Costumo ver o programa “Visita Guiada”, por Paula Moura Pinheiro, aos domingos de manhã, na RTP3, que é dos poucos que fogem à mediocridade da programação televisiva em geral, apesar de nos esbofetear com uma “conceção” e quejandas palavras no genérico do programa, o que constitui um insulto à Portugalidade, (que os moderneiros (*) rejeitam por desconhecerem o conceito) ou seja, é um insulto ao carácter específico da Cultura e da História de Portugal, neste caso é um insulto à Cultura Linguística Portuguesa.
No passado domingo, a Visita Guiada foi à Terra de Miranda (do Douro) onde, actualmente, se fala a única e verdadeira Língua Oficial de Portugal, a Língua Mirandesa (que era a segunda língua oficial do nosso País, identitária de Miranda) uma vez que a Língua Portuguesa (que era [passado] a primeira língua oficial portuguesa, identitária de Portugal) foi adulterada: está abrasileirada (setor, atua, inspeção, inspetor, teto, arquiteto, fatura, direto, adota, ação, insetos, etc.), mixordizada (fato, por facto, contato por contacto, ora directo, ora direto, ora acção, ora ação, etc.) e falsificada (circunspeto, concetual, receção, aspeto, exceto, infeção, infetar, injetar, respetivo, conceção, deceção, espetador, correção, aceção, anticoncetivo, conceção, confeção, contraceção, deceção, deteção, infete, impercetível), ao ponto de esta linguagem já não ser mais reconhecida como portuguesa, porque, na verdade, não é.
Imagem: o Arqueiro da Fraga do Puio (Picote – Mirando do Douro – Arte rupestre no Parque Natural do Douro Internacional)
Gostei de ouvir o linguista António Bártolo Alves (**) que, com enorme paixão, falou da Língua Mirandesa, reconhecida como língua europeia minoritária e segunda (agora única) língua oficial portuguesa, desde 1999, e que se aprende nas escolas.
O que mais me chamou a atenção foi a ligação da Língua com a História do lugar, porque as palavras arrastam a História, as palavras são a nossa História, as palavras contam a nossa História, no dizer de António Bártolo Alves.
O Mirandês não é um dialecto, nem uma variante sincrónica na evolução da Língua Portuguesa. Tem diferenças nas silabas tónicas, mas também na morfologia, na sintaxe e no léxico. É uma língua oriunda do Latim, uma mistura entre o Leonês (que se falava naquelas terras antes do tratado de Alcanizes, assinado entre os reis de Leão e Castela, Fernando IV (1295-1312), e de Portugal, D. Dinis (1279-1325), em 12 de Setembro de 1297) e o Galaico-Português com forte influência deste no vocabulário, o qual remonta ao povoamento dos enclaves raianos da antiga Terra de Miranda, já no fim da Idade Média, onde ficou cristalizado pelo isolamento geográfico.
E é o fio da linha das palavras que nos conduz à História, de acordo com António Bártolo Alves.
E a que História nos conduz as palavas setor, atua, inspeção, inspetor, teto, arquiteto, fatura, direto, adota, ação, insectos, circunspeto, concetual, receção, aspeto, exceto, infeção, infetar, injetar, respetivo, conceção, deceção, espetador, correção, aceção, anticoncetivo, conceção, confeção, contraceção, deceção, deteção, infete, impercetível e outras que tais, às centenas…?
Alguém é capaz de me dizer a que História nos levam estas palavras?
Não é por acaso que Portugal tem a mais inferior taxa de escolaridade, e o maior índice de analfabetismo da Europa. Portugal é um país envelhecido, cheio de desigualdades, onde não se vislumbra um futuro promissor, onde os licenciados em determinados cursos (estou a lembrar-me dos Engenheiros Florestais e Biólogos) estão, por exemplo, a secretariar hostals ou empresas de exportação (conheço alguns) daí que os nossos cérebros estejam a emigrar e a ter grande sucesso lá fora, além de auferirem salários substancialmente superiores aos de Portugal.
Portugal atrasou-se na Educação, e agora, com esta parvoíce do AO90, é o único país do mundo que escreve à balda, como se a escrita não fizesse parte do Idioma. Como já ouvi da boca de alguém a quem fizeram uma lavagem cerebral, neste sentido: a língua serve para comunicar, não para escrever. Como se o Pensamento, a História, a Literatura, o Saber se fixasse na oralidade!
Nesta Visita Guiada a Miranda, falou-se de Identidade, da identidade do Povo Mirandês, através da sua Língua.
De acordo com o linguista António Bártolo Alves, «as Línguas humanas fazem parte do ADN humano. Das cinco ou seis mil Línguas existentes, o Mirandês é uma delas, faz parte do ADN dos Mirandeses, e cada vez que perdemos um elo linguístico, ficamos mais pobres».
O Português está em vias de não fazer parte das línguas do mundo.
A Terra de Miranda tem o seu Idioma e a sua identidade intactas. Portugal perdeu todos os elos que o ligavam à História das Línguas Europeias. Perdeu a sua identidade. Ficou paupérrimo.
Contudo, a Língua Portuguesa sobrevive num gueto onde um ainda elevado grupo de Portugueses, com espírito identitário e que têm a Língua Portuguesa no seu ADN, não a deixará morrer, assim como um grupo de Galegos com espírito identitário e com a Língua Galega no seu ADN, não a deixaram morrer, e ela ressurgiu das cinzas em que a transformou a imposição do Castelhano, e hoje é uma Língua novamente viva, falada e estudada nas escolas da Galiza.
Não percamos a esperança, porque os maus não se aguentam por muito tempo.
(*) Para quem não saiba, moderneiros são aqueles que, pretendendo ser gente moderna, espezinham a Cultura e a História, com uma ignorância atávica.
(**) O linguista António Bártolo Alves, nascido em Picote, Miranda do Douro, em 5 de Dezembro de 1964, é também investigador e divulgador da Língua Mirandesa. Licenciou-se em Português-Francês pela Universidade do Minho, onde apresentou uma tese de mestrado sobre a Língua Mirandesa. Em 2002, doutorou-se pela Universidade de Toulouse. É professor do ensino secundário. Assumiu vários cargos de gestão e representação, sendo actualmente também director do Centro de Estudos António Maria Mourinho, presidente da direcção da FRAUGA e Secretário Territorial para Portugal da Associação Internacional pela Defesa das Línguas e das Culturas Ameaçadas (AIDLCM).
Isabel A. Ferreira
(Algumas considerações ao redor do malfadado AO90, ao cuidado daqueles que, contra todos os pareceres desfavoráveis, assentes na racionalidade, teimam, autoritária e cobardemente, em insistir no monumental erro que foi trocar a grafia portuguesa, pela grafia brasileira, aviltando, desse modo, a Língua Portuguesa, como se ela fosse algo de somenos importância para Portugal).
Manuel (Matos) Monteiro, revisor linguístico, escritor e formador, uma das vozes mais dinâmicas contra o Acordo Ortográfico de 1990, a propósito do seu mais recente livro intitulado "Sobre o Politicamente Correcto" (Editora Objectiva), disse o seguinte, numa entrevista à Revista Sábado (06/02/2020), a quem pediu que nas suas respostas não fosse aplicado o AO90:
«Não conheço uma matéria tão consensual da esquerda à direita, da percepção popular a quem estudou fundamente o assunto, a linguistas, escritores, intelectuais, tradutores, revisores, jornalistas: o Acordo é uma merda. Falhou em todos os seus propósitos [...] Só a inércia e a cobardia política permitem a sobrevivência do Acordo Ortográfico.»
(Um livro cuja leitura recomendo vivamente. Substituam o telemóvel pelos livros e LEIAM, porque, no nosso país, o que faz falta é LER).
***
Portugal é um país cheio de gente frouxa, comodista, seguidista, servilista, bajuladora, sem espírito crítico, e com um povo maioritariamente assim, como poderemos combater o regime autoritário que nos (des)governa, e nos impõe aquilo que ninguém quer, por ser absolutamente MAU?
Mas esta frouxidão, este comodismo, este seguidismo, este servilismo, esta bajulação, esta falta de espírito crítico, é mais antiga do que possamos imaginar. Já Eça de Queiroz o gritava aos quatro ventos, em 1871: palavra por palavra, a análise, deste que é um dos maiores estilistas da Língua Portuguesa e um inconformado social, continua actualíssima.
Nem a Revolução de Abril trouxe a tão ansiada evolução!
E quanto ao actual governo? Um verdadeiro fracasso. Então? O que é necessário fazer?
Daí que se faça um enésimo apelo aos Professores
Como todos sabemos, e basta ter um QI mínimo, o AO90 viola o direito à aprendizagem correCta da Língua Portuguesa.
Um direito que todas as crianças portuguesas (as maiores vítimas deste crime ortográfico) têm.
Vamos ser cúmplices deste acto criminoso?
Vamos permitir a consumação deste crime?
Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a integridade da Língua Portuguesa morrerá connosco, e a nova geração ficará à deriva, arrastando atrás de si uma Língua que não lhe pertence, porque a Língua Portuguesa estará condenada à extinção, se o AO90 não se extinguir.
Está nas mãos (sempre esteve) dos Professores travar esta tragédia. Só eles poderão recusar-se a ensinar esta língua desenraizada, na sua forma grafada.
Eles podem fazê-lo. Se quiserem.
Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de Desobediência Civil, por uma causa mais do que justa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.
E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores, tivesse resistido ou resistisse agora, ainda vamos a tempo, para que a onda se agigantasse ou se agigante…
O que vão ensinando e a quem?
As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua? Estão a ser obrigadas a aprender algo que, em Portugal, por não ser Português, está incorreCto.
É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.
Isto é desrespeitar o direito à aprendizagem correCta, que todas as crianças têm.
O que faz falta é CORAGEM para dizer NÃO a algo que compromete gravemente a Identidade Cultural Portuguesa, a Portugalidade, o Respeito pela Língua Materna.
Estamos em 2020, e Portugal continua a ser um país cheio de gente frouxa, comodista, seguidista, servilista, bajuladora, sem o mínimo espírito crítico como no tempo de Eça de Queiroz.
Diz-se por toda a parte que o País está perdido. Dizia Eça. Hoje, continuamos a dizer que o País anda perdido, sem rumo, sem rei nem roque.
E quando não há evolução, quem paga são os que já evoluíram e os que querem evoluir, mas não lhes é permitido. E um país assim, não é um País, é um país ainda a ser.
Isabel A. Ferreira
A aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 é ilegal em Portugal
No Brasil, se está a ser aplicado ou não, que diferença faz, se os Brasileiros continuarão a escrever contato, em vez de contaCto, fato, em vez de facto?
É preciso lutar para que haja um recuo na imposição deste absurdo “acordo”.
Portugal não pode perder a sua identidade linguística ao aplicar a grafia brasileira, que apenas ao Brasil pertence.
Portugal não pode perder a sua portugalidade.
Aos Portugueses o que é dos Portugueses.
Aos Brasileiros o que é dos Brasileiros.
Os Brasileiros escrevem e pronunciam à maneira deles a Língua Portuguesa, que dizem ser oficial, mas que não é mais do que a Variante Brasileira do nosso Português, a que caracteriza o Brasil, em qualquer parte do mundo. Quando um brasileiro abre a boca, ninguém diz que está a falar Português, mas sim, Brasileiro.
Por que não designá-la assim? E isto não tem nada de pejorativo. Por que não hão-de os Brasileiros, que não entendem o nosso Português, precisando até que os nossos livros sejam traduzidos para a língua deles (algo que os africanos lusófonos não têm necessidade) de ter uma língua que os caracteriuza melhor do que o Português? Porque Português não é.
E penso que isto não ofenderá os nossos irmãos Brasileiros. Estes deveriam até sentir-se orgulhosos de possuírem uma Língua só deles, enriquecida com vocábulos oriundos dos falares indígenas e dos antigos escravos africanos, para além de muitos termos castiços, que foram reinventados e hoje fazem parte do riquíssimo léxico brasileiro.
Para mim, e para milhares de lusógrafos, o lugar mais apropriado do AO90 é o caixote do lixo, por não servir a nenhum país da CPLP. E não há qualquer interesse em ser revisto. Para quê? Se todos os países devem manter a sua própria identidade linguística, agora que são independentes?
O AO90 é tão-só a imposição da ortografia propopsta na Base 4 do Formulário Ortográfico de 1943, para facilitar a aprendizagem da Língua Portuguesa aos milhares de analfabetos mal alimentados, logo, pouco desenvolvidos intelectualmente (não por culpa deles, claro), numa tentativa de se baixar o índice de analfabetismo que, ainda hoje, e apesar desta tentativa, é bastante elevado naquele país. Mas não só isto moveu a vontade de nos impor a ortografia brasileira (com algumas excePções). Motivos políticos esquerdinos estão por detrás desta vontade de colonizar Portugal através da Língua.
Então, por que carga de água havemos de mutilar a nossa Língua Materna para satisfazer interesses político-diplomático-jurídicos (que nada têm a ver propriamente com a Língua) e espalhar por aí uma grafia incorreCta, simplificada, sem raízes e descaracterizada, deixando Portugal de calças na mão, com uma grafia que nada tem a ver com a sua identidade linguística?
As nossas crianças não serão mais estúpidas do que nós fomos, quando éramos crianças. Não precisam de simplificações. Precisam de um ensino de qualidade.
A Língua Portuguesa, europeia e culta, é património português. Não está à venda, nem pode ser manipulada ao sabor dos interesses de ignorantes.
***
O fim do prazo de "transição" só acaba em 22 de Setembro de 2016.
Até lá muita água ainda vai correr por baixo da ponte… e ninguém tem autoridade para penalizar nenhum aluno.
Há uma ordem do ministério da desiducação para penalizar os alunos até 5 valores (escala 0-20) que não usem o AO90 nos exames. Quanto aos professores que não cumpram estas regras podem ter sanções disciplinares. Dizem-me. A isto chama-se chantagem.
Pois essa ordem é ilegal e as penalizações são ilegais. Quem recorrer à justiça, tem ganho de causa. O problema é que os governantes SABEM que nem professores, nem pais de alunos mexerão uma palhinha, que seja, para se INCOMODAREM. É mais fácil OBEDECER a uma IMPOSIÇÃO ILEGAL, do que EXIGIR JUSTIÇA.
Nas escolas portuguesas, qualquer aluno que seja prejudicado por escrever (e muito correCtamente) a Língua Materna, pode intentar uma acção judicial por violação do Dec-Lei 35228 de 08/12/1945.
O pior, é que estão a impingi-lo a inocentes crianças, que ainda não têm voz, porque discernimento já têm, pois a maioria sabe que lhe estão a "vender" gato por lebre. E é por elas que temos de continuar a lutar contra este linguicídio.
Qualquer professor pode e deve recusar os manuais escolares escritos em Português incorreCto, porque o AO90 é ILEGAL. Foi imposto ilegalmente nas escolas e nas repartições públicas.
Então, por que não o fazem? Por MEDO? Mas ninguém, em Portugal, pode PENALIZAR nem um professor, nem um estudante que se RECUSE a utilizar o AO90 e os manuais incorreCtamente escritos.
As crianças, essas, estão inocentemente nas mãos dos predadores da Língua. E o que estão a fazer com elas é criminoso.
E os paizinhos instruídos têm uma grande parcela de culpa.
Mas quem quer incomodar-se?
Por isso, os governantes apostam nessas penalizações...
Não se destrua o que levou séculos a construir. A comunicação oral e escrita é uma das poucas aquisições que nos diferencia dos outros animais. Não a reduzamos a uma mixórdia de palavras sem sentido algum, por interesses absolutamente inúteis e obscuros.
Deixem a Língua fluir naturalmente. Eficazmente. Lucidamente.
Isabel A. Ferreira
Um direito que todas as crianças portuguesasas maiores vítimas deste crime ortográfico, têm.
Vamos ser cúmplices deste acto criminoso?
Vamos permitir a consumação deste crime?
Origem da imagem: https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90?fref=ts
Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a integridade da Língua Portuguesa morrerá connosco. E ficará a nova geração à deriva, arrastando atrás de si a má língua…
Penso que está nas mãos dos professores de Português travar esta tragédia. Só eles poderão recusar-se a ensinar esta língua desenraizada, na sua forma grafada.
Só eles podem fazê-lo.
Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de Desobediência Civil, por uma causa mais do que justa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.
E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores, tivesse resistido ou resistisse agora, para que a onda se agigantasse ou se agigante…
O que vão ensinando e a quem?
As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua?
Estão a ser obrigadas a aprender algo que, em Portugal, por não ser Português, está incorreCto.
É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.
Isto é desrespeitar o direito à aprendizagem correcta, que todas as crianças têm.
O que faz falta é CORAGEM para dizer NÃO a algo que compromete gravemente a identidade cultural portuguesa, a portugalidade, o respeito pela Língua Materna.
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