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Terminou ontem, em São Tomé e Príncipe, mais uma reunião da CPLP. Convém descrever brevemente o que é a CPLP. Trata-se da mundialmente famosa Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, uma espécie de “Commonwealth” de trazer por casa entre Portugal e as suas antigas colónias, mais um. Esse “mais um” é a extraordinária Guiné Equatorial, admitida ali há nove anos, a que preside, vai para 45 anos, o sr. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
Em 2014, aquando da absurda admissão da ditadura do sr. Obiang, as “condições” incluíam a “promoção do português” e uma espécie de moratória para a abolição da pena de morte num país que queria integrar uma “comunidade” com alguns pergaminhos nessa matéria, pelo menos por parte da antiga potência “colonizadora” que a abolira há muito. Quanto ao português, ignoro os progressos. E a pena de morte, apesar de teoricamente abolida em Setembro de 2022, ainda consta da Constituição autóctone.
Se falo nisto, é porque à hora que escrevo ainda não é certo que, como desejava nomeadamente Portugal, ali representado por Marcelo e Costa, a próxima presidência da CPLP vá parar às mãos da outra Guiné, a de Bissau. O regime de Obiang estava a pressionar para ser a Guiné Equatorial, como se depreendeu da curta intervenção do seu presidente numa reunião restrita da “cimeira”. Desde 2010 que Portugal foi efectivamente “engolido” no processo de adesão da Guiné Equatorial à CPLP, não obstante a clara oposição do presidente Cavaco Silva. Angola, Moçambique e, muito provavelmente, o Brasil do sr. Lula (a sua antecessora Dilma deixou a coisa passar) são os mais proeminentes apoiantes de Obiang, apesar da natureza do regime, por causa do abençoado dinheiro e dos não menos abençoados negócios.
Para os devidos efeitos, aquilo é uma potência económica, fale, ensine, ou não, português como língua oficial, e elimine ou não de vez a pena de morte. Em 2014, aconteceram umas promessas de negócios com petróleo e, imagine-se, de dinheiro fresco para o Banif que se extinguiria, famosamente, no ano seguinte.
Dito isto, ainda falta o Acordo Ortográfico, que nós oficialmente adoptámos - e que a CPLP, como tal, não - para andar a babujá-lo por livros, escolas e órgãos de comunicação social, em modo original de libertinagem gramatical, nem carne nem peixe, enquanto os nossos parceiros, nomeadamente Angola, praticam o excelente português que herdaram antes de 1990. Já que, pelos vistos, nada se respeita particularmente na frívola CPLP, ao menos respeite-se a matriz de uma língua secular com milhões de falantes pelo Mundo fora.
O autor escreve segundo a antiga ortografia