Fernando Kvistgaard, português radicado na Dinamarca, e um dos subscritores do nosso Grupo Cívico, grande opositor do AO90, que anda a sondar o que o ChatGPT anda por aí a responder a quem lhe faz perguntas, escreveu-me a dar-me conta da resposta que recebeu à pergunta referida no título, que ele apresentou no ChatGPT, e aplicou este adjectivo: ESCANDALOSO! Eu acrescentaria também transgressão e usurpação.
Vou transcrevê-la e desmontá-la ponto a ponto, porque já estou farta de ver a ignorância prosperar na Internet, através de gente que tem por missão destruir a Língua de Portugal, com a aprovação do servil governo português, para impor ao mundo a Variante (= Dialecto) Brasileira do Português ou o Brasileiro, disfarçada de Português.
A cassete do ChatGPT é a cassete usada pelos predadores da Língua Portuguesa, d´aquém e d’além-mar, espalhada por todas as redes sociais, por todas as plataformas digitais, e que dá muito nas vistas, por andarem sempre a bolçar os mesmos paralogismos.
Então, vamos lá.
Em itálico está o que a insciente IA escreveu.
A azul está o que corrigi para Português.
Mas antes vou deixar aqui imagens que falam da abusiva usurpação do maior símbolo identitário dos Portugueses – a Língua de Portugal – as quais manipulei, para repor a verdade, ou seja, a bandeira brasileira deve assinalar a Língua Brasileira ou Variante Brasileira do Português, e a bandeira Portuguesa assinala a Língua de Portugal, o Português.
A Língua Portuguesa é frequentemente representada pela bandeira do Brasil por algumas razões principais:
1. Número de falantes: o [só o ponto . exige letra maiúscula] Brasil é o país com o maior número de falantes de Português no mundo, com uma população de mais de 200 milhões de pessoas que falam a Língua. Isso faz do Brasil um dos pilares da Língua Portuguesa globalmente.
*** Não é verdade que o Brasil seja o país com o maior número de falantes de Português no mundo, simplesmente porque no Brasil o que se fala e escreve é a Variante Brasileira do Português (ou Brasileiro), diversos dialectos em determinadas regiões, diversas línguas dos vários povos estrangeiros lá radicados, e 274 Línguas indígenas diferentes, faladas por 305 etnias. Apenas os emigrantes Portugueses mais velhos falam Português.
2. Cultura e influência: a cultura brasileira, com [a] sua rica diversidade em literatura, música, cinema e outras artes, tem contribuído para a promoção da Língua Portuguesa em várias partes do mundo, tornando-a uma Língua mais visível e influente.
*** É mentira que a rica diversidade em literatura, música, cinema e outras artes tenha contribuído para a promoção da Língua Portuguesa no mundo, quando o mundo todo sabe que quando um brasileiro abre a boca está a falar Brasileiro. Na escrita as diferenças não são tão evidentes, mas ainda assim existem bastantes diferenças, porém, na fala, é evidente que falam o Brasileiro ou a Variante Brasileira do Português. E quanto à visibilidade e influência, dizer isto é uma grande falácia. Nem visibilidade, nem influência, em parte alguma. É uma Língua que passa despercebida entre as Línguas mais influentes do mundo. O Português é apenas a Língua POLITICAMENTE oficial de seis países, porém, apenas Portugal tem o Português como Língua oficial legítima, os restantes países têm-na como Língua oficial por interesses meramente políticos.
*** A isto chama-se USURPAÇÃO da Língua de Portugal. E dizer que embora o Português seja falado em vários outros países como Portugal etc., é de uma estupidez crassa. O Brasil não é o dono da Língua Portuguesa. Não foi no Brasil que a Língua Portuguesa nasceu, por isso, essa frase é uma anedota, dá a ideia de que o Português é oriundo do Brasil, mas é falado em vários outros países, como, por exemplo, em Portugal, Angola, Moçambique etc.. O Português é a Língua de Portugal, foi Portugal que a levou para os países que descobriu e colonizou, e nesses países como Angola ou Moçambique apenas a elite culta ainda fala e escreve Português, de resto as populações usam os muitos dialectos africanos, que fazem parte da sua História. Usar a bandeira brasileira para representar o Português, que é a Língua de Portugal, é surripiar o símbolo maior da identidade de um Povo, e isso pode configurar um crime de usurpação do símbolo identificativo de um País.
*** A Língua Portuguesa é uma Língua indo-europeia, de raiz greco-latina, concebida em Portugal, por qualificados linguistas no reinado de Dom Diniz, e dispersada pelo mundo aquando dos Descobrimentos Portugueses. E nenhum outro país do mundo, afastou a Língua de Portugal das suas raízes, como fez o Brasil, portanto é mentira que tivesse mantido a Língua original, porque a mutilou e afastou-a da fonética, da ortografia, do léxico, da morfologia, da sintaxe e da semântica que estão na base da estrutura do Português. E no Brasil, a Língua NÃO evoluiu, muito pelo contrário, regrediu ao seu estado mais básico. A Língua hodierna já não é a mesma Língua com que Jorge Amado e outros clássicos brasileiros escreveram a sua preciosa obra literária.
Por essas razões, a bandeira do Brasil se torna um símbolo comum para a Língua Portuguesa, mesmo que existam outras nações que também a falam.
*** Por todas as razões que apresentei, a bandeira do Brasil NÃO pode ser um símbolo comum para a Língua Portuguesa, porque a Língua Portuguesa NÃO é falada nem escrita no Brasil correCtamente, mas sim em Angola, o último bastião do Português correCto (por enquanto). Em Moçambique, com a leva de professores e manuais brasileiros para as escolas moçambicanas, o abrasileiramento da Língua é mais do que notório. Apenas a elite culta de Moçambique fala e escreve o Português correCto. E em Portugal, actualmente, o Português está tão deturpado, tão maltratado que se transformou numa linguagem mixordesa, sem futuro algum.
As “informações” do ChatGPT são uma falácia. Fartos desta cassete estão os Portugueses. Bolçam mentiras sobre o símbolo maior da Identidade de Portugal, apenas por interesses meramente políticos do Brasil, que só são mantidos, graças ao arreigado e vergonhoso servilismo do governo português.
Aguardamos por um salvador, com coragem para derrubar o bunker onde têm cativa a NOSSA Língua Portuguesa.
E que ninguém venha apodar-me de xenófoba ou racista, porque isso sei que NÃO sou.
Isabel A. Ferreira
Eu NÃO me calo. Eu barafusto. Eu indigno-me. Eu não sou servilista. Eu não sou seguidista. Eu não sou um ser rastejante. Eu sou um animal vertebrado.
Também NÃO sou xenófoba, nem racista. Escusam de estar para aí a chamar-me o que não sou. Pugnar pelo MEU Património Cultural, que está a ser AMEAÇADO e DESTRUÍDO, NÃO faz de mim xenófoba ou racista, até porque a Cultura Brasileira, também faz parte da MINHA Cultura. Porém, meus caros Brasileiros, amigos, amigos, negócios à parte, sempre ouvi dizer, e levo isto muito a peito.
Ainda se eu NÃO soubesse o que está por detrás desta infiltração, talvez caísse nesta armadilha. Mas sabendo, como sei, da tramóia que está por detrás desta imposição à força da Língua Brasileira por toda a parte, nas redes sociais, na Internet, convidando-me a consultar o Google em Inglês, e a ter o computador em Inglês, e o Telemóvel em Inglês, só para NÃO ter de levar com uma linguagem de bradar aos céus (Jorge Amado, Machado de Assis, José Mauro de Vasconcelos, Carlos Drumond de Andrade, Cecília Meireles, Mário Quintana, Manuel Bandeira, Olavo Bilac, Cora Coralina, Vinício de Morais, enfim, os clássicos brasileiros, devem estar a dar voltas na tumba, com o linguajar brasileiro do seculo XXI d.C.), é meu DEVER (devia ser dever de TODOS os portugueses) NÃO ficar calada, e NÃO aceitar esta imposição, como facto consumado.
E o pior disto tudo é que escrevem a Língua à brasileira, e continuam a chamar-lhe "português”.
O Facebook/Meta, hoje, “convidou-me” a partilhar o vídeo das minhas memórias, nesta rede social.
Vou aqui partilhar esta "memória", fixa numa imagem, apenas por um motivo: quero perguntar ao Facebook por alma de quem é que se dirigem a mim, em BRASILEIRO, como se eu NÃO estivesse em PORTUGAL, e como se a Língua Portuguesa NÃO existisse?
Eu NÃO me CADASTREI no Facebook em 2009.
Eu ADERI ao Facebook, em 2009.
Estamos em PORTUGAL, e a Língua de Portugal é a LÍNGUA PORTUGUESA DESACORDIZADA.
E mais: apesar de me darem a opção de PARTILHAR o vídeo, no momento de o publicar, BARRARAM-ME a publicação.
Consegui dar-lhe a volta. O vídeo não pode ser visto, mas o recado aqui fica.
Isabel A. Ferreira
Não estranhei absolutamente nada quando li a frase supracitada, no “assunto”, de um e-mail que me foi dirigido por Sérgio Lopes. Apenas fiquei muito curiosa, obviamente.
E se há por aí alguns Portugueses e Brasileiros que, por uma conveniência mais política do que linguística, não aceitam a existência de um Movimento pela Língua Brasileira, outros há que, muito pela calada, se movimentam no sentido de elevarem o mal denominado “Português do Brasil” a Língua Brasileira.
E eu, como conhecedora da cultura brasileira, dos desígnios brasileiros, da política brasileira, e principalmente do imo brasileiro, só tenho a dizer força, Brasil!
O que se escreve e fala no Brasil é, de facto, uma nova língua, derivada da Língua Portuguesa. Não sei por que existe tanta resistência, em Portugal, a admitir tal facto, quando, no Brasil, falar de Língua Brasileira já é uma realidade.
O que se segue é a troca de e-mails entre mim e o Sérgio Lopes (com o seu consentimento), acerca deste facto, que os menos esclarecidos se recusam a aceitar como verdadeiros.
Nos tempos que correm (e espera-se que por pouco tempo) Portugal é uma extensão do Brasil, no que à Língua diz respeito (ou não pugnasse o AO90 pela grafia brasileira), até porque, na Internet, a bandeira portuguesa foi substituída pela bandeira brasileira, para designar o Português que, obviamente, não é português.
Escreveu Sérgio Lopes:
Ouso enviar-lhe estes links na eventualidade de os não conhecer.
Gosto das suas intervenções.
Saudações
A hora e a vez do português brasileiro
Afinal, existe 'língua brasileira'?
http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/afinal-existe-lingua-brasileira.html
A LÍNGUA BRASILEIRA
Excerto: Embora no início do século XIX muito se tenha falado da língua brasileira, como a Constituição não foi votada, mas outorgada por D. Pedro, em 1823, decidiu-se que a língua que falamos é a língua portuguesa. E os efeitos desse jogo político, que nos acompanha desde a aurora do Brasil, nos faz oscilar sempre entre uma língua outorgada, legado de Portugal, intocável, e uma língua nossa, que falamos em nosso dia-a-dia, a língua brasileira. É assim que distingo entre língua fluida (o brasileiro) e a língua imaginária (o português), cuja tensão não pára de produzir os seus efeitos.
https://brasiliano.wordpress.com/2008/09/22/a-lingua-brasileira-2/
Sérgio Lopes
***
A minha resposta foi a seguinte:
Caro Sérgio Lopes,
Agradeço a sua mensagem e a sua gentileza, e os links que me enviou.
Os dois primeiros eu não conhecia.
O último, o da Eni P. Orlandi, conhecia, e já o publiquei no meu Blogue, faz algum tempo.
Para falar da “Língua Brasileira”, sou uma privilegiada, pois frequentei escolas brasileiras desde a primária à universidade, intercalando com a frequência em escolas portuguesas, também desde a primária à universidade. E o que tenho a dizer sobre isto, é que a Língua que se fala e escreve no Brasil é a Língua Brasileira, (com toda a justiça) e não a Portuguesa.
Estou com os brasileiros que pugnam pela Língua Brasileira, e defendo-a com a mesma garra com que defendo a minha Língua Portuguesa.
Não estou com os brasileiros quando eles dizem que o Português é a língua mais horrorosa do mundo, porque não é. É uma das línguas mais ricas e belas do mundo, de acordo com os estudiosos das línguas indo-europeias. Só os que nada sabem desta língua podem dizer tal disparate.
Também não estou com os brasileiros, na questão da imposição da grafia brasileira aos restantes países lusógrafos, com a invenção do pseudo-AO90, que não passa da maior fraude de todos os tempos.
De todos os países que herdaram a Língua Portuguesa e a têm como língua oficial, apenas o Brasil a deturpou, a mutilou, e dela se afastou substancialmente, americanizando-a, afrancesando-a, castelhanizando-a, italianizando-a, para não falar na introdução dos milhares de vocábulos indígenas e africanos (que aliás só a enriqueceram sobremaneira) e tudo isto confere-lhe o estatuto de uma nova língua, oriunda da Portuguesa, mas que já não é portuguesa.
Conheço as duas línguas como as palmas das minhas mãos. E, na realidade, são duas línguas diferentes.
Irei ler com mais atenção os textos que enviou, porque já vi que tenho ali muito pano para mangas, e não só, visando elaborar um texto para o Blogue.
Os meus agradecimentos e as minhas saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
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Do que li nos textos enviados pelo Sérgio Lopes, tudo espremidinho, dá o seguinte: existe um grande equívoco por parte dos brasileiros (e também dos acordistas portugueses) quando metem a Língua Portuguesa no saco das Variantes. E a Língua Portuguesa não é uma variante (ando sempre a repetir isto). A Língua Portuguesa é a ORIGEM das variantes, assim como o Latim não era uma variante entre os diversos dialectos (em que o galaico-português se incluía) que do Latim se originaram. O Latim era a ORIGEM. E a Língua Portuguesa, logo que se implantou como Língua, também é a Origem. Não uma variante.
E é esse grande equívoco que leva a que Portugal, um país que já foi livre, esteja actualmente dominado pela variante brasileira (ou dialecto, vai tudo dar ao mesmo), tendo perdido a sua identidade portuguesa, apenas porque os governantes portugueses, neles incluído o presidente da República, ou sofrem de um gigantesco complexo de pequenez, e acham que se se colarem ao Brasil ficam gigantes, ou andam a mando de alguma força oculta.
E como eu, e muitos como eu, gostaríamos de estar enganados, quando dizemos que a Língua Brasileira nunca esteve tão perto de ser implantada, e a Língua Portuguesa de desaparecer!!!!
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Entretanto, enviei este outro e-mail ao Sérgio:
Caro Sérgio Lopes,
Agradeço o seu e-mail, com o qual não podia estar mais de acordo. Tão de acordo que quero pedir-lhe permissão para integrar as partes que dizem respeito ao Brasil, à Língua, ao AO90, aos indígenas, num texto acerca desta matéria.
Eu não sou perita em Ciências da Linguagem, apenas tenho a Língua Portuguesa como o meu mais precioso instrumento de trabalho, já leccionei Português, e aprofundei o meu conhecimento da Língua, nessa altura, em Portugal, e conheço a riqueza da Língua Brasileira, para a considerar uma outra língua. Apenas isso.
Quanto aos neo-brasileiros estou completamente de acordo consigo, que também andou por lá, e sabe como é. Sempre defendi que os verdadeiros “donos” do Brasil são os indígenas, e não o povo que veio depois de os Portugueses terem achado as terras de Vera Cruz, e que nada fez para engrandecer o Brasil depois da independência.
Um destes dias enviaram-me um texto incrível que pode ver aqui:
o que me levou a deixar lá um comentário, que não foi aprovado, e está-se mesmo a ver porquê. E o comentário dizia o seguinte:
O que não se inventa para deturpar a História comum do Brasil e Portugal, tentando com isso atenuar o gigantesco complexo de colonizado, entranhado em alguns "brasileiros" (?), que não aceitam o seu passado. Todos os países, de uma forma ou de outra foram colonizados. Portugal foi colonizado por vários povos. De todos eles recebeu benefícios, e todos eles fazem parte da História de Portugal. Complexo para quê? Porquê?
É de realçar que, de todos os países colonizadores (Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Holanda - algo que pertence a uma época específica, tal como a pré-história é pré-histórica) Portugal foi o menos bárbaro e o que mais legado cultural deixou. Não extinguiu nenhuma civilização autóctone, e foi também o menos racista e xenófobo.
Não vejo qualquer motivo, para andar a escarafunchar historietas, para justificar um passado que na realidade não existiu, ou seja, o de que o Brasil não foi colónia.
Melhor fariam atirar o complexo de colonizado a um abismo, e tentar construir um grande país, que desde 1822 é livre, e ainda não encontrou o seu rumo.
Cortem o cordão umbilical que ainda liga o Brasil ao colonizador, como todos os povos colonizados fizeram, e deixem o passado no lugar dele. Vivam o presente e construam o futuro, como um povo livre. Até ao momento, e desde 1822, os Brasileiros são escravos do seu passado português. Libertem-se, de uma vez por todas. A começar pela Língua. Assumam que ela é a Língua Brasileira, porque ela é, e vivam a vossa vida brasileira, porque nós por cá, queremos viver a nossa vida portuguesa, sem colonizados agarrados ao nosso pé. O tempo da colonização acabou. Pertence ao passado, que ninguém pode mudar ou apagar.
Digo isto com amizade. Sem mágoa. Sem remorsos. Sem culpas.
E tenho quase a certeza, (este quase é muito fraquinho) de que esta imposição do AO90 a Portugal é a vingança desses “brasileiros” complexados.
(…)
As minhas mais cordiais saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
***
O Sérgio escreveu:
Cara Isabel,
«Agradeço o seu amável retorno e, desde já lhe digo, que estou consigo quanto à aspiração dos (neo*) brasileiros de rebaptizar a sua língua. Alguma razão há para não existirem acordos ortográficos nos espaços anglófonos, francófonos e “hispanófonos”. O simples bom-senso, que faltou aos promotores do OA90 e antecessores, dita-nos que uma língua uma vez exportada para fora do seu habitat geográfico natural, sofre influências tais de ordem fonética e lexical a ela estranhas que não permitem a sua unificação.
O “brasileiro” é disso um rico exemplo, agravado pela noção de que em termos linguísticos não existe “o certo, nem o errado, existe o diferente”. Facto que, eventualmente, com tantos "diferentes" empurrará o Brasil a dividir-se em vários dialectos. Por motivos de ordem profissional conheço o Brasil de lés-a-lés, onde estive expatriado, primeiro como director-comercial, e uma segunda vez como director-geral de uma transnacional que tinha e tem filiais espalhadas por todo aquele imenso país-continente.
Bom, mas a eventual divisão em dialectos não é um problema português… O que é interessante notar é que a história da língua inglesa exportada da Europa para os EUA, não é muito diferente da língua portuguesa exportada para o Brasil. Os índios, os escravos e até os colonos franceses, holandeses (Nova Iorque nasceu de Nieuw-Amsterdam), etc., influenciaram a língua hoje falada nos EUA. O que não causa o alarido que no nosso caso se faz sentir e ouvir!
Reconheço, porém, que a Isabel reúne as condições ideais e muito superiores às minhas para julgar este tema. Eu conheci o uso da razão em Angola, fiz o liceu antigo num colégio interno em Portugal e estudos superiores em língua inglesa em Cape Town, na anda África do Sul do Apartheid, licenciatura, e o mestrado em Plantation, Flórida nos EUA.
A justificação dada pela parte portuguesa dos promotores do AO90 é completamente tola, imbecil mesmo. A Isabel verá que defendendo a preservação da língua, o Casteleiro e companhia caíram na ratoeira dos promotores da “língua Brasileira”! E correram o risco de deixar Portugal sozinho, com uma língua mutilada!!!
Retribuo as saudações “desacordistas” e votos das maiores venturas.
Sérgio Lopes
Nota* - para mim os actuais habitantes não indígenas do Brasil são-neo-brasileiros, dado que os índios são os verdadeiros aborígenes. Pena é que ainda estejam sob a tutela do "Estatuto do Índio" nome como ficou conhecida a lei 6.001. Promulgada em 1973, ela dispõe sobre as relações do Estado e da sociedade brasileira com os índios. Em linhas gerais, o Estatuto seguiu um princípio estabelecido pelo velho Código Civil brasileiro (de 1916): de que os índios, sendo "relativamente incapazes", deveriam ser tutelados por um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio - SPI; actualmente, a Fundação Nacional do Índio - Funai) até que eles estivessem “integrados à comunhão nacional”, ou seja, à sociedade brasileira…
Uma coisa é certa, durante mais de 300 anos só imigraram portugueses, quase exclusivamente, para a terra que recebeu o nome de Brasil. E durante esse tempo, quase só homens, facto que explica a miscigenação massiva com índios e africanos. Ora, ninguém se coloniza a si próprio, portanto, conquanto os índios pudessem reivindicar o estatuto de colonizados, curiosamente são os descendentes dos supostos "colonizadores" que o fazem e com tanto empenho. A imigração de italianos, franceses, alemães, árabes, asiáticos, etc., em números significativos deu-se já depois da independência, portanto, mais uma vez, não foram colonizados... Tenho para mim que é este complexo do "falso colonizado" que tem travado a ascensão do Brasil ao mundo desenvolvido. Lamentável!
Sérgio Lopes
***
Também lamento muito. E não só lamento, como me questiono: por que é que estas questiúnculas só existem entre Portugal e Brasil, e não com mais nenhuma outra ex-colónia?
Alguma coisa está mal, nesta relação luso-brasileira, e tem de ser resolvida, para que o Brasil possa cumprir a sua brasilidade, e Portugal recuperar a sua identidade europeia.
Isabel A. Ferreira
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