Pela primeira vez, vi uma fala de António Costa, ser legendada no ecrã de uma estação televisiva, em Portugal, em Português.
Fiquei surpreendida. E então ocorreu-me questionar o porquê desta legenda, uma vez que o primeiro-ministro NÃO estava no Brasil, a falar para Brasileiros.
Bem sabemos que a dicção de António Costa não é perfeita, o que não é um defeito assim por aí além, até porque quase ninguém dos que falam nas televisões têm uma dicção perfeita, incluindo a classe jornalística (salvaguardando aqui as raras excepções). Se bem que o primeiro-ministro de um País, deva usar a sua Língua Materna com mestria, para não fazer má figura e não dar mau exemplo às crianças que têm na Televisão, no YouTube, no Tik-Tok e noutros sítios que tais, uma verdadeira escola de mal-falar, de mal-escrever e de mal-pensar.
Por outro lado, pode perguntar-se: mas que Língua Materna é essa que a Isabel mencionou? Ora essa!!!! A Língua de Portugal, obviamente.
Então, se António Costa estava em Portugal, a falar a Língua de José Saramago, porquê, as legendas?
Pelas imagens, que ilustram este texto, vemos que não foi para que os cidadãos com défice auditivo, pudessem perceber o que Costa estava a dizer, porque está lá uma senhora a acompanhá-lo em Língua Gestual.
Também não seria para os Portugueses, porque estes já estão habituados ao falar de António Costa, e percebem-no mesmo quando come as sílabas.
Uma vez que o assunto era sobre “um ano de guerra na Ucrânia”, as legendas seriam para os Ucranianos que se encontram em Portugal? Não me parece, pois os que já cá estão há mais tempo, já se entendem com a Língua Portuguesa, e até a falam muito bem, e este muito bem é um muito bem quase sem sotaque estrangeiro, melhor até do que muitos portugueses, de todos os sexos, que vêem demasiadas telenovelas brasileiras. Se as legendas se dirigiam aos refugiados ucranianos, que Portugal recebeu, estes, não sabendo Português, de nada lhes serviria as ditas cujas.
E como nunca ninguém se incomodou em legendar em Inglês, Língua que quase todos dominam, as falas dos políticos portugueses, para que os muitos imigrantes, de todas as partes do mundo, que vêm para Portugal à procura de uma vida melhor, e NÃO sabem Português, pudessem perceber o que os políticos dizem sobre as políticas que a eles lhes dizem respeito, mais estranho me pareceram aquelas legendas em Português, na fala de António Costa.
Foi então que me ocorreu o seguinte: puseram aquelas legendas para que os Brasileiros percebessem o que António Costa estava a dizer? Assim como se faz no Brasil, que se tem de legendar as falas dos Portugueses ou dobrar as falas dos actores portugueses em novelas luso-brasileiras ou em filmes portugueses, para que os Brasileiros possam entender a Língua que eles NÃO falam? Sim, porque nos tempos que correm, quem manda na Língua e exige que se imponha a Variante Brasileira do Português, nas escolas portuguesas, são os Brasileiros. Como se alguma vez, no Brasil, os Portugueses, ou qualquer outra nacionalidade, impusessem a sua Língua Materna, aos Brasileiros!
Bem, talvez não fossem os Brasileiros o motivo da loegendagem. Talvez fosse por outro motivo qualquer, que NÃO me passa pela cabeça.
Fiquei apenas surpreendida pelo inédito da situação. Gostaria de saber exactamente o porquê daquelas legendas em Português, de uma fala portuguesa.
Contudo, tudo é possível. Há pouco tempo veio para Portugal uma senhora brasileira, que me foi recomendada para que eu a ajudasse no que pudesse. Como sempre faço, com todos os que vêm para Portugal, procurar uma vida melhor, sejam brasileiros ou outra nacionalidade qualquer. Se vêem por bem, o meu DEVER é ajudar.
Só que essa senhora tem muita dificuldade em perceber o meu falar, que é um falar coimbrão, martelando todas as sílabas, e que aprendi com aprumo, para poder dar AULAS de Português e de História, e os meus alunos perceberem o que eu dizia. Nunca tive dificuldades em fazer-me entender com ninguém, nem com nenhuma outra nacionalidade. E embora essa senhora seja uma brasileira dos quatro costados, neta de uma avó indígena, instruída, frequentou uma Universidade brasileira, e fale a Língua que o Brasil chama erradamente “Português do Brasil” não me entende, quando falamos pelo WhatsApp.
Como ainda não é possível pôr legendas no WhatsApp, a nossa comunicação tem de ser feita através de mensagens escritas, grafadas por mim, à portuguesa, e grafadas por ela, à brasileira.
Eu podia comunicar-me com ela, falando à brasileira, porque a Variante Brasileira do Português é a minha segunda Língua, com a qual aprendi a ler e a escrever (repito), a seguir à Portuguesa, Inglesa e Castelhana. Mas não o faço. Se vou ao Brasil, comunico-me em Brasileiro. Se vou a Inglaterra, em Inglês. Se vou a Espanha, em Castelhano. No meu país comunico-me em Português, com quem o entende. Se os estrangeiros com quem lido não souberem Português, comunico em Inglês ou Castelhano, conforme for. Com os Brasileiros, que dizem que Portugal e Brasil falam a mesma Língua, mas não entendem o Português, e precisam de legendas ou dobragens, se calha de não me entenderem, não me ocorre falar noutra Língua a não ser em Português. Nem que se seja apenas através de mensagens escritas.
Isabel A. Ferreira
A professora dirigia-se a jovens que queriam seguir a carreira docente. E eu não pude estar mais de acordo com o que esta professora disse, pois ando sempre a dizer que o ensino da Língua Portuguesa, repito, da Língua Portuguesa, é o pilar de todas as disciplinas, e se professores e alunos escreverem cada um para o seu lado, misturando, Português, Acordês e Brasileirês, jamais o sucesso escolar será alcançado, e os alunos, que saírem das Universidades, a não saberem escrever correCtamente a sua Língua Materna – a Língua Portuguesa (e não o Acordês, nem o Brasileirês), jamais conseguirão ser uns profissionais de primeira água.
Se eu estivesse a entrevistar esta professora perguntar-lhe-ia o que é que ela entendia por “escrever correCtamente”, em Portugal? Sim, porque em Portugal, actualmente, e como já referi, praticam-se três estilos ortográficos: o Português, o Acordês e o Brasileirês. E isto é à escolha do freguês.
Nunca, como hoje, dar aulas de Português se tornou numa babilónia ortográfica, bem patente nos escritos das crianças, mas também nos escritos dos jovens, dos professores, dos políticos, dos governantes, dos jornalistas e escritores servilistas, e dos seguidistas, que sem saberem porquê, escrevem “incurrêtâmente”, porque agora é assim… Dizem. É assim, exactamente: numa espantosa IGNORÂNCIA!
Portugal anda descarrilado em todos os serviços prestados «a uma população que anda “anestesiada” não se apercebendo dos perigos que corre, pois nada no discurso político sobressai sobre essas ameaças [por exemplo, digo eu, o querer, por motivos obscuros, que os Portugueses escrevam à brasileira] (…), o que é corroborado pela passividade bovina da generalidade da comunicação social (quando não as escamoteia) e das instituições nacionais, “que aos costumes dizem nada”, citando o Oficial Piloto Aviador (na reforma), João José Brandão Ferreira.
E os intelectuais portugueses, que constam de extensas listas, como sendo contra o AO90, NÃO estão dispostos a não serem mais do que nomes nessas listas, e pouco se importam que a Língua Portuguesa esteja na mó de baixo, e a Brasileira esteja na mó de cima.
É urgente mudar este paradigma. E uma vez mais faço um apelo a esses INTELECTUAIS: saiam da vossa bolha de conforto, e venham LUTAR em DEFESA da moribunda Língua Portuguesa, se não a querem ver morta e enterrada.
Até porque, como disse António M., num comentário a um brasileiro que afirmou que «o Idioma Brasileiro é a referência na Língua hoje em dia (…) e que manda quem pode, obedece quem tem juízo (…) e viva a Língua Brasileira!» - «nem os Ingleses, que estão há décadas no Algarve (caso não saiba é a região mais a sul de Portugal) conseguiram impor a Língua Inglesa como língua oficial no nosso pequeno país, quanto mais os Brasileiros; nem os Espanhóis o conseguiram quando, no fim dos anos 90 do século XX, bem tentaram "colonizar" Portugal com a invasão de música espanhola e com a introdução da Língua de "nuestros hermanos" nas escolas públicas no nosso país, [não esquecer esse fracasso, também no tempo dos Filipes] quanto mais os Brasileiros. E se as crianças portuguesas andam por aí "falando brasilêro" é porque acham graça, não é por se sentirem colonizadas. Também eu, de quando em vez, solto umas expressões "brasilêras", porque adoro, mas não é isso que me faz escrever "à brasilêra". Pense bem antes de soltar asneiras porque, ao contrário do que você julga, há Portugueses, Brasileiros, Africanos, Timorenses, Indianos, Macaenses, Ingleses, Ucranianos e tantos outros estrangeiros a honrar Portugal. E todos juntos são muitos milhões. (…)
A RTP é mestra na grafia truncada. Daí que olhar para a primeira imagem, onde as palavras adePtos e recePção estão correCtamente escritas, leva-me a crer que das duas uma: ou quem estava de serviço, nesse dia, era mão-de-obra portuguesa qualificada, pois rejeita o acordês, por este ser uma extensão da ignorância; ou era mão-de-obra brasileira, que, excePcionalmente, escreve correCtamente alguns poucos vocábulos, que se safaram à mutilação.
Vamos a uma amostrinha de brasileirismos nas televisões Portuguesas?
E pensar que andam por aí a massacrar quem usa os anglicismos do Mundo da Informática!!!!!
Isabel A. Ferreira
Para "parabenizar" consultar este link:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/ao-redor-da-palavra-parabenizar-124837
Seria enganá-las.
Se Portugal o fizer, é uma VERGONHA.
Será caso único no mundo.
Um autêntico EMBUSTE.
Nenhum outro país teria o DESCARAMENTO de acolher refugiados e "ensinar-lhes" a Língua Oficial do País TRUNCADA.
Nenhum outro País do mundo teria o ATREVIMENTO de lhes “ensinar” uma grafia imposta ditatorialmente, fruto de uma ILEGALIDADE, e que NÃO pertence ao País de acolhimento.
Se Portugal o fizer, estará a VIGARIZAR os Ucranianos que acolhe. E quem diz Ucranianos diz qualquer outra nacionalidade.
E isto é uma coisa muuuuuuito FEIA de se fazer.
Isabel A. Ferreira
Comentário no post O que talvez não se saiba sobre o AO90 e é crucial saber, para não se fazer papel de parvo
Que vergonha de texto. Quanta xenofobia! A “variante brasileira” é cultural. E deve ser respeitada tanto quanto a lingua raiz. Percebe-se bem que você entende pouco da língua e suas nuances, descriminar o português falado no Brasil é discriminar o povo e sua cultura, o que é crime. Também nao concordo com o acordo, como também nao concordo que o português “brasileiro” nao seja aceito em Portugal. Seus argumentos só sustenta uma ignorância predominante aqui em Portugal, a falta de respeito e a soberba com outros povos. Retrato.
Cristiellen a 1 de Agosto 2021, 02:25
(Para bom entendedor...)
Cristiellen, vamos aos factos, porque FACTOS não são FATOS:
Mas antes de ler esta minha resposta ao seu comentário, aconselho-a a consultar, num bom dicionário de Língua Portuguesa, o significado da palavra XENOFOBIA. E a propósito poderia pesquisar também o significado de LUSOFOBIA, que se adapta perfeitamente ao que o Brasil fez com a Língua Portuguesa, algo que mais nenhum país, dito “lusófono”, que adoptou o Português como língua oficial, fez.
Facto 1: A VARIANTE BRASILEIRA da Língua Portuguesa (NUNCA esquecer que PORTUGAL é o BERÇO da Língua Portuguesa) é muito cultural, sob o ponto de vista da Cultura Brasileira, aliás, riquíssima, mas muito mal apoiada e divulgada, por falta de uma política cultural elevada, obviamente por culpa dos políticos, e esse “cultural” ninguém contesta. E obviamente que essa VARIANTE deve ser respeitada como Língua do Brasil, e isto também ninguém contesta.
Facto 2: se você tivesse lido o texto com olhos de VER e não apenas de olhar (e olhe que estou a ser delicada, porque poderia adjectivar esta sua “leitura” de outro modo), não diria este absurdo: «percebe-se bem que você entende pouco da língua e suas nuances, descriminar o português falado no Brasil é discriminar o povo e sua cultura, o que é crime». Minha cara, o que é CRIME é pegar na Língua Portuguesa (a língua de outro povo) e DESLUSITANIZÁ-LA, americanizando-a, afrancesando-a, castelhanizando-a, italianizando-a, mutilando-a, afastando-a das suas raízes indo-europeias, por motivos POLÍTICOS bastante OBSCUROS, e continuar a chamar-lhe LÍNGUA PORTUGUESA. Chamem-lhe Língua Brasileira, porque portuguesa ela já não é, incluindo na fonética/fonologia, na sintaxe, no léxico, na morfologia, na semântica. Mas pior do que isso é tentar impingir aos Portugueses essa VARIANTE, quando Portugal TEM uma Língua europeia íntegra: a sua própria Língua.
Facto 3: a VARIANTE BRASILEIRA do Português é ACEITE em Portugal, (não ACEITA) desde que falada pelos Brasileiros. Se os Brasileiros frequentam escolas portuguesas terão de aprender PORTUGUÊS, tal como EU tive de aprender BRASILEIRO quando estudei nas escolas brasileiras, que não aceitavam e não aceitam o NOSSO Português. Se os Brasileiros forem estudar para Inglaterra terão de aprender Inglês, não é verdade? É que a VARIANTE BRASILEIRA do Português está tão distanciada do NOSSO Português, que já é OUTRA Língua.
Facto 4: a ignorância predominante não está em Portugal, nem a falta de respeito e a soberba com outros povos, como você diz, também não está em Portugal, até porque nas escolas portuguesas estudam Ucranianos, Indianos, Chineses, Franceses, entre outras nacionalidades, que se integram perfeitamente, porque não têm a pretensão de serem MAIS do que nós e exigir MORDOMIAS. Quando vamos para um país estrangeiro, dançamos conforme a música desse país. Foi o que EU fiz no Brasil. E SEM REFILAR, porque refilar, nessa circunstância, é da IGNORÂNCIA. Não vamos MUDAR a NOSSA Cultura apenas para fazer o jeito aos estrangeiros, nem a tal somos obrigados. E quem não estiver bem, que se mude. Nenhum estrangeiro jamais mudou a sua CULTURA para fazer o jeito a quem emigra. Nunca ouviu dizer que «em Roma sê romano»? Pois em Portugal seja portuguesa, como eu fui brasileira, no Brasil, e adorei. Até porque 80% da minha família é BRASILEIRA.
Posto isto, e porque FACTOS não são FATOS, fique lá com a sua sabedoria, que eu ficarei com a minha IGNORÂNCIA.
Isabel A. Ferreira
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