Quinta-feira, 7 de Novembro de 2024

«Em Defesa da Ortografia» (LXXIII), por João Esperança Barroca

 

 «Com o novo Acordo Ortográfico, introduziu-se o caos: neste dicionário uma palavra tem "c", neste é dupla grafia, neste tem "p", neste não tem. As palavras em que se mexeu são palavras em que ninguém errava, e em que agora se erra. Temos ainda outro problema, que é haver palavras que estão a ser pronunciadas de outra forma porque perderam a consoante muda que guardava a vogal aberta. Há inúmeros exemplos na televisão e na rádio

Manuel Monteiro, escritor, tradutor e revisor, Página Um, 03-10-2024

 

«Há deputados incomodados com os silêncios de Lacerda Sales e de Rebelo de Sousa. Todavia, não vejo qualquer deputado incomodado com o permanente silêncio de quem escreveu “agora facto é igual a fato (de roupa)”. É silêncio antigo, mas sem referir razões. No entanto, aparentemente, não incomoda.»

Francisco Miguel Valada, Intérprete de Conferência, no blogue Aventar

 

«É incompreensível que um inglês leia Walter Scott ou Oscar Wilde na grafia original, o mesmo sucedendo a um francês em relação a Balzac ou Zola, um espanhol em relação a Pérez Galdós e um norte-americano em relação a Mark Twain, enquanto as obras de um Camilo ou um Eça de Queiroz já foram impressas em quatro diferentes grafias do nosso idioma.

As sucessivas reformas da ortografia portuguesa são um péssimo exemplo de intromissão do poder político numa área que devia ser reservada à comunidade científica.

Cada mudança de regime produziu uma "reforma ortográfica" em Portugal. Para efeitos que nada tinham a ver com o amor à língua portuguesa, antes pelo contrário.»

 

Pedro Correia, jornalista e autor no blogue Delito de Opinião

 

Nos últimos “Em Defesa da Ortografia LXXI”, alertámos para a afirmação de Pedro Correia, e de muitos outros, no programa “Prova Oral”, de que, hoje, sem recurso às múltiplas ferramentas tecnológicas, ninguém sabe aplicar devidamente o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).

 

Para provar a veracidade desta afirmação, leia-se, por exemplo, o artigo de opinião de Margarida Marrucho Mota Amador, Coach (seja lá o que isso for) e ex-directora do Colégio do Sagrado Coração de Maria e do Externato O Beiral em Lisboa, “A educação compensatória: gueto ou valorização”, publicado no jornal Público, em 4 de Julho do corrente ano.

 

BARROCA 4.jpg

 

A autora, como outros, afirma que toma a opção de escrever na nova ortografia e usa, por ordem alfabética, como se pode comprovar na imagem, retirada do blogue Tradutores Contra o Acordo Ortográfico os seguintes termos: ação, antevêem, características, expectativas, factores, objetivos, e projectos. Como se vê, Margarida Amador labora num erro, pois parece ter preferência por uma ortografia coerente e respeitadora da etimologia. Conviria, contudo, que alguém lhe chamasse a atenção, dizendo: Não, Margarida Amador, a senhora não utiliza a nova ortografia; utiliza, no geral, a ortografia de 1945, polvilhada de umas aberrações, à laia de enxertos, trazidas pelo AO90.

 

Continuando a pesquisa de aberrações que preenchem e preencheram a Comunicação Social, deparámos com os fatos e os contatos do costume, a que se junta a ficção, que abre a porta a outras aberrações como ficionar e ficionista, por exemplo:

 

  1. "Eu aqui estou para ser presidente da Câmara de Lisboa", contrapôs, referindo que deu "tudo" para isso e para lutar "contra o adormecimento social em que o PS vive, em que o Governo vive, numa ilusão, numa fição". RTP, 28-08-2021;
  2. Aquele que é designado de “segundo cérebro” vive, de forma secreta, nos intestinos. Porquê? Vamos esclarecer, com a ajuda dos nossos convidados: Ricardo Rangel, médico de Endocrinologia e nutrição orientado para saúde da mulher, e a naturopata Cátia Antunes, especialista em patologia inflamatória do intestino. E porque o refluxo do ácido gástrico pode causar ou agravar as úlceras de contato das cordas vocais, mais à frente, Clara Capucho, otorrinolaringologista especialista em voz, vai juntar-se a nós.” Expresso 14-08-2024;
  3. Ele analisa que, embora haja tendências mundiais – como o fato de populações votarem sempre nos candidatos oposicionistas, uma expressão da irritação do público com as democracias –, o que leva autocratas ao poder são as circunstâncias locais de cada país. “No final das contas, a política latino-americana é moldada por dinâmicas latino-americanas, não por eventos nos Estados Unidos.”

 

Não era previsível, mas os EUA são um país grande, com alto nível de doenças mentais não tratadas, um número extraordinariamente grande de armas que são facilmente acessíveis e em meio a [sic] uma campanha eleitoral muito, muito polarizada, dramaticamente reforçada pelas redes sociais. Então, o fato de que um jovem de 20 anos poderia facilmente conseguir uma arma e tentar assassinar um dos candidatos nos Estados Unidos, dadas as condições, não deveria chocar ninguém. Não que seja previsível, mas não é chocante. Expresso, 22-07-2024

 

Como vê, caro leitor, nos sítios do costume, mora a ortografia do costume. Quase ninguém fala do elefante na sala, não é?

 

Se é assim na Comunicação Social, como será com o cidadão comum?

 

Ah, parece que cada vez há mais restaurantes especializados em espetadas ou existe um incremento de bandarilheiros na indústria tauromáquica.

 

Ah, a TVI 24 precisa de mais umas horitas para interiorizar as regras do AO90.

 

Ah, o Observador também tem, recorrentemente, umas saudáveis recaídas…

 

João Esperança Barroca

 

BARROCA 1.png

BARROCA 2.png

BARROCA 3.png

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:18

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Sexta-feira, 19 de Outubro de 2018

O desamor à Língua Portuguesa gerou o AO90 que, por sua vez, está a gerar analfabetos funcionais

 

E os governantes lá vão beijocando e rindo… levados, levados sim… pela voz do som tremendo, da ignorância sem fim…

 

REFORMA ORTOGRÁFICA.jpg

 

Penso rápido (19)

 

Texto de Pedro Correia

 

in Blogue Delito de Opinião

https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/penso-rapido-19-6470222

 

«Certos leitores que pretendem fazer ironia com as orthographias antigas da língua portuguesa - às vezes referindo-se a autores que publicaram há pouco mais de cem anos - estão, no fundo, a produzir argumentos contra o "acordo ortográfico" e não a favor. Ao contrário do que supunham.

 

É incompreensível que um inglês leia Walter Scott ou Oscar Wilde na grafia original, o mesmo sucedendo a um francês em relação a Balzac ou Zola, um espanhol em relação a Pérez Galdós e um norte-americano em relação a Mark Twain, enquanto as obras de um Camilo ou um Eça de Queirós já foram impressas em quatro diferentes grafias do nosso idioma.

 

As sucessivas reformas da ortografia portuguesa - já lá vão quatro no último século - são um péssimo exemplo de intromissão do poder político numa área que devia ser reservada à comunidade científica. Cada mudança de regime produziu uma "reforma ortográfica" em Portugal. Para efeitos que nada tinham a ver com o amor à língua portuguesa, antes pelo contrário.

 

Cada "reforma" foi-nos afastando da raiz original da palavra, ao contrário do que sucedeu com a esmagadora maioria das línguas europeias - como o inglês, o francês, o alemão e em certa medida o espanhol. A pior de todas essas reformas foi a de 1990 que separa famílias lexicais produzindo aberrações como "os egiptólogos que trabalham no Egito[sic] são quase todos egípcios" ou "a principal característica dos portugueses é terem um forte caráter[sic]".

 

Esta ruptura com a etimologia ocorre, convém sublinhar, num momento em que nunca foi tão generalizada a aprendizagem de línguas estrangeiras entre nós. Assim, enquanto os políticos de turno pretendem impor a grafia "ator"[sic] à palavra actor, os portugueses continuarão a aprender "actor" em inglês, "acteur" em francês, "actor" em castelhano e "akteur" em alemão.

 

Não adianta deitar fora a etimologia pela porta: ela regressa sempre pela janela. Através de idiomas nunca sujeitos aos tratos de polé de "acordos ortográficos" destinados a produzir legiões de analfabetos funcionais.»

 

Fonte:

https://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/penso-rapido-19-6470222

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:35

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Domingo, 24 de Junho de 2018

QUANDO UMA LINGUISTA CONFUNDE O CONCEITO DE REFORMA ORTOGRÁFICA COM CÓPIA DE GRAFIA ESTRANGEIRADA NÃO FICARÁ TUDO DITO?

 

 

LINGUISTA.jpg

 

Diz-se que Margarita Correia é linguista e especialista em lexicologia, ou seja, estuda as palavras como se as colocasse num microscópio. Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa foi recentemente eleita presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) um organismo da CPLP, e proferiu esta  inacreditável sentença: «As reformas ortográficas não são feitas para os velhos. São feitas para o futuro».

 

A senhora linguista até tem razão. As Reformas Ortográficas são feitas para o futuro. Contudo, a senhora linguista esqueceu-se de especificar que Reformas Ortográficas e para o futuro de quem.

 

Primeiro, o AO90, não é uma reforma ortográfica, mas simplesmente uma cópia (mais acento, menos acento, mais hífen, menos hífen, mais , menos , mais , menos ) da grafia brasileira, saída do Formulário Ortográfico de 1943, efectuado no Brasil, portanto, antes da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira 1945, que o Brasil assinou, mas não cumpriu, tendo atirado ao caixote do lixo esse compromisso.

 

Bom, e é a cópia desse Formulário Ortográfico de 1943 (mais acento, menos acento, mais hífen, menos hífen, e meia dúzia de pês e cês que não emudeceram no Brasil) que a senhora linguista considera reforma ortográfica, e, na verdade, ela não foi feita para os velhos, mas também não foi feita para os novos, porque simplesmente não foi feita, nunca existiu como reforma ortográfica.

 

O que se fez foi pegar na actual ortografia brasileira, em vigor desde 1943, modificar-lhe uns acentos e uns hífenes, para disfarçar, e chamar-lhe acordo ortográfico de 1990, engendrado por Malaca Casteleiro (Portugal) e Evanildo Bechara (Brasil), e que apenas os serviçais portugueses aplicam, e que realmente se destina ao futuro, mas ao futuro dos futuros analfabetos.

 

Francamente, senhora linguista! Esperava-se muito mais de quem estuda as palavras como se as colocasse num microscópio… Ao que parece, o microscópio de V. Excelência é cego.

 

Para quando a extinção da CPLP e da IILP, dois organismos completamente dispensáveis, porque absolutamente inúteis?

 

Isabel A. Ferreira

 

Fonte:

https://www.jornaldenegocios.pt/weekend/detalhe/margarita-correia-as-reformas-ortograficas-nao-sao-feitas-para-os-velhos-sao-feitas-para-o-futuro

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:49

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Sexta-feira, 27 de Abril de 2018

Uma das maiores ignorâncias dos acordistas é pretenderem comparar o AO90 com as anteriores reformas ortográficas

 

Os acordistas estão-se nas tintas para a contestação gerada ao redor do AO90, porque, dizem eles, os “outros”, os das outras épocas (e atiram-nos com Fernando Pessoa) também contestaram as reformas de 1911 e 1945, e elas avançaram.

 

Isto só demonstra uma profunda ignorância, e é essa ignorância que pretendo demonstrar.

 

oslusiadas[1].png

 

Não há comparação possível quanto a isto, porque a motivação da contestação às anteriores reformas nada tem a ver com a motivação da contestação ao AO90.

 

Porquê?

 

1 - Porque o AO90 não foi movido pela evolução da Língua, mas tão-só por obscuros interesses, políticos e económicos.

 

2 - Porque as anteriores contestações basearam-se na “mudança”, e mudar, para alguns, é difícil, é complicado. Não tinham justificações concretas para contestarem o conteúdo, mas apenas a forma. Por isso as outras reformas avançaram.

 

Ao contrário, a contestação ao AO90 baseia-se em algo muito mais objectivo: na mutilação de palavras que conduz a estranhos sentidos e a pronúncias impronunciáveis, pois trata-se da imposição da grafia de um dialecto. E os anteriores reformistas jamais nos impingiram a grafia de um dialecto. A Língua que já era Portuguesa, já tinha deixado o estatuto de dialecto do Latim, foi modernizada. Um dia, ao dialecto brasileiro também acontecerá o mesmo: será Língua Brasileira.

 

Além disso, as reformas de 1911 e 1945 basearam-se na evolução da Língua. E para se entender isto, é preciso conhecer a Gramática e as regras pelas quais a Língua se rege. O AO90 não segue regras linguísticas. Segue regras de ignorantes. Porque todas as línguas, aliás, toda a actividade humana se baseia em regras. E isto, ou se sabe ou não se sabe.

 

Se se sabe, entende-se que as reformas anteriores ao AO90 assentaram em regras específicas que simplificaram a escrita, sem a desenraizar, sem a afastar da sua raiz greco-latina, sem a mutilar, sem a deformar, sem a desformosear, sem a descaracterizar.

 

Se não se sabe, faz-se papel de ignorante, ao dizer-se que “os outros” também contestaram as reformas, e que os contestatários actuais são velhos do Restelo, e que os brasileiros são milhões e nós milhares, como se isso fosse argumento para se destruir uma Língua.

 

A diferença entre as reformas ortográficas de 1911 e 1945 e a do AO90 é abissal.

 

Não cabe aqui esmiuçar a questão até á exaustão. Vou dar apenas os exemplos mais comuns:

 

Nas reformas de 1911 e 1945 o que era exahusto passou a exausto; o que era orthographia passou a ortografia; o que era portvgvesa, passou a portuguesa; o que era immoral passou a imoral; o que era lyrio passou a lírio; o que era pharmacia passou a farmácia; o que era phosphoro passou a fósforo, etc.. E o que mudou aqui? Suprimiu-se o H mudo, que não mudou a pronúncia; os Vs, para não serem confundidos, passaram a Us, e a pronúncia continuou a mesma; suprimiu-se o eme mudo, e a pronúncia continuou igual; substituiu-se o Y grego, pelo I do nosso alfabeto romano, e a pronúncia ficou igual; e o PH (som F) foi substituído pelo F do nosso alfabeto romano. Antigamente, grafava-se o fonema f com ph somente nas palavras de origem grega, por isso, Fernando Pessoa escrevia pharmacia com ph, e o F de Fernando, seu nome, grafava f. E o som era o mesmo.

 

Portanto, as consoantes mudas foram suprimidas apenas quando não interferiam com as vogais que as precediam, ou com a sua pronúncia, mantendo-se a etimologia e a elegância das palavras. As letras gregas foram substituídas pelas já existentes no nosso alfabeto, que é latino e não grego. E a matriz da Língua não foi alterada.

 

E a isto chama-se evolução.

 

Já o que acontece com o AO90 nada tem a ver com evolução, mas com a decadência da língua, assente na sua destruição deliberada.

 

O AO90 mutila as palavras, suprimindo consoantes mudas que interferem com as vogais que as precedem, alterando a sua pronúncia e, em determinados casos, o seu significado, afastando-as da sua etimologia, da sua raiz, e tornando-as visivelmente muito deselegantes.

 

Veja-se este exemplo: ao suprimir-se a consoante P no vocábulo adoção, não só se interfere com a vogal O que a precede, modificando a sua pronúncia (deve ler-se âdução), como no seu significado, que será algo a que se acrescentou bastante açúcar.

 

Agora repare-se neste conjunto de vocábulos, correctamente escritos, na grafia portuguesa, ao lado da sua forma mutilada, na grafia brasileira, com a respectiva pronúncia exacta:

 

Actor - Ator (âtôr); acepção - aceção (âc’ção); recepção - receção (rec’ção); adopto - adoto (âdôtu); afecto - afeto (âfêtu); arquitecto - arquiteto (ârquitêtu); tecto - teto (têtu); aspecto - aspeto (âspêtu); excepto - exceto (êxcêtu); coacção - coação (cuâção); colecta - coleta (culêta); correcto - correto (currêto); erecto - ereto (irêtu).

 

Repare-se na elegância da grafia portuguesa em relação à outra. As palavras mutiladas não são nada. Não significam nada. Não pertencem à Língua Portuguesa. São deselegantes. Ao lhes serem suprimidos os Cês e os Pês, interferiu-se com as vogais que as precedem, mudou-se-lhes a pronúncia, e, em certos casos, o significado também mudou, como na palavra coação (cuâção), que significa o acto de coar, e não coagir, como os acordistas pretendem.

 

E isto a isto chama-se decadência.

 

Ao olhar para estas e todas as outras palavras mutiladas, e as sem hífenes e acentos que nos querem impingir, é como se olhássemos para esta imagem:

 

DECADÊNCIA.png

 

Na verdade, o AO90 é isto: é a desistência da Arte de bem grafar as palavras; é tornar degradante o que já foi belo.

 

A falsa reforma do AO90 baseia-se na mutilação de palavras, supressão de hífenes em palavras compostas que, sem eles, ficam com outro significado; e eliminação de acentos que descaracterizam os vocábulos, o que resultou num monumental empobrecimento da Língua, na destruição da sua matriz, na deformação e afeamento das palavras, e em inúmeras incongruências que a leviandade e os motivos obscuros que estão por detrás de tudo isto desencadearam.

 

Nada disto faz sentido, porque o AO90 tem como objectivo único impor-nos o dialecto brasileiro, justificando esta imposição com o argumento da quantidade, sobrepondo-a à qualidade: «eles são milhões e nós milhares», e isto nada tem a ver com o que levou Dom Diniz a rodear-se de estudiosos da Língua e a demarcar o Português, que se afastou do idioma galaico-português, usado por Galegos e Portugueses, e mais tarde em 1911 e 1945, outros estudiosos da Língua adaptaram-na aos tempos modernos, mas jamais a mutilaram, a deformaram, a empobreceram.

 

A Língua Portuguesa é uma língua românica ou neolatina, oriunda do Latim, introduzido na Península Ibérica aquando da invasão romana. É uma Língua irmã do Galego. Tem genealogia, tem história e é memória (cf. Fernando Paulo Baptista). Portanto, é inadmissível que um bando de ignorantes destrua essa genealogia, essa história, essa memória, apenas por que sim.

 

Anda-se há anos a tentar unificar o que não é unificável. Nada resultou, porque não pode resultar. Por que se há-de insistir neste monumental erro?

 

Lê-se por aí que a Língua portuguesa é o único idioma moderno a admitir duas ortografias, o que dificulta a sua promoção externa, quer em universidades estrangeiras, quer em organismos internacionais em que Portugal tem assento.

 

Mas que falácia é esta?

 

Tomemos a Língua Inglesa como exemplo. Uma língua culta e europeia, grafada nas suas ex-colónias de modo diferente e falada até de modo diferente. Mas quando se trata de promoção externa ou em universidades estrangeiras é a Língua Inglesa, na sua forma culta e europeia que prevalece, e não o dialecto americano. E o mesmo se dá com as outras línguas de ex-colonizadores.

 

Então porque há-de Portugal vergar-se ao dialecto brasileiro, e esquecer que a Língua Portuguesa é a Língua Portuguesa? Para agradar a quem?

 

É que aqui não se trata de uma “reforma ortográfica”, mas trata-se tão-só de impor o dialecto brasileiro a Portugal, ao mundo dito lusófono e aos estrangeiros, só porque eles são milhões.

 

Eu jamais trocaria a Língua Inglesa ou o Castelhano, que domino, pelos dialectos americano e sul-americanos. E a quem se dispõe a aprender Línguas, não lhe interessam dialectos, a não ser para complementar o conhecimento.

 

Lê-se também por aí que a “diferença” ortográfica era o principal impedimento à circulação do livro português no Brasil. Mas em Portugal não há impedimento. Os Portugueses sempre leram (os que lêem) as obras de autores brasileiros no seu original, e nunca foi impedimento a sua circulação em Portugal. Porquê? Os Brasileiros serão menos espertos do que os Portugueses?

 

Mas se isso é impedimento, então o Brasil que adopte a grafia da Língua Portuguesa, e não o contrário. Eles são milhões? E daí? São milhões e têm um dialecto. Nós somos milhares e temos uma Língua. Porque se há-de impor o dialecto em detrimento da Língua?

 

É chegada a hora de cortar o cordão umbilical, e cada um ficar com a sua grafia, pois, para haver unificação, ou passamos todos a ser Pôrrtugau, ou passamos todos a ser Bráziu.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 09:47

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Domingo, 18 de Outubro de 2015

A fraude intelectual da reforma ortográfica da Língua Portuguesa

Um crime de lesa-língua por razões político-jurídico-diplomáticas.

Para ouvir e pasmar!

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:01

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