Terça-feira, 21 de Novembro de 2023

Dizem que hoje se celebra o “Dia Mundial da Televisão”, um bom dia para que se faça uma reflexão sobre se os “serviços” que os canais portugueses prestam ao Povo Português são de qualidade suficiente para o fazer evoluir

 

No que me toca, e salvaguardando as raras excepções, o que tenho a comentar sobre os canais genéricos televisivos, é o seguinte:

 

- Nem se fala, nem se escreve correCtamente a Língua Portuguesa, a Língua Oficial de Portugal que está a ser vilmente mutilada, empobrecida, estrangeirada, afastada da sua Família Indo-Europeia e das suas raízes greco-latinas, o que só traz desprestígio para os jornalistas, que têm nela o seu instrumento de trabalho, e para os empresários de um veículo de propagação da mediocridade;

 

- As notícias são sempre as mesmas, tratadas até à exaustão, repetitivas, nada existindo de bom no mundo, que possa merecer notícia, e elevar o moral do Povo, tornando-se uma maçada ver televisão;

 

- Os programas de entretenimento (salvo raras excepções) são demasiado popularuchos, o que nada beneficia o desenvolvimento intelectual do Povo, que permanece num nível abaixo de zero;

 

- Os programas culturais são raros, e os que existem (salvo raras excepções) vêm com legendagens tão mal escritas, que afugentam os telespeCtadores, porque fartam-se de os espetar com uma linguagem de um nível abaixo de zero;

 

- Depois há uma tendência patológica para se oferecer ao Povo programas recheados de crimes de faca e alguidar, tragédias humanas, que são esmiuçadas até ao tutano, o que leva os telespeCtadores a tornarem-se ainda mais depressivos do que já são, devido à miséria social, política, moral e cultural em que Portugal está mergulhado, sem que haja uma alminha caridosa no governo, que tenha a inteligência de dizer BASTA de fingir que somos um País do século XXI d. C.,  e virar o bico ao prego, para  tornar Portugal um País evoluído, com um Povo evoluído e com televisões evoluídas, que possam ser um veículo de Cultura e não de mediocridade.


Poderia estar aqui o dia todo a apontar o dedo às deficiências dos serviços televisivos,  mas penso que este panorama poderá servir para se ir engatando umas coisas nas outras e chegar ao ponto máximo do que não convém ao Povo Português, mas seguramente convém aos governantes, para que possam reinar no meio da mediocridade que praticam e apoiam.

 

Isabel A. Ferreira

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publicado por Isabel A. Ferreira às 12:28

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Terça-feira, 24 de Maio de 2022

«Em Defesa da Ortografia (XLVII), por João Esperança Barroca

 

ALERTA!!!!

Por tudo o que neste artigo, da autoria de João Esperança Barroca, se diz e se vê, SE, na Assembleia da República, houver alguém dotado de LUCIDEZ, apela-se a esse alguém que, em nome da RACIONALIDADE, sugira que (e citando José Vieira) «está na altura de baixar o IRS e passar a taxar a ignorância», porque a IGNORÂNCIA, disseminada nas escolas, nas televisões e nas traduções e edições acordizadas, está a ENCARCERAR os cérebros e a transformar Portugal no país com mais IGNORANTES por metro quadrado, nos sectores que mais estão ligados à expansão do nosso Idioma. (Isabel A. Ferreira)

 

Cérebro encarcerado.jpg

 

«Em Defesa da Ortografia (XLVII)»

por João Esperança Barroca

 

«É altura de dar uma alegria à língua portuguesa: é altura de a libertar do Acordo Ortográfico.

 O Acordo Ortográfico foi feito numa altura em que a uniformização estava na moda, numa época em que se pedia às pessoas que esquecessem as diferenças.

Mas, entretanto, tudo mudou: agora são as diferenças que é preciso celebrar. Portugal já não é um país pequenino diante do Brasil e dos outros países que falam português. Agora, Portugal é Portugal e o Brasil é o Brasil e São Tomé e Príncipe é São Tomé e Príncipe.  

O contrário da uniformização é a celebração das diferenças. A melhor maneira de as celebrar é através do estudo. Deite-se fora o Acordo Ortográfico e, em vez desse desmando, ensinemos às nossas crianças a riqueza, a graça e a personalidade das várias versões nacionais da língua portuguesa.

E nós também temos direito à nossa versão, à nossa ortografia, às nossas manias, às nossas particularidades.

Miguel Esteves Cardoso, Escritor, em 22 de Abril de 2022

 

«[…] o AO é um acto de genocídio cultural, estético, racional e político.»

Miguel Esteves Cardoso, Escritor, em 12 de Agosto de 2011

 

«Daqui a 50 anos, em 2065, quase todos os opositores do analfabeto Acordo Ortográfico estarão mortos. Em contrapartida, as crianças que este ano, em 2015, começaram a ser ensinadas a escrever tortograficamente, terão 55 anos ou menos. Ou seja: mandarão no país e na língua oficial portuguesa.

A jogada repugnante dos acordistas imperialistas — ignorantes e cada vez mais desacompanhados pelas ex-colónias que tentaram recolonizar ortograficamente — terá ganho tanto por manha como por estultícia.

As vítimas e os alvos dos conspiradores do AO90 não somos nós: são as criancinhas que não sabem defender-se.

 Miguel Esteves Cardoso, Escritor, em 20 de Maio de 2015

 

Após três citações, do escritor Miguel Esteves Cardoso, apoiante oficial da iniciativa Acordo Zero, um pouco mais longas que o habitual, o espaço para as nossas reflexões ficou mais escasso. Por essa razão, o nosso texto de Maio, dedicado à Beatriz, que faz hoje 29 anos e que merece conviver com uma ortografia lógica, coerente, congruente e sem vergonha da sua história, incide sobre alguns aspectos desse movimento de cidadãos.

 

Em Fevereiro do corrente ano, o jornal Cidade de Tomar, divulgou esta iniciativa, totalmente independente, livre de facções de qualquer espécie e que canaliza as suas forças para a imediata revogação do Acordo Ortográfico de 1990, única forma de proteger a Língua Portuguesa em todo o espaço onde é falada e escrita. Saliente-se, a propósito, que há alguns cidadãos tomarenses com o estatuto de subscritores de apoio desta iniciativa.

 

Na página de Facebook da iniciativa Acordo Zero têm sido regularmente publicadas, no âmbito do tópico “Circo Cacográfico”, algumas frases, que abaixo se transcrevem, ilustrativas do caos a que isto chegou (parafraseando uma célebre expressão do capitão de Abril Salgueiro Maia):

 

- Cato pelos e pelo catos na boca do urso!

- Pouco dinheiro para todos nós neste circo!

- Nem sei se o elefante tem problemas óticos ou óticos!

- O corréu correu rua fora e acabou na jaula do tigre!

- O egiptólogo francês foi ao circo no Egito!

- O macaco roubou a caneta corretora do corretor!

- A adoção de adoçante no engodo da foca foi uma boa ideia!

- O palhaço não ata nem desata no primeiro ato da ata!

- Tetas e tetos falsos deteta o mágico à distância!

- Espetador arruína espetáculo de espetador de facas!

 

Confuso, caro leitor? Isto não é mais do que «[…] a impressionante oscilografia que o Monstruoso Acordo (MA) instalou, com consequências terríveis para os olhos e para os ouvidos — sim, para os ouvidos.  […] (Não, isto não tem nada que ver com o MA, contraporão os empedernidos. Nadinha. Ainda terão lata para tal dislate?)»

Manuel Monteiro, autor, tradutor, revisor e formador, em 22 de Março de 2022

 

Talvez a solução seja a preconizada por José Vieira, cidadão do Entroncamento, num comentário, no Facebook, ao artigo “Em Defesa da Ortografia XLIV: «Está na altura de baixar o IRS e passar a taxar a ignorância

 

João Esperança Barroca

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 15:25

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Terça-feira, 14 de Setembro de 2021

«Abaixo a Ditadura Ortográfica!» - Um projecto de Amadeu Mata, no qual TODOS os que abominam o AO90 podem e devem participar

 

Em que consiste?

 

Consite em ostentar um autocolante (conforme a imagem exibe) na bagageira da viatura de cada desacordista, a fim de publicitar a nossa indignação contra a Ditadura Ortográfica imposta pelos sucessivos governos de Portugal. 

 

Informa-se que há a garantia de que o autocolante não danifica nem corrói  a pintura do carro.

 

O que vemos na imagem é a maqueta do autocolante e a sua aplicação na bagageira da viatura de Amadeu Mata, a qual já circula por aí a mostrar a indignação deste desacordista, que não tem poupado esforços na luta contra este atentado à identidade portuguesa, embora todo o seu trabalho esteja a ser feito nos bastidores.

 

Amadeu Mata enviou-me a maqueta e a ideia, solicitando a minha opinião.

 

AUTOCOLANTE e MAQUETA.png

 

Considerei a ideia brilhante. Gostei bastante, apenas fiz um reparo ao autocolante: não é só nas escolas e função pública que a ditadura ortográfica está a ser imposta. É também nas empresas (privadas e não privadas), nas televisões, nos jornais, nas revistas, e até parece que são todos organismos do Estado, ou então, não sendo, são meros servilistas e seguidistas sem o mínimo espírito crítico.

 

Diz-me Amadeu Mata que «a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) sobre o AO90 decide impor (ditadura) ao Ensino, à Função Pública e aos Organismos ligados ao Estado o AO90, não vincula o mesmo ao sector privado. As empresas privadas e também o próprio Estado, aparecem no processo do AO90, por influência e oportunismo dos políticos, como sempre se afirmou, através de interesses obscuros

 

Concordo totalmente com esta análise.

 

Obviamente que não ficaria bem, esteticamente falando, mencionar, no autocolante, todos estes servilistas e seguidistas, daí que o que lá vem, referido, estará em boa conta.

 

Contudo Amadeu Mata solicitou-me o seguinte:

 

«Informar os caros leitores do Blogue da iniciativa do autocolante e, se desejam aderir a este projecto, o mesmo está à disposição, basta enviar o nome e a morada. Caso queiram aderir mantendo o anonimato, vejam a foto e peçam a uma gráfica da localidade para o fazer. E se alguém considerar que o conteúdo do autocolante não é elucidativo ou convincente, então a alternativa é mandar fazer outro de acordo com a sua preferência. 

Salvo melhor opinião, aceitam-se sugestões para o endereço electrónico deste Blogue:

[isabelferreira@net.sapo.pt] 

Saudações desacordistas

AFMata»

 

A finalizar, Amadeu Mata faz estes votos:

 

«Como é do interesse de todos os desacordistas acabar com esta palhaçada, faço votos que TODOS adiram a esta ideia do autocolante, após a publicação no seu Blogue.»

 

Assim também eu espero.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:44

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Sábado, 23 de Janeiro de 2021

Professores e governantes andam muito preocupados com a interrupção das aulas, por poder prejudicar a aprendizagem dos alunos, mas não vejo nenhum deles preocupado com o maior dano de todos os danos: o AO90

 

Vêm todos para as televisões muito preocupados com a pausa de quinze dias (que podem ser mais, devido ao agravamento da pandemia), porque aqui d’el rei que está provado que se se interromperem as aulas perde-se o fio à meada da aprendizagem, como se não fosse possível recuar, para recomeçar. E tratando-se de crianças, elas têm uma capacidade extraordinária para aprenderem e desaprenderem e tornarem a aprender, e se for preciso desaprenderem novamente, para logo aprenderem outra vez, sem o mínimo prejuízo.

 

Mas isto, para os decisores, é um bicho de sete cabeças.

 

Contudo, a grande questão, o grande prejuízo, o grave problema, como refere o escritor Fernando Dacosta, para todos os alunos de todos os níveis de ensinos, é a aplicação da mixórdia ortográfica, que lhes andam a impingir nas escolas, abrangendo todas as disciplinas, todos os alunos, todos os professores.

 

Fernando Dacosta.png

 

A Língua Portuguesa bem estruturada e gramaticalmente bem construída é o PILAR de toda a aprendizagem. É absolutamente fundamental, porque o desenvolvimento da inteligência acompanha a evolução da linguagem.

 

Comunicação, informação, memória cultural, transmissão, inovação e ruptura: eis o que a linguagem permite à inteligência. Clarificação, organização, ordenamento, análise, interpretação, compreensão, síntese, articulação: eis o que a inteligência oferece à linguagem.

 

Isto está estudado. E quem tiver curiosidade de aprofundar o assunto vá à Internet e procure os muitos estudos já realizados, que o comprovam.

 

«Fechar as escolas era liquidar o ano lectivo» disse Marcelo Rebelo de Sousa, antes de se fecharem as escolas. Contudo, o ano lectivo, à partida, já está liquidado, pelo vergonhoso ensino da mixórdia ortográfica portuguesa (novo nome da disciplina de Português), que anda a gerar os analfabetos funcionais do futuro.

 

O ensino está um verdadeiro caos. Só os cegos mentais não vêem isto.

 

Neste País de faz-de-conta fechem-se as escolas e faça-se de conta que houve um chumbo colectivo. Afinal, a aprendizagem já está perdida, há muito.

 

Aproveite-se o fecho das escolas para:

 

- Qualificar o desqualificado ENSINO.

- Dar melhor formação aos professores, nomeadamente aos de Português, para que saibam ler, escrever, usar e falar correCtamente (nada de usar o verbo TAR) a Língua Portuguesa. O nosso País chama-se PORTUGAL.

- Atirem-se ao lixo os manuais escolares amixordizados, e editem-se manuais escorreitamente escritos, em Bom Português.

- Reponha-se a ortografia portuguesa de 1945.

- Revejam-se as matérias curriculares.

- Tornem o ensino mais criativo. Mais aliciante.

- Ensinem os alunos a PENSAR. Não, a simplesmente obedecer.

 

Depois, abram as portas das escolas, e deixem entrar a LUZ do SABER.

 

Só então teremos escolas a cumprir a sua função:  formar os alunos para o exercício de uma cidadania responsável, em que conte, acima de tudo, o amor pela Cultura e Língua Portuguesas.



Ouvi António Costa dizer que se fechassem as escolas teríamos maus políticos no futuro (mais ou menos isto). Não é verdade. Tanto quanto sabemos, as escolas, que os actuais políticos frequentaram, nunca fecharam, e os políticos são o que são: péssimos!


Ouvi também António Costa dizer, a propósito das restrições da pandemia, que não teria vergonha de recuar (mais ou menos isto).

 

Pois então? Também não tenha vergonha de recuar no que ao Acordo Ortográfico de 1990 diz respeito, porque é o maior erro de todos os erros que os políticos já cometeram.

 

Até porque recuar, para melhorar, é da INTELIGÊNCIA.

Manter o erro é da estupidez! E não sou apenas eu a dizê-lo.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:39

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Sábado, 9 de Janeiro de 2021

«Tanta entrevista aos candidatos a PR, e nem uma só vez foram confrontados com a sua posição em relação ao Acordo Ortográfico de 1990!»

 

Um pertinente texto de Elisabeth Henriques, obrigatório ler, para se poder reflectir na sua mensagem, com a qual estou totalmente de acordo.

 

O AO90 é um tema tabu para os órgão de comunicação cocial, ou melhor, estão proibidos de o abordar.

 

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Por Elisabeth Henriques

 

«Poderia dizer muita coisa a respeito de tal "jornalismo", que ignora uma das questões mais fracturantes da nossa sociedade, sobre a qual se pronunciaram (e continuam a pronunciar-se) as maiores figuras da Cultura portuguesa. Sobre a qual foram assinados manifestos e petições contra. Sobre a qual, sempre que foram empreendidos inquéritos à opinião pública, o NÃO ganhou com uma votação estrondosa, da ordem dos noventa e tal por cento.

 

Poderia realmente dizer muita coisa. Mas, sinceramente, é difícil classificar tal atitude jornalística. Uma atitude que, ao fim e ao cabo, traduz apenas a INÉRCIA generalizada de um povo, que permanece impassível perante a paulatina destruição da sua Língua, uma língua centenária e de tantos pergaminhos; destruição essa claramente constatada no dia-a-dia, em que vemos o Português substituído por um "brasileirês/mixordês". Nas televisões, nos jornais, nas revistas, nos livros, nas legendas dos filmes, nos jogos online, para não falar nas dobragens dos desenhos animados. Quando se vê "dobrado em português", depara-se com o português falado pelos brasileiros! Supostamente, o "acordo" pretendia unificar e prestigiar o Português. Em vez disso, conseguiu praticamente acabar com ele, substituindo-o pelo linguajar do colonizado, misturado com um arremedo de si mesmo.

 

Parabéns (muito cínicos) aos seus fautores!

 

Poderia realmente dizer muita coisa, mas vou optar pelo termo inglês "disgusting". Numa altura em que também os anglicismos abundam, talvez não melindre tanto...»

 

Fonte:

https://www.facebook.com/elisabeth.lh/posts/10214938398573585?comment_id=10214941440729637&reply_comment_id=10214941528971843&notif_id=1610210240360283&notif_t=comment_mention&ref=notif

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:09

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Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020

Professor Vítor Manuel Aguiar e Silva: Prémio Camões 2020 e grande opositor do AO90

 

Parabéns, Professor!

Vítor Manuel de Aguiar e Silva é o vencedor do Prémio Camões 2020, seguindo-se a Chico Buarque de Holanda.

Investigador dedicado ao estudo da Literatura Portuguesa dos séculos XVI e XVII, bem como da obra camoniana e das metodologias literárias, o Professor Vítor Manuel Aguiar e Silva é um dos signatários da Petição on-line Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico que, entre Maio de 2008 (data do início) e Maio de 2009 (data da apreciação pelo Parlamento) contou mais de cem mil assinaturas. Mais de cem mil assinaturas…  

Isto, numa Democracia a sério, teria dado bons frutos e o AO90, por esta altura, já estaria morto e enterrado. Porém, há que ter em conta que isto aconteceu em PORTUGAL. E não ficará tudo dito?

A notícia do Prémio Camões 2020, pode ser lida neste link:

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/vitor-aguiar-e-silva-o-premio-camoes-que-nao-adota-o-novo-acordo-ortografico

 

Mas para que a luta contra o vírus-ao90, que atacou a Língua Portuguesa, e ainda não se encontrou um antídoto para o eliminar da face da Terra, continue viva, recordo aqui hoje, um artigo muito interessante, intitulado Contra o acordo infame, escrito por António Guerreiro, em 2016 (mas poderia ter sido escrito hoje), que tem a ver com o laureado Professor, e onde se diz que «o Acordo entrou em vigor por força da lei», embora não exista nenhuma lei, pela qual o acordo tenha entrado em vigor, e que nos diz também o que (ainda) vai mal nesta República de Portugal.

 

«O Prémio Camões 2020, Vítor Manuel de Aguiar e Silva, disse hoje à Lusa que se recusa a escrever segundo o novo acordo ortográfico, por considerar que resultou numa “língua desfigurada”. “O novo acordo ortográfico tem normas que necessitam urgentemente de uma revisão. A sua aplicação resulta numa língua desfigurada nas suas raízes latinas e românicas”, referiu. Por isso, e por “prezar muito” a Língua Portuguesa, Vítor Aguiar e Silva continua a escrever segundo o acordo ortográfico de 1945.»

 

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Por António Guerreiro

 

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«Contra o acordo infame»

 

«Regressemos a uma questão que não esmoreceu com o tempo e ganhou nas últimas semanas um novo vigor: o Acordo Ortográfico. Inúteis foram as tentativas dos defensores do AO90 para reduzir a discussão a uma espécie de Querela dos Antigos e dos Modernos, por mais que do lado anti-Acordo se tenha levantado muito ruído, produzido por alguns sectores mais dados à exaltação nacionalista, com o seu débil arsenal ideológico, do que à argumentação racional.

Mas esse ruído tornou-se mais audível porque aos defensores do Acordo bastou-lhes ficarem calados ou dizer que o Acordo era bom porque sim. Apenas e sempre porque sim. O máximo risco que correram foi o de ficarem colados à grande operação política que está no início, no meio e no fim de todo o processo. O Acordo entrou em vigor por força da lei, em obediência a uma construção ideológica chamada lusofonia, mas não por força da aceitação pelos cidadãos e da aprovação pelas instâncias de carácter científico.

 

Na história da nossa democracia, não há procedimento tão absurdo e tão próprio de um poder totalitário como este. Assistimos desde o início a manobras visando calar toda a contestação, mesmo a de um órgão de aconselhamento do Governo em matéria de língua, a Comissão Nacional de Língua Portuguesa, coordenada então pelo Professor Vítor Manuel Aguiar e Silva que, por ter elaborado um parecer bastante crítico do anteprojecto de 1988, foi impedido de ter acesso ao texto do AO assinado em 1990.

 

Recordemos as palavras de Aguiar e Silva, quando se demitiu: “Há pontos escandalosos do ponto de vista técnico-linguístico, como o da facultatividade ortográfica, que coloca grandes problemas de natureza pedagógico-didáctica.” De um modo geral, os linguistas portugueses que se pronunciaram sobre o AO90 insistiram na ideia de que a unificação da ortografia do português não passava de uma grande ilusão que iria ser desmentida pelas facultatividades e duplas grafias, dando origem a problemas no sistema ortográfico; e, contra os próprios objectivos do Acordo, criando diferenças onde elas não existiam antes (a provável não ratificação do AO90 por Angola e Moçambique só reforça este argumento). Quem previa a instauração de alguma desordem ortográfica e consequências indesejáveis sobre outros componentes do sistema linguístico viu confirmadas as suas conjecturas em pouquíssimo tempo.

 

Os jornais e as televisões que aderiram ao AO tornaram-se um mostruário de aberrações ortográficas. Os erros induzidos pelo Acordo são legião: abundam, por exemplo, os fatos em vez de factos. Para já não falar das facultatividades que jamais alguém irá respeitar: quem é que sabe que decepção e deceção são facultativas? Só quem conhece a “norma culta” no Brasil, porque é ela que determina essa facultatividade. E quem é que alguma vez pode entender a regra que faz com que cor-de-rosa se escreva com hífen e cor de laranja sem hífen? Quem é que pode confiar num sistema ortográfico que é uma verdadeira máquina de produzir excepções? Que espécie de Acordo é este que, visando a unificação da ortografia, cria grafias duplas e até múltiplas? A demonstração mais eloquente de que se trata de uma aberração está nos próprios documentos oficiais e nas publicações da imprensa que adoptaram o AO90. Mas o mais inquietante é que já começámos a ouvir dizer coisas como receção, com o e fechado como se fosse recessão. No caso de receção, a supressão da consoante muda até é facultativa. Mas como podemos sabê-lo? O AO90 responde: conhecendo a “norma culta” brasileira. Simples, não é?»

 

Fonte: https://www.publico.pt/2016/05/13/culturaipsilon/opiniao/contra-o-acordo-infame-1731512

 

***

Pois é.

E onde estarão as vozes que correspondem às mais de mil assinaturas do Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico? Emudeceram? Estarão a trabalhar pela calada? Acomodaram-se? Não terão força para abanar os alicerces do Poder totalitário vigente e atirá-lo ao chão? O que será feito destas mais de cem mil vozes que, por  serem muitas, não terão poder para ir contra cerca de duas centenas de políticos, que estão a tentar anular Portugal e fazer emergir o Brasil? É que o compromisso dos políticos portugueses é com o Brasil, não é com Portugal.

Isabel A. Ferreira

***

(...) O Prémio Camões veio recordar-nos que é uma honra ter entre nós um pensador como Vítor Aguiar e Silva. Terceiro ensaísta a ser distinguido com tal prémio, depois de Eduardo Lourenço (em 1996) e Antonio Candido (em 1998), a sua erudição e conhecimento só rivalizarão com a sua modéstia. Internacionalmente reconhecido, é autor “de uma Teoria da Literatura (1967) estudada por sucessivas gerações de universitários e de um conjunto de decisivos ensaios camonianos”, como escreveu Luís Miguel Queirós no PÚBLICO. Se tivessem seguido os seus conselhos quanto ao Acordo Ortográfico de 1990 (assinou o parecer desfavorável da Comissão Nacional da Língua Portuguesa, na qualidade de seu coordenador, em 30 de Junho de 1989; e foi um dos subscritores, em 2008, da petição Em Defesa da Língua Portuguesa contra o Novo Acordo Ortográfico, ao lado de Vasco Graça Moura e de muitos outros intelectuais, entregue no Parlamento – que a discutiu e arquivou! – com 115 mil assinaturas), nunca teríamos chegado ao caos ortográfico em que suicidariamente nos mergulharam. Que este prémio seja um alerta, também para isso.

Nuno Pacheco in:

https://www.publico.pt/2020/10/29/culturaipsilon/opiniao/camara-aznavour-hora-trump-honra-termos-vitor-aguiar-silva-1937041

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:20

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Terça-feira, 13 de Outubro de 2020

«Os candidatos à presidência [da República Portuguesa] deviam assacar responsabilidades ao actual PR, do estado caótico a que a Língua Portuguesa chegou»

 

Nos bastidores deste Blogue, via e-mail, há muita gente que desabafa, troca ideias, critica, porque nem só de pão vivem os Portugueses, e nem todos os Portugueses são servilistas ou indiferentes ao que se passa no nosso desgovernado País, no que a matérias extra-OE, extra-Covid, extra-Trump, extra-Bolsonaro diz respeito.

 

Hoje, quero partilhar convosco o desabafo de um leitor, que podia ser o meu desabafo.

 

O que pensa o cidadão comum sobre os seus governantes não sai nas televisões. Nas televisões só se pronunciam os lambe-botas. Mas existe uma outra realidade, para além dos ecrãs televisivos.

 

Carlos Fernandes.jpg

 

Eis o desabafo de um cidadão pensante, dotado de espírito crítico:

 

«O Senhor presidente da República deve ser o garante do cumprimento da Constituição Portuguesa, em particular de não permitir a continuação do desastroso AO90 (porque não existe Lei alguma que o obrigue a executar).

 

A não actuação neste assunto, de enorme importância para o país, faz dele:

 

Um "Chico-Esperto", vai a todas para cativar o Zé Povinho e granjear votos para mais uns anos de tacho e lazer na próxima presidência. 

 

Desde logo, quanto a este assunto do AO90 versus Desastre Ortográfico (aborto ortográfico, mixórdia ortográfica, cocografia, etc.) os outros candidatos à Presidência, deviam assacar responsabilidades ao PR, do estado caótico a que a Língua Portuguesa chegou.

 

Diz o ditado: "quem cala consente".

É exactamente a este silêncio que o Sr. Presidente se propôs!

 

Continua mudo e surdo, apesar dos diversos apelos efectuados por pessoas de bom senso, carácter e do saber.

 

Resta saber o porquê (...). Melhor do que ninguém será que a candidata Ana Gomes, a mais arguta de todos os candidatos, é capaz de o interpelar sobre este assunto de máxima importância?!

 

Mais uma vez, vamos esperar para ver.

Haja esperança. (A. M.)

 

***

Caro amigo A. M.,

Estou absolutamente de acordo com tudo o que diz.

 

Ainda bem que tocou neste assunto, até porque já tinha intenção de abordar a candidata Ana Gomes publicamente, uma vez que lhe enviei um e-mail no passado dia 7 de Outubro, a solicitar que esclarecesse a sua posição em relação ao AO90, e  aguardo resposta.  

 

Também já lhe deixei na Página da sua candidatura, no Facebook, este apelo:

 

«Seria de toda a conveniência falar sobre o Acordo Ortográfico de 1990, que está a destruir a Língua Portuguesa, é ilegal, inconstitucional, é uma grande fraude e está envolto em obscuras negociatas, colocando Portugal na posição de VASSALO, e a Língua recuada a dialecto. Isto é gravíssimo, e não vejo ninguém preocupado com o facto de Portugal andar a rastejar pelo mundo, reduzido a colónia sul-americana.»

 

MÁRCIO DOS SANTOS.jpg

 

E isto porque já vi textos escritos por Ana Gomes (ou de alguém por ela) na sua página do Facebook, em acordês, dirigidos ao irritável eivado de ignorância "todas e todos", o que me levou imediatamente a retirar-lhe o apoio, que já lhe tinha dado publicamente, até que me esclareça. Porque mais do mesmo, não, obrigada! Já basta o vergonhoso brazuquês de Marcelo Rebelo de Sousa, na página oficial da Presidência da República, sem respeito algum pela Constituição da República Portuguesa.

 

As minhas saudações desacordistas,

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:35

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Segunda-feira, 12 de Outubro de 2020

A obscura questão do AO90: «(…) todo este "cozinhado" de tratamentos à porta fechada, imbuído de secretismos, tudo feito por "detrás da cortina" é que ajuda a explicar os bloqueios das iniciativas ILCAO»…

 

Costumo trocar ideias, com desacordistas, para tomar o pulso à situação caótica que se vive em Portugal, no que a quase tudo diz respeito, mas especificamente no que se refere à pouca-vergonha que evolve a questão da Língua Portuguesa, e que os governantes, silenciam e  fazem-de-conta que não é nada com eles, achando que os Portugueses andam todos a dormir a sesta, particularmente o Chefe de Estado Português, que se mete em tudo e mais alguma coisa, até em matérias que nem sequer são da sua competência, mas foge, como o diabo da cruz,  desta gravíssima questão da Língua Oficial Portuguesa, que está em vias de deixar de ser portuguesa, se nada fizermos para o impedir.

 

Numa dessas trocas de ideias, um Professor aposentado fez uma análise objectiva sobre o estado babelesco da nossa desventurada Nação, e por considerá-la perfeita, decidi partilhá-la com os meus leitores, juntamente com a resposta que lhe dei.

 

Democracia.jpg

 

«Dr.ª Isabel, bom dia, revi os seus links; já os tinha lido, nomeadamente os comentários de Paulo Franchetti, de Sérgio Vaz e do Dr. Ivo Miguel Barroso que esgrime argumentos do domínio da jurisprudência que só reforçam a certeza da  ilegalidade (e eventual inconstitucionalidade) do (dito) AO90; ou seja, tudo não passa de um atropelo grave à Lei, o que reforça a convicção de que não estamos num Estado democrático: as negociatas, os convénios sigilosos - e este caso, em que tudo ficou decidido à porta fechada (?!) entre o indivíduo Casteleiro e o Houaiss só ilustra isso mesmo; aliás o nosso sistema é uma "partidocracia", em que os partidos políticos mais não fazem do que distribuir entre si "tachos", prebendas e lugares "seguros" e protegidos, o que  confere à nossa “democracia”  um aspecto de autêntica palhaçada (como diz o Povo, é tudo "farinha do mesmo saco"). Numa verdadeira democracia, não se assiste a deputados a fazer batota (na A. R.), assinando uns pelos outros (são premiados pela presença, e não penalizados pela ausência !!), sem falar de aspectos caricatos de deputadas que vão para o plenário pintar as unhas, etc. etc..

 

E quando me refiro a partidos há que frisar que se trata somente daqueles que se "vêem", e que são a face visível do iceberg, dado que a parte "imersa", as maçonarias (ou que parece, três confissões) essas é que mexem todos os "cordelinhos", colocando os seus "irmãos" e "confrades" nos melhores postos da máquina do Estado, num secretismo totalmente absoluto, que nada tem que ver com democracia / transparência. 

 

Trago isto à colação só pelo facto de que todo este "cozinhado" de tratamentos à porta fechada, imbuído de secretismos, tudo feito por "detrás da cortina" é que ajuda a explicar os bloqueios das iniciativas ILCAO. É por demais evidente que as Editoras de manuais escolares, dicionários, etc., "coladas" ao Ministério da Educação (e quando eu estava no activo já se falava e se comentavam os dramáticos problemas de solvabilidade e sobrevivência que as afectavam) tudo fazem por se agarrarem ao Poder, por isto mesmo é que o partido do Poder, P.S., nem sequer deixa "mexer" no assunto.

 

Volto a insistir, só com uma acção de "longo curso" a cargo da " linha da frente", só com o repúdio definitivo por parte de Angola (parece já averbado) e do Brasil (toda a esperança mantêm-se de pé) e com o "magistério de influência" de figuras gradas da vida política (…), só com estes argumentos é que eu penso ser possível um volte-face.

 

Há que dar tempo ao tempo.

Um abraço do A. V.

 

Gregório de Matos.jpg

 

Para quem não sabe: Gregório de Matos Guerra, conhecido pela alcunha de Boca do Inferno ou Boca de Brasa (por atacar a Igreja Católica do seu tempo) foi um advogado e poeta português, nascido na então colónia do Brasil, em 1636. É considerado um dos maiores poetas do Barroco em Portugal e no Brasil, e o mais importante poeta satírico da Literatura de Língua Portuguesa, podendo dizer-se que era um autêntico enfant terrible.

 

***

 

A minha resposta:

 

Caro Professor,

 

Vou começar pelo fim: há que dar tempo ao tempo. Há. Nada acontece fora do tempo. Entretanto, o tempo vai passando, e os vícios deste novo dialecto vão-se espalhando, como os tentáculos de um polvo, e os todo-poderosos ganhando terreno, porque os da “linha da frente”, como o professor lhes chama, estão quietinhos no seu canto, enquanto Angola prepara a sua nova Língua, e o Brasil se afasta, cada vez mais, do AO90, que engendrou com Malaca Casteleiro (que Deus o tenha em paz, junto com Antônio Houaiss, uma vez que Evanildo Bechara (que completa a trilogia dos predadores-mor da Língua Portuguesa) do alto dos seus 92 anos, ainda vai fazendo e dizendo das suas.


(…)


É preciso abanar, quiçá, destruir, as estruturas de cimento (bem) armado que o Poder construiu, para manter sequestrada a Língua Portuguesa, enquanto deixa à solta o linguajar feio e pobre, esfarrapado e miserável, engendrado por mentes insanas, para a destruir, com uma finalidade absolutamente insólita.



Quem ousará abanar essas estruturas? Todos os que as poderiam abanar têm algo a perder com a ousadia, daí que não mexam uma palha, para defender e salvar a Língua Portuguesa. E o que fazem aqueles que têm acesso às televisões? Calam-se. (*)


E é isto que tenho a dizer por hoje.

 

As minhas saudações (cada vez mais) desacordistas,

 

(*) Bem, alguns lá vão, esporadicamente e de passagem, dizendo umas e outras contra o AO90. Mas muito esporadicamente e de passagem. Nada que abane as estruturas. Lamentavelmente.


Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:10

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Segunda-feira, 19 de Agosto de 2019

Eis o “impato” do AO90, que tem Portugal como um forte vencedor do “Prémio Nobel” da Estupidez

 

Estes abortos ortográficos são o pão nosso de cada dia nas legendas das televisões portuguesas, que aderiram ao (fraudulento) “pato” realizado entre Portugal, Cabo Verde e Brasil, sendo que aqueles órgãos de comunicação social são os maiores divulgadores destas ignorâncias, a par dos sites oficias do Estado Português, e dos jornais e revistas que “otaram” (já agora, para seguir a irracionalidade acordista) por substituir o Português pelo mixordês.

 

Que isto é uma vergonha, é.

Que todos nós, que temos vergonha na cara, já andamos fartos desta pouca vergonha, andamos.

Que isto não devia estar a acontecer, não devia.

Que os culpados disto andam por aí à solta, a pensar que se livram disto impunemente, andam.

Que isto tem de ter um fim, tem.

 

E que é verdade que tudo faremos para que se mande às malvas este falso “acordo”, que não está em vigor na ordem jurídica internacional, nem na ordem jurídica nacional, é.

 

IMPATO.png

Fonte da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2579615772060112&set=gm.2423670664544101&type=3&theater&ifg=1

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:27

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Segunda-feira, 29 de Julho de 2019

Senhores governantes, como é possível reduzir a zero a aptidão das nossas crianças para a aprendizagem do nosso Português?

 

Recebi via e-mail (no SPAM) esta estranha mensagem:

র্যাংগস তোশিবা নিয়ে এলো বাম্পার গিফটে সুপার ঈদ অফার!

 

Como é óbvio, não entendi nada, mas fui investigar, porque achei lindíssimos e requintadíssimos estes caracteres, e fiquei curiosa para saber a que língua pertenciam (mais do que tentar traduzir a mensagem, que não me interessava nada). Descobri que pertencem à Língua Bengali - língua indo-ariana falada (e escrita) em Bangladesh e no estado indiano vizinho de Bengala Ocidental.

 

Partindo do princípio que as crianças de Bangladesh e de Bengala vão à escola aprender a ler e a escrever esta língua, que é a delas, pus-me a pensar, porque é que estas crianças conseguem escrever numa tal grafia, que convenhamos, é mais complicada (para nós) do que a grafia portuguesa (no desenho das letras) e as crianças portuguesas, no entender dos acordistas, não conseguem escrever na grafia portuguesa, com os respectivos cês e pês no devido lugar, bem como os acentos e os hífenes, tão mais simples do que a grafia Bengali, tendo sido “preciso” adoPtar a grafia brasileira, ainda mais simples, pois suprimiram os cês e os pês a um número indeterminado de vocábulos, porque como vão as crianças (ou devo dizer os adultos) saber que a palavra “direcCtor” é escrita com ?

 

criancas_e_novo_idioma_606x455.jpg

(Foto: Thinkstock/Gettyimages)

 

Qualquer pessoa, minimamente culta e inteligente e informada, sabe que as crianças, a partir dos quatro anos, têm bastante facilidade em aprender várias línguas e respectivas grafias, ao mesmo tempo.

 

Qualquer cidadão, minimamente informado, sabe que a capacidade das crianças para aprender línguas é elevadíssima, conseguindo aprender tantas línguas quantas as que lhes forem ensinadas, porque, as crianças, ao contrário dos acordistas, simplesmente possuem essa capacidade. O cérebro delas está preparado para absorver tudo o que lhes é dado a aprender. Não há, de facto, qualquer impedimento para as crianças portuguesas, relativamente à aprendizagem de várias línguas ao mesmo tempo, nem sequer de grafar uns simples pêzinhos e cêzinhos, uma vez que os grafam no Inglês, no Francês e no Castelhano, que também aprendem. Por que hão-de as crianças portuguesas ter capacidade para aprender o Inglês, o Francês ou o Castelhano, e não têm a mesma aptidão para aprender o nosso Português?

 

Partindo do princípio que a Língua Portuguesa é uma língua, e a Língua (cada vez mais reconhecida como) Brasileira é outra língua, por que não hão-de as nossas crianças aprender a sua própria Língua Materna, agora que já sabem a Brasileira?

 

Foi o que aconteceu comigo aos oito anos (não me canso de repetir): depois de ter aprendido o Brasileiro durante dois anos (dos seis aos oito) regressada a Portugal, aprendi a minha Língua Materna com muita facilidade e muita LEITURA, porque a aprendizagem de uma Língua passa também pela fixação visual: e o que era “setor” passou a ser “seCtor”, muito naturalmente. E de volta ao Brasil, como já sabia grafar à brasileira foi ainda mais fácil regressar ao Brasileiro.

 

Tenho amigos meus, que tiveram de sair de Portugal, para poderem ter uma vida de acordo com o que investiram na sua formação académica (e não andarem para aqui a ganhar cêntimos a vender pipocas, quando podem ganhar um bom ordenado, a trabalhar na profissão dos seus sonhos, e na qual investiram tempo e dinheiro) já com filhos, que iniciaram, em Portugal, a escolaridade (primeiros e segundos anos do ensino básico) e, num espaço de um ano, falam e escrevem correCtamente o Inglês, o Francês e o Alemão, além do “Brasileiro” que lhes foi ensinado em Portugal. Mas não sabem Português.


Então por que querem os acordistas transformá-las nas crianças mais estúpidas do mundo, quando se trata de aprender a Língua Materna delas - o nosso PORTUGUÊS? Deixemos o Brasileiro para os Brasileiros. E acabemos de vez com o AO90, que não serve nenhum país dito lusógrafo. Que se regresse à diversidade, porque a unificação das lusografias é uma miragem no deserto das ideias idiotas, que por aí se alastram.

 

Como é possível medir as aptidões intelectuais das crianças portuguesas, pela descomunal inaptidão intelectual dos acordistas, no que respeita à aprendizagem do nosso Português?

 

Um dos (des)argumentos que os acordistas apresentam, para sustentarem a irreversibilidade do AO90 é a de como vão agora as crianças, que já aprenderam a escrever segundo o AO90 (ou seja, à moda brasileira) aprender a reescrever correCtamente a sua Língua Materna? Muito simples: aprendendo com a maior facilidade, até porque já aprenderam o Inglês, o Francês ou o Castelhano, que lhes é ensinado, com uma vantagem de a Língua Materna delas ter a mesma etimologia dessas outras línguas.

 

Se querem argumentar e ser honestos, argumentem com a VERDADE, apesar de ela ser OBSCURA, porque os Portugueses têm o DIREITO de a saber, e os governantes o DEVER de a dizer (se bem que essa verdade não seja segredo para ninguém). 

 

Por que hão-de os acordistas portugueses apresentar tal parvoíce, como argumento, como se as nossas crianças fossem muiiiiiito, mas muiiiiiito estúpidas, as mais estúpidas crianças do mundo?

 

Em vez de exteriorizarem, deste modo idiota, o vosso analfabetismo funcional, que tal proporcionarem, às nossas crianças, um ensino de Língua Portuguesa de qualidade, base fundamental de uma mais racional aprendizagem de todas as restantes disciplinas, e alicerce primordial para uma comunicação de excelência.

 

Porque é triste, muito triste, lamentável e vergonhoso ler, ver e ouvir o nosso Português tão mal escrito e falado nas televisões, nos jornais, nas revistas e na boca dos governantes, dos políticos, dos jornalistas, dos que acham que escrever “incorrêtamente” é moderno.

 

Não é. O que se passa em Portugal, a este respeito, é um caso de um monumental retrocesso, único em todo o mundo, por se ter passado de cavalo para burro, algo que não passa na cabeça de ninguém, a não ser na cabeça de um acordista.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:27

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