É obrigatório ler, até ao fim, este magistral trabalho de Luís Canau, onde este ex-jurista dá prova de que «o AO90 falha em tudo aquilo a que se propunha, devendo ser revogado o mais depressa possível».
Um magistral trabalho que os responsáveis políticos, e quem-quer-porque-quer impingir-nos o AO90, simplesmente, muito democraticamente, ignorou.
Espero que Luís Canau não se importe que eu tenha "desenterrado" o seu PDF. O meu Blogue não é propriamente um calhamaço jurídico, mas é o Lugar onde a Língua Portuguesa é (até ao dia de hoje) defendida, e o AO90 esmagado, em 4009 textos, por individualidades das mais variadas áreas. E só não está informado quem NÃO quer estar, talvez porque os textos dão muito trabalho a LER e não os ler faz muito BEM à IGNORÂNCIA. E andam por aí muitos ignorantes optativos, a ocupar cargos elevados, e a defender o indefensável AO90, simplesmente porque se RECUSAM a LER, o que pessoas FORMADAS e INFORMADAS escrevem.
Este texto de Luís Canau é daqueles que é OBRIGATÓRIO ler, para não morrermos ignorantes.
Isabel A. Ferreira
***
«Acordo Ortográfico de 1990
Um atentado à estabilidade da ortografia ou o contra-senso insanável entre a unificação ortográfica e o primado da fonética»
por Luís Canau
"O Acordo é uma penumbra que vai cair sobre a língua portuguesa" – Paulo Gonçalves, Porto Editora, in Público, 21/04/2008
I
O Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) está a ser aplicado em Portugal contra a vontade da maior parte da população e ignorando pareceres de especialistas. A percepção da aceitação do AO90 é condicionada pelo poder de direcção, em jornais e emissoras de televisão: mesmo que a maioria dos jornalistas e dos leitores as rejeitem, as chamadas "novas" normas podem ser aplicadas com base na decisão de uma única pessoa. Há mesmo casos de editoras que publicam prontuários e vendem correctores ortográficos para o AO90 que se manifestaram contra o acordo, declarando não haver nada a fazer dado as normas serem impostas politicamente.
O acordo não corresponde a uma "evolução natural" da ortografia da língua portuguesa, como alguns pretendem. Uma evolução natural não é um contrato negociado e assinado por um grupo reduzido de pessoas. Outro grupo de pessoas teria concebido normas diferentes. Algo que será feito se/quando a outros for dada essa oportunidade. Veja-se, por exemplo, o movimento "Acordar Melhor", no Brasil, que defende uma maior simplificação da ortografia, ou alguns autores em Portugal, como D'Silvas Filho que defende e utiliza o AO90, mas publica uma extensa lista de críticas e "correcções" ao mesmo. 1
O AO90 está a ser aplicado na sequência de um processo político, no qual os decisores subscreveram conceitos irrealizáveis e utópicos, sem darem ouvidos a todos os pareceres contrários que analisavam a substância do texto e alertavam para as graves consequências que adviriam da sua aplicação.
Apesar de alguns procurarem remover as vestes políticas do AO90 dizendo que este é uma criação das academias, o acordo só está em vigor porque quase 20 anos depois da sua assinatura os políticos portugueses e brasileiros o decidiram recuperar. No caso de Portugal, a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) deixou de fazer parte do processo, tendo sido o Governo, do qual fazia parte a Exma. Sra. Deputada Gabriela Canavilhas, membro deste Grupo de Trabalho, a decidir qual seria o vocabulário oficial português, vindo a designar o do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC).
Margarida Correia, responsável pelo Vocabulário Ortográfico do Português do ILTEC, em declarações ao Público, em 30/12/2009, explica como o AO90 falhou, afirmando que muitas regras tiveram de ser definidas a posteriori, o que significa, naturalmente, que ganhariam uma ou outra definição conforme quem efectuasse esse trabalho:
"O texto legal [do acordo] é aberto, mas é ambíguo e tem até contradições internas. Mas ninguém o vai ler quando tiver uma dúvida. O que se espera é que haja especialistas que façam a interpretação através do Vocabulário."
Ou seja, ninguém poderá alegar surpresa perante as inconsistências entre os vários dicionários e vocabulários publicados.
De acordo com o mesmo artigo do Público, "a nova ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas [...] diz que quanto mais depressa [aplicarmos o AO90] melhor será para afirmar a língua portuguesa no mundo", enquanto "a ministra da Educação, Isabel Alçada, pede tempo para a introdução das novas regras nas escolas."
Este acto – político, note-se – constitui uma violação do tratado que institui o acordo, pelo menos no seu espírito, o qual preconiza, no seu artigo 2.º, a elaboração de um vocabulário ortográfico comum com base em contributos das "instituições e órgãos competentes" que, no contexto do tratado, deveriam ser as academias que participaram na concepção do AO.
Acresce que a ACL, além de, ao que parece, ter sido delicadamente afastada do processo, pelo ex-ministro da Cultura José António Pinto Ribeiro, que considerou que a Academia teria "pouca capacidade" para elaborar o vocabulário (citado no Público de 30/04/2009), se manifestou contra a sua entrada em vigor – ou, pelo menos, contestou não ter sido consultada sobre o processo –, apontando a existência de "aspectos polémicos", os quais seria preciso estudar com vista à implementação de eventuais alterações. 2
Sobrepõe-se à questão da legitimidade para definir o vocabulário oficial, a criação de vários vocabulários ortográficos no Brasil e em Portugal, em violação do espírito do tratado, que exigia que a publicação de um vocabulário ortográfico comum precedesse em um ano a entrada em vigor do AO90. 3
Há aqui, na verdade, duas violações ao espírito do tratado:
O AO90 tem múltiplas omissões e inconsistências. Um exemplo paradigmático é a opção de remover o acento diferencial em "pára" (Base IX, 9.º), ao mesmo tempo que se mantém o acento na forma verbal "pôr", como excepção, "para a distinguir da preposição por" (Base VIII, 3.º). A mais breve reflexão deveria ser suficiente para concluir que a supressão do acento em "pára" é mais passível de gerar confusões do que a supressão do acento em "pôr".
Pôr/por:
"Por o livro em cima da mesa", "sem tirar nem por", "por mérito próprio", "por via das dúvidas", "por favor", "vou por-me a andar". Em nenhum destes casos há dúvidas onde falta o acento circunflexo, e corrigimos a leitura automaticamente, sem necessidade de interpretação.
Pára/para:
"Para ali", "para já", "para o carro", "alto e para o baile", "para para pensar", "greve para Portugal"; ou o cartaz em que a PSP se recusou a aplicar o AO (aqui "corrigido"): "Quando para em cima do passeio, para a vida de algumas pessoas".
Outro aspecto onde se reflecte a má preparação científica do AO90 são os cerca de 30 erros que viriam a ser corrigidos pela Priberam, ilustrando a falta de reflexão sobre o texto que nos chegou e a má qualidade da revisão. Existem erros em termos deixados na grafia "antiga" (jibóia, amigdalóide, respectivos, excepto, exceptuando), watt é grafado erroneamente com maiúscula inicial, há vírgulas mal colocadas, uso deficiente de conjunções, erros de acentuação, confusões terminológicas ("diagrama" por "digrama"), erros em divisões silábicas e erros simplesmente grosseiros ("insersão" por "inserção"). O AO90 diz-nos ainda que a letra w só se pronuncia na forma do português do Brasil, "dábliu", ignorando que os portugueses dizem, e vão continuar a dizer, "dâblio".
"Se não [perdêssemos as consoantes mudas], como é que íamos unificar a ortografia? Exigíamos aos brasileiros que reintroduzissem as consoantes mudas?" - Malaca Casteleiro, um dos responsáveis pelo AO90, citado no Público de 30/12/2009
O texto do AO proclama a necessidade de um acordo a qualquer custo, e essa é a fonte do problema que enfrentamos actualmente: parece ser preciso chegar a um fim predefinido, independentemente da racionalidade e da argumentação. A nota explicativa do AO aponta as razões do fracasso da convenção de 1945: os brasileiros não queriam recuperar as consoantes mudas, nem acentuar termos como "acadêmico", "oxigênio", "cômodo", etc., como em Portugal, trocando a acento circunflexo pelo acento agudo. Os autores do AO90 pensaram que a solução seria serem os portugueses a ceder, já que os brasileiros se recusaram a fazê-lo. Ou seja, se o acordo de 1945 foi rejeitado pelo Brasil porque os brasileiros não queriam escrever "académico" quando pronunciavam "acadêmico", o acordo de 1990 preconiza que os portugueses devem pronunciar "objetivo", "conceção", "adoção", como "objétivo", "concéção" e "adóção", de acordo com a tradição fonética brasileira ("culta", diriam os autores do AO, uma vez que a generalidade dos brasileiros deverá pronunciar "obijétivo" e não "objétivo").
O AO90 foi "vendido" com base em argumentos falaciosos e fantasiosos:
Muitos defensores e responsáveis políticos têm dito que o AO90 constituiria uma espécie de revolução no mercado editorial luso-brasileiro. Como se, por um passe de mágica, nos tivéssemos livrado de todos os constrangimentos linguísticos que impossibilitavam a compreensão entre os dois povos. Sempre que há que dizer, para não assustar as pessoas, que o acordo não muda muita coisa, afirma-se que as alterações são "só" ao nível da ortografia, mas há uma tremenda falta de contenção e, até, de decoro na expressão do delírio unificador, fingindo-se esquecer que as diferenças mais notórias entre o português de Portugal e o português do Brasil não se confinam ao plano da ortografia. Por muito que se note um cê a mais ou a menos, saltam mais à vista as diferentes construções frásicas, a gramática, com o predomínio da próclise dos pronomes clíticos e a preferência pelo gerúndio no português do Brasil, e, claro, todas as divergências a nível de vocabulário.
O que diz quem conhece as realidades do mercado editorial?
"Não acredito [na retórica de que o acordo ortográfico facilitará o intercâmbio editorial entre Portugal e o Brasil]. Aliás, já há provas disso. O Brasil aplicou o acordo há dois anos e, portanto, os livros brasileiros já deviam estar todos a circular por aí. Não vejo nada, não veio nem mais um livro do Brasil por causa disso." - Vasco Teixeira, administrador da Porto Editora, in Público, 17/11/2010.
A ficção da unificação é reforçada pela inexistência, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, de diversos termos exclusivos do português de Portugal – tanto pertencentes à norma estável como novas divergências criadas pelo AO90 –, como "receção", "conceção", "indemnizar" e "amnistia", registando-se apenas "recepção", "concepção", "indenizar" e "anistia".
A tão propalada simplificação da ortografia atenta contra a riqueza da língua portuguesa. Há casos em que dois termos, com semânticas distintas, se passam a confundir, como "óptico" (relativo à óptica ou à visão) e "ótico" (relativo ou pertencente ao ouvido), "coacção" (acto ou efeito de coagir) e "coação" (acção de coar) ou "retractar" (retirar o que se disse) e "retratar" (fazer o retrato de). No primeiro caso ("óptico"), não só se cria uma confusão em Portugal, passando a utilizar-se "ótico" tanto para nos referirmos à visão como à audição, como se cria uma divergência artificial com a grafia no Brasil, onde se mantém a grafia "óptico".
3) Divergências entre os próprios utilizadores de uma "nova" ortografia incerta e instável.
É de notar que, da mesma forma que a aplicação do AO90 por um jornal não reflecte a sua aceitação pela maioria dos que lá escrevem e, muito menos, pelos seus leitores, também no caso das editoras essa aceitação é, no mínimo, questionável. Como a citação que inicia este texto ilustra, a Porto Editora – que produz livros, programas de TV e vídeos na internet para ensinar o AO – manifestou-se ferozmente contra o acordo. Vasco Teixeira, administrador da editora, disse que o acordo era "um pequeno remendo" para aproximar as grafias, que tinha "erros técnicos" e que os editores sempre se lhe opuseram. 7
A Priberam edita dicionários e vende correctores para as várias normas ortográficas da língua (português europeu, do Brasil, com e sem AO), mas mantém no seu sítio da internet, em flip.pt, a informação que os textos continuam a ser "redigidos na variedade europeia do português e segundo a grafia vigente antes da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, uma vez que o período de transição assim o permite".
Temos assim, entre os média que aplicam o AO90, os que escrevem "espectador" e "sector" e os que preferem "espetador" e "setor", outros que não removem o acento a "pára" e muitos que se "esquecem" convenientemente dessa regra.
4) O AO90 legitima duplas grafias ou facultatividades nacionais. Quando antes havia divergências entre Portugal e Brasil (e, como sabemos, o acordo aumenta esse número, em vez de o reduzir), passam agora a existir divergências ortográficas dentro do próprio território nacional.
O n.º 4 da Base IX do AO determina, em relação aos verbos da primeira conjugação, a facultatividade de se acentuarem as conjugações verbais da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo para as distinguir das formas correspondentes no presente do indicativo, porque "o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português". Ou seja, o AO permite que se escreva "nós chegamos ontem", abrindo caminho para divergências ortográficas entre o Norte e o Sul do País.
Fica por explicar porque é que os autores do AO criaram esta regra particular, quando a justificação da variação de pronúncia regional poderia dar azo a uma multitude de outras regras e facultatividades. Por exemplo, tendo em contra a pronúncia do Alentejo ou de Lisboa ou de tantas outras regiões dos vários países que fazem parte da "lusofonia". Porque não poder escrever "coâilho" e "cerveija", com base na pronúncia de Lisboa? Se a lógica é só admitir tais regionalismos na medida em que retirem letras ou acentos, pode-se então perguntar porque não permitir "nã" por "não", ou atender à prática oral brasileira tornando facultativo o registo do esse final em várias conjugações verbais da primeira pessoa do plural, bem como o erre do infinitivo. Por exemplo: "nós vamo canta[á]", "nós queremo fala[á] com você", etc.
Como é possível admitir que um instrumento que se afirma unificador crie divergências ortográficas dentro do mesmo território nacional?
5) Proliferação de termos de português do Brasil, como "pato" por "pacto" ou "contato" por "contacto", ou termos incorrectos em qualquer das variantes da língua, como "inteletual".
Sendo verdade que este aspecto não é, em rigor, um problema do próprio AO90, constitui má aplicação das suas normas, pelo que é pertinente para esta discussão. Por outro lado, a indefinição de regras sugere a muitos, por falta de capacidade crítica, má vontade ou desinteresse (quantas pessoas utilizam o AO90 porque são obrigadas a fazê-lo?), que escrevam "como falam" ou que cortem consoantes indiscriminadamente. Se o que se diz na nota explicativa do acordo sobre a dificuldade que as pobres crianças de 6-7 anos têm para entender as consoantes "mudas" fosse verdade, não seria de esperar que os adultos alfabetizados que, por exemplo, escrevem no Expresso ou na página do Facebook da PSP, entendessem claramente quais consoantes estão "a mais" e quais não estão?
O termo brasileiro "contato" encontra-se regularmente nos sítios da internet da generalidade dos partidos políticos com representação parlamentar, um reflexo de que os que aprovaram o AO e o mantêm em vigor têm um conhecimento deficiente do mesmo. Para dar exemplos à direita e à esquerda, o sítio do PSD arranca nesta data (18/2/2013) com uma introdução que promete "+ contato" e o Esquerda.net regista o termo dezenas de vezes. O jornal Expresso e a revista Visão utilizam-no regularmente, contando, em conjunto, largas centenas de incidências. Até o site de Edite Estrela chegou a registar várias formas de "contatar". A eurodeputada, co-autora de um livro chamado "Saber Usar a Nova Ortografia", retirou, inclusive, um c a "Jean Jaques Rousseau" [sic]. 10
6) No próprio texto do acordo é ilustrada a impossibilidade de unificar a ortografia ao registarem-se formas alternativas de muitos termos, de modo a que a leitura seja compatível com as ortografias de Portugal e do Brasil.
tónicas/tônicas antropónimos/antropônimos topónimos/topônimos jeffersónia/jeffersônia anti-higiénico/anti-higiênico erróneas/errôneas
fónico/fônico
homónimo/homônimo fémur/fêmur tónica/tônica rizotónicas/rizotônicas prémio/prêmio pós-tónicas/pós-tônicas ténue/tênue
heterofónicas/heterofônicas contra-harmónico/contra-harmônico neo-helénico/neo-helênico bibliónimos/bibliônimos axiónimos/axiônimos hagiónimos/hagiônimos Neptuno/Netuno
Podemos assim imaginar como será a ortografia "unificada" no seio de uma qualquer instituição internacional, onde a barra assumirá o papel de instrumento ortográfico unificador:
"No dia ... realizar-se-á/se realizará uma receção/recepção com a presença do distinto académico/acadêmico da República Checa/Tcheca ..."
Neste âmbito, poderá ser estranho, dada a preocupação do AO90 com o "prestígio internacional" da língua, que não se tenham tentado unificar as muitas divergências que permanecem em nomes de países e cidades, já que os mesmos surgirão frequentemente no contexto, tão caro ao tratado, da utilização da língua portuguesa nas relações internacionais.
Algumas diferenças ortográficas em topónimos:
Amsterdã/Amesterdão
Armênia/Arménia
Bagdá/Bagdad
Bangcoc/Banguecoque
Belarus/Bielorrússia
Cingapura/Singapura
Copenhague/Copenhaga
Eslovênia/Eslovénia
Estônia/Estónia
Groenlândia/Gronelândia
Helsinque/Helsínquia
Irã/Irão
Madri/Madrid
Mônaco/Mónaco
Moscou/Moscovo
Letônia/Letónia
Polônia/Polónia
Porto Príncipe/Port-au-Prince
Quênia/Quénia
República Tcheca/República Checa
Romênia/Roménia
Tadjiquistão/Tajiquistão
Teerã/Teerão
Vietnã/Vietname
Zimbábue/Zimbabué
7) Menosprezo pelo conceito essencial da estabilidade ortográfica da língua. Portugal efectuou três reformas ortográficas no século XX. O tempo decorrido entre os dois últimos acordos ortográficos é comparável ao tempo que já decorreu desde a concepção até à aplicação do presente acordo. A obsessão com a "unificação" da ortografia resulta numa tendência em alterar as regras da escrita a cada geração. Arriscamo-nos a escrever numa grafia diferente dos nossos pais e avós e que os nossos filhos aprendam, igualmente, uma grafia diferente. Isto prejudica, por um lado, a literacia – com a agravante do actual acordo gerar facultatividades e regras interpretadas de diferentes modos – e, por outro, a comunicação intergeracional.
Se o processo de adopção do AO90 tivesse corrido conforme previsto, entrando o mesmo em vigor em 1994, seriam grandes as probabilidades que outro grupo de professores iluminados estivesse já a trabalhar num novo acordo. Não se pode quebrar, injustificadamente, a estabilidade ortográfica que une gerações e nos mantém em contacto com a cultura e a literatura do passado. Se o AO90 unificasse de facto poderia fazer sentido discutir-se a necessidade de interferir com a estabilidade ortográfica.
"A estabilidade ortográfica não se põe em causa com argumentos falaciosos" – Francisco Miguel Valada, autor de “Demanda, Deriva, Desastre – Os três dês do Acordo Ortográfico”.
"[O AO90] revela insensibilidade à preservação da estabilidade ortográfica e ao valor patrimonial da ortografia" – António Emiliano, autor de "Apologia do Desacordo Ortográfico".
Revogação imediata da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 no território português e o regresso oficial à ortografia estável da língua portuguesa, regulada pelo Acordo Ortográfico de 1945.
EM SUMA,
Luís Canau
Ex-jurista, profissional de cinema de animação, programador de cinema, tradutor
Notas:
"Problemas ortográficos, novo acordo", por D'Silvas Filho: http://www.dsilvasfilho.com/Novo%20Acordo.%20Regras %20e%20Problemas%20ortogr%C3%A1ficos.htm
O autor aponta oito defeitos em relação às regras do hífen, cinco em relação às consoantes "mudas", como qualquer pessoa de bom senso não concorda com a supressão do acento diferencial em "pára", entre muitas outras questões. Não se entende como pode o autor defender o AO90 ao mesmo tempo que afirma que o mesmo está minado por defeitos técnicos. Esta aparente contradição não impede D'Silvas Filho de publicar um Prontuário Ortográfico "actualizado".
Fonte: https://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf...
Um texto repescado de 2018, apenas para lembrar que, apesar do caos linguístico instalado na oralidade e na escrita, em Portugal, nem tudo está perdido, porque queimaram a Língua Portuguesa, mas ela renascerá das cinzas…
Origem da imagem: https://pt.slideshare.net/IBMemorialJC/nem-tudo-est-perdido-75308260
Algures em Portugal, numa esquadra da PSP
Hoje, pela manhã, tive de me deslocar a uma Esquadra da PSP, para uma audiência. (Ossos do ofício).
Enquanto esperei para ser atendida, estive a ler os recados afixados nos quadros. Tudo escrito em boa Língua Portuguesa, com todos os cês e pês e acentos nos seus devidos lugares. Ali, ninguém para para ver o que acontece. Ali, naquela Esquadra, ninguém é tatibitate.
Bem… devo confessar que me senti bem dentro daquele lugar, onde a Língua Portuguesa é respeitada.
É que costumo ficar bastante nauseada, quando vou a um Banco, a um Hospital, a uma Escola, ao Centro de Saúde… ou a outro qualquer lugar público e me deparo com recados escritos segundo a cartilha brasileira, estando eu em Portugal.
Mas desta vez, não. Senti-me bem, e fui prestar as minhas declarações com boa disposição.
Disse o que tinha a dizer, o Chefe da PSP escreveu o relatório no computador, e tirou uma cópia para eu assinar.
Maravilha! Além de estar conforme o que eu acabara de declarar, encontrava-se bastante bem redigido e escrito segunda a cartilha portuguesa. Como deve ser.
Antes de assinar, dei os parabéns (não parabenizei, como agora andam por aí a dizer… o meu computador marca erro), dei os parabéns ao Chefe da Esquadra, e disse-lhe que ia assinar o relatório com muito prazer, porque estava escrito num Português escorreito. Dá gosto, quando assim é.
O Chefe sorriu ligeiramente, um sorriso que me pareceu de agrado.
Saí da Esquadra e, cá fora, pareceu-me Primavera!
O tempo, hoje, está ameno, e amena também estou eu, porque descobri que, afinal, em Portugal, nem todos são subservientes, ainda existem homens livres, ainda existe lucidez, ainda existe quem resiste, quem saiba discernir, quem saiba que Portugal é Portugal, um país europeu com uma Língua europeia. Nada de suprimir cês e pês e acentos.
Nem tudo está perdido.
Apenas as crianças portuguesas estão perdidas. E é por elas que continuaremos a resistir. A insistir. A lutar. A exigir que os governantes portugueses devolvam a Portugal a ortografia portuguesa. É que a ortografia portuguesa não é só étimo. Também é estética.
Isabel A. Ferreira
Nota prévia: todos os que me conhecem sabem que sou apartidária (deste facto provém a minha liberdade), mas não sou apolítica, daí que absorva de cada partido político apenas o que cada um apresenta de melhor, porque todos eles, da esquerda à direita, têm coisas boas, coisas menos boas e coisas muito más. Foi com base nesta minha posição que me propus a fazer uma análise marginal à sessão solene, que hoje teve lugar no Parlamento, comemorativa do 46º aniversário do 25 de Abril.
Os que me conhecem, também sabem que nada tenho contra os cidadãos que são pais e cônjuges, e decidem ir para a política. Como sou muito exigente e quero o melhor para o meu País, exijo que os políticos sejam tão bons na política, como são bons pais e cônjuges. O que nem sempre acontece, e então sou severa para os políticos que não fazem política com Dignidade e Honestidade. Contra os pais e cônjuges que eles são, nada tenho.
Foto: Tiago Petinga - Lusa
Bem, a primeira observação que me ocorre fazer é a seguinte: muito democraticamente, hoje, no dia em que se celebra as tão propagadas Democracia e Liberdade, que os Capitães de Abril nos proporcionaram, a Deputada Joacine Katar Moreira, eleita por uma determinada fatia do Povo Português, foi impedida de usar a palavra. Não houve uma alminha sequer que, a exemplo de outras ocasiões, abrisse uma excePção, para que a deputada Joacine, no dia em que se celebra a Liberdade e a Democracia, pudesse dizer de sua justiça. Não é para aqui chamado o facto de ela já não pertencer a um partido político. O que aqui interessa é que hoje, no dia em que se comemora a Liberdade e a Democracia em Portugal, uma deputada da Nação, eleita pelo Povo, muito democraticamente, na Casa que se diz da Democracia, que é também a Casa do Povo, foi impedida de usar a palavra. E isto tem um nome: atitude ditatorial.
O primeiro convidado a chegar foi o ex-presidente Ramalho Eanes, de cravo na lapela. Nem todos trouxeram cravos. E estão no seu direito. Ninguém veio com máscaras, para o Parlamento. Parece que abriram o teCto do hemiciclo de São Bento, para não parecer um recinto fechado, e não ser obrigatório o uso de máscaras, como o é para o comum dos mortais portugueses, em recintos fechados.
Apenas o Director Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), superintendente Manuel Magina da Silva, chegou a São Bento com a sua viseira, como é da boa prática. Mas retirou-a, quando se sentou na Galeria, e verificou (digo eu) que era o único.
Nas Galerias estavam apenas 14 convidados, entre eles Ramalho Eanes, D. Manuel Clemente e um representante da Associação 25 de Abril. Nem todos mos convidados que aceitaram ir, foram.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, chegou sem cravo. Lá dentro deram-lhe um cravo, e foi com ele na mão que entrou no hemiciclo, mas logo o pousou algures, e nunca mais foi visto com ele.
A distância entre as pessoas, enquanto estiveram sentadas, foi respeitada. Enquanto estiveram de pé, foi ao molhe, em amenas cavaqueiras, sem máscaras ou luvas. É assim mesmo. Isto para demonstrar que o coronavírus não quer nada com o Parlamento Português. Não entra ali, porque Ferro Rodrigues não permite tal ousadia.
Depois de ouvido o Hino Nacional, o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, fez um discurso a cair de velho e pobre, começando pelo uso da tal linguagem inclusiva, que anda por aí a ser divulgada como se fosse algo muito moderneiro, mas nada, nada, mesmo nada erudita, e que ora é, ora não é: começou com Portugueses e Portuguesas, como se os Portugueses não representassem UM POVO, onde estão incluídas as mulheres. Até porque, mais adiante e por variadas vezes, Ferro Rodrigues referiu Portugal e os Portugueses, deixando de fora as portuguesas, e os cidadãos do mundo inteiro, excluindo as cidadãs, e isso não se faz… E isto é algo que me provoca urticária, de tão virulento que é.
Enfim, abriu o discurso evocando o vírus, que impediu uma celebração com todos; fez-se um minuto de silêncio pelos mortos da Covid-19, e o resto foi mais do mesmo.
Seguiram-se os discursos dos representantes do Povo, por ordem crescente de representação, na Assembleia da República, à excePção, como já foi referido, daquele povo representado pela deputada Joacine Katar Moreira.
Primeiro foi João Cotrim Figueiredo, do partido Iniciativa Liberal, que, sem cravo na lapela, fez um discurso diferente, com algo novo a dizer: leu a carta que escreveu ao seu filho, nascido há 18 anos, precisamente no dia 25 de Abril. Uma bela carta, a um filho a quem se pede que lute pelo futuro, pela liberdade, por um mundo melhor do que aquele que ele, como pai, não foi capaz de lhe deixar. Gostei bastante deste discurso, que não sendo político, foi humano.
Seguiu-se André Ventura do Chega, também sem cravo, e que fez um discurso assente em verdades, e as verdades não são de direita, nem de esquerda. As verdades são apenas verdades, e quando são verdades a que o Povo está atento, estes discursos têm um poder que os velhos discursos, ditos e reditos, já não têm.
Abram os olhos! Acordem para a realidade. A verdadeira Democracia não tem donos. São precisas novas políticas e um 25 de Abril renovado, de outro modo, os sonhos sonhados naquele 25 de Abril de 1974 serão engolidos e o pesadelo regressará, se já não regressou.
Seguiu-se José Luís Ferreira, do PEV, com cravo na lapela. Ele disse que para trás ficou um povo triste e um país a cheirar ao mofo. Será que, na realidade, esse país ficou para trás? Não me parece. Penso que José Luís Ferreira dourou demasiado uma pílula amarelada, já gasta pelo tempo, e louvou o SNS, que antes do coronavírus era um autêntico caos. Hoje só não é caos porque milhares de pessoas, por medo, deixaram de procurar o SNS. E o esforço brutal que todo o pessoal médico e paramédico está a fazer nos hospitais, com poucos meios e protecção individual, é de louvar. São eles os verdadeiros heróis disto tudo. Vamos ver o que se seguirá á pandemia.
Veio depois, Inês Sousa Real, do PAN, com um cravo na mão, e se não fosse aquele distintas e distintos convidados (então e as convidadas?) e aquele todas e todos no final, como se Todos não significasse HUMANIDADE, onde estão incluídos eles e elas, eu teria aplaudido o discurso. Abordou as questões do ambiente e do desprezo pelos animais, que mancham a democracia portuguesa. Lembrou aqueles que hoje, não puderam celebrar o 25 de Abril porque estão confinados ou mortos à conta da Covid-19. Não são estas cerimónias que garantem a Democracia. Pois não. Mas também não é com o modismo da linguagem inclusiva, que resolverão o problema das mulheres. Não é através desta linguagem apoucada que elas se integrarão na sociedade, no trabalho, nos cargos, na vida. É apenas com atitudes. As palavras em nada servirão.
Telmo Correia, falou pelo CDS, sem cravo, e apresentou um discurso coerente, com o qual concordei, porque ali não entrou política, mas bom senso. O facto de 110.228 pessoas estarem contra estas celebrações, não foi uma questão ideológica, porque não foi, mas tão-só uma questão ontológica. E os que se empenharam em celebrar a Liberdade e a Democracia, não respeitaram o que se exigiu ao Povo. O Parlamento deve respeitar os Portugueses, e este é um mau exemplo. Telmo Correia fez um discurso de protesto, com o qual tive de concordar, porque o meu conceito de Democracia engloba a vontade do Povo, quando ele se manifesta contra as imposições ditatoriais de quem, por eles, foram eleitos.
Veja-se esta imagem. Correram duas petições: uma, contra a celebração do 25 de Abril por motivos óbvios; outra, a favor, por motivos que poderiam ser adiados, porque, afinal, esta data não foi celebrada por quatro vezes, e nenhuma esteve ligada a uma pandemia desta dimensão. É bem certo que o promotor da petição contra, não fez chegar o documento ao Parlamento, e fiou-se não facto de que bastava os parlamentares visualizarem a petição para decidirem fazer a vontade de 110. 228 portugueses, porque isso seria um acto democrático, pois uma boa fatia do Povo Português assim o desejava. Mas isso não serviu de nada. Como poderia, num regime ditatorial, disfarçado de democracia?
E como hoje, se celebra a Democracia e a Liberdade, os parlamentares entenderam que eles também tinham a liberdade de fazerem o que muito bem entendessem, não respeitando o que o Bom Senso de milhares de portugueses ditou, nem sequer, as recomendações sanitárias.
Seguiu-se Jerónimo de Sousa, do PCP, com cravo à lapela, o velho guerreiro, e o deputado mais antigo da AR, o qual considerou que o 25 de Abril não seria apagado sem a celebração no Parlamento. Não, não seria. O seu discurso foi coerente como sempre foi. Aliás, devo dizer que admiro a honestidade deste senhor, mas nem sempre concordo com ele, porque falha, por exemplo, quando apoia o lobby troglodita, a pensar nos votos. Falou do Povo, e o povo é quem mais ordena, mas desta vez, não ordenou coisa nenhuma. Um discurso quase igual aos que sempre proferiu.
Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, também com cravo na lapela, fez um discurso morno, não acrescentando nada de novo a esta celebração; aliás como Rui Rio (sem cravo) pelo PSD e Ana Catarina Mendes (com cravo) pelo PS. Três discursos iguais a si próprios, que nada nos disseram de novo, a não ser palavras de circunstância, que todos estamos cansados de ouvir.
Fechou a cerimónia Marcelo Rebelo de Sousa, que perdeu o cravo. O seu discurso centrou-se na preocupação de justificar esta celebração, e pouco mais. Foi mais um discurso, apenas. Uma desilusão.
Para terminar, uma curiosidade: a Itália, também comemora, precisamente hoje, o 25 de Abril dos italianos, para eles hoje, foi dia de celebrar a LIBERDADE, os 75 anos (não os 46, como nós) da libertação do nazi-fascismo. E celebraram esta data, cantando à janela e às varandas o "Bella Ciao", entre outros hinos.
Um belo exemplo, de como celebrar em conjunto, uma tão importante data, e como ouvi dizer a um velho guerreiro italiano: «Hoje não é dia de celebrar a Liberdade, mas de combater o inimigo que nos tirou a liberdade.»
Mas nem todos têm esta lucidez e sabedoria.
Isabel A. Ferreira
No «Você na TV!», o psicológico Joaquim Quintino Aires tece fortes críticas ao que considera ser uma atitude de silêncio, por parte de Marcelo Rebelo de Sousa perante o caso dos PSP que foram cercados e ameaçados por amigos das vítimas da 2ª circular, num funeral.
Esta atitude inconcebível pode também aplicar-se ao AO90, questão de interesse nacional, em que o Chefe do Estado Português faz-se de cego surdo e mudo, uma verdadeira lástima, até porque está em causa uma inconstitucionalidade e ilegalidade abafada pelo silêncio de quem tem o dever de defender a Constituição da República Portuguesa, tanto quanto as Forças de Segurança nacionais. E não o faz.
A indignação de Quintino Aires é também a minha e a de milhares de portugueses que não se revêem neste presidente.
Ver o vídeo da indignação aqui:
Isto é um facto. E quem o diz é uma mulher portuguesa, pensante, lúcida, sem papas na língua, que não tem medo de caras feias, nem de bichos-papões. Uma mulher comparável às “padeiras de Aljubarrota” de outros tempos, as quais, lamentavelmente, escasseiam, hoje, em Portugal. E são tão necessárias, neste momento difícil, de caos e insanidade que o nosso País vive!
Esta mulher, por quem tenho a maior admiração e respeito, é Idalete Giga, professora universitária, autora da análise, em jeito de desabafo, que se segue, extremamente lúcida e real, no que concerne à pouca-vergonha que envolve o AO90, e a qual subscrevo na íntegra.
Isabel A. Ferreira
Vem esta análise a propósito do que disse Manuel Maria Carrilho, num vídeo que circula na Internet, e que está publicado neste link:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-laxismo-nacional-do-fim-dos-chumbos-216233?tc=24781008632
Por Idalete Giga
"A ignorância casou com o Poder". Foi com estas palavras que Manuel Maria Carrilho terminou a sua intervenção, no vídeo, referindo-se ao (des)AO90. Também afirmou logo no início que este Acordo Ortográfico é um crime de lesa-pátria!
Acrescento que quanto mais tarde se atacar o problema, mais danoso se torna, sobretudo para as crianças que são obrigadas a escrever o absurdo "acordês"(!) Mas parece que o (des)governo continua a assobiar para o lado. A arrogância do grande propagandista do Acordo TORTOGRÁFICO começa a ser patológica, pois não assumir o erro do maior desastre linguístico ocorrido na nossa História, revela uma estranha patologia. O grande propagandista e ilusionista é o ministro dos N. Estrangeiros Santos Silva. (!)
Quanto ao fim dos chumbos é uma monstruosidade pedagógica. É alimentar o facilitismo, a irresponsabilidade, a desigualdade entre os alunos, tudo por uma questão economicista repugnante. É uma medida que se for avante, causará um mal-estar permanente em toda a comunidade educativa. Poupar 250 milhões de euros à custa das crianças é um crime (!) Em Portugal andamos sempre a copiar modelos estrangeiros. Pois este modelo de passar de ano, quer se tenha ou não aproveitamento, já fracassou na Inglaterra (!) Agora é até ao 9º ano, depois será no 10, 11º e 12º e finalmente na Universidade (!!!!!!!!!!!!!!!) E VIVA A IGNORÂNCIA, O ANALFABETISMO LEGALIZADOS POR IDIOTAS (!!!!!!!!!!!!!)
(…)
Não sei como tudo isto vai terminar. Nunca se viu uma coisa destas (!) E hoje, dia da manifestação das forças de segurança (PSP e GNR ) o (des)governo que teme, sem dúvida, quem nos defende, manda colocar um VERGONHOSO MURO junto da escadaria do Palácio de S. Bento (!!!!) Isto é inadmissível. É tratar os polícias como terroristas e malfeitores. É um insulto a todos os portugueses. Quem não deve, não teme, mas o (des)governo teme porque deve. Deve muito. Deve milhões aos portugueses que trata como escravos : não são só os polícias. São os médicos, enfermeiros, professores de todos os graus e níveis de ensino. São os reformados que recebem pensões de miséria, etc., etc. Os três pilares em qualquer País desenvolvido e democrático são a EDUCAÇÃO, a SAÚDE, a JUSTIÇA. Pois qualquer destes pilares estão a colapsar PERIGOSAMENTE (!) E o PR alimenta toda a paz podre que se vive em Portugal. Se ele visse a revolta da maioria do povo português que cresce dia a dia pelos mais variados motivos, fugiria já para o Brasil para junto da família que lá vive....
(…)
É assustador o que se está a passar em Portugal, em todos os seCtores importantes da vida do País, mas o mais assustador ainda é que o (des)governo continue a usar óculos cor-de-rosa e o PR ajude à absurda festa (!)
(…)
«Que problema, Amiga! Ouviu hoje o propagandista do (des)AO/90? Santos Silva, a propósito da criação do dia 5 de Maio que foi destinado à"Língua Portuguesa"? - Não tem um pingo de vergonha e continua a mentir descaradamente sobre a Língua Portuguesa. Coloca tudo no mesmo saco e continua a falar despudoradamente de "Língua comum" que é cada vez mais falada no mundo… Mas qual comum, qual carapuça? É o português do Brasil que se tem espalhado, efectivamente, e não o Português europeu que é o LEGÍTIMO!!!! Mas este, a continuar com a profunda arrogância e desprezo do propagandista e não só, por todos os portugueses que não aceitam o Acordo TORTOGRÁFICO transformar-se-á, como já foi afirmado por gente que pensa com a sua cabeça, num simples DIALECTO (!) Isto causa-me arrepios e uma revolta sem limites (!!!!!!). Parece que está tudo rendido à grande burla que foi e continua a ser o maldito e absurdo AO90 (!!!!!!!) Mas que Portugal é este?????????
(…)
Não há dúvida que o "lápis azul da pide facebookiana" é uma realidade. Não tenho quaisquer dúvidas que há um complot do silêncio para calar quem se revolta das mais variadas formas contra o maldito e absurdo desAcordo Tortográfico(!) Neste complot, também o PR está comprometido, vergonhosamente, já que, segundo tem afirmado, é contra o AO (!) Há tanto lóbi metido neste cano de esgoto que serão necessárias, talvez duas ou três gerações ( Já cá não estarei) para fazer JUSTIÇA À NOSSA QUERIDA LÍNGUA MATERNA que vários desgovernos têm ajudado e continuam a ajudar à sua decadência (!)
(…)
Mas neste momento quem é que ouve a voz da razão? - Por enquanto é a voz da força e do totalitarismo desenfreado, nojento, desumano, que impera (!)
***
Perfeito, prezada amiga Idalete Giga. Eu não diria melhor. E concordo plenamente com tudo o que disse. Assino em baixo.
E pergunto-me: por que será que todas as pessoas lúcidas chegam à conclusão, que tão brilhantemente Idalete Giga expôs, excePto os governantes, fechados no seu mundinho bacoco, cegos, surdos e mudos à racionalidade, que grita ao redor deles? Eles vão cair. Tenho certeza disso. E quando caírem, cairão de vez, e ficarão para a História como os maiores inimigos que Portugal já teve.
Espero que esta sua análise, em jeito de desabafo, possa ajudar a abrir o escuro em que vive o nosso tão apatetado país, governado por tão cega gente!
***
Vou aproveitar esta maré de desabafos, para transcrever outro desabafo. Desta vez, o de Luís Paixão Martins, consultor de comunicação e relações públicas, que fundou a LPM Comunicação, e criou o NewsMuseum.
«O meu modesto desabafo sobre o Acordo Ortográfico
O coiso foi-nos vendido como uma fórmula para homogeneizar a escrita da Língua Portuguesa nos vários países que a usam oficialmente. Sim, parece boa ideia.
Mas, desconfia-se logo, será que falámos com os outros? E os outros estão de acordo com o Acordo? E, tendo-o subscrito porque somos todos uns porreiros, irão aplicá-lo? E as assinaturas dos porreiros da Língua Portuguesa serão ratificadas nos respectivos órgãos de soberania?
Pensa-se logo no Brasil. Para que uma potência com 200 milhões de habitantes precisa dos apenas 10 milhões de portugueses para reforçar o peso global da língua comum? Sim, calcula-se, o Brasil não se irá (nunca) adaptar a um Acordo com Portugal. Por que não precisa. Ponto final.
Portanto, o desígnio do Acordo – digo eu, modesto utilizador profissional da Língua escrita - fica logo ferido de morte.
Mesmo assim, perguntar-se-á, e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa? Aqui, cada caso é um caso, mas sobressai – pela sua dimensão geoestratégica e económica – o caso de Angola.
E não é que Angola – a Nação de Língua Portuguesa com quem Portugal tem relações mais fortes – também não adere ao Acordo.
Resultado: quem escreve simultaneamente conteúdos para Portugal e Angola tem de aplicar duas normas ortográficas. Ou aplica em Portugal as normas antigas.
Isto é surreal. Afinal, aquilo que nos venderam como sendo um instrumento de aproximação transformou-se em mais uma dificuldade e um afastamento.
Antes do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (é assim que se chama o coiso) havia duas normas ortográficas oficiais divergentes. O coiso foi criado para as unificar. Agora temos três normas.
É o milagre da multiplicação da Língua Portuguesa.»
Fonte do texto e da imagem:
http://www.ateoriadoq.pt/content/o-meu-modesto-desabafo-sobre-o-acordo-ortografico
***
Um milagre que ninguém pediu, nem desejou.
Vade retro satanás, com tal diabólico “milagre”!
Isabel A. Ferreira
… com o aval dos que podem e (des)governam…
E como estas, existem centenas de “intumescências” ortográficas na comunicação social, nos ofícios, comunicados e documentos governamentais, nos sites do governo português, em simples textos na Internet, nos comentários no Facebook… em cartazes, na publicidade, em legendas de filmes, e rodapés televisivos, nos próprios livros acordizados (e nestes há coisas de bradar aos céus!) enfim, pobre Língua Portuguesa que tão maltratada e espezinhada anda por aí…
Vejam-se estes exemplos, que não se esgotam nesta amostragem…
São palavras sem sentido, que o aparvalhado AO90 anda por aí a grelar.
Origem da imagem:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1988774657814201&set=p.1988774657814201&type=3&theater&ifg=1
«INTERSETAR»
(leia-se inters’tar)
A PSP só podia ter tido grande dificuldade em meter no meio de setas os tais suspeitos… E como se isto não bastasse, estão em "âçãoseja lá o que isto for…
***
Fonte da imagem:
«PARA A REVOLTA» marchar… marchar…
Realmente não há chuva para a revolta. É que nem sequer sabem que uma preposição vestida de verbo é coisa carnavalesca...
PARA PARA PENSAR UM POUCO Jornal i… (Até fico gaga!!!!)
***
Origem da Foto:
«EXCETO ("excêto") … EXETO ("exêto"?)»
O que é isto?
Isto é o descalabro dos descalabros. Nem os Brasileiros têm estes monstrinhos no seu léxico. Vá-se lá saber o que significa excêto e exêto…
***
Origem da foto:
«ABRUTAMENTE»?
Pois…à bruta! A bruta mente gera antilogismos como este…
***
Origem da imagem:
«CONVIÇÕES» muito «convitas» da estupidez reinante…
É o pior, é que segundo os Tradutores contra o Acordo Ortográfico, «no original, figurava "convicções", mas no Expresso acharam por bem cortar a consoante e, assim, fazer jus ao que apregoaram logo em 2010 (http://bit.ly/2duMAXV): «Expresso poupa letras e adota acordo ortográfico». Efectivamente, assim é. Continuem a dar razões aos opositores».
***
Origem da imagem:
A isto é o que se chama «EXTENDER» ao comprido...
E o mixordês é exactamante isto: esta mistura de Português, de acordês-malaquês e de estupidez…
***
Origem da imagem:
TEM «HAVER» … então não tem?
Tem a ver com uma descomunal ignorância...
***
Fonte:
Aldeias AFECTADAS, muito bem, mas EX-DIRETOR (leia-se ex-dir’tor), muito mal…
A isto chama-se mixórdia ortográfica, a tal em que está em vigor em Portugal…
***
Pois é, doutor António Costa, primeiro-ministro de Portugal.
É esta mixórdia ortográfica que o Senhor e o seu governo estão a promover no nosso País, que tem a desventura de ser desgovernado assim tão desnorteadamente…
Que tristeza! Apenas Portugal e o Brasil teimam nesta pobreza ortográfica, e mesmo assim, apenas os incultos, porque os cultos não a adoptaram, nem adoptarão jamais.
Cabo Verde está a promover o seu CRIOULO, no que faz muito bem. Sempre é mais culto e escorreito do que esta mixordice de ortografia que anda por aí… sem o mínimo senso e lógica. A Língua Portuguesa, em Cabo Verde, já é a segunda língua.
Por isso, uma vez mais vimos exigir lucidez e que devolvam a Língua Portuguesa a Portugal!
Isabel A. Ferreira
Queimaram a Língua Portuguesa, mas ela renascerá das cinzas…
Origem da imagem: https://pt.slideshare.net/IBMemorialJC/nem-tudo-est-perdido-75308260
Hoje, pela manhã, tive de me deslocar a uma Esquadra da PSP, para uma audiência. (Ossos do ofício).
Enquanto esperei para ser atendida, estive a ler os recados afixados nos quadros. Tudo escrito em boa Língua Portuguesa, com todos os cês e pês e acentos nos seus devidos lugares. Ali, ninguém para para ver o que acontece. Ali, naquela Esquadra, ninguém é tatibitate.
Bem… devo confessar que me senti bem dentro daquele lugar, onde a Língua Portuguesa é respeitada.
É que costumo ficar bastante nauseada, quando vou a um Banco, a um Hospital, a uma Escola, ao Centro de Saúde… ou a outro qualquer lugar público e me deparo com recados escritos segundo a cartilha brasileira, estando eu em Portugal.
Mas desta vez, não. Senti-me bem, e fui prestar as minhas declarações com boa disposição.
Disse o que tinha a dizer, o Chefe da PSP escreveu o relatório no computador, e tirou uma cópia para eu assinar.
Maravilha! Além de estar conforme o que eu acabara de declarar, encontrava-se bastante bem redigido e escrito segunda a cartilha portuguesa. Como deve ser.
Antes de assinar, dei os parabéns (não parabenizei, como agora andam por aí a dizer… o meu computador marca erro), dei os parabéns ao Chefe da Esquadra, e disse-lhe que ia assinar o relatório com muito prazer, porque estava escrito num Português escorreito. Dá gosto, quando assim é.
O Chefe sorriu ligeiramente, um sorriso que me pareceu de agrado.
Saí da Esquadra e, cá fora, pareceu-me Primavera!
O tempo, hoje, está ameno, e amena também estou eu, porque descobri que, afinal, em Portugal, nem todos são subservientes, ainda existem homens livres, ainda existe lucidez, ainda existe quem resiste, quem saiba discernir, quem saiba que Portugal é Portugal, um país europeu com uma Língua europeia. Nada de suprimir cês e pês e acentos.
Nem tudo está perdido.
Apenas as crianças portuguesas estão perdidas. E é por elas que continuaremos a resistir. A insistir. A lutar. A exigir que os governantes portugueses devolvam a Portugal a ortografia portuguesa. É que a ortografia portuguesa não é só étimo. Também é estética.
Isabel A. Ferreira
… com o aval dos que podem e desgovernam…
E como estas, existem centenas de “intumescências” ortográficas na comunicação social, nos ofícios, comunicados e documentos governamentais, nos sites do governo português, em simples textos na Internet, nos comentários no Facebook… em cartazes, na publicidade, em legendas de filmes, e rodapés televisivos, nos próprios livros acordizados (e nestes há coisas de bradar aos céus!) enfim, pobre Língua Portuguesa que tão maltratada e espezinhada anda por aí, com o apoio dos subservientes de serviço.
Vejam-se estes exemplos, que não se esgotam nesta amostragem…
São palavras sem sentido, que o aparvalhado AO90 anda por aí a grelar.
Origem da imagem:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1988774657814201&set=p.1988774657814201&type=3&theater&ifg=1
«INTERSETAR»
(leia-se inters’tar)
A PSP só podia ter tido grande dificuldade em meter no meio de setas os tais suspeitos… E como se isto não bastasse, estão em âção, seja lá o que isto for…
***
Fonte da imagem:
«PARA A REVOLTA» marchar… marchar…
Realmente não há chuva para a revolta. É que nem sequer sabem que uma preposição vestida de verbo é coisa carnavalesca...
PARA PARA PENSAR UM POUCO Jornal i… (Até fico gaga!!!!)
***
Origem da Foto:
«EXCETO (leia-se eiscêto) … e EXETO (exêto?)»
O que isto? Será linguagem de algum ignorante extraterrestre?
Isto então é o descalabro dos descalabros. Nem os Brasileiros têm estes ovnis no seu léxico. Vá-se lá saber o que significa eiscêto e ixêto… Será a língua dos taralhoucos...
***
Origem da foto:
«ABRUTAMENTE»?
Pois…à bruta! A bruta mente gera antilogismos como este…
***
Origem da imagem:
«CONVIÇÕES» muito «convitas» da estupidez reinante…
E o pior, é que segundo os Tradutores contra o Acordo Ortográfico, «no original, figurava "convicções", mas no Expresso acharam por bem cortar a consoante e, assim, fazer jus ao que apregoaram logo em 2010 (http://bit.ly/2duMAXV): «Expresso poupa letras e adota acordo ortográfico». Efectivamente, assim é. Continuem a dar razões aos opositores».
***
Origem da imagem:
A isto chama-se «EXTENDEREM-SE» AO COMPRIDO
E o mixordês é exactamante isto: esta mistura de Português, de acordês/malaquês e de estupidez…
***
Origem da imagem:
TEM «HAVER» … então não tem?
Tem a ver com uma descomunal cegueira mental…
***
Fonte:
Aldeias afectadas, muito bem, mas ex-diretor (leia-se eis-dir’tôr), muito mal.
A isto chama-se mixórdia ortográfica, a tal que substituiu a Língua Portuguesa e está em vigor em Portugal…
***
Pois é, doutor António Costa, primeiro-ministro de Portugal.
É esta mixórdia ortográfica que o Senhor e o seu governo e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, estão a promover no nosso País, que tem a desventura de ser desgovernado assim tão desnorteadamente…
Que tristeza! Apenas Portugal e o Brasil teimam nesta pobreza ortográfica, e mesmo assim, apenas os incultos, porque os cultos não a adoptaram, nem adoptarão jamais.
Cabo Verde está a promover o seu CRIOULO, no que faz muito bem. Sempre é mais culto e escorreito do que esta mixordice ortográfica que anda por aí, sem o mínimo senso e lógica. A Língua Portuguesa, em Cabo Verde, já é a segunda língua.
Por isso, uma vez mais vimos exigir lucidez e que devolvam a Língua Portuguesa a Portugal! É pedir muito?
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