Esta afirmação vem publicada num artigo sob o título Ideia de português europeu ser preponderante “caiu por terra (clicar no link para ler as declarações da escritora), no Jornal online “Notícias ao Minuto”.
Este é um texto onde Lídia Jorge fica muito mal na fotografia, porque só diz disparates, se bem que dizer disparates é a sina dos que acham que o Brasil é que é dono da Língua Portuguesa, só porque são milhões.
Para quem considera uma “coisa humana” (*), um embrião, fruto da fertilização de um óvulo por um espermatozóide, ambos da espécie humana, o qual, se NÃO o destruírem no santuário da vida, que é o útero materno, transformar-se-á num ser humano e não num réptil, não me surpreende nada que trate a Língua Portuguesa com igual desprezo.
Deixei de ler Lídia Jorge, há muito.
Um escritor, que se preze de ser português, rejeita instintivamente a linguagem preconizada pelo AO90, assente na base IV do Formulário Ortográfico Brasileiro, de 1943, uma vez que NÃO pertence à nossa Cultura Linguística, e se tem um saber aprofundado sobre a Língua Portuguesa, não diz que ela é uma variante europeia do Português.
As declarações de Lídia Jorge só demonstram que para Lídia Jorge, a Língua Portuguesa, que deveria ser o seu mais precioso instrumento de trabalho, não passa de uma “coisa” que tanto faz, escrever assim como assado, até porque é preciso assegurar um lugar ao sol no mundo editorial, e Lídia Jorge talvez desconheça (ou não) que a Língua Portuguesa foi vendida ao desbarato ao Brasil, por meia dúzia de ignorantes desgovernantes portugueses, como se de um saco de bolotas se tratasse.
Lídia Jorge demonstra um desconhecimento espantoso sobre a Língua Portuguesa e a sua essência e significado, quando diz que a ideia do Português europeu ser preponderante "caiu por terra". Lídia Jorge desconhece que o Português europeu NÃO existe. O que existe é simplesmente a Língua Portuguesa, que teve origem em Portugal, por obra e graça do Rei Dom Diniz, e se espalhou pelo mundo com a expansão marítima, gerando Variantes do Português em todos os territórios conquistados, uns, colonizados, outros, incluindo, obviamente, a Variante Brasileira do Português.
Não existe uma Língua Inglesa europeia, ou uma Língua Castelhana europeia, ou uma Língua Francesa europeia. O que existe são Variantes dessas Línguas, geradas nos territórios que os respectivos países colonizaram.
Ao contrário do que afirmou na sua declaração, à margem da inauguração da cátedra com o SEU nome, na Universidade Federal brasileira de Goiás, qualquer pessoa que é mais ou menos inteligente e se apercebe da realidade (leia-se CAOS ortográfico no território Português, onde já são poucos os que escrevem correCtamente a sua Língua Materna, aquela que está consignada na Constituição da República Portuguesa), compreende que, de faCto, a ideia de Fernando Pessoa de que «a minha pátria é a Língua Portuguesa» é muitíssimo bem apropriada, porque a Língua Portuguesa é um dos símbolos maiores da Identidade Portuguesa, da Nação Portuguesa, de Portugal, agora usurpada pelo Brasil através da Língua e da Bandeira.
Os Portugueses que NÃO sofrem do complexo de inferioridade, como os políticos portugueses e seus lacaios acordistas, NÃO têm a pretensão de que a Língua Portuguesa seja preponderante. Têm a pretensão, sim, de que ela seja correCtamente escrita e falada, e nos identifique como um País livre e soberano, dono da nossa Cultura, da nossa História e da nossa Língua, e não estar indevidamente à mercê da vontade política de um país estrangeiro.
A Língua Portuguesa só será forte na sua diversidade.
O que Lídia Jorge não sabe, mas devia saber, é que esta questão da Língua nada tem a ver com a Língua, mas com objectivos políticos dos mais obscuros, e não sabe o que diz, quando fala no «"carinho que os brasileiros têm" pelos estudos da literatura portuguesa...». Lídia Jorge desconhece que no Brasil já NÃO se estuda a disciplina de Português, que foi substituída por «Comunicação e Expressão, para aliviar os alunos dos textos clássicos, das construções sintácticas, das imagens literárias, dos códices gramaticais, e de tudo o que até então servia nas escolas para aprendizagem do idioma», in «Destratando o Português», crónica de A. Gomes da Costa, de 20/08/2001, inserida no livro «A Brasilidade dos Portugueses», pela Nórdica Editora, no Brasil.
Nem a Literatura Portuguesa, nem a Literatura Brasileira são estudadas nas escolas brasileiras. Os alunos servem-se de notícias dos jornais, para aprenderem o que restou do Português na Variante Brasileira.
Não me surpreenderam, pois, os disparates que Lídia Jorge proferiu, porque afinal, tem de defender o seu lugar ao sol, no mundo da literatura, ainda mais no Brasil.
Se ela NÃO desprezasse a Língua Portuguesa, do modo como a desprezou, em favor da Variante Brasileira do Português, como poderia inaugurar uma cátedra com o SEU nome na Universidade Federal Brasileira de Goiás?
Só o facto de se referir ao Português como "variante europeia da Língua Portuguesa", já demonstra um gigantesco desconhecimento, porque a Língua Portuguesa NÃO é uma variante. A Língua Portuguesa é A Língua Portuguesa. A única. As outras é que são as variantes.
Isto acontece quando não se quer perder os privilégios que o Poder reserva aos "yes man".
A mim jamais me dariam uma cátedra, fosse onde fosse, fosse por que fosse, se o preço a pagar fosse o desprezo pela minha Língua Materna.
Isabel A. Ferreira
(*) Expressão proferida por Lídia Jorge aquando uma discussão sobre o aborto (abreviação de "matar filhos no útero materno")