CAPÍTULO I Disposição geral Artigo 1.º (Línguas oficiais)
1. As línguas chinesa e portuguesa são as línguas oficiais de Macau. 2. As línguas oficiais têm igual dignidade e são ambas meio de expressão válido de quaisquer actos jurídicos. 3. O disposto nos números anteriores não prejudica a liberdade de escolha, por cada indivíduo, da sua própria língua e o direito de a utilizar na sua esfera pessoal e familiar, bem como de a aprender e ensinar. 4. A Administração deve promover o ensino das línguas oficiais, bem como a sua correcta utilização.
Muito se tem falado da CPLB, sempre torcendo a realidade para dar a entender que aquilo serve para mais alguma coisa além de encobrir politicamente o expansionismo brasileirista, mas na verdade essa fictícia “comunidade” de homens de negócios e caciques sortidos jamais fez fosse o que fosse além daquilo que identifica os dois tipos de sócios, ou seja, negócios para alguns e caciquismo para os restantes.
A Comunidade dos Países de Língua Brasileira, essa espécie de entidade especializada em efabulações — cuja eficácia apenas pode ser comprovada por alucinada estimativa, isto é, especulando sobre o número de débeis mentais que tais patranhas engolem — mas apenas interessada em cumprir à risca o planode a)linguicídio, b)aculturaçãoe c)anexação,nunca mexeu uma palha que escapasse à “lógica” imediatista do lucro.
A Guiné Equatorial, um pequeno país de língua espanhola (Castelhano)governado pelo ditador Obiang, aderiu à confraria sem a menor dificuldade ou sequer um assomo de dignidade (e muito menos de indignação) por parte do28.º Estadoou da “metrópole” federal.
Timor-Leste, um Estado-membro “exótico” onde menos de 10% entendem, 5% falam e 1% escrevem Português, recebeu o PR tuga pelo 20.º aniversário da independência e o dito convidou os timorenses para “irem mais a Portugal” (ver/ouvirreportagem, a partir dos 3m26s). À excepção dos professores de Português (portugueses, eu próprio fui um deles) e dosbrasileiros que por lá já vão parando (a Austrália é logo ali), a CPL”P” não mete o bedelho na Terra do Sol Nascente.
Se o Brasil é o “gigante” que tantos pategos tugas admiram, então Angola e Moçambique são dois grandes matulões que os mesmos pategos menosprezam. Assinaram ambas as fantochadas, CPL”P” e #AO90, mas não participam de forma alguma em qualquer dos acordos inventados pelo Brasil com a conivência de alguns mercenários portugueses.Nem Angola nem Moçambique ratificaramou sequer dão sinais de pretenderem sujeitar-se à língua brasileira.
Por fim, Macau. Apesar de recentemente ter havido algumas incursões exploratórias, a armar à“difusão e expansão” da língua brasileira, Macau ainda conserva algum tipo de imunidade tanto ao vírus do enriquecimento súbito (e brutal) como em relação a febres demagógicas e hemorragias de palavras ocas. Trata-se de uma região autónoma comGoverno próprio, e ainda bem — no caso — que a China é um verdadeiro gigante ao pé do qual o Brasil (mais de seis vezes menor) terá de provar do seu próprio veneno supremacista. Resguarda-se assim Macau de contaminações, aquele belíssimo enclave, preservando em pleno viço o idioma de Camões.
Até quando se queixam de alguma coisa relacionada com a Língua Portuguesa, aos macaenses — honra lhes seja feita — apenas interessa resolver de imediato qualquer problema. Não fazem queixinhas a ninguém e nem lhes ocorre, decerto porque não são parvos, esperar que a CPLB vá lá impor-lhes a “língua universau”.
A este deputado Che Sai Wang não condecora o outro, o brasileirista-mor, o fulano dos “afetos”.
Criticada falta de meios e traduções tardias – Hoje Macau
Português | Criticada falta de meios e traduções tardias
Che Sai Wang considera que os órgãos executivo, legislativo e judicial são maus exemplos da utilização da língua portuguesa. O deputado recorda aos governantes que o idioma de Camões também é oficial e pede medidas face à sua desvalorização
Apesar de o português ser uma língua oficial do território, os órgãos executivo, legislativo e judicial caracterizam-se por constantes limitações na utilização do idioma. A crítica é feita pelo deputado Che Sai Wang, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), numa interpelação escrita em que pede medidas para contrariar esta tendência.
Uma das principais críticas de Che, tem a ver com o tempo que as autoridades demoram a fazer traduções do chinês para o português. E o deputado destaca o caso dos tribunais. “É necessário muito tempo para carregamento dos acórdãos dos diferentes tribunais no website. A publicação mais recente do Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base foi no dia 28 de Abril de 2022, e a publicação mais recente do Juízo Laboral foi no dia 21 de Janeiro de 2021. Não obstante a publicação mais recente do Juízo Criminal ter sido no dia 18 de Janeiro de 2023, a data da publicação anterior foi no dia 8 de Outubro de 2021, ou seja, registou-se um intervalo de dois anos”, apontou Che.
O Governo também não se livra de críticas, principalmente devido à suposta promoção da governação electrónica. Para Che é uma implementação a duas velocidades, em que a língua portuguesa é sempre descurada.
“O Governo não tem parado de realçar a necessidade de se continuar a promover o governo electrónico, mas a não divulgação atempada de informações impossibilita o respectivo acesso por parte do público, impedindo a implementação do governo electrónico e prejudicando o direito à informação dos residentes”, acusa.
Vamos lá “optimizar”
Num contexto em que a língua portuguesa está cada vez mais de marcha-atrás engatada, Che quer saber o que vai ser feito para “assegurar a utilização simultânea das duas línguas”. “De que medidas dispõe para o efeito?”, questiona. “O Governo deve ainda recrutar mais tradutores e actualizar, atempadamente, as informações em ambas as línguas, para evitar prejudicar os direitos e interesses dos residentes ao nível da respectiva consulta. Vai considerar fazê-lo?”, pergunta.
Ao mesmo tempo, Che WaiSang questiona o número de serviços do Governo com capacidade efectiva para cumprir as leis em vigor, no que diz respeito à utilização do português.
“Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º101/99/M, ‘[t]odos têm o direito de se dirigir numa das línguas oficiais, oralmente ou por escrito, a qualquer órgão da Administração, bem como às entidades concessionárias no exercício de poderes de autoridade, e a receber resposta na língua oficial da sua opção.’ Actualmente, quantos serviços públicos cumprem e põem em prática, com rigor, esta norma?”, interroga.
[Transcrição integral de artigo publicado no jornal “Macau Hoje de 02.03.23. Destaques meus. Imagem de topo de:semanário “Ponto Final”(também de Macau e também em Português)]
[Nota: não é mera coincidência o padrão da calçada portuguesa em Macau ser igual ao da imagem de cabeçalho do Apartado 53. Trata-se, evidentemente, de um traço cultural sui generis que se encontra em todos os países e territórios que foram outrora colónias portuguesas. Incluindo o Brasil.]
Para que se entenda minimamente o processo de neo-colonização invertida, incluindo os diversos meios envolvidos na intoxicação da opinião pública e nos apoios políticos que suportam ideologicamente tal perversão da História, conviria ao menos atender a alguns pressupostos elementares.
Do ponto de vista dos brasileiros, em geral e em particular, a premissa básica reside numa espécie de silogismo — que seria absolutamente risível se não fosse miseravelmente triste:
Primeiro — Portugal “invadiu” o Brasil (que, por mero acaso, não existia na época) no ano da graça de 1500 e por ali se entreteve até 1822 “roubando o ouro brasileiro” e “escravizando” e “exterminando” os brasileiros.
Segundo — Portugal vive ainda hoje à custa do “ouro roubado ao Brasil”, ao que acresce a fortuna constituída pelos fundos provenientes da União Europeia.
Logo, portanto — o Brasil tem toda a legitimidade “histórica” não apenas para se vingar da exploração desenfreada a que os brasileiros “foram” sujeitos pelos tugas, como também para que Língua e Cultura do antigo colonizador sejam agora substituídas pelas do (coitadinho do) povo anteriormente colonizado.
Além da reposição da “justiça” histórica (com efeitos retroactivos) temos, por conseguinte, o dever de ficar para sempre gratos — há dívidas que jamais prescrevem porque nunca poderão ser liquidadas — pelo facto de o Brasil exportar para Portugal, quase integralmente grátis, além de jogadores de futebol e telenovelas, também o seu “fálá”, o seu “isscrêvê” e, de resto, todo o seusambístico circo. Trata-se, segundo esta arrepiante lógica, de uma tomada de posse sumária, nada mais do que mera recuperação por perdas e danos, em simples exercício do seu deles direito natural.
Do programa oficial de ensino da disciplina de História do lado de lá:
《A colonização portuguesa no Brasil se efetivou a partir da exploração, povoamento, extermínio e conquista dos povos indígenas (povoadores) e das novas terras.》 《A colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar, exterminar, explorar, povoar, conquistar e dominar.》 《A partir de então, já sabemos de uma coisa, que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, pois afirmando isto, estaremos negligenciando a história dos indígenas (povoadores) que viviam há muito tempo neste território antes da chegada dos europeus.》[“Brasil Escola”]
Por amostras deste calibre poderá julgar alguém que não é normal a política “educativa” do Estado brasileiro servir o objectivo político de disseminar — desde o ensino básico — a lusofobia, levando os brasileiros adetestar o tuga, colonizador, “ladrão” e “imbéciu”?
E, já agora, aproveitando o ensejo de estarmos a falar de imbecis, mai-las suas alarvidades, seria avisado atendermos também àquilo que move alguns portugueses coniventes — ou, em rigor, detentores de passaporte português –, os brasileiristas empedernidos, os bajuladores, subservientes e lacaios, os pategos deslumbrados com o pretenso gigantismo do “país-continente”.
Evidentemente, o primeiro factor a considerar para explicar esse fenómeno inexplicável é o chamado complexo do colonizador. O qual só por si não explica grande coisa (pois, naturalmente, daí o termo “complexo”) mas contribui para que entendamos as reacções de coitadismo militante que resulta de um outro complexo decorrente do primeiro: o complexo de culpa. Sintetizando em extremo uma série de processos mentais… complexos, o cidadão de um país que foi em tempos potência colonial sente imensa culpa não apenas por isso mesmo, a priori, como ainda mais pelos putativos maus-tratos e violências que os seus antepassados terão exercido sobre o (coitadinho do) indigenato das colónias, e portanto cabe às gerações actuais expiar as culpas, sejam elas reais ou imaginárias, mas tendo de passar necessariamente por reais, dos seus maldosos, sanguinários antepassados.
É certo, se bem que simultaneamente absurdo, que ainda hoje, para alguns portugueses, mesmo não tendo absolutamente coisa alguma a ver com qualquer das ex-colónias portuguesas (e, por maioria de razões, até porque já lá vão dois séculos de independência, quanto ao Brasil), o complexo de culpa implica um sentimento — apenas latente ou claramente expresso — da necessidade de uma punição, um correctivo urgente; a qual punição bem depressa trepará da esfera meramente pessoal para o plano colectivo. Ou seja, se o tuga “acha” que os brasileiros foram todos brutalmente violentados, salvo seja, pelo (maldito) colono dos séculos XVI a XIX, então todo o povo português deve “pagar” por isso — e pagar com língua de palmo, que nestas coisas terríveis não há cá borlas nem pechinchas.
Portanto, vá de “ceder”. E conceder. E ceder de novo. E as vezes e o que mais for preciso. Para pagar a “dívida” histórica não existem infelizmente empresas ou serviços especializados em cobranças difíceis, portanto o plano prestacional será para todo o sempre e a ele ninguém poderá escapar. “Nós” (ou seja, eles, mas, como sabemos, para eles, eles são “nós”), e isto já sem contar com os mercenários, vendidos, políticos, agentes, jornalistas e outros “intelectuais” por conta, temos obrigatoriamente de abrir mão de tudo — mas de tudo mesmo, sem a mais ínfima reserva, nem sequer a de carácter — e de “lhes” dar tudo aquilo que a “eles” apetecer.
Dos dois posts anteriores(1,2)sobre o Tratado de Igualdade de Direitos, não consta uma única referência a esse Estatuto de Igualdade, expressa ou mesmo subentendida, que tenha alguma vez surgido na imprensa ou em qualquer outro meio de comunicação (rádio, televisão, Internet); não existe também, realce-se de novo, uma só mençãoàquele Tratado internacionalem qualquer dos acordos subsequentes (#AO90,Acordo de Mobilidade,Estatuto de Igualdadeetc.). Realmente, é muito estranho tanto silêncio sobre um tema que fornece respaldo legal a todos os demais acordos entre os dois Estados.
Os documentos de carácter legislativo acumulam-se e outro tanto sucede com outros tipos de registos, uns formais, outros nem por isso, mais as notícias, umas reais e outras meramente propagandísticas, com as inerentes e decorrentes consequências… práticas.
Até ver, a coisa vai correndo pelo melhor, tudo nos conformes, para os interesses geoestratégicos e económicos de uma das partes e para as contas bancárias de alguns traficantes da outra. Veremos então se Portugal já é de facto — porque jamais o será de direito — o 28.º estado brasileiro.
Talvez convenha, portanto, para facilitar o entendimento de uma questão com tudo para ser um problema, passar a referenciar sequencialmente a série de “posts” sobre este tema, o qual poderemos genericamente intitular como “O AO90 é um todo ou uma parte?”
Desta vez por excepção, muito aocontrário do habitual, recebi não apenas o original em papel como cópias integrais do artigo por e-mail, Messenger e SMS. O que se segue é, portanto, uma transcrição feita — para variar — na maior das calmas, tecnicamente falando, mas não tanto assim no que ao texto diz respeito.
Na verdade, o aparente fait divers tambémaqui relatado, envolvendo a agremiação profissional dos professores de brasileiro (vulgo, APP), surge neste texto com um tom algo… subsidiário. A começar logo pela forma verbal “livrem-se” e da formulação “nem para isto serve”, ambas utilizadas no título e desenvolvidas no texto propriamente dito. Na óbvia presunção de que se trata daquilo que à Língua nacional respeita e, concretamente, em que medida o AO90 a afectou, com que indesculpável gravidade os professores traíram a sua missão, então seria mais do que legítimo que ao menos os bois fossem chamados pelos nomes.
Ao não apenas acatar sem a menor hesitação como ao promover a ignorância, os sindicatos da classe professoral, com a bovina anuência de grande parte dos próprios “mestres”, traíram não “apenas” a Língua Portuguesa, a Cultura e a identidade nacionais, como também a própria dignidade (e a finalidade) da classe docente. Traíram a Língua dos seus alunos, dos pais destes e de todos os seus antepassados; portanto, traíram a História, o que equivale a dizer que traíram o seu país. Traíram ao trocar o Português por um linguajar alienígena e, num acrescido assomo de malvadez, colaborando activamente na sua difusão e propaganda — ou seja, deixaram de dar aulas e passaram a fazer lavagens a cérebros em formação. Traíram com a sua cobardia e a sua impassibilidade (não existem nem passividade nem neutralidade nisto) e, em suma, acabaram por trair a sua própria consciência — ou, em última análise, traíram a si mesmos.
Pode parecer estranho, mas a Associação de Professores de Português resolveu acordar para um magno problema: o das variedades da língua e o seu impacto nas escolas. Seria mais adequado chamar-lhes variantes, embora neste caso a palavra variedades se ajuste melhor aos indecorosos espectáculos a que temos sido forçados a assistir, em nome do idioma. Umanotícia recente do PÚBLICOdeu-nos conta de que a Associação de Professores de Português (APP) resolveu propor ao Instituto de Avaliação Educativa (Iave) a criação de “um grupo de trabalho no seu conselho científico para discutir a aceitação das variedades linguísticas codificadas do português nos exames nacionais”. Isto devido a relatos de professores e alunos, queixando-se de que o exame nacional de português “penalizava quem usasse a variedade brasileira”.
O Iave, claro, mostrou “disponibilidade para discutir o assunto” e lá teremos, neste país de comissões, mais uma. Veio à baila, como convém, o “carácter pluricêntrico da língua portuguesa”, que o ministro João Costa, à data ainda secretário de Estado, já brandira num artigo seu na revista Palavras, da APP (n.º 4, 2021). Alguns excertos: “A ideia de que alguma língua no mundo não apresenta variação não passa de um mito”; “Todos têm lugar na escola, os que cresceram a falar português europeu, os que não têm o português como língua materna ou os que falam outra variante”; “Isto significa, antes que seja mal interpretado, que – na competência que a escola tem de ensinar a norma portuguesa – não podemos fazer de conta que a diversidade não existe ou que não está lá, na aula concreta e no aluno concreto. Não defendo que os erros não se corrijam, como é óbvio. Mas isso não se faz sem o desenvolvimento de uma consciência de que nem sempre o erro é o que julgamos.” Como se vê, a APP e congéneres têm muito com que se entreter, no tal grupo de trabalho – onde hão-de esbarrar com o tal elefante.
Expliquemo-nos. Aqui há uns largos anos, vieram convencer-nos de que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 vinha criar uma norma única no espaço universal do idioma. Tal miragem teve paternidade dupla, e assumida, de dois académicos, o português João Malaca Casteleiro (1936-2020) e o brasileiro Evanildo Bechara (n. 1928, hoje com 94 anos). Ora este último, numaentrevista ao jornal Estadão, em 12/11/12, dizia coisas como estas, em favor da sua “dama”: “Em qualquer área em que seja usada, tanto no Brasil, como em Portugal ou na África, a língua portuguesa será grafada de uma só maneira. Isso significa que um livro editado em português pode correr todos esses países, porque a ortografia é a mesma”; ou: “Uma língua que tem uma só ortografia circula no mundo com mais facilidade.”
A entrevista estava pejada de declarações ligeiras e falsas, prontamente analisadas e denunciadas em Portugal porJoão Pedro Graça, tradutor, então no espaço da ILCAO (a 14/11) e porAntónio Fernando Nabais, professor de Português e de Latim, no blogue Aventar (15/11). Este, no mesmo blogue,não resistiu agora a comentara recente iniciativa da APP: “Convém lembrar que a APP esteve sempre do lado da defesa do chamado acordo ortográfico (AO90), essa oitava maravilha do mundo que, segundo os seus diversos apóstolos, iria contribuir para a tão desejada ‘unificação ortográfica’ […]”, concluindo: “Só falta a esta associação a honestidade de reconhecer que este problema constitui mais uma prova de que o AO90 é um falhanço vergonhoso.” Pois, a par das normas existentes, ainda inventou uma outra, desajeitada e inútil: o “acordês”. O elefante.
Se fosse num conto do Mário-Henrique Leiria, o elefante ia com ele “tomar uns gin-tonics” ao Bastilha, reaparecida a múmia (in “Desabamento”, Contos do Gin-Tonic, págs. 97-99). Mas como se trata da língua portuguesa, o elefante anda de braço dado com as múmias a fingir-se útil e a atormentar-nos a existência. Não, a APP não reconhecerá que errou, nem os ministros que engoliram as patranhas do dito “acordo” voltarão com a palavra atrás, como já se viu. Bem pode Marcelo Rebelo de Sousa garantir, como fez nas celebrações do 5 de Outubro, que “nada é eterno em democracia”, porque nos impuseram uma excepção (aliás, uma “exceção”) a essa verdade universal: o acordo ortográfico. Ora, citando João Costa, como “não podemos fazer de conta que a diversidade não existe”, que tal livrarem-se de vez desse empecilho que a ninguém beneficia (a não ser os poucos que dele já tiraram proveito) e aceitarem que o português tem variantes, também ortográficas? E que é conhecendo-as e sabendo conviver com elas que se fará o nosso futuro? O resto é poeira, que insistem em atirar-nos para os olhos.
Professores querem grupo para discutir aceitação de variedades de português em exames
A Associação de Professores de Português (APP) propôs ao Instituto de Avaliação Educativa (Iave) criar um grupo de trabalho no seu conselho científico***para discutir a aceitação das variedades linguísticas codificadas do português nos exames nacionais. Segundo o Ministério da Educação, o presidente do Iave manifestou “disponibilidade para discutir o assunto com a referida associação, o que acontecerá brevemente” – mas não especificou quando.
Deve ser realmente justo que o jornal “Público” se reserve uma caterva de direitos autorais,ainda que as matérias sejam de interesse igual ao do nome do jornal e que tais direitos se estendam até àscartas ao directorou ao “provedor do leitor“, assim como aos artigos de ambos esses titulares — a tudo menos aos anúncios a granel. Semelhante reserva deve ser absolutamente necessária, de facto; nem a publicidade comercial nem a “institucional”,paga pelo Estado, chegarão com certeza para mandar cantar um cego, quanto mais pô-lo atocar rabecão.
Daí, portanto, não havendo um exemplar em papel que se possa digitalizar (isso não deve o pessoal do “Público” perseguir, pois que diabo, Portugal não é um país de capitalismo selvagem nem está cheio de gananciosos patológicos), então “é assim”, como agora se diz, quem quiser ler as novas que se fique pelas “gordas”. “Gordas” essas que são servidas com uns appetizers textuais, dois parágrafozitos à laia de Martini com azeitonas verdes. E já gozas.
Tão frugal serviço noticioso foi-nos agora de novo servido (se bem querequentado) tratando da mais recente salgalhada que envolve professores e um departamento governamental cujas funções, como parece indicar a designação daquele “instituto”, consistem em avaliar não se sabe ao certo o quê mas que terá, presumivelmente, algo a ver com a função “educativa”. IAVE. É bem achado, convenhamos. “Instituto de Avaliação Educativa“, mas que lindo nome, ui, tão catita.
E de uma transparência absolutamente brutal, logo a começar pela apresentação que faz de si mesmo: «Regemos a nossa actuação por princípios de imparcialidade, de transparência e de rigor técnico e científico, respeitando a política educativa vigente.» Belíssimo oxímoro, para começar, logo nesta entrada a pés juntos: conseguir juntar na mesma frase dois conceitos que mutuamente se excluem, não é para qualquer. Nota-se que há ali tarimba. Encadear “rigor técnico e científico” e “política educativa vigente”, convenhamos, é de mestre; bem, pode ser que a “vigência” da “política educativa” seja milenar ou eterna e não esteja afinal limitada ao período de “vigência” da política imposta por determinado mandato governamental de quatro anos.
As urgências lentas são um mimo, portanto entende-se perfeitamente a falta de “pressa” da “urgência”.
Esperam por que a simples passagem do tempo faça caducar o engulho. O método dofacto consumado, que tão espectaculares resultados produziu na “adoção” do AO90, servirá de igual forma para que esta pequena lagartixa se transforme por metamorfose em mais um jacaré.
Metáforas à parte, por mais horripilante e abrangente que seja a analogia, o que importa realçar nestas nada subtis vigarices ministeriais e sindicais é a previsibilidade: fica absolutamente claro o que se pretende, na sequência “natural” da imposição feroz do #AO90 no sistema de ensino ex-português, assim como não subsistem — desde o início — quaisquer dúvidas sobre o papel da APP na “adoção” e, por conseguinte, o que é e para que serve essa tal Associação de Professores de Português brasileiro, quais dos/dasseus/suasassociados/as são os/as principais protagonistas da traição, em que ligações (olha, editoras, ah, que surpresa) está emaranhada.
Toda a gente sabe qual é a táctica, a rotina mecânica utilizada sempre pelos mesmos em processos parcelares ou pontuais, como é o caso deste, e qual é o desfecho mais comum dos seus métodos de demolição: ou passa tudo a brasileiro ou então vaiferrete de “xenofobia” na testa. A receita do costume, claro. Da qual, aliás, com ingredientes como o IAVE e a APP e tantos outros, se tem este Apartado ocupado amiúde, partilhando receitas, umas mais substanciais do que outras, algumas com sua graça mas quase sempre com o sabor amargo característico dos cozinhados acordistas, cujo veneno, mesmo em doses homeopáticas, pode tornar-se letal se consumido sem grandes cuidados.
É miserável mas não deixa de ser caricato o que vai sucedendo, por exemplo paradigmático, no assim dito “sistema de Ensino” indígena: evidentemente, visto que “eles são 230 milhões e nós somos só 10 milhões”, então há que — além de escrever como “eles” falam — “facilitar” e “agilizar” também o percurso académico “deles” (e só deles, para os alunos portugueses fica tudo na mesma), aceitando que escrevam como falam (ou como de resto lhes der na real gana). Este aparente conflito resultante da aculturação selvagem deixará de o ser de imediato, como que por milagre, com o estalar de dedos do costume — ou seja, via “orientações” internas da tutela, na secretaria da 24 de Julho, e de seguida com a consagração legal na respectiva linha de montagem, a São Bento. [A vitimização como arma política – 2 (Gerundiando o estando ensinando) 03.08.22]
Deste enorme Pantacruel devem servir-se os comensais — que de “chefs” estamos mal — com estrema parcimónia e, sobretudo, com extremo cuidado. Cuidado, por exemplo, com os “ouvi dizer” e com os “achismos”. Ainda piores do que os tachistas são os achistas, como sabemos, especialmente quando acumulam funções.
Ao invés do que dizem alguns idiotas úteis (ou do que “acham” outros idiotas e inúteis), não existe nisto — pelo menos, não existem precedentes que estabeleçam algum tipo de jurisprudência na matéria — o direito de “objecção de consciência”. A RCM 8/2011equivale, para todos os efeitos, a uma ordem por escrito: pode a posteriori ser contestada, mas primeiro terá de ser acatada; a sua recusa liminar e sumária, alegando uma putativa objecção de consciência quanto a escrever em língua brasileira, poderá resultar em igualmente sumário processo disciplinar tendo em vista… o despedimento.
Posso afiançar, para o duvidoso caso de isso servir para alguma coisa, que obviamente não sou eu próprio o autor desta ou de qualquer outra das inúmeras abjecções legislativas de que o sistema jurídico português está servido. Quem, por mania ou desfastio, persistir em desencantar culpados e destapar alçapões pode, por exemplo, tentar descobrir para que serve ou o que é ao certo a nacional Provedoria de Justiça, esse misterioso serviço que trata da defesa do cidadão comum em qualquer situação de injustiça, à excepção de possíveis engulhos com a… Justiça.
Convirá relembrar, ainda a propósito de abjecções, que os professores — e por maioria de razões os de Português — nem piaram quanto à “adoção” da cacografia brasileira. Exceptuando algumas honrosas excepções, informal ou formalmente, individual ou colectivamente, muitos deles acobardaram-se miseravelmente perante o camartelo governamental. Aliás, foi e continua a ser a tal APP, o professoral sindicato com mais sócios, uma das principais “bandeirantes” da neocolonização linguística.
Sem grande esforço de memória, recordemos apenas um dos vários episódios que têm marcado a empedernida (e altamente suspeita) militância de certos (in)docentes.
«A presidente da Associação de Professores de Português (APP),Edviges Ferreira, não só discorda como afirma que “muitos” docentes “prejudicaram seriamente os seus alunos por não terem cumprido em devido tempo as determinações do MEC”.» «Um aluno que não domine a nova ortografia e escreva “efectiva” em vez de “efetiva, “pára” em vez de “para” ou “acção” em vez de “ação” por exemplo, pode perder “entre quatro a cinco valores em 20, segundo a presidente da APP. O que, admite Edviges Ferreira, tem consequências potencialmente graves, nomeadamente no que respeita à nota final e ao acesso ao ensino superior.»
[“post” ‘Abuso de poder: prisão até três anos’, publicado em04/05/2018]
Os resultados estão à vista.
Podem fingir que não sabiam, não viram, não ouviram. Um dia, fatalmente, hão-de ter de prestar contas. E pagá-las. Nisso o futuro não costuma perdoar. Exige aquilo que tem a haver, logo ali, à vista e em contado. É brutal, o futuro. Nunca faz nada “sutilmente”.
NÓS, Portugueses, que recusamos curvar-nos diante de quem tem o DEVER de nos SERVIR, mas assobiam para o lado, como se não existíssemos; NÓS, que somos em número muito superior aos que nos (des)governam, não só podemos, como devemos EXIGIR que o governo português tome uma posição RACIONAL em relação à IRRACIONALIDADE que por aí circula, neste nosso País DOS Bananas, no que à Língua Portuguesa diz respeito.
Isto vem a propósito de eu ter recebido mais umcomentário estereotipado, igual aos que costumo receber às centenas, cujo conteúdo circula na Internet, pela boca dessa fatia grossa de zucas idiotas, paus-mandados de políticos esquerdistas brasileiros mal-intencionados, talvez com o objectivo de esmagar a formiga (Portugal) sob as patorras do gigante (Brasil).
E se a estupidez matasse, o “Pretinho Safado” (o comentador de serviço, desta vez) que representa essa fatia grossa de zucas idiotas, já estaria morto e enterrado, desde as 15:47 do dia 19/09/2022.
Quando recebo um comentário anónimo ou com uma alcunha que pressupõe um bonifrate, tenho duas opções: ou publico-o, por ele trazer mais-valia ao debate do tema em causa; ou ignoro-o, por ele ser completamente estúpido, e não ter ponta por onde se lhe pegue, ou por ser obsceno. No entanto, por vezes, faço uma excepção aos comentários estúpidos (jamais aos obscenos) e publico-os, se me dão oportunidade de praticar algumas das Obras de Misericórdia Espiritual, ou seja, dar bons conselhos; ou ensinar os ignorantes; ou corrigir os que erram; ou consolar os que fazem figuras tristes; ou dar-lhes uma retambana.
Todos os que me conhecem sabem que a Estupidez, sobretudo, a Estupidez Organizada é uma das coisas que me fazem saltar a tampa, e que nunca deixo passar em branco, até para que os que sofrem de idiotia, mas não se apercebem de que são idiotas, fiquem a saber, para poderem tomar alguma providência, no sentido de deixarem de o ser.
Quem está por detrás da alcunha “Pretinho Safado” é alguém notoriamente amestrado para papaguear o que os predadores da Língua Portuguesa querem disseminar, por aí, como verdade, até porque todos sabemos que uma parvoíce repetida ad aeternum transforma-se numa parvoíce válida.
Porque não posso, nem devo deixar que os zucas idiotas andem por aí a achar que são os donos da Língua Portuguesa, e que podem deformá-la, conforme o “Pretinho Safado” a deformou, e depois vir para aqui alardear a sua alarvice, com a insolência que caracteriza os medíocres, vou publicar o comentário, e responder-lhe à letra, como merece, até porque há que aniquilar a parvoíce, para não se tornar válida.
E esses muitos idiotas também estão no Poder, e lá ficarão, se continuarmos a permitir que eles se multipliquem. A partir dessa permissão, os IDIOTAS passam a ser também TODOS os que permitem tal anormalidade, e então, aí sim, os IDIOTAS irão tomar conta do mundo, porque serão mais do que muitos. É isso que querem, com a vossa INACÇÃO?
Vocês portugueses reacionários são muito incoerentes. Enchem a boca pra dizerem que o português evoluiu do latim, pra se gabarem e se sentirem supeiores lingüísticamente. Mas esquecem que essa evolução se deu através de erros dos falantes do latim vulgar. Duvido que a sintaxe e a pronúncia e qualquer outro elemento estrutural do português europeu seja o mesmo do latim vulgar. Esquecem que o português também sofreu inumeras alterações em sua ortografia desde o tempo do galego-português. E TUDO ISSO ACONTECEU ATRAVÉS DE ERROS NA LÍNGUA FALADA DO POVO! PORQUE A ESCRITA SEMPRE FICA DEFASADA DIANTE DA LÍNGUA FALADA PELO POVO, POIS A PRONÚNCIA, A SINTAXE, O SENTIDO DAS PALAVRA E ATÉ O VOCABULÁRIO ESTÃO SEMPRE EVOLUINDO PELOS ERROS DOS FALANTES. E ainda querem posar de protetores do idioma diante dos brasileiros. Vocês, ao contrário do que acreditam, não falam a língua de Camões. Só é possivel ler Os Lusiadas respeitando-se as rimas o ritmo da poes ia em BRASILEIRO! Até suas crianças já adotam vocabulário brasileiro. Triste não? Eantão, aceite que dói menos: O IDIOMA BRASILEIRO É A REFERÊNCIA NA LÍNGUA HOJE EM DIA! E o que vale é aquele ditado a respeito da língua: MANDA QUEM PODE E OBEDECE QUEM TEM JUÍZO. ENTÃO, VIVA A LÍNGUA BRASILEIRA!
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“Pretinho Safado”, o seu nome já diz tudo. Não sei se é pretinho, mas safado vê-se que é, a quilómetros de distância. Tenho muita consideração pelos pretinhos, mas NÃO tenho consideração nenhuma, nem tenho de ter, pelos safados.
A nossa superioridade não está no facto de a Língua Portuguesa ser uma Língua Indo-Europeia, de raiz greco-latina. A nossa superioridade, e a superioridade dos países africanos que a adoPtaram, está em termos sabido preservá-la, pois ela continuaa ser a Língua de Camões, adaptada aos tempos modernos, mas NÃO mutilada, nem desenraizada.
O seu delírio vai ao ponto de dizer que SÓ é possível LER Os Lusíadas em Brasileiro. Isto é para rir? É uma anedota? Se é, é uma anedota de muito mau gosto. Mas, ao menos, considera Brasileira a língua falada e escrita no Brasil.
Nós e os africanos de expressão portuguesa, somos, de facto, os legítimos protectores da Língua Portuguesa. E defendê-la-emos contra tudo e contra todos. E eu até estou a ser muito delicada, porque me apetecia dizer que nenhum português jamais ambicionará escrever como o “Pretinho Safado” escreve. Jamais, JAMAIS os Portugueses aceitarão tal escrita, para si próprios. Se bem que, actualmente, em Portugal, é a mais rasteira mixórdia ortográfica que anda a ser propagada nos média subservientes, nas escolas, nos serviços públicos e na Internet. Mas esses são a fatia fininhados Tugas Idiotas.
O seu ditado a respeito da língua é delirante, porque nem semprequem manda, PODE, porque esses é que NÃO têm juízo. Só podem, se os deixarmos.
E nós cá estamos para DESOBEDECER, até porque somos mais do que os que mandam.
E então VIVA a Língua Brasileira, no Brasil! Que não é melhor, nem pior do que a sua Genetriz. Ela é simplesmente DIFERENTE, e a riqueza dela está no léxico introduzido pelos Indígenas e Africanos e restantes Povos que se fixaram no Brasil. Porque a herança linguística portuguesa os ressabiados brasileiros já a destruíram.
Então, em Portugal, VIVA a Língua Portuguesa! E garanto-lhe que VIVERÁ!
Per omnia saecula saeculorum… Tão certo como eu estar aqui a escrever isto.
Não deveria ser necessário, por se referir a algo evidente a quem é minimamente atento, honesto e inteligente, mas mesmo assim deixo um aviso aos “acordistas”, quer activos, por convicção (poucos, fanáticos, pervertidos), quer passivos, por capitulação (muitos, cobardes, preguiçosos): a (efectiva, plena) unificação ortográfica transcontinental “lusófona” nunca será concretizada.
Tal devemos agradecer principalmente a africanos (mas também a asiáticos, aos timorenses): Guiné-Bissau, Angola e Moçambique ainda não ratificaram, passados todos estes anos, o AO90 – aliás, a Academia Angolana de Letras, em Outubro de 2018, pronunciou-se formalmente contra a ratificação; e em Cabo Verde, que a fez, parece porém estar cada vez mais próxima (Abraão Vicente, ministro da Cultura do governo da Cidade da Praia, confirmou-o em entrevista concedida em Fevereiro último) a institucionalização do crioulo como idioma nacional – o que significará que aquele arquipélago deixará de ser, de facto, um país de língua oficial portuguesa, seja lá o que esta for actualmente. Portanto, e uma vez mais, em África luta-se pela descolonização; nisto deveriam reflectir muito seriamente todos os alegados “antifascistas” que se preparam para celebrar neste mês os 45 anos do 25 de Abril com “a” minúsculo.
Agora há que saber se em Portugal se vai acabar com a experiência catastrófica, não utópica mas sim distópica, de uma “novilíngua” que viola a etimologia europeia predominante em todas as nações civilizadas do Mundo e que resultou da “adoção” ilegal e reforçada, deste lado do Atlântico e isolando-nos daquelas, de uma subversão terceiro-mundista executada por uma ditadura brasileira da década de 40 do século passado decidida a diminuir os laços com o Velho Continente, e em especial com a nação ex-colonizadora de que muitos brasileiros se envergonha(va)m – para o comprovar basta recordar certas reacções ao incêndio que destruiu o Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro,em Setembro de 2018. Os portugueses, e, mais concretamente, os seus supostos representantes que têm assentos (mas que dispensam acentos) no hemiciclo par(a)lamentar, poderão ter ainda em 2019 uma nova oportunidade de terminar esta traição, esta auto-sabotagem da cultura, identidade e honra nacionais, se e quando for apresentada e votada a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, cujos responsáveis anunciaram em Janeiro último terem alcançado finalmente (o número mínimo de) 20 mil assinaturasnecessárias e isso o comunicaram à Divisão de Apoio ao Plenário da Assembleia da República, neste momento aguardando o agendamento. Infeliz e vergonhosamente, sabe-se o que aconteceu na anterior oportunidade, ocorrida a 22 de Fevereiro de 2018: a proposta de desvinculação do “Acordo Ortográfico de 1990” defendida naquela data pelo PCPfoi rejeitada por BE, PS, PSD e CDS, com as excepções, expressas em apoio ou abstenção, de oito deputados (um do PAN, uma socialista, um social-democrata e cinco centristas). Este quase consenso, da esquerda à “direita”, na continuação da destruição de uma componente fundamental do património nacional é apenas mais um motivo (outros, igualmente relevantes, existem) que justifica uma mudança de regime neste país, com a consequente exclusão (e, em alguns casos, detenção) dos “políticos” que manifestamente não sabem, não querem e/ou não conseguem defender o autêntico interesse público.
Já se sabia que a “ortografia” do AO90 é a do abuso, da arrogância. E desde que José Sócrates e Lula da Silva,principais culpados da exumação e da reanimação do “cadáver acordizador”, foram acusados judicialmente e mandados para a prisão, passou a ser igualmente a da corrupção, do crime. Pelo que todos os que aceitam “escrever” dessa maneira são cúmplices dessa corrupção, desse crime. Cada vez mais o “aborto pornortográfico” se assemelha a uma doença altamente “contagiosa”, cujo sintoma mais visível é a incapacidade dos que se submetem ao dito cujo se aperceberem do ridículo em que caem. Um exemplo (verdadeiro) entre vários possíveis: quem escreve “proveta” referindo-se a “provecta” não pode estar num estado normal, minimamente saudável; e o mesmo se aplica a outras aberrações como “afetar”, “detetar”, “espetáculo”, “fatura” ou “receção”. Isto para não falar daqueles que estão já em situação “terminal” e escrevem “apocalise”, “abruto”ou “corruto”. Como é que pessoas e instituições (públicas e privadas, empresas, e não só editoras) aparentemente sensatas aceitam participar nesta patética e degradante farsa, à qual não estão obrigadas? É na verdade espantoso como há tantas prontas a obedecer a “normas” absurdas e anormais só porque são impostas “de cima”. Compreende-se hoje ainda melhor por que é que Portugal aguentou quase 50 anos de ditadura.
Façamos um raciocínio e (porque não?) um juramento de sete, para um outro acordo: em vez de sete cederem a um, esse um cede a sete…
(Este meu texto está baseado na leitura deste outro texto: «Toda a lógica instrumental do AO90 é brasileira», de Marco Nunes Carreiro (repórter e escritor brasileiro), que pode ser lido neste link:
(É preciso acrescentar que a grafia usada por Marco Nunes Carreiro (efetivo, ação, atual, janeiro, reflete, didáticos) é a que o Brasil utiliza desde 1943, quando começaram a suprimir as consoantes mudas, ou seja, a mesma que o AO90 defende, mais acento, menos acento, mais hifene, menos hifene, mais pê e cê numa ou outra palavra. E atenção! No Brasil, com o AO90, os Brasileiros apenas têm de mudar hífenes e acentuação. Nós, Portugueses, mudamos os mesmos hifenes e acentuação, e suprimimos as consoantes mudas que os brasileiros suprimiram, mas também as que os brasileiros não suprimiram), e tudo isto para UNIFICAR.)
O Juramento dos sete chefes, de Alfred Church (inspirado num episódio da tragédia de Ésquilo Os Sete Contra Tebas).
São oito os países que fazem parte da Lusofonia: Portugal, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Brasil e Timor-Leste, único país que ficou a leste do acordo. Certo?
Destes oito países lusófonos, apenas o Brasil, por motivos que já todos nós conhecemos (mas que nunca é demais repetir), ou seja, para facilitar a aprendizagem da Língua que foi escolhida para língua oficial depois da independência, em 1822 (poderiam ter escolhido uma das línguas tupi-guarani, por exemplo), com o intuito de diminuir o elevado índice de analfabetismo que então grassava no país (e que permanece até hoje, apesar de…), adoptou a estratégia simplista de suprimir consoantes mudas, atropelando a Etimologia de vocábulos que têm uma história, transformando a Língua Portuguesa numa espécie de Dialecto Brasileiro, assente nessa escrita mutilada, onde as mais básicas regras gramaticais são também atropeladas.
Ora é este Dialecto Brasileiro, designado, erradamente, como Português do Brasil, agora apelidado de AO90, que Portugal e Brasil querem, impor aos seis outros países que sempre se mantiveram fiéis à versão culta e europeia da Língua Portuguesa, e quando digo culta e europeia, não quero dizer com isto que a versão brasileira seja inculta; europeia sabemos que não é. E inculta não será, se falarmos de dialecto.
Portanto a pergunta que se faz é a seguinte: por que carga de água é que sete países têm de deixar de escrever correCtamente a Língua Oficial deles, apenas porque um país que a escreve mutilada, assim o entende, e por razões das mais absurdas, como se pode atestar no texto que escrevi sob o título «Eu acuso o governo português de tentativa de homicídio da Língua (Oficial) Portuguesa» que pode ser consultado neste link:
Então, o que proponho é que Portugal, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Timor-Leste se unam e, em vez de sete países, que sempre escreveram correCtamente a Língua Oficial, que faz parte da identidade desses países, passarem a escrever incorreCtamente a língua, seja o Brasil, que se desviou da matriz dessa mesma Língua, a regressar às origens e, deste modo, a Língua Portuguesa ficaria, de facto, unificada nos oito países lusófonos.
Os Brasileiros são milhões? São.
Mas são milhões a escrever incorreCtamente uma Língua que milhares (talvez também abeirando os milhões, se exceptuarmos os milhares de analfabetos ainda existentes no Brasil) escrevem correCtamente.
Não queiramos passar de cavalo para burro, que significa ficar pior do que se está, trocar o que se tem de bom por coisa pior ou descer de categoria... Neste caso, trocar uma Língua pelo dialecto de uma ex-colónia.
E diz-nos a lógica que não se deve impor a sete povos o que apenas um só povo não faz certo.
Nunca entendi esta vergonhosa subserviência do governo português a um país que não respeitou a língua que herdou de antepassados comuns. Que a desfez, desenraizando-a, apartando-a das suas origens: na pronúncia, na sintaxe, na gramática, na ortografia, no vocabulário que afrancesaram, americanizaram, italianizaram, castelhanizaram, enfim, deslusitanizaram a Língua Portuguesa, como o pretendeu o linguista Antônio Houaiss.
Sete países não podem vergar-se à vontade de um.
Sete países têm em comum uma ortografia unificada. Por que estes sete países deveriam destruir essa união, apenas para fazer o jeito a editores/livreiros e políticos brasileiros e portugueses impatriotas que apenas pretenderam encher os bolsos à custa desta negociata de dois contra seis?
Digo isto, e nunca é demasiado dizê-lo, porque a ortografia que o governo português quer impingir-nos ilegalmente não é mais do que a ortografia utilizada no Brasil, desde 1943, quando se começou a suprimir as consoantes mudas) com a agravante de desunificar mais do que unificar as duas grafias existentes, até porque os Portugueses já começaram a escrever incorrectamente, palavras que os Brasileiros sempre escreveram correCtamente, dando, deste modo, uma no cravo, outra na ferradura.
Por exemplo: recepção, infecção, concepção, espectador… Mas porquê recePção, mas adoção (âdução – é assim que se lê isto), no Brasil? Por que os Brasileiros lêem o P de recePção e não lêem o P de adoPção? Isso não é motivo, é ignorância. Assim como é ignorância, os subservientes portugueses escreverem “receção” (lê-se rec’ção) em vez de recePção (lê-se recéção, se bem que eu leio o P de recePção).
Que seja então como na tragédia de Ésquilo: os sete países lusófonos que sempre tiveram a língua unificada, contra o AO90, engendrado no Brasil, e que só desunifica a língua comum.
Ou não seja este acordo a verdadeira tragédia do desacordo.
Contudo há que acrescentar um pormenor: se o AO90 se engendrou a partir do Brasil, foi em Portugal que ele assentou arraiais com a união do Malaca Casteleiro (traidor da pátria) a Evanildo Bechara, os engendradores-mores do AO90, que governantes incultos de Portugal e Brasil querem impor aos Portugueses e aos restantes países lusófonos.
(Observação: este texto foi escrito sem qualquer preconceito contra o Brasil, que tenho como minha segunda Pátria, e como tal, passível de ser criticada como a minha primeira Pátria – Portugal. É que para mim, amigos, amigos, negócios à parte. Não misturo negócios (neste caso, obscuros) com o meu relacionamento pessoal com os meus irmãos brasileiros. E quem me conhece sabe disso. Quero o melhor e na mesma medida, para o Brasil tal como quero o melhor para Portugal, o meu país natal. Apenas isso. E que o Brasil mantenha o seu Dialecto como Língua oficial).
A autora deste Blogue não adopta o “Acordo Ortográfico de 1990”, por recusar ser cúmplice de uma fraude comprovada.
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