Imagem enviada pelo cidadão português Fernando Kvistgaard, que vive na Dinamarca, sendo também cidadão dinamarquês. Pergunta: em que ficamos? Qual a maneira correCta de escrever a palavra? Obviamente é percePção, em Bom Português. A outra, perceção, que se lê p'erc'ção, tem a aparência de uma galinha depenada. Pobre vocábulo! Que origem terá? Nem greco-latina, nem Indo-europeia. Talvez a tivessem encontrado em algum caixote de lixo.
Porque é bem verdade que «quando se destrói uma Língua, destrói-se uma Cultura, quando se destrói uma Cultura, destrói-se um Povo, e estas coisas andam de mãos dadas...», afirmou Paul Connett, activista humanitário da acção Bangladesh, em 1971, o qual participou no documentário «Baía do Sangue: o genocídio do Bangladesh», que a RTP exibiu recentemente.
E isto a propósito da Operação Holofote, iniciada pelas Forças Armadas do Paquistão Ocidental contra civis do Paquistão Oriental, em 25 de Março de 1971, na que ficou tristemente célebre como a Guerra de Libertação do Bangladesh. Nessa noite milhões de Bengalis foram mortos. A ideia era acabar coma raça deles. Aos que sobreviveram, o ditador paquistanês, general Yahya Khan, terceiro presidente do Paquistão (de 1969 a 1971) impôs o Urdu, Língua Oficial do Paquistão Ocidental, e não mais os Bengalis deveriam falar ou escrever o Bengali, a sua Língua Materna, com mais de mil anos, sendo o sétimo idioma mais falado do mundo, com cerca de 265 milhões de falantes, dos quais 228 milhões são nativos.
O genocídio passava pela destruição da Língua daquele Povo que lutava pela sua independência. Destruindo-se a Língua que fixa a Cultura de um Povo, destrói-se essa Cultura, e destruindo-se essa Cultura, destrói-se o Povo, e isto é uma forma de genocídio. E essa destruição só não aconteceu porque o ditador foi derrotado, e o Bangladesh garantiu o direito à sua existência, à existência da sua Língua milenar e da sua Cultura.
Ao ver este documentário ocorreu-me que os muito cultos e ilustríssimos governantes andam por aí a perpetrar uma espécie de genocídio, para acabar de vez com a Cultura, a Língua e a História dos Portugueses, alimentando uma mixórdia ortográfica, gerada pela imposição ditatorial, ilegal e inconstitucional do acordo ortográfico de 1990, na qual os Portugueses Pensantes e Cultos não se revêem, e ao que a mim diz respeito, sinto que com tal irracional atitude estão a assassinar a minha Identidade, a minha Cultura, a minha Língua e a História do meu País.
Sim, eu tenho um País. E então? Não posso? Não devo? Os idiotas que me alcunham ignorantemente de nacionalista, e acham que me insultam, não passam disso mesmo: idiotas e ignorantes. Porque eu sou apenas Portuguesa. Então? Não posso? Não devo? Amo o meu país com todas as suas virtudes e defeitos. As virtudes, atribuídas a uma Natureza maravilhosa, aproveito-as para crescer com elas e divulgá-las; os defeitos, que são atribuídos a pobres de espírito, aproveito-os para aprender com eles e combatê-los, passando às gerações futuras informações que lhes podem ser úteis, para poderem viver harmoniosamente. Mas se tivesse mesmo de ser nacionalista, mais vale ser nacionalista informada, do que apátrida ignorante.
Destruir a Língua! Será essa a ordem emitida superiormente pelos mandantes, a quem os políticos devem obediência?
Quase tudo e quase todos andam por aí de rastos, em Portugal, e a Nova Desordem Mundial irá dar uma ajudinha.
Anda por aí um doido varrido que quer mandar no mundo e até em Marte, e acha que pode. E o pior é que há gente que também acha que ele pode, e até lhe entregou o Poder que lhe permite espezinhar seres humanos.
E os de cá acham que é legítimo destruir a Língua de uma Nação com quase 900 anos de História, pelos motivos dos mais obscuros, que guardam secretamente em caves inacessíveis ao comum dos mortais. O grande olho espreita, mas os pequenos olhos observam.
E é este caminho caótico, em direcção ao abismo, que os políticos do mundo estão a seguir, os nossos, incluídos.
Isabel A. Ferreira
. É esta intolerável mixórd...