Em 26 de Setembro de 2017, publiquei este texto, que aqui reproduzo, hoje, cerca de um ano depois, para deixar o mesmo recado ao senhor primeiro-ministro, Doutor António Costa, acrescentando este comentário de Marcos Paulo Alves Silveira, que me chegou hoje, onde ele diz: «Corrupção, essa é a leitura que faço do AO90».
Faz ele, e faço eu também.
Marcos Paulo Alves Silveira comentou o post SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO, QUER SABER O QUE DIZEM OS ESTRANGEIROS SOBRE A SUBMISSÃO DE PORTUGAL AO BRASIL NA QUESTÃO DO AO90? às 11:00, 02/12/2018 :
O que o dinheiro não faz, não é mesmo? Dado o extenso histórico da tradição cultural brasileira de corromper governos e desta forma, impor seus interesses económicos, só tenho a especular que o acordo ortográfico fora engendrado pela gigantesca indústria editorial brasileira como forma de "invadir" novos mercados tendo o mínimo de gasto possível. Sim, ela não quer gastar nem com a adaptação desses produtos a outras variantes da língua. Ao invés disso, eles mudam essas variantes!!! Corrupção, essa é a leitura que faço do AO90.
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Sei que o senhor primeiro-ministro não quer saber. Nem está interessado. Se estivesse, não faria orelhas moucas aos numerosos apelos dos mais eminentes intelectuais dos países lusófonos que, energicamente, rejeitam o AO90, por este ser a maior fraude de todos os tempos, e não interessar a ninguém, excepto aos que estão a fazer disto um negócio.
Mas ainda assim, vou recodar-lhe o que se passou naquele fim-de-semana, em Espanha…
Origem da imagem: Internet
… quando participei numa espécie de “tertúlia”, realizada num lugar frequentado por escritores, poetas, jornalistas, artistas plásticos, cineastas (sendo o mais famoso que por lá passou, o genial Mel Gibson) actores e também pessoas absolutamente comuns, com as mais diversas profissões, enfim, um lugar onde se discute e se troca Culturas, Artes, Literaturas, Ideias, Ideais e Políticas comuns, ou menos comuns… enquanto fazemos as refeições.
Como sempre acontece, sou a única cidadã de nacionalidade portuguesa, que pára por aquelas paragens, com a frequência possível. Nunca encontrei lá as mesmas pessoas.
Desta vez estava representado o México, Suíça, várias regiões de Espanha e Portugal (eu). E adivinhe, senhor primeiro-ministro, qual foi o teor de uma das conversas: Portugal e a sua Língua, que nenhum dos presentes dominava. Comunicámo-nos em Castelhano e Inglês.
Então, aproveitei a ocasião para sondar aquelas pessoas, viajadas, cultas e conhecedoras do mundo, acerca do que pensavam sobre um país, que foi colonizador (tal como Espanha), vergar-se ao ex-colonizado (Brasil) adoptando a ortografia brasileira, destruindo, por completo, as raízes latinas, e a integridade de uma das mais belas línguas indo-europeias - a Língua Portuguesa.
A estupefacção foi enorme!
Os Mexicanos, que se encontravam presentes, e que foram colonizados por Espanha, consideraram rara esta submissão; os Espanhóis, que colonizaram parte das Américas do Sul e Central, disseram que era raríssimo o ex-colonizador absorver a língua alterada do ex-colonizado, a Espanha jamais o faria; da Suíça veio uma interrogação que me deixou surpreendida, porque existe a ideia de que os Brasileiros têm uma língua, e os Portugueses têm outra língua «Portugal está a adoptar o brasileño?» Assim mesmo: o brasileño.
Exactamente. Portugal está a adoptar o brasileño. Disse eu. E acrescentei: «Mas isto nem é raro, nem é raríssimo. Isto é caso único na História de toda a Humanidade. Conhecem algum país (ex) colonizador que tivesse adoptado a Língua, na sua forma grafada, do (ex) colonizado?»
Ninguém conhecia. Bem puxámos pela memória. Mas não há memória de uma coisa assim…
Pois é, senhor primeiro-ministro. Não tive como defender o governo de Portugal e esta sua política de vassalagem. Nem podia. Deixei bem vincada a minha repulsa, e o descontentamento de milhares de Portugueses, o qual, descontentamento, doravante, aquelas pessoas terão oportunidade de espalhar por onde passarem…
Desta vez, não pude salvar Portugal de ser amesquinhado.
Por vezes, acontece estar eu naquele lugar, onde predomina o multiculturalismo, e Portugal vem à baila, e alguém se lembra de o apoucar, então eu, imbuída de um patriotismo à la Padeira de Aljubarrota, defendo-o com as garras de fora.
Mas no que respeita à desveneração que o actual governo português e o presidente da República consagram ao símbolo maior da nossa identidade, a Língua Portuguesa, eu nada posso fazer.
Envergonho-me deles (do governo e do PR que temos). E disse-o lá, bem alto...
De resto, faço o que posso e sei, para que Portugal possa regressar à sua origem linguística europeia.
Senhor primeiro-ministro, o senhor não está a servir os interesses de Portugal. E sobre isto, mais dia, menos dia, terá de prestar contas aos Portugueses.
Isabel A. Ferreira