(Algumas considerações ao redor do malfadado AO90, ao cuidado daqueles que, contra todos os pareceres desfavoráveis, assentes na racionalidade, teimam, autoritária e cobardemente, em insistir no monumental erro que foi trocar a grafia portuguesa, pela grafia brasileira, aviltando, desse modo, a Língua Portuguesa, como se ela fosse algo de somenos importância para Portugal).
Manuel (Matos) Monteiro, revisor linguístico, escritor e formador, uma das vozes mais dinâmicas contra o Acordo Ortográfico de 1990, a propósito do seu mais recente livro intitulado "Sobre o Politicamente Correcto" (Editora Objectiva), disse o seguinte, numa entrevista à Revista Sábado (06/02/2020), a quem pediu que nas suas respostas não fosse aplicado o AO90:
«Não conheço uma matéria tão consensual da esquerda à direita, da percepção popular a quem estudou fundamente o assunto, a linguistas, escritores, intelectuais, tradutores, revisores, jornalistas: o Acordo é uma merda. Falhou em todos os seus propósitos [...] Só a inércia e a cobardia política permitem a sobrevivência do Acordo Ortográfico.»
(Um livro cuja leitura recomendo vivamente. Substituam o telemóvel pelos livros e LEIAM, porque, no nosso país, o que faz falta é LER).
***
Portugal é um país cheio de gente frouxa, comodista, seguidista, servilista, bajuladora, sem espírito crítico, e com um povo maioritariamente assim, como poderemos combater o regime autoritário que nos (des)governa, e nos impõe aquilo que ninguém quer, por ser absolutamente MAU?
Mas esta frouxidão, este comodismo, este seguidismo, este servilismo, esta bajulação, esta falta de espírito crítico, é mais antiga do que possamos imaginar. Já Eça de Queiroz o gritava aos quatro ventos, em 1871: palavra por palavra, a análise, deste que é um dos maiores estilistas da Língua Portuguesa e um inconformado social, continua actualíssima.
Nem a Revolução de Abril trouxe a tão ansiada evolução!
E quanto ao actual governo? Um verdadeiro fracasso. Então? O que é necessário fazer?
Daí que se faça um enésimo apelo aos Professores
Como todos sabemos, e basta ter um QI mínimo, o AO90 viola o direito à aprendizagem correCta da Língua Portuguesa.
Um direito que todas as crianças portuguesas (as maiores vítimas deste crime ortográfico) têm.
Vamos ser cúmplices deste acto criminoso?
Vamos permitir a consumação deste crime?
Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a integridade da Língua Portuguesa morrerá connosco, e a nova geração ficará à deriva, arrastando atrás de si uma Língua que não lhe pertence, porque a Língua Portuguesa estará condenada à extinção, se o AO90 não se extinguir.
Está nas mãos (sempre esteve) dos Professores travar esta tragédia. Só eles poderão recusar-se a ensinar esta língua desenraizada, na sua forma grafada.
Eles podem fazê-lo. Se quiserem.
Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de Desobediência Civil, por uma causa mais do que justa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.
E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores, tivesse resistido ou resistisse agora, ainda vamos a tempo, para que a onda se agigantasse ou se agigante…
O que vão ensinando e a quem?
As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua? Estão a ser obrigadas a aprender algo que, em Portugal, por não ser Português, está incorreCto.
É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.
Isto é desrespeitar o direito à aprendizagem correCta, que todas as crianças têm.
O que faz falta é CORAGEM para dizer NÃO a algo que compromete gravemente a Identidade Cultural Portuguesa, a Portugalidade, o Respeito pela Língua Materna.
Estamos em 2020, e Portugal continua a ser um país cheio de gente frouxa, comodista, seguidista, servilista, bajuladora, sem o mínimo espírito crítico como no tempo de Eça de Queiroz.
Diz-se por toda a parte que o País está perdido. Dizia Eça. Hoje, continuamos a dizer que o País anda perdido, sem rumo, sem rei nem roque.
E quando não há evolução, quem paga são os que já evoluíram e os que querem evoluir, mas não lhes é permitido. E um país assim, não é um País, é um país ainda a ser.
Isabel A. Ferreira
Exórdio:
Não sendo fácil exercer a profissão de Professor em Portugal, não é impossível exercê-la em sã consciência, e com uma responsabilidade incólume que legitime a confiança e respeito que lhe são devidos.
Em Portugal, não há imperadores, mas há professores que se vergam a governantes que não sabem nem o que fazem, nem o que dizem, e muito menos não imaginam a ignorância que estão a impôr aos Portugueses, não por decreto, mas por uma simples Resolução do Conselho de Ministros, que não tem valor de Lei...
Caros ex-colegas:
Já farta de ver triunfar as nulidades;
Já farta de ver a Língua Portuguesa amarfanhada nos meios de comunicação social;
Já farta de ver a passividade dos que podem pôr termo a esta tragédia linguística, mas não estão para se incomodarem;
Já farta do mesquinho servilismo a uma “ordem oficial” ilegal e inconstitucional;
Já farta de ver violar o direito das crianças a um ensino de qualidade, e a aprenderem a sua Língua Materna correCtamente;
Atrevo-me a dirigir-vos umas quantas palavras de repúdio, de protesto, de indignação pelo modo como os que deviam ser os guardiães do Ensino, da Educação e da Cultura têm conduzido a imposição ilegal e inconstitucional do Acordo Ortográfico de 1990, nas Escolas Portuguesas, contribuindo para a desalfabetização, desinstrução, deseducação e incultura das crianças portuguesas, que mereciam melhor sorte, superior ensino e maior respeito.
O que mais me custa suportar neste criminoso processo de desintegração da Língua Portuguesa, é a cobardia de todos os que se vergaram a uma ordem parva, e estão a incitar as crianças, ainda inocentes no seu desconhecimento das coisas, e que começam agora o seu aprendizado escolar, a escrever "incorretamente" a sua própria Língua Materna, produzindo erros ortográficos involuntariamente.
Digam-me o que é um "arquitêto", um "têto", um "dirêto", um "excêto" , uma "rec'ção"(pois é desta maneira que isto se lê)? Se forem capaz de chegar à raiz deste amontoado de letras gerado pelo AO90, e de me dizerem o que isto é, que significado tem, dou a minha mão a essa palmatória.
Isto é uma nítida violação da alínea c) do Princípio VII da Declaração Universal dos Direitos das Crianças, que refere: a criança tem o direito a receber uma educação escolar (…) que favoreça a sua cultura geral e lhe permita – em condições de igualdade de oportunidades (algo que também é violado em Portugal) – desenvolver as suas aptidões e a sua individualidade, o seu senso de responsabilidade social e moral, para ser um membro útil à sociedade.
O que pretendem fazer das crianças?
Os analfabetos funcionais do futuro?
Desculpem, mas não têm esse direito.
Ensinar a Língua Portuguesa segundo o AO90 é um crime de lesa-língua e de lesa-infância, e não sou eu que o digo.
Se os governantes portugueses não têm capacidade moral e intelectual para o impedir, por uma manifesta e obscena subserviência ao estrangeiro e ao lobby de alguns editores mercenários (porque os há conscientes dos resultados funestos que a aplicação do AO90 terá para o futuro da Língua Portuguesa, que deixará de pertencer ao rol das Línguas Cultas Europeias, para ser uma qualquer outra coisa, indefinida e amarfanhada na ignorância, e os quais recusaram este ultraje linguístico), é dever de todos os Portugueses com responsabilidades na área do Ensino, da Cultura e da Comunicação Social exigir que o governo português suspenda imediatamente a aplicação ilegal e inconstitucional (agora que se está a denunciar a trafulhice que envolve um "acordo" ,que afinal não existe (*) ) e reponha o estudo da Língua Portuguesa Europeia nas escolas portuguesas, e que deixe de ser “obrigatório" algo que nunca teve nenhuma legitimidade legal para o ser, e por violar o direito à aprendizagem da legítima Língua Materna.
Deixem de enganar as crianças, impingindo-lhes gato por lebre.
Além disso, todos sabemos que a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 viola o disposto na alínea a) do artigo 9º da Constituição da República Portuguesa, que diz: são tarefas fundamentais do Estado garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam. Sabemos que o AO90 não promove a Cultura e a Língua Portuguesas.
Ora esta inominável tentativa de “abrasileirar” a Língua Materna dos Portugueses, a qual sendo um dos elementos da nossa nacionalidade, também é um baluarte da nossa autonomia, como nação, da nossa portugalidade, e se a vendermos ao desbarato, para que editores e governantes traidores da Pátria possam encher os bolsos, e apenas isso, viola a tarefa fundamental que o Estado Português tem, como garante da nossa independência.
Portugal é e sempre será, quer aceitem isto ou não, a origem dos actuais países livres que já foram colónias portuguesas. E não há nada, nem ninguém que possa alterar o passado.
Se os países que integram a CPLP adoptassem o que construíram a partir do que receberam do ex-colonizador, e se cortassem o cordão umbilical que ainda os mantém ligados a Portugal, quem os condenaria? Assim é com os países que já foram colónias inglesas, francesas, espanholas. Porquê este servilismo português a um nação estrangeira?
Depois que obtiveram a independência, cada país colonizado foi livre de optar pelo próprio destino. O que fizeram com a herança portuguesa, não é mais problema de Portugal.
E Portugal, como país independente, e com a sua milenar cultura europeia, um dos primeiros estados-nação do mundo, que deu novos mundos ao mundo, não tem de se vergar perante uma imposição político-jurídico-diplomática, de quem quer que seja, muito menos quando essa imposição está assente numa descomunal ignorância, ilegalidade e inconstitucionalidade.
Uma língua não evolui por um decreto qeu não existe. Não evolui por vontades assentes em interesses políticos e económicos.
Por que há-de Portugal ser o rebotalho da Europa, quando os outros países europeus, também ex-colonizadores, como os Ingleses, os Franceses, os Espanhóis, os Holandeses, os Alemães, não mexeram uma letra sequer, nas suas Línguas Maternas, para “unificarem” a língua herdada pelos países colonizados por eles?
É que é do bom senso e da racionalidade que se preserve a identidade linguística de cada país.
Contudo, ao que tenho verificado, até não é da vontade da maioria dos restantes países da CPLP que este acordo parvo vá adiante.
Então por que há-de Portugal rebaixar-se à vontade de um grémio desqualificado, constituído por ignorantes e traidores da pátria?
Finalmente, farei minhas as palavras de uma Professora lúcida, da qual, neste momento, não me recordo o nome, mas se ela, por acaso, vier a ler este texto, por favor, acuse a sua autoria:
«Tenho a maior consideração por todos os colegas que ensinam Português, e que se vêem confrontados com este flagelo. Não lhes invejo a sorte (ou o azar).
Sei que tenho uma posição privilegiada que me permite assumir a minha oposição ao AO90, porque beneficio da falta de uma posição oficial da minha Faculdade, e da posição contra o AO tomada pela Associação de Estudantes.
Sei também que posso sempre evocar, se isso vier a ser necessário, a minha autonomia científica nas minhas aulas e nos meus trabalhos.
O que já não me parece aceitável é que, os professores, que estão representados por sindicatos de diversas orientações políticas, nunca tenham exigido destes que dessem voz ao seu protesto.
Porque ver os sindicatos dos professores apelarem a manifestações e greves por razões políticas/sociais/laborais mas nunca por razões de carácter científico/educativo, como é o caso do AO90, descredibiliza a classe perante a opinião pública.
Se os professores se mobilizarem em torno de uma causa que não tem a ver com as suas condições remuneratórias, mas com o futuro dos alunos, estou certa de que teriam o apoio dos pais e dos encarregados de educação, talvez como nunca tiveram antes».
Este é o caminho.
Lembrem-se: sem desobediência nunca houve mudanças, nem evolução…
O que aqui está em causa não é o presente da Língua, porque esse está assegurado por todos os que estão a recusar-se a cumprir a “ordem oficial” que não tem a mínima legitimidade.
O que aqui está em causa é o futuro, é o modo como estão a transformar as nossas crianças nos analfabetos funcionais e ignorantes do futuro…
O que fazer?
Primeiro: recusar ENSINAR esta ortografia, que não é Portuguesa, às crianças.
Segundo: boicotar todas as publicações em AO90: livros, jornais, revistas… e tudo o que mais for…
Terceiro: não escrever em acordês nem em mixordês (o mais divulgado), porque temos esse direito.
Quarto: EXIGIR que o governo suspenda imediatamente a aplicação ilegal e inconstitucional do AO90 e reponha o ensino da Língua Portuguesa Materna, nas escolas portuguesas.
As minhas saudações desacordistas.
(*) Ver a trafulhice em que o AO9o está envolvido neste link:
Isabel A. Ferreira
Um texto de Josefina Maller
Origem da imagem: Tradutores Contra o Acordo Ortográfico
Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a Língua Portuguesa, morrerá connosco. E ficará a nova geração à deriva, com a má língua…
Penso que estaria nas mãos dos professores de Português travar esta tragédia. Só eles poderiam ter-se recusado a ensinar a língua desenraizada, que não é a Língua Portuguesa.
Só eles podem fazê-lo.
Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de desobediência, até porque não existe nenhuma Lei que obrigue a ensinar a escrever incorrectamente a Língua Portuguesa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.
E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores RESISTISSE, e a onda agigantar-se-ia…
E o que vamos ensinando e a quem? As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua?
Estão a ser obrigadas a aprender algo que está errado.
É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco… porque sim. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.
E isto é uma violação do direito à aprendizagem íntegra da Língua Portuguesa que todas as crianças têm.
Josefina Maller
(Origem da imagem: Internet)
Perguntei a um ex-líder partidário se era verdade que o seu partido tinha aderido ao Acordo Ortográfico de 1990, ou se tinha votado a favor da sua aplicação, porque tinha a informação do contrário.
Sim, o seu partido aprovou, com reservas, o que um ainda jovem deputado tem vindo a exprimir com cada vez mais insistência, baseado na ideia de que a Língua evolui (o avô do ex-líder escrevia pharmacia, ele já não, ele escreve no Português que aprendeu na escola) mas que é preciso evitar a colonização dos interesses editoriais brasileiros, ai isso é preciso.
Respondi-lhe o seguinte:
Acredito que os deputados mais novos, como não tiveram um aprendizado da Língua aprofundado, não saibam que este acordo do desacordo, não tem nada a ver com EVOLUÇÃO. Pelo contrário. Tem a ver com uma profunda IGNORÂNCIA da Língua, e um recuo, pois foi reduziu-a a dialecto.
O que os brasileiros fizeram com a Língua Portuguesa é problema deles. Eles que a escrevam e falem do modo que lhes dá mais jeito.
O ensino no Brasil (sei do que falo porque já estudei lá) é péssimo. Uma grande fatia do povo brasileiro vem de uma classe mal alimentada, logo, pouco dotada intelectualmente, e com grandes dificuldades de aprendizagem.
Como a Língua Portuguesa não é pêra doce, optaram por facilitá-la, para que a taxa de analfabetismo não fosse tão alta.
É que passar de PHarmácia, para Farmácia, em nada alterou a palavra, a não ser a sua grafia. Houve evolução, não houve recuo.
Mas se escrevermos "setor", em vez de sector, ou outras palavras assim que tais, teremos forçosamente de ler "s'tor", e isto já mexe com a pronúncia, com a etimologia e com a grafia da palavra.
"Setor" não tem significado algum, em Língua Portuguesa. Contudo, se lhe chamarmos Língua Brasileira a palavra passa a significar o que os Brasileiros quiserem.
É uma palavra mutilada, que perde o seu sentido, em Português. Mas não, em Brasileiro.
Mia Couto, um escritor moçambicano que muito aprecio, é mestre em “inventar” palavras. Mas inventa-as com um sentido absolutamente brilhante.
É um escritor que sabe valorizar a Língua.
Lamento que, na Assembleia da República, não haja alguém com conhecimento aprofundado da Língua Portuguesa para poder DEFENDÊ-LA dos abutres portugueses e brasileiros, que querem enriquecer à conta do empobrecimento da NOSSA Língua, um símbolo da identidade portuguesa, e colonizar Portugal através dela.
A mim, não me preocupa os que, por ignorância optativa, se vergam à ordem governamental e escrevem e pronunciam incorreCtamente a Língua. Só passam por ignorantes.
A mim, o que me preocupa é pretenderem fazer das nossas crianças, IDIOTAS.
A mim preocupa-me o futuro.
***
O Rodrigo, comentando uma das minhas publicações, disse o seguinte:
«Acho que não entendo tanta resistência. A língua é dinâmica. Não sou a favor desse preciosismo! Ainda que goste de ler Gil Vicente em português arcaico. Mas acredito sinceramente que a língua também deve ser prática. Pelo que entendo a ideia foi simplificar não empobrecer!»
Como diz?
A ideia foi simplificar, não empobrecer?
Simplificar o quê? Pensa que hoje as crianças são mais estúpidas do que as das gerações anteriores, desde Dom Dinis, em cujo reinado foi decretada a obrigatoriedade do Português nos documentos oficiais?
O AO90 não simplificou coisa nenhuma. Pelo contrário, além de complicar, empobreceu a ortografia, afastando os vocábulos da sua raíz greco-latina. Empobreceu-a. Reduziu-a a dialecto. Fê-la RECUAR.
Digam-me o que é um "arquitÊto". Se forem capazes de chegar à raiz deste amontoado de letras, e dizerem-me o que isto é, que significado tem isto, dou a minha mão à palmatória.
A Língua é dinâmica, sim. E deve ser dinâmica.
Mas jamais deve ser mutilada, para facilitar a aprendizagem. Nenhuma outra Língua europeia, com muitas mais consoantes não-pronunciadas, do que na Língua Portuguesa, jamais mutilou a ortografia, para facilitar a aprendizagem dos menos dotados intelectualmente.
***
E o Teófilo, respondeu e muito bem: «Os que estão com o novo AO são precisamente aqueles que têm dificuldades em aprender e falar uma língua científica como a nossa. Para esses um dialecto seria o ideal. E é precisamente nisso que querem transformar a nossa língua.»
Correcto.
***
Já o P. Baptista veio com esta: «Um chorrilho de disparates e de falsidades. Parem de lançar a confusão sobre as crianças e a sua aprendizagem. E, já agora, parem de dar erros. A lei é para todos. É já tem 15 anos! Houve o tempo da discussão que se fez, há o tempo da execução que se faz».
Como disse, P. BaPtista? Ou devo escrever Batista?
Chorrilho de disparates e falsidades é tudo o que diz respeito ao desrespeito pela Língua Portuguesa, e que um acordo tão desacordado veio agigantar.
E quem dá erros crassos é quem escreve e fala segundo o evangelho (mal fundamentado) do AO de 1990, porque o que está em vigor é a ortografia de 1945, simplesmente porque não foi revogado.
***
E a propósito da carta que dirigi aos professores e aos sindicatos:
«Concordo totalmente com o teor da carta. E o que devem fazer os pais para defender os filhos desta acção castradora? Que meios legais existem ao alcance do vulgar cidadão?»
Respondo:
Os pais deviam ser os primeiros a PROTESTAR.
Não protestam, porque o povo português só protesta quando lhe vão aos bolsos.
***
Então veio o David, e disse:
«EU É QUE SOU ANALFABETO. HAHAHAHA. MAS EU JÁ NÃO ADEMIRA SÓ TENHO A QUARTA CLASE. NÉ. NO MEU TEMPO NÃO DEU PARA MAIS, TIVE QUE ÍR TRABALHAR NÉ. MAS NÃO É POR ISSO QUE SE DEIXA DE SER BOM PROFICIONAL».
Lá isso é verdade, David. Mas os verdadeiros analfabetos não são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar. Os verdadeiros analfabetos são aqueles que tiveram oportunidade de estudar, e não aprenderam NADA, e escrevem acim, como o David.
***
E a Maria também disse de sua justiça:
«Escrevia-se mal, pessoas que quando eram crianças tiveram de ir trabalhar em vez de ir à escola, agora vejo senhores e senhoras doutoras que passaram o tempo a estudar escrevem tão mal».
É verdade, Maria.
A escola não nos dá tudo. O que nos dá tudo é a nossa vontade de aprender, seja fora ou dentro da própria escola, se tivermos a sorte de a frequentar.
É que não basta ir à escola. É preciso que tenhamos capacidade de aprender. E há alguns senhores/as doutores/as que por muitos estudos que tenham, só sabem o que sabem, e não vão além desse pequeno saber.
***
E é esse pequeno saber que está de mala e cuia (* ) na Assembleia da República Portuguesa.
(*) «Mala e cuia» - expressão brasileira, que não fica nada mal neste contexto. É que a união da Língua passa por enriquecê-la com expressões das novas culturas oriundas das ex-colónias. Não passará nunca por mutilá-la.
Isabel A. Ferreira
Um direito que todas as crianças portuguesasas maiores vítimas deste crime ortográfico, têm.
Vamos ser cúmplices deste acto criminoso?
Vamos permitir a consumação deste crime?
Origem da imagem: https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90?fref=ts
Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a integridade da Língua Portuguesa morrerá connosco. E ficará a nova geração à deriva, arrastando atrás de si a má língua…
Penso que está nas mãos dos professores de Português travar esta tragédia. Só eles poderão recusar-se a ensinar esta língua desenraizada, na sua forma grafada.
Só eles podem fazê-lo.
Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de Desobediência Civil, por uma causa mais do que justa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.
E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores, tivesse resistido ou resistisse agora, para que a onda se agigantasse ou se agigante…
O que vão ensinando e a quem?
As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua?
Estão a ser obrigadas a aprender algo que, em Portugal, por não ser Português, está incorreCto.
É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.
Isto é desrespeitar o direito à aprendizagem correcta, que todas as crianças têm.
O que faz falta é CORAGEM para dizer NÃO a algo que compromete gravemente a identidade cultural portuguesa, a portugalidade, o respeito pela Língua Materna.
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