Não o da Língua Portuguesa falada e escrita nos restantes seis países da Lusofonia: Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Cabo verde já está fora da Lusofonia (a Língua oficial é o Crioulo Cabo-Verdiano), e a Guiné Equatorial se tiver meia dúzia de falantes de Português é demasiado, e todos nós sabemos que esta Guiné, que vive num regime político de terror, não está na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) pela Língua (que lá não é falada, mas é uma das línguas oficiais), mas sim pelos negócios, entre outros interesses.
Esta decisão do “5 de Maio” foi ratificada hoje, em Paris, na Conferência Geral do Conselho Executivo da UNESCO, na qual estiveram presentes o primeiro-ministro, António Costa, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, e o embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, todos virados para o AO90.
Convém esmiuçar do que falamos quando falamos de “Língua Portuguesa”, porque, para os Portugueses de gema, isto tem uma conotação, mas para os maiores falantes do hemisfério sul, os Brasileiros, tem outra conotação.
E isto vê-se nestas imagens retiradas do site brasileiro Revista da Babbel. Reparem bem.
https://pt.babbel.com/pt/magazine/os-10-idiomas-mais-falados-no-mundo/
Quando se fala da Língua Portuguesa (Português) fala-se de Portugal, berço desse idioma, oriundo do Latim.
Quando se fala da Língua Castelhana (Espanhol) fala-se de Espanha, berço desse idioma, também, oriundo do Latim.
Quando se fala da Língua Inglesa (Inglês) fala-se da Grã-Bretanha, berço desse idioma, de origem germânica.
Etc., etc., etc….
Todas, Línguas indo-europeias.
E eu passo-me quando, no mesmo site, leio isto:
«Algumas palavras têm ortografias diferentes. Por exemplo, no português europeu a palavra “receção” é escrita sem o p enquanto o brasileiro adiciona essa letra à ortografia formando a palavra “recepção”. Isso é aplicável a outras palavras onde a letra p é audível no português brasileiro e muda no português europeu.»
Ou isto:
«Muitos dos nossos amigos estrangeiros ficam em dúvida sobre qual português aprender. A verdade é que não existe uma resposta certa para isso. Português de Portugal e português do Brasil no fim são apenas variantes do mesmo idioma.
https://pt.babbel.com/pt/magazine/portugues-brasileiro-vs-europeu/
Como é que isto é possível?
No Português Europeu a palavra recePção é escrita com PÊ.
O abortinho ortográfico “receção” faz parte do mixordês em que se transformou a NOSSA Língua Portuguesa.
E dizer que o Português de Portugal é uma variante (de si mesmo), é de uma estupidez crassa. O Português do Brasil é que é uma variante, do Português de Portugal, ou seja, da Língua Portuguesa. Única. Europeia.
Quando, reagindo a esta decisão da UNESCO, em entrevista à RTP, António Costa diz que este «é um passo muito importante para os 260 milhões de pessoas que têm o Português como língua oficial e que é hoje a língua mais falada no hemisfério Sul”» referiu-se exactamente a que “Português”: ao do Brasil ou ao original, o de Portugal, o do país do qual é primeiro-ministro, e não sabe que no hemisfério sul a língua mais falada é a variante exclusiva do Brasil, não é a Língua Portuguesa?
Obviamente estava a referir-se ao mal denominado “Português do Brasil”, e não ao “Português de Portugal”, portanto não, à Língua Portuguesa, porque essa há apenas uma. Isto é como o Latim, não há o Latim daqui, o Latim dali, nem o Latim dacolá. Há o Latim. Ponto. As línguas que derivaram do Latim emanciparam-se e hoje há uma variedade de Línguas oriundas do Latim, mas que não são Latim.
Com a Língua Portuguesa passa-se o mesmo. Existe a Língua Portuguesa. Ponto. E essa é a nossa, a de Portugal. A indo-europeia. As restantes línguas oriundas da Língua Portuguesa, são variantes, são dialectos, são o “Português do Brasil”, e agora temos a língua oficial de Cabo Verde, o “Crioulo Cabo-Verdiano”, oriundo da Língua Portuguesa, mas já não é Português.
Portanto, quando António Costa, realçou na mesma entrevista que «a Língua Portuguesa vai ter “um forte crescimento”, prevendo-se que, “no final do século, 500 milhões de pessoas vão falar Português, uma língua cada vez mais global”, mentiu com todos os dentes, ou se não mentiu, acredita no Pai Natal, porque o que se vai propagar por aí, aliás já está propagada, não é a Língua Portuguesa, mas o tal mal denominado “português do Brasil”, que de facto é um dialecto brasileiro, oriundo da Língua Portuguesa, e que passará a Língua Brasileira, oficialmente, logo que Portugal esteja completamente subjugado. E é essa Língua, então já denominada de Brasileira, ora disseminada na Internet (e não a Portuguesa, não minta aos Portugueses, senhor primeiro-ministro, porque nem todos são míopes mentais!) é que poderá ser falada e escrita apenas pelos Brasileiros, mas não pelos Angolanos, Moçambicanos, Timorenses, Guineenses, São-Tomenses, porque estes, se não falarem nem escreverem Português, falarão e escreverão as próprias Línguas nativas, que as têm às centenas, uns, e às dezenas, outros.
E Portugal será o propugnáculo da Língua Portuguesa, o pequeno frasco, que guardará a melhor essência (não são os pequenos frascos que contêm os melhores perfumes?) tal como a Galiza é, hoje, o propugnáculo da Língua Galega, que foi “engolida” pelo Castelhano, mas emergiu da obscuridade e hoje vive no fulgor de antanho, graças aos Galegos fiéis à sua Língua Materna. O mesmo se passará em Portugal.
E não esqueçamos que temos o Mirandês também como língua oficial.
E engana-se António Costa, quando referiu que é pela razão apontada dos 500 milhões de pessoas (que gigantesca falácia!) “uma prioridade fundamental na nossa política externa”, ou seja, propagar o “português do Brasil”, que nem de perto, nem de longe, como querem fazer crer, é uma língua comercial e científica e de comunicação global.
Como se engana. Não é.
O que é uma prioridade fundamental é extinguir o AO90, repor a grafia portuguesa nas escolas, fazendo valer o AO45, que ainda está em vigor em Portugal, e deixarem-se desse complexo de pequenez, e de achar (porque se pensassem, a história seria outra) que estando colados ao Brasil, a Língua Portuguesa está a salvo!
Não está. O que estará a salvo é o que chamam hoje o “Português do Brasil”, futura Língua Brasileira, ou Brasileirês, ou Brasilês, ou Brasuquês (já ouvi falar de todas).
E a Língua Portuguesa vai para o beleléu (*), tão certo como eu estar aqui a escrever isto. Porque isto não é uma opinião. Isto é a comprovação de um facto, que só ainda não está consumado, porque a resistência existe e está mais activa do que nunca.
Fonte:
(*) Para quem não conhece esta expressão brasileira (se vamos ter um Dia Mundial do Português do Brasil há que começar a aprender o “brasuquês”) aqui vão os significados:
beleléu | s. m.
(origem obscura)
[Brasil, Informal] Usado em locuções verbais como:
1 - Ir para o beleléu = morrer; fracassar, gorar-se ou ficar sem resultados.
2 - Mandar para o beleléu = matar; fazer fracassar ou desistir.
Fonte da notícia:
Isabel A. Ferreira
Lucie Delarme-Mardrus foi uma jornalista, poeta, novelista, escultora, historiadora e designer francesa (1874 – 1945).
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