Um precioso texto do Jornalista Octávio dos Santos, que esmaga (e bem) o AO90 e as individualidades que a ele estão associadas.
Os excertos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue, que também deixa aqui esta Nota:
Para quem não sabe, as palavrinhas “fraturante”, “correto” e “adoção” que aparecem neste texto, lêem-se “frâturant”, “currêtu” e “âdução”m, segundo as regras da Gramática Portuguesa, porque lhes falta o cê e o pê, que servem de sinais diacríticos, para que as vogais possam pronunciar-se abertas: “fráCturant”, “curréCtu”, ”adóPção”.
Isabel A. Ferreira
Uma causa «fraturante»
Para os republicanos de Portugal e do Brasil alterar frequentemente a ortografia da dita «Língua de Camões» tornou-se não só um hábito, mas também uma obsessão, um vício, com várias mudanças prepotentes e incompetentes a ocorrerem nos últimos cem anos. E nenhuma foi, e é, pior, mais ofensiva e mais ridícula do que a consagrada no denominado «Acordo Ortográfico de 1990».
Porquê? Porque, na verdade, não se trata de um acordo, mas sim de um exercício em estupidez, de uma rendição, de uma submissão, por parte de Portugal, aos grupos e às individualidades mais anti-portuguesas no Brasil. Porque é a aceitação de uma «ortografia» absurda, «anti-natura», distópica… porque introduzida e imposta nas terras de Vera Cruz em 1943 por um ditador, Getúlio Vargas, num impulso ultra-nacionalista que visava, ultimamente, cortar o mais possível as ligações, as influências e as ascendências europeias e lusitanas. Compare-se: nenhum país hispânico, nenhuma das ex-colónias espanholas nas Américas cometeu o mesmo crime com o legado linguístico que receberam da metrópole em Madrid; aliás, nenhuma ex-colónia em qualquer parte do Mundo procedeu a uma tal mutilação – de consoantes supostamente «mudas» ou de outras letras – da ortografia recebida da antiga potência colonizadora. Diferenças há sim, evidentemente, e daí as várias variantes de Inglês, Francês… e Castelhano que existem, mas são pequenas, poucas, não significativas.
A «adoção» oficial – mas ilegítima, ilegal, inconstitucional – em Portugal da ortografia brasileira é a expressão máxima da convicção por parte de muitos iludidos deste lado do Atlântico de que os «tugas» devem aceitar e celebrar a supremacia e a superioridade dos «brazucas» a todos os níveis de actividade. Porém, o Brasil não nos respeitará por nos submetermos e ajoelharmos, por – e Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa fizeram isso – elogiarmos o sotaque deles. Tanto mais que o Brasil não é um país «irmão» mas sim um país «filho» de Portugal. E se o «filho» deve respeitar o «pai» este também tem a obrigação se fazer respeitar. Tal não acontecerá se o «pai» aceitar escrever, e até falar, segundo o dialecto degenerado que o seu «filho», em acto de rebeldia, decidiu rabiscar.
A introdução do AO90 em Portugal começou, é certo, com Cavaco Silva, mas a verdade é que a sua imposição só aconteceu de facto com José Sócrates… e com Lula da Silva. É por isso que é contraditório e descredibilizador, para qualquer partido e qualquer político, criticar e condenar aqueles dois presidiários irresponsáveis usando, ao mesmo tempo, a infame ortografia que os dois energúmenos protagonizaram e promoveram. Em Portugal quem obedece ao AO prostra-se perante o PS. Quem critica a Esquerda recorrendo a uma – à sua – linguagem adulterada perde toda e qualquer autoridade moral para a criticar. O AO90 é também como que uma causa «fracturante» (ou «fraturante»), uma medida «politicamente correcta» (ou «correta»), qual aborto ou eutanásia do idioma, uma «transição» da identidade de género da cultura (com «cirurgias» atrozes que se pretendem irreversíveis), uma reparação contemporânea pelos alegados crimes dos antigos conquistadores.
É por tudo isto que o combate anti-acordista, sendo justo, indispensável e urgente, pode e deve ser igualmente um trunfo eleitoral. Tem mais hipóteses de ganhar votos e deputados um partido que se comprometa seriamente e solenemente a acabar definitivamente com este atentado à dignidade nacional. E um excelente meio para esse fim aguarda a sua recuperação das «catacumbas» da Assembleia da República: a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, quiçá a derradeira e maior de todas as petições (e existiram várias ao longo dos anos) contra a aberração, e que, cumprindo todos os critérios exigidos por lei, deu entrada em 2019 para ser depois boicotada, impedida de ser levada a plenário para discussão e votação, pelo PS com a conivência do PSD. Já é mais do que tempo de, também aqui, se dizer, gritar, e escrever, «chega»!
Fonte do texto: https://folhanacional.pt/2024/03/04/uma-causa-fraturante/
Um texto publicado no Jornal Diário de Notícias.
António Araújo é um historiador que escreve de acordo com a Ortografia de 1945, aquela que, de facto, está em vigor, em Portugal.
Sobre o AO90 diz António Araújo, no último parágrafo do seu texto:
«A terminar, e já que falámos de literatura e política, talvez fosse bom repensar de vez o calamitoso Acordo Ortográfico de 1990. Sobretudo, termos presente que, num balanço global, o AO90 não contribuiu em nada, absolutamente em nada, para melhorar as relações culturais entre Portugal e Brasil, as quais, por razões de vária ordem, foram muito mais pujantes em tempos idos - nos anos 1940, 1950, 1960 - do que no presente democrático. Entre outros exemplos, o que se passa no domínio do livro é inconcebível, com os editores portugueses a terem de enfrentar mil e um proteccionismos para, em raros casos, conseguirem colocar os seus livros nas terras de Vera Cruz. De lá para cá sucede o mesmo e, pasme-se, chega a ser mais fácil importar uma obra inglesa ou americana através da Amazon do que mandar vir um livro de uma editora do Rio ou de São Paulo. De que nos serve um acordo ortográfico se depois não podemos comunicar? Faz isto sentido? Que palermice pegada.»
***
De facto, de que nos serve um acordo ortográfico, que apenas os muito ignorantes servilistas portugueses aplicam? É de facto, uma palermice pegada!
O texto de António Araújo, que recomendo vivamente, pode ser consultado neste link:
Isabel A. Ferreira
Um texto que descobri no Blogue DEPROFUNDIS, da autoria de Fernando Vouga, o qual vem ao encontro do que, no meu Blogue, tenho andado a escrever e a publicar.
É que eu não invento nada. E a minha opinião até pode valer zero, mas o que escrevo é o eco dos amantes da Língua Portuguesa.
E não me venham dizer que sou a “chata de serviço", porque chatos são os que insistem em impingir-nos uma ortografia que não nos pertence. Esses é que são chatos, além de muuuuito ignorantes.
Isabel A. Ferreira
Origem da imagem:
https://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/a-importancia-da-lingua-portuguesa-1381869
Por Fernando Vouga
«Aborto Ortográfico
Adaptado de um texto de autor desconhecido
Nossa Língua “perdeu” as suas origens (o Latim), não havendo justificação para a forma como agora querem escrever o “NOSSO” PORTUGUÊS.
EXPLIQUEM AGORA AOS ALUNOS COMO SE FORMARAM ESTAS NOVAS PALAVRAS!!!!!
A MAIS VÁLIDA QUEIXA, SOBRE O "DESACORDO" ORTOGRÁFICO...
"DESAcordo" Ortográfico (*)
O novo "Desacordo" ortográfico é mais uma prova da imbecilidade desta gente que governa Portugal nos últimos 3 decénios!
Nos nossos sete, oito e nove anos tínhamos que fazer aqueles malditos ditados que as professoras se orgulhavam de leccionar. A partir do terceiro erro de cada texto, tínhamos que aquecer as mãos para as dar à palmatória. E levávamos reguadas com erros destes: "ação", "ator", "fato", "tato", "fatura", "reação", etc., etc...
Com o novo acordo ortográfico, voltam a vencer-nos, pois nós é que temos que nos adaptar a eles e não ao contrário. Ridículo...
Mas, afinal de onde vem a origem das palavras da nossa Língua? Do Latim!!! E desta, derivam muitas outras línguas da Europa. Até no Inglês, a maior parte das palavras derivam do latim.
Então, vejam alguns exemplos:
Em Latim
Actor, factor, tacto, reactor, sector, protector, selectio, exacto, excepto, baptismus, excepcio, optimus,
Em Francês
Acteur, facteur, tact, réacteur, secteur, protecteur, sélection, exacte, excepté, baptême, exception, optimum,
Em Espanhol
Actor, factor, tacto, reactor, sector, protector, selección, exacto, excepto, (-), excepción, (-),
Em Inglês
Actor, factor, tact, reactor, sector, protector, selection, exact, except, baptism, exception, optimum,
Até em Alemão, reparem:
Akteur, faktor, takt, reaktor, sektor, protektor, (-)(-)(-)(-)(-)(-)
Velho Português (o que desleixámos)
Actor, factor, tacto, reactor, sector, protector, selecção, exacto, excepto, baptismo, excepção, óptimo,
Novo Português (importado do Brasil)
Ator, fator, tato, reator, setor, protetor, seleção, exato, exceto, batismo, exceção (sendo que no Brasil se escreve excePção), ótimo...
Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente.
Se a origem está na Velha Europa, porque é temos que imitar os do outro lado do Atlântico?
Mais um crime na Cultura Portuguesa e, desta vez, provocada pelos nossos intelectuais da Língua de Camões.
Ex.: Será que fui de fato à praia?
... Na tourada, estavam 2000 espetadores!
...etc., etc.
Porque se escreve Egito se os naturais desse país são Egípcios?
Ainda não percebi se com o novo Desacordo ortográfico os Polacos também passaram a ser Poloneses e os Canadianos agora são Canadenses, como se diz nas Terras de Vera Cruz …
Inovações sim, mas sem exageros e com coerência !!!
(*) Não existe qualquer acordo, mas sim a "Resolução do Conselho de Ministros" n.º8/2011.
Nenhum dos Países da CPLP subscreveu esta "Resolução" (nem a Guiné Equatorial...)
NOTA: quem "faz" a língua são os falantes e não os académicos ou os políticos. Por outro lado, a língua escrita está subordinada à falada e não o contrário.
De qualquer forma, à medida que a língua falada evolui, torna-se necessário, de vez em quando, fazer alterações à forma de a escrever. O que é muito diferente de aproximar a escrita do registo brasileiro (algo que ninguém sabe ao certo o que é).
Neste "desacordo" o que me parece mal é o exagero insensato e imprudente das alterações impostas (pela via administrativa).
Acabe-se com ele o mais depressa possível, para nosso bem e, sobretudo das nossas crianças.»
Fernando Vouga
Fonte:
https://deprofundis.blogs.sapo.pt/aborto-ortografico-165526
Não estranhei absolutamente nada quando li a frase supracitada, no “assunto”, de um e-mail que me foi dirigido por Sérgio Lopes. Apenas fiquei muito curiosa, obviamente.
E se há por aí alguns Portugueses e Brasileiros que, por uma conveniência mais política do que linguística, não aceitam a existência de um Movimento pela Língua Brasileira, outros há que, muito pela calada, se movimentam no sentido de elevarem o mal denominado “Português do Brasil” a Língua Brasileira.
E eu, como conhecedora da cultura brasileira, dos desígnios brasileiros, da política brasileira, e principalmente do imo brasileiro, só tenho a dizer força, Brasil!
O que se escreve e fala no Brasil é, de facto, uma nova língua, derivada da Língua Portuguesa. Não sei por que existe tanta resistência, em Portugal, a admitir tal facto, quando, no Brasil, falar de Língua Brasileira já é uma realidade.
O que se segue é a troca de e-mails entre mim e o Sérgio Lopes (com o seu consentimento), acerca deste facto, que os menos esclarecidos se recusam a aceitar como verdadeiros.
Nos tempos que correm (e espera-se que por pouco tempo) Portugal é uma extensão do Brasil, no que à Língua diz respeito (ou não pugnasse o AO90 pela grafia brasileira), até porque, na Internet, a bandeira portuguesa foi substituída pela bandeira brasileira, para designar o Português que, obviamente, não é português.
Escreveu Sérgio Lopes:
Ouso enviar-lhe estes links na eventualidade de os não conhecer.
Gosto das suas intervenções.
Saudações
A hora e a vez do português brasileiro
Afinal, existe 'língua brasileira'?
http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/afinal-existe-lingua-brasileira.html
A LÍNGUA BRASILEIRA
Excerto: Embora no início do século XIX muito se tenha falado da língua brasileira, como a Constituição não foi votada, mas outorgada por D. Pedro, em 1823, decidiu-se que a língua que falamos é a língua portuguesa. E os efeitos desse jogo político, que nos acompanha desde a aurora do Brasil, nos faz oscilar sempre entre uma língua outorgada, legado de Portugal, intocável, e uma língua nossa, que falamos em nosso dia-a-dia, a língua brasileira. É assim que distingo entre língua fluida (o brasileiro) e a língua imaginária (o português), cuja tensão não pára de produzir os seus efeitos.
https://brasiliano.wordpress.com/2008/09/22/a-lingua-brasileira-2/
Sérgio Lopes
***
A minha resposta foi a seguinte:
Caro Sérgio Lopes,
Agradeço a sua mensagem e a sua gentileza, e os links que me enviou.
Os dois primeiros eu não conhecia.
O último, o da Eni P. Orlandi, conhecia, e já o publiquei no meu Blogue, faz algum tempo.
Para falar da “Língua Brasileira”, sou uma privilegiada, pois frequentei escolas brasileiras desde a primária à universidade, intercalando com a frequência em escolas portuguesas, também desde a primária à universidade. E o que tenho a dizer sobre isto, é que a Língua que se fala e escreve no Brasil é a Língua Brasileira, (com toda a justiça) e não a Portuguesa.
Estou com os brasileiros que pugnam pela Língua Brasileira, e defendo-a com a mesma garra com que defendo a minha Língua Portuguesa.
Não estou com os brasileiros quando eles dizem que o Português é a língua mais horrorosa do mundo, porque não é. É uma das línguas mais ricas e belas do mundo, de acordo com os estudiosos das línguas indo-europeias. Só os que nada sabem desta língua podem dizer tal disparate.
Também não estou com os brasileiros, na questão da imposição da grafia brasileira aos restantes países lusógrafos, com a invenção do pseudo-AO90, que não passa da maior fraude de todos os tempos.
De todos os países que herdaram a Língua Portuguesa e a têm como língua oficial, apenas o Brasil a deturpou, a mutilou, e dela se afastou substancialmente, americanizando-a, afrancesando-a, castelhanizando-a, italianizando-a, para não falar na introdução dos milhares de vocábulos indígenas e africanos (que aliás só a enriqueceram sobremaneira) e tudo isto confere-lhe o estatuto de uma nova língua, oriunda da Portuguesa, mas que já não é portuguesa.
Conheço as duas línguas como as palmas das minhas mãos. E, na realidade, são duas línguas diferentes.
Irei ler com mais atenção os textos que enviou, porque já vi que tenho ali muito pano para mangas, e não só, visando elaborar um texto para o Blogue.
Os meus agradecimentos e as minhas saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
***
Do que li nos textos enviados pelo Sérgio Lopes, tudo espremidinho, dá o seguinte: existe um grande equívoco por parte dos brasileiros (e também dos acordistas portugueses) quando metem a Língua Portuguesa no saco das Variantes. E a Língua Portuguesa não é uma variante (ando sempre a repetir isto). A Língua Portuguesa é a ORIGEM das variantes, assim como o Latim não era uma variante entre os diversos dialectos (em que o galaico-português se incluía) que do Latim se originaram. O Latim era a ORIGEM. E a Língua Portuguesa, logo que se implantou como Língua, também é a Origem. Não uma variante.
E é esse grande equívoco que leva a que Portugal, um país que já foi livre, esteja actualmente dominado pela variante brasileira (ou dialecto, vai tudo dar ao mesmo), tendo perdido a sua identidade portuguesa, apenas porque os governantes portugueses, neles incluído o presidente da República, ou sofrem de um gigantesco complexo de pequenez, e acham que se se colarem ao Brasil ficam gigantes, ou andam a mando de alguma força oculta.
E como eu, e muitos como eu, gostaríamos de estar enganados, quando dizemos que a Língua Brasileira nunca esteve tão perto de ser implantada, e a Língua Portuguesa de desaparecer!!!!
***
Entretanto, enviei este outro e-mail ao Sérgio:
Caro Sérgio Lopes,
Agradeço o seu e-mail, com o qual não podia estar mais de acordo. Tão de acordo que quero pedir-lhe permissão para integrar as partes que dizem respeito ao Brasil, à Língua, ao AO90, aos indígenas, num texto acerca desta matéria.
Eu não sou perita em Ciências da Linguagem, apenas tenho a Língua Portuguesa como o meu mais precioso instrumento de trabalho, já leccionei Português, e aprofundei o meu conhecimento da Língua, nessa altura, em Portugal, e conheço a riqueza da Língua Brasileira, para a considerar uma outra língua. Apenas isso.
Quanto aos neo-brasileiros estou completamente de acordo consigo, que também andou por lá, e sabe como é. Sempre defendi que os verdadeiros “donos” do Brasil são os indígenas, e não o povo que veio depois de os Portugueses terem achado as terras de Vera Cruz, e que nada fez para engrandecer o Brasil depois da independência.
Um destes dias enviaram-me um texto incrível que pode ver aqui:
o que me levou a deixar lá um comentário, que não foi aprovado, e está-se mesmo a ver porquê. E o comentário dizia o seguinte:
O que não se inventa para deturpar a História comum do Brasil e Portugal, tentando com isso atenuar o gigantesco complexo de colonizado, entranhado em alguns "brasileiros" (?), que não aceitam o seu passado. Todos os países, de uma forma ou de outra foram colonizados. Portugal foi colonizado por vários povos. De todos eles recebeu benefícios, e todos eles fazem parte da História de Portugal. Complexo para quê? Porquê?
É de realçar que, de todos os países colonizadores (Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Holanda - algo que pertence a uma época específica, tal como a pré-história é pré-histórica) Portugal foi o menos bárbaro e o que mais legado cultural deixou. Não extinguiu nenhuma civilização autóctone, e foi também o menos racista e xenófobo.
Não vejo qualquer motivo, para andar a escarafunchar historietas, para justificar um passado que na realidade não existiu, ou seja, o de que o Brasil não foi colónia.
Melhor fariam atirar o complexo de colonizado a um abismo, e tentar construir um grande país, que desde 1822 é livre, e ainda não encontrou o seu rumo.
Cortem o cordão umbilical que ainda liga o Brasil ao colonizador, como todos os povos colonizados fizeram, e deixem o passado no lugar dele. Vivam o presente e construam o futuro, como um povo livre. Até ao momento, e desde 1822, os Brasileiros são escravos do seu passado português. Libertem-se, de uma vez por todas. A começar pela Língua. Assumam que ela é a Língua Brasileira, porque ela é, e vivam a vossa vida brasileira, porque nós por cá, queremos viver a nossa vida portuguesa, sem colonizados agarrados ao nosso pé. O tempo da colonização acabou. Pertence ao passado, que ninguém pode mudar ou apagar.
Digo isto com amizade. Sem mágoa. Sem remorsos. Sem culpas.
E tenho quase a certeza, (este quase é muito fraquinho) de que esta imposição do AO90 a Portugal é a vingança desses “brasileiros” complexados.
(…)
As minhas mais cordiais saudações desacordistas,
Isabel A. Ferreira
***
O Sérgio escreveu:
Cara Isabel,
«Agradeço o seu amável retorno e, desde já lhe digo, que estou consigo quanto à aspiração dos (neo*) brasileiros de rebaptizar a sua língua. Alguma razão há para não existirem acordos ortográficos nos espaços anglófonos, francófonos e “hispanófonos”. O simples bom-senso, que faltou aos promotores do OA90 e antecessores, dita-nos que uma língua uma vez exportada para fora do seu habitat geográfico natural, sofre influências tais de ordem fonética e lexical a ela estranhas que não permitem a sua unificação.
O “brasileiro” é disso um rico exemplo, agravado pela noção de que em termos linguísticos não existe “o certo, nem o errado, existe o diferente”. Facto que, eventualmente, com tantos "diferentes" empurrará o Brasil a dividir-se em vários dialectos. Por motivos de ordem profissional conheço o Brasil de lés-a-lés, onde estive expatriado, primeiro como director-comercial, e uma segunda vez como director-geral de uma transnacional que tinha e tem filiais espalhadas por todo aquele imenso país-continente.
Bom, mas a eventual divisão em dialectos não é um problema português… O que é interessante notar é que a história da língua inglesa exportada da Europa para os EUA, não é muito diferente da língua portuguesa exportada para o Brasil. Os índios, os escravos e até os colonos franceses, holandeses (Nova Iorque nasceu de Nieuw-Amsterdam), etc., influenciaram a língua hoje falada nos EUA. O que não causa o alarido que no nosso caso se faz sentir e ouvir!
Reconheço, porém, que a Isabel reúne as condições ideais e muito superiores às minhas para julgar este tema. Eu conheci o uso da razão em Angola, fiz o liceu antigo num colégio interno em Portugal e estudos superiores em língua inglesa em Cape Town, na anda África do Sul do Apartheid, licenciatura, e o mestrado em Plantation, Flórida nos EUA.
A justificação dada pela parte portuguesa dos promotores do AO90 é completamente tola, imbecil mesmo. A Isabel verá que defendendo a preservação da língua, o Casteleiro e companhia caíram na ratoeira dos promotores da “língua Brasileira”! E correram o risco de deixar Portugal sozinho, com uma língua mutilada!!!
Retribuo as saudações “desacordistas” e votos das maiores venturas.
Sérgio Lopes
Nota* - para mim os actuais habitantes não indígenas do Brasil são-neo-brasileiros, dado que os índios são os verdadeiros aborígenes. Pena é que ainda estejam sob a tutela do "Estatuto do Índio" nome como ficou conhecida a lei 6.001. Promulgada em 1973, ela dispõe sobre as relações do Estado e da sociedade brasileira com os índios. Em linhas gerais, o Estatuto seguiu um princípio estabelecido pelo velho Código Civil brasileiro (de 1916): de que os índios, sendo "relativamente incapazes", deveriam ser tutelados por um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio - SPI; actualmente, a Fundação Nacional do Índio - Funai) até que eles estivessem “integrados à comunhão nacional”, ou seja, à sociedade brasileira…
Uma coisa é certa, durante mais de 300 anos só imigraram portugueses, quase exclusivamente, para a terra que recebeu o nome de Brasil. E durante esse tempo, quase só homens, facto que explica a miscigenação massiva com índios e africanos. Ora, ninguém se coloniza a si próprio, portanto, conquanto os índios pudessem reivindicar o estatuto de colonizados, curiosamente são os descendentes dos supostos "colonizadores" que o fazem e com tanto empenho. A imigração de italianos, franceses, alemães, árabes, asiáticos, etc., em números significativos deu-se já depois da independência, portanto, mais uma vez, não foram colonizados... Tenho para mim que é este complexo do "falso colonizado" que tem travado a ascensão do Brasil ao mundo desenvolvido. Lamentável!
Sérgio Lopes
***
Também lamento muito. E não só lamento, como me questiono: por que é que estas questiúnculas só existem entre Portugal e Brasil, e não com mais nenhuma outra ex-colónia?
Alguma coisa está mal, nesta relação luso-brasileira, e tem de ser resolvida, para que o Brasil possa cumprir a sua brasilidade, e Portugal recuperar a sua identidade europeia.
Isabel A. Ferreira
Um texto que descobri no Blogue DEPROFUNDIS, da autoria de Fernando Vouga, o qual vem ao encontro do que, no meu Blogue, tenho andado a escrever e a publicar.
É que eu não invento nada. E a minha opinião até pode valer zero, mas o que escrevo é o eco dos amantes da Língua Portuguesa.
E não sou, de modo algum, a “chata” de serviço, porque chatos são os que insistem em impingir-nos uma ortografia que não nos pertence. Esses é que são chatos, além de ignorantes.
Origem da imagem:
https://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/a-importancia-da-lingua-portuguesa-1381869
Por Fernando Vouga
«Adaptado de um texto de autor desconhecido
Nossa Língua “perdeu” as suas origens (o Latim), não havendo justificação para a forma como agora querem escrever o “NOSSO” PORTUGUÊS.
EXPLIQUEM AGORA AOS ALUNOS COMO SE FORMARAM ESTAS NOVAS PALAVRAS!!!!!
A MAIS VÁLIDA QUEIXA, SOBRE O "DESACORDO" ORTOGRÁFICO...
"DESAcordo" Ortográfico (*)
O novo "Desacordo" ortográfico é mais uma prova da imbecilidade desta gente que governa Portugal nos últimos 3 decénios!
Nos nossos sete, oito e nove anos tínhamos que fazer aqueles malditos ditados que as professoras se orgulhavam de leccionar. A partir do terceiro erro de cada texto, tínhamos que aquecer as mãos para as dar à palmatória. E levávamos reguadas com erros destes: "ação", "ator", "fato", "tato", "fatura", "reação", etc., etc...
Com o novo acordo ortográfico, voltam a vencer-nos, pois nós é que temos que nos adaptar a eles e não ao contrário. Ridículo...
Mas, afinal de onde vem a origem das palavras da nossa Língua? Do Latim!!! E desta, derivam muitas outras línguas da Europa. Até no Inglês, a maior parte das palavras derivam do latim.
Então, vejam alguns exemplos:
Em Latim
Actor, factor, tacto, reactor, sector, protector, selectio, exacto, excepto, baptismus, excepcio, optimus,
Em Francês
Acteur, facteur, tact, réacteur, secteur, protecteur, sélection, exacte, excepté, baptême, exception, optimum,
Em Espanhol
Actor, factor, tacto, reactor, sector, protector, selección, exacto, excepto, (-), excepción, (-),
Em Inglês
Actor, factor, tact, reactor, sector, protector, selection, exact, except, baptism, exception, optimum,
Até em Alemão, reparem:
Akteur, faktor, takt, reaktor, sektor, protektor, (-)(-)(-)(-)(-)(-)
Velho Português (o que desleixámos)
Actor, factor, tacto, reactor, sector, protector, selecção, exacto, excepto, baptismo, excepção, óptimo,
Novo Português (importado do Brasil)
Ator, fator, tato, reator, setor, protetor, seleção, exato, exceto, batismo, exceção (sendo que no Brasil se escreve excePção), ótimo...
Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente.
Se a origem está na Velha Europa, porque é temos que imitar os do outro lado do Atlântico?
Mais um crime na Cultura Portuguesa e, desta vez, provocada pelos nossos intelectuais da Língua de Camões.
Ex.: Será que fui de fato à praia?
... Na tourada, estavam 2000 espetadores!
...etc., etc.
Porque se escreve Egito se os naturais desse país são Egípcios?
Ainda não percebi se com o novo Desacordo ortográfico os Polacos também passaram a ser Poloneses e os Canadianos agora são Canadenses, como se diz nas Terras de Vera Cruz …
Inovações sim, mas sem exageros e com coerência !!!
(*) Não existe qualquer acordo, mas sim a "Resolução do Conselho de Ministros" n.º8/2011.
Nenhum dos Países da CPLP subscreveu esta "Resolução" (nem a Guiné Equatorial...)
NOTA: quem "faz" a língua são os falantes e não os académicos ou os políticos. Por outro lado, a língua escrita está subordinada à falada e não o contrário.
De qualquer forma, à medida que a língua falada evolui, torna-se necessário, de vez em quando, fazer alterações à forma de a escrever. O que é muito diferente de aproximar a escrita do registo brasileiro (algo que ninguém sabe ao certo o que é).
Neste "desacordo" o que me parece mal é o exagero insensato e imprudente das alterações impostas (pela via administrativa).
Acabe-se com ele o mais depressa possível, para nosso bem e, sobretudo das nossas crianças.»
Fernando Vouga
Fonte:
https://deprofundis.blogs.sapo.pt/aborto-ortografico-165526
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