Carlos A. Coimbra é um Português que vive em Toronto (Canadá), mas não deixou de ser Português, e está atento aos desmandos que se passam em Portugal no que à Língua Portuguesa diz respeito, e também em todos os outros sectores. Aliás, já aqui publiquei uma sua excelente lição de Português, em três partes, intitulada:
E o que se passa em Portugal ENVERGONHA as Comunidades Portuguesas em todas as partes do mundo. Na Suíça, por exemplo, temos este exemplo:
Carlos A. Coimbra enviou-me, via e-mail, esta sua perplexidade, que é também a minha perplexidade e a perplexidade de TODOS os Portugueses dotados de LUCIDEZ.
«O que se passa em Coimbra?
Lido no rodapé da RTP:
A Universidade de Coimbra celebra com cultura os 200 anos da independência do Brasil.
Câmara faz acordo para ter sucursal do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo.
E agora isto?
Com cultura? Qual cultura, como se não adivinhasse...
Haverá muitos brasileiros a estudar lá?
Querem mais?...
Eu não evito comparar com o Reino Unido e os EUA. O RU não comemora nada e os EUA, quando é ocasião, lembram que puseram fora a monarquia.
Portugal assim suicida-se.
Carlos A. Coimbra»
***
E o suicídio é o que os paridores desta trama bem urdida esperam para acabar com Portugal.
E o povo, tanso e manso, lá do alto das suas cátedras (pois não me refiro aos analfabetos, nem àqueles que têm apenas a quarta-classe do Ensino Básico), curvando-se, até bater com o nariz no chão, servem, muito subservientemente, a gleba brasileira.
Até dizem que a maior universidade brasileira fora do Brasil é a de Coimbra, consultem este link: https://www.dn.pt/sociedade/a-maior-universidade-brasileira-fora-do-brasil-e-esta-o-que-e-que-coimbra-tem-4874875.html
E é isto que temos, neste nosso pseudo-país.
Que saudades que eu tenho de Dom Afonso Henriques e de Dom Diniz! Nesse tempo, Portugal estava cheio de PORTUGUESES! Hoje, está cheio de LAMBE-BOTAS e PAUS-MANDADOS, nos mais altos cargos do País.
Origem da imagem: https://www.cm-coimbra.pt/areas/visitar/ver-e-fazer/monumentos/universidade-de-coimbra
Esta já NÃO é mais a Universidade onde estudei, e que me deu a conhecer os VALORES de Portugal - o MEU País.
Hoje, esta Universidade de Coimbra, é a universidade dos traidores da pátria, que não têm um pingo de vergonha na cara, porque só tem vergonha na cara, quem tem HONRA.
Isabel A. Ferreira
(Já lá vou a este assunto).
Depois de uma pausa a que me obriguei, para repor as forças que já me iam faltando, regressar ao caos não está a ser nada fácil, até porque a minha vontade era permanecer na minha bolha harmoniosa.
Mas RESISTIR é preciso.
E é preciso porquê? Por dois motivos:
Primeiro: por respeito àqueles Portugueses que, no estrangeiro, vão resistindo, para que a Língua Portuguesa (*) não se extinga. Afinal, a Língua Portuguesa é o elo que os une entre si e à Pátria, que tiveram, necessariamente, de abandonar, por não existirem políticas que lhes permitissem VIVER no seu próprio País, com um mínimo de dignidade. Não são apenas as guerras insanas, perpetradas por gente insana, que escorraçam os Povos do seus Países. São também os governantes inúteis, incompetentes, desonestos, corruptos e alguns deles também insanos, que se empoleiram no Poder para se servirem a si próprios e às máfias que os sustentam.
Segundo: porque logo no dia 01 de Agosto, no Primeiro Jornal da SIC, às 13 horas, e a propósito do repugnante acto racista contra os filhos de dois actores brasileiros, num restaurante de praia, na Costa da Caparica, e da triste cena que se seguiu, o comentador-mor de tudo e mais alguma coisa (excepto daquilo que não lhe convém) ou seja, o presidente da República disse que em Portugal não havia um racismo generalizado, excepto pontualmente, no que respeita à Língua Portuguesa, onde se revela racismo e xenofobia contra os Brasileiros. Mas que raio de exemplo foi ele buscar?!!!!
Devemos ouvir isto e calar-nos?
Obviamente que, para Marcelo Rebelo de Sousa, os defensores da Língua Portuguesa, que rejeitam com veemência e apropriadamente a grafia do AO90, por esta ser quase cuspida e escarrada a grafia brasileira, em vigor, no Brasil, desde 1943, e que em nada nos diz respeito, são racistas e xenófobos, demonstrando, deste modo, um desconhecimento total do significado de racismo e de xenofobia.
Já agora, os Portugueses não podem DEFENDER o que ele, como presidente da República Portuguesa, tem o DEVER e a OBRIGAÇÃO de defender e não defende, porque opta por defender interesses que não interessam a Portugal e aos Portugueses?
Defender a nossa Cultura Linguística nada tem a ver com racismo ou xenofobia, mas unicamente com HONRA, algo que falta àqueles políticos portugueses que estão altamente envolvidos na deliberada destruição da Língua Portuguesa.
Regressando ao título deste texto:
Fui contactada pelo director-adjunto do Jornal «LUSITANO», o qual desconhecia totalmente, com a seguinte mensagem:
«Editamos um pasquinzinho (https://yumpu.com/user/araujomota) para a Comunidade portuguesa na Suíça e somos contra o AO.
Porque é importante o texto que publicou no seu blog (https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/desde-ontem-que-o-grupo-novo-movimento-380362), pergunto se nos permite a publicação na edição de Julho/Agosto.»
Obviamente, autorização concedida (nem era preciso concedê-la, pois desde que se mencione a fonte dos textos, tudo o que publico no Blog é passível de partilha, em qualquer Jornal, de qualquer parte do mundo) o texto foi publicado na edição cuja capa aqui reproduzo.
Agradeço a honra que me deram, e celebro com toda a minha fibra portuguesa ao facto de os mentores do «LUSITANO» de Zurique não se rebaixarem ao SERVILISMO, podendo, desse modo, proporcionar à Comunidade Portuguesa, na Suíça, uma leitura HONESTA em Língua Portuguesa.
Um BEM-HAJA aos mentores do «LUSITANO».
***
(*) Apenas para que não haja qualquer dúvida: a Língua Portuguesa é a Língua Portuguesa. Ponto. O Português é o Português. Ponto. Não existe Português Europeu. Existe Português. Ponto. Assim como NÃO existe Francês Europeu, Inglês Europeu, Alemão Europeu, Castelhano Europeu. Todas estas Línguas são Indo-Europeias. Ponto. Todas as outras línguas delas derivadas, são VARIANTES ou DIALECTOS. Ponto. Não existe Português brasileiro. Ponto. O que existe é a Variante Brasileira do Português.
NÃO existe Português guineense, Português angolano, Português timorense, Português moçambicano, Português cabo-verdiano, Português são-tomense. Não existe. Portanto, há que mudar o paradigma da designação da Língua Portuguesa, que é apenas UM, e desse UM nasceram as VARIANTES. A LÍNGUA PORTUGUESA é a Língua pOrtuguesa. Ponto final.
Nenhum outro País do mundo anda com estas NIQUICES ao redor das suas Línguas Nacionais e OFICIAIS. Portugal tem HONRA, mas os nossos governantes NÃO a honram, porque não têm honra. É preciso começar a honrar a HONRA PORTUGUESA, para que possamos ser um País entre Países, e não uma reles República DOS Bananas, sem rei nem roque, que tem com um presidente que NÃO defende Portugal e os interesses dos Portugueses.
Isabel A. Ferreira
Francisco Miguel Viegas diz, e muito bem, no artigo que dá título a esta publicação:
«O impacto real do AO90 verifica-se em textos concretos e não em ilusões. Convém que o poder político deixe de insultar quem o elege e de atirar areia para os olhos ou, segundo a doutrina vigente, arena para os óculos».
Na minha perspeCtiva, o que FMV escreveu neste texto, seguindo uma óPtica correCtíssima, assim muito, muito espremidinho, significa isto: se os acordistas não assentaram o AO90 na mais profunda ignorância do Português (e já nem falo no de lá ou no de cá) parece, pois demonstram-no constantemente, diariamente, insistentemente, mentendo dó...
Além disso, se pretenderam unificar as ortografias brasileira e portuguesa, esqueceram-se de um pormenor importantíssimo: ou o Brasil começava a escrever totalmente à portuguesa, pois é à portuguesa que todas as outras ex-colónias escrevem, ou Portugal e todas as outras ex-colônias começavam a escrever à brasileira. De outro modo, cada um puxa a brasa à sua sardinha, e lá vai a tontice de querer unificar algo que é absolutamente impossível de unificar, pelos motivos mais óbvios a qualquer ser pensante.
E é bem verdade o que diz, FMV: convém que o poder político deixe de insultar quem o elege e de atirar areia para os olhos de todos os que os têm bem abertos e são capazes de raciocinar...
Isabel A. Ferreira
Por Francisco Miguel Valada
«O Acordo Ortográfico e as respectivas facções»
«Está nisto desde que veio. (…) De curtas e compridas tem-nos chamado de tudo.»
António Lobo Antunes, Memória de Elefante
«A primeira frase de um recente despacho da Lusa, divulgado pelo Expresso, ilustra bem a farsa do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90). Passo a transcrever: “As fações rivais líbias convidadas pela ONU a participar em negociações políticas na quarta-feira em Genebra (Suíça) anunciaram esta segunda-feira separadamente a decisão de suspenderem a respetiva participação no diálogo, alegando motivos diferentes.” Efectivamente, esta frase está e não está de acordo com o esperado de uma frase cumpridora do estabelecido na base IV do AO90. Por um lado, temos *fações e *respetiva, porque em português europeu a oclusiva velar correspondente à letra ‘c’ nas palavras facções e respectiva não é pronunciada. Por outro lado, como em português do Brasil a oclusiva velar correspondente à letra ‘c’ naquelas palavras é pronunciada, o resultado seria diferente se este texto, em vez de aparecer no Expresso, tivesse aparecido na Folha de S. Paulo, ou seja, haveria facções e respectiva.
Isto é, actualmente, em português do Brasil escrito, versão 1990, aquelas grafias correspondem às fabulosas formas já existentes no português europeu escrito com a ortografia de 1945, a ortografia óptima, segundo a melhor informação científica disponível. Assim sendo, em português do Brasil com AO90 e em português europeu sem AO90, temos esta deliciosa frase: “As facções rivais líbias convidadas pela ONU a participar em negociações políticas na quarta-feira em Genebra (Suíça) anunciaram esta segunda-feira separadamente a decisão de suspenderem a respectiva participação no diálogo, alegando motivos diferentes.”
Com efeito, apesar do reconhecido valor grafémico da letra ‘c’ em facções e respectiva, os autores do AO90 decidiram aniquilá-la em português europeu. É evidente que tal decisão de supressão da letra ‘c’ foi tomada ao arrepio de pareceres e artigos científicos, aos quais os deputados e o Governo não ligaram nenhuma, escolhendo o pouco corajoso acto da fuga para a frente. Alguns, aliás, têm preferido mesmo o recurso à provocação e à deselegância. Recentemente, um deputado do Partido Socialista (PS) aproveitou a morte de João Malaca Casteleiro para ofender quem estuda e trabalha. De facto, Ascenso Luís Simões lamentou que “quem nega a atual [sic] ortografia não entenda que a língua portuguesa não pode ficar agarrada a uma visão é [sic] um tempo marcados pelo colonialismo”. Aguarda-se uma retractação, uma vez que pedir para ler pareceres e artigos, pelos vistos, é pedir imenso. Convém, apesar de tudo, separar o trigo do joio. Por exemplo, Pedro Cegonho, também ele deputado do PS, tem disponibilidade para ouvir educadamente argumentos contra o AO90. É essa, aliás, a impressão que fica do excelente e minucioso relato feito por Rui Valente, sobre o encontro de uma delegação da Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico com representantes do Grupo Parlamentar do PS.
Voltando ao assunto que aqui trago, a supressão da letra ‘c’ tem, portanto, duas consequências: uma consequência interna e outra externa. Quanto à interna (do ponto de vista português europeu), temos a provável homonímia de *fação com uma localidade do concelho de Sintra chamada Fação e a potencial rima de *respetiva com discretiva. No que diz respeito à externa, cria-se um novo fosso entre as normas europeia e brasileira, afastamento provocado justamente pela principal base do AO90. Em suma, exactamente o oposto das promessas e juras de negociadores, promotores e amigos do dito cujo.
O impacto real do AO90 verifica-se em textos concretos e não em ilusões. Como vimos no início, a primeira frase de um despacho da Lusa não tem qualquer palavra afectada pelo AO90 em português do Brasil, mas tem duas palavras afectadas pelo AO90 em português europeu. Convém que o poder político deixe de insultar quem o elege e de atirar areia para os olhos ou, segundo a doutrina vigente, arena para os óculos.
Autor de “Demanda, Deriva, Desastre: Os Três Dês do Acordo Ortográfico” (Textiverso, 2009)
Fonte:
Em 26 de Setembro de 2017, publiquei este texto, que aqui reproduzo, hoje, cerca de um ano depois, para deixar o mesmo recado ao senhor primeiro-ministro, Doutor António Costa, acrescentando este comentário de Marcos Paulo Alves Silveira, que me chegou hoje, onde ele diz: «Corrupção, essa é a leitura que faço do AO90».
Faz ele, e faço eu também.
Marcos Paulo Alves Silveira comentou o post SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO, QUER SABER O QUE DIZEM OS ESTRANGEIROS SOBRE A SUBMISSÃO DE PORTUGAL AO BRASIL NA QUESTÃO DO AO90? às 11:00, 02/12/2018 :
O que o dinheiro não faz, não é mesmo? Dado o extenso histórico da tradição cultural brasileira de corromper governos e desta forma, impor seus interesses económicos, só tenho a especular que o acordo ortográfico fora engendrado pela gigantesca indústria editorial brasileira como forma de "invadir" novos mercados tendo o mínimo de gasto possível. Sim, ela não quer gastar nem com a adaptação desses produtos a outras variantes da língua. Ao invés disso, eles mudam essas variantes!!! Corrupção, essa é a leitura que faço do AO90.
***
Sei que o senhor primeiro-ministro não quer saber. Nem está interessado. Se estivesse, não faria orelhas moucas aos numerosos apelos dos mais eminentes intelectuais dos países lusófonos que, energicamente, rejeitam o AO90, por este ser a maior fraude de todos os tempos, e não interessar a ninguém, excepto aos que estão a fazer disto um negócio.
Mas ainda assim, vou recodar-lhe o que se passou naquele fim-de-semana, em Espanha…
Origem da imagem: Internet
… quando participei numa espécie de “tertúlia”, realizada num lugar frequentado por escritores, poetas, jornalistas, artistas plásticos, cineastas (sendo o mais famoso que por lá passou, o genial Mel Gibson) actores e também pessoas absolutamente comuns, com as mais diversas profissões, enfim, um lugar onde se discute e se troca Culturas, Artes, Literaturas, Ideias, Ideais e Políticas comuns, ou menos comuns… enquanto fazemos as refeições.
Como sempre acontece, sou a única cidadã de nacionalidade portuguesa, que pára por aquelas paragens, com a frequência possível. Nunca encontrei lá as mesmas pessoas.
Desta vez estava representado o México, Suíça, várias regiões de Espanha e Portugal (eu). E adivinhe, senhor primeiro-ministro, qual foi o teor de uma das conversas: Portugal e a sua Língua, que nenhum dos presentes dominava. Comunicámo-nos em Castelhano e Inglês.
Então, aproveitei a ocasião para sondar aquelas pessoas, viajadas, cultas e conhecedoras do mundo, acerca do que pensavam sobre um país, que foi colonizador (tal como Espanha), vergar-se ao ex-colonizado (Brasil) adoptando a ortografia brasileira, destruindo, por completo, as raízes latinas, e a integridade de uma das mais belas línguas indo-europeias - a Língua Portuguesa.
A estupefacção foi enorme!
Os Mexicanos, que se encontravam presentes, e que foram colonizados por Espanha, consideraram rara esta submissão; os Espanhóis, que colonizaram parte das Américas do Sul e Central, disseram que era raríssimo o ex-colonizador absorver a língua alterada do ex-colonizado, a Espanha jamais o faria; da Suíça veio uma interrogação que me deixou surpreendida, porque existe a ideia de que os Brasileiros têm uma língua, e os Portugueses têm outra língua «Portugal está a adoptar o brasileño?» Assim mesmo: o brasileño.
Exactamente. Portugal está a adoptar o brasileño. Disse eu. E acrescentei: «Mas isto nem é raro, nem é raríssimo. Isto é caso único na História de toda a Humanidade. Conhecem algum país (ex) colonizador que tivesse adoptado a Língua, na sua forma grafada, do (ex) colonizado?»
Ninguém conhecia. Bem puxámos pela memória. Mas não há memória de uma coisa assim…
Pois é, senhor primeiro-ministro. Não tive como defender o governo de Portugal e esta sua política de vassalagem. Nem podia. Deixei bem vincada a minha repulsa, e o descontentamento de milhares de Portugueses, o qual, descontentamento, doravante, aquelas pessoas terão oportunidade de espalhar por onde passarem…
Desta vez, não pude salvar Portugal de ser amesquinhado.
Por vezes, acontece estar eu naquele lugar, onde predomina o multiculturalismo, e Portugal vem à baila, e alguém se lembra de o apoucar, então eu, imbuída de um patriotismo à la Padeira de Aljubarrota, defendo-o com as garras de fora.
Mas no que respeita à desveneração que o actual governo português e o presidente da República consagram ao símbolo maior da nossa identidade, a Língua Portuguesa, eu nada posso fazer.
Envergonho-me deles (do governo e do PR que temos). E disse-o lá, bem alto...
De resto, faço o que posso e sei, para que Portugal possa regressar à sua origem linguística europeia.
Senhor primeiro-ministro, o senhor não está a servir os interesses de Portugal. E sobre isto, mais dia, menos dia, terá de prestar contas aos Portugueses.
Isabel A. Ferreira
Sei que não quer saber. Não está interessado. Se estivesse, não faria orelhas moucas aos apelos dos mais eminentes intelectuais dos países lusófonos que, energicamente, rejeitam o AO90, por este ser a maior fraude de todos os tempos.
Mas ainda assim, vou contar-lhe o que se passou no passado fim-de-semana, em Espanha…
Origem da imagem: Internet
… quando participei numa espécie de “tertúlia”, realizada num lugar frequentado por escritores, poetas, jornalistas, artistas plásticos, cineastas (sendo o mais famoso que por lá passou, o genial Mel Gibson) actores e também pessoas absolutamente comuns, com as mais diversas profissões, enfim, um lugar onde se discute e se troca Culturas, Artes, Literaturas, Ideias, Ideais e Políticas comuns, ou menos comuns… enquanto fazemos as refeições.
Como sempre acontece, sou a única cidadã de nacionalidade portuguesa, que pára por aquelas paragens com a frequência possível. Nunca encontrei lá as mesmas pessoas.
Desta vez estava representado o México, Suíça, várias regiões de Espanha e Portugal (eu). E adivinhe, senhor ministro, qual foi o teor de uma das conversas: Portugal e a sua Língua, que nenhum dos presentes dominava. Comunicámo-nos em Castelhano e Inglês.
Então, aproveitei a ocasião para sondar aquelas pessoas, viajadas, cultas e conhecedoras do mundo, acerca do que pensavam sobre um país, que foi colonizador (tal como Espanha), vergar-se ao ex-colonizado (Brasil) adoptando uma ortografia abrasileirada, destruindo, por completo, as raízes latinas ea estrutura de uma das mais belas línguas indo-europeias - a Língua Portuguesa.
A estupefacção foi enorme!
Os Mexicanos, que se encontravam presentes, e que foram colonizados por Espanha, consideraram rara esta submissão; os Espanhóis, que colonizaram parte das Américas do Sul e Central, disseram que era raríssimo o ex-colonizador absorver a língua alterada do ex-colonizado, a Espanha jamais o faria; da Suíça veio uma interrogação que me deixou surpreendida, porque existe a ideia de que os Brasileiros têm uma língua, e os Portugueses têm outra língua: «Portugal está a adoptar o brasileño?» Assim mesmo: o brasileño.
Exactamente. Portugal está a adoptar o brasileño. Disse eu. E acrescentei: «Mas isto nem é raro, nem é raríssimo. Isto é caso único na História de toda a Humanidade. Conhecem algum país (ex) colonizador que tivesse adoptado a Língua, na sua forma grafada, do (ex) colonizado?»
Ninguém conhecia. Bem puxámos pela memória. Mas não há memória de uma coisa assim…
Pois é, senhor primeiro-ministro. Não tive como defender o governo de Portugal e esta sua política de vassalagem. Nem podia. Deixei bem vincada a minha repulsa, e o descontentamento de milhares de Portugueses, que, doravante, aquelas pessoas terão agora oportunidade de espalhar por onde passarem…
Desta vez, não pude salvar Portugal de ser amesquinhado.
Por vezes, acontece estar eu neste lugar, onde predomina o multiculturalismo, e Portugal vem à baila, e alguém se lembra de o apoucar, então eu, imbuída de um patriotismo à la Padeira de Aljubarrota, defendo-o com as garras de fora.
Mas no que respeita à desveneração que o actual governo português e o senhor presidente da República consagram ao símbolo maior da nossa identidade, a Língua Portuguesa, eu nada posso fazer.
Envergonho-me deles (do governo e do PR que temos). E disse-o lá, bem alto...
De resto, faço o que posso e sei, para que Portugal possa regressar à sua origem linguística europeia.
Isabel A. Ferreira
. O «LUSITANO» de Zurique é...
. «O Acordo Ortográfico e a...
. Senhor primeiro-ministro,...