alto nível, a este respeito. É só estar atento a quem fala e ao que se escreve nas televisões, para ver como se fala e escreve vergonhosamente a Língua Oficial de Portugal.  O que vale é que a Língua Portuguesa NÃO tem a projecção no mundo que têm o Mandarim (1,1 biliões de falantes); o Castelhano (480 milhões); o Inglês (380 milhões); o Hindi (341 milhões); o Árabe (315 milhões); o Bengali (228 milhões) [números de 2024], e, assim, a Língua Portuguesa, escrita e falada de um modo absolutamente deplorável, como se fôssemos um país de básicos, pode ser que passe despercebida.

 

Entretanto, soubemos que Angola tinha (não sei se ainda tem) a intenção de forçar a revisão do AO90. Rever o quê? Para quê? Devia era forçar a anulação pura e simples do abortográfico, porque os abortos não têm e nunca tiveram viabilidade possível.

 

Dizem-me que a questão do AO90 está nas mãos de Angola.

Estará? Angola até pode ser o caminho, mas quem quer, pode e manda, em Angola, ainda não mexeu uma palha neste sentido. Estão à espera de quê?  

 

E para tornar tudo isto ainda mais surreal, chegou-me, via e-mail, uma notícia que me surpreendeu pela negativa: em Portugal, nasceu mais um jornal, o PÚBLICO Brasil, com o objectivo de falar com os brasileiros que vivem em Portugal, e dar visibilidade à Variante Brasileira do Português, como se já não bastasse os subservientes órgãos de comunicação social, que, cegamente, se venderam ao ilegal AO90, tal como Judas se vendeu ao Sinédrio, por 30 dinheiros, e o Brasileirês, as brasileirices e os Brasileiros imperam, em Portugal, e já há portugueses com vontade de deixar de sê-lo.

 

Mas esta matéria é para desenvolver na Parte II, desta minha publicação.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:53

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