Domingo, 15 de Outubro de 2023

Língua Portuguesa: «As línguas que se praticam dos dois lados do Atlântico, não são variantes: uma é a língua original, e outra é uma derivação, uma cópia degradada com menos de 200 anos, que há muito devia ter assumido a sua identidade»

 

Eis uma verdade verdadeira que é preciso gritar bem alto, para que seja ouvida nos palácios de Belém e São Bento, e também lá... do outro lado do Atlântico.

Basta de ignorâncias e de ignorantes!

 

O texto que transcrevo mais abaixo é da autoria de Manuel Lameira, que, sem papas na língua, num comentário a uma publicação de João Daniel Gomes Luís, sobre um texto publicado no Ciberdúvidas, sob o título  «A aceitação das variantes brasileiras no ensino em Portugal», no Grupo Pela revogação do "acordo ortográfico", põe a Língua Portuguesa no seu devido lugar, ou seja, no seu berço de ouro, em Portugal.

 

Aproveito para homenagear e felicitar João Barrento, pelo Prémio Camões 2023, muito bem atribuído, cuja citação, abaixo, vem muito a propósito do comentário de Manuel Lameira, o qual subscrevo na totalidade.

 

JOão Barrento.jpg

 

Por Manuel Lameira

 

«Qual variante qual carapuça! O que se fala e escreve no Brasil é uma língua derivada. Mal e porcamente - é mesmo esta palavra que o nosso povo usa - com atropelo de todas as regras da gramática, e criação permanente de um vocabulário alternativo. O Português genuíno, o autêntico, o único, já existia há séculos, quando ainda ninguém sonhava com a existência do Brasil e por lá os naturais, os genuínos brasileiros, falavam tupi-guarani, e viviam felizes, num perfeito respeito e harmonia com a natureza que aqueles que hoje se dizem brasileiros não mostram ter. Nem pela natureza, nem por esses seus genuínos ancestrais, que tudo têm feito para eliminar.

 

As línguas que se praticam dos dois lados do Atlântico, não são variantes: uma é a língua original, e outra é uma derivação, uma cópia degradada com menos de 200 anos, que há muito devia ter assumido a sua identidade, porque, bem ou mal, é criação do povo que a usa. Como o Português autêntico é criação do povo ... português.

 

Quando o Brasil assumir a plena identidade da sua língua, e deixar de lhe chamar português, como é inevitável que aconteça - quanto mais não seja por não querer estar eternamente subordinado a um país 22 vezes mais pequeno, de que há 200 anos recebeu a independência, sem verter uma gota de sangue, e que muitos brasileiros desprezam, por complexo colonial - eu gostaria de estar cá para ver calhordas como o Prof. Marcelo, e o dr. Costa, barafustarem que não pode ser, que no Brasil não se fala brasileiro mas uma "variante" do Português. Porque talvez ouçam como resposta:

 - Vós sabeis lá o que é o português! O que falais e escreveis - e mal! - é a mixórdia criada com o AO90; uma "derivação" do autêntico brasileiro. Mas cuidado: não chameis a essa mixórdia, brasileiro; Brasileiro é, e sempre será apenas, aquilo que se fala e escreve no Brasil.

 

Desesperadamente a pendurar-vos em nós, quereis ser a 4ª língua do mundo? Ah! Ah! Ah!

 

O império acabou há muito; reconhecei a vossa real dimensão. De "fato", sois apenas a 30ª (ou ainda abaixo disso) língua no mundo.  Mas só assim, abandonando essa serôdia mania de grandeza à custa alheia, o Português pode existir, ser respeitado, e ter no mundo real e na Internet, o lugar honroso e útil que lhe cabe.

 

Não sejais estúpidos: agarrados a nós, ou a quem quer que seja, simplesmente para fingir que sois importantes .... deixareis de existir. De uma vez por todas, aceitai os "fatos". Onde quer que seja, o reconhecimento da verdade, ainda que doloroso, é o caminho da sabedoria. E não há outro.»

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:30

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