Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004):
«Considero o acordo ortográfico proposto um acto anti cultural e redutor.
Pois:
1 – A cultura é feita de exigência e este acordo é feito de transigência.
2 – Vai alterar, em muitos casos, a dicção oral.
3 – Vai desfigurar o carácter emblemático e a estética da escrita.
4 – Vai-nos separar da tradição grega e latina e, assim, para os estrangeiros que falam línguas românicas, o Português vai-se tornando mais difícil.
5 – Vai destruir a modulação das vogais, tornando algumas delas surdas.
6 – O acordo nada unifica, pois constantemente recorre a alternativas.
7 – A escrita nunca pode coincidir com a fala.
8 – A ortografia pertence ao número de coisas que só raríssimas vezes devem ser modificadas, pois também na forma gráfica nos reconhecemos.
9 – É verdade que as línguas evoluem, mas evoluem dentro das leis que lhes são próprias e segundo o espírito criador do tempo. O mesmo é verdade para a escrita que, por isso, não pode ser modificada por comissões nem por estratégias políticas.
10 – A única palavra portuguesa cuja ortografia precisa de ser mudada é dança que se deve escrever com "s" como era antes, porque o "ç" é uma letra sentada».
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