Sábado, 24 de Agosto de 2024

Título de um artigo publicado no “Executive Digest”: «Português do Brasil com os dias contados? Linguista garante que sim e que idioma passará a chamar-se ‘Brasileiro’. Será mesmo assim?

 

Por dias não estará, e muito menos por décadas. Resta-nos daqui a algum tempo.

O linguista garante, mas há quem garanta com firmeza que o idioma falado e escrito, actualmente, no Brasil é o Brasileiro, há muito, muito tempo...

Apenas os decisores políticos o designam como Português do Brasil por meros obscuros interesses políticos.

Não sou eu que o digo!

 

Enviaram-me, via e-mail, um texto  [clicar no linkpublicado ontem, com um conteúdo que, na minha opinião, NÃO de perita na matéria, mas de uma estudiosa empírica da Língua Portuguesa, é falacioso, e vou explicar porquê.

Barack Obama.PNG

 

(E bajuladores é o que há mais ao redor dos decisores políticos, por isso, estes acham que estão a fazer a coisa certa)

 

- Há muito que insisto, neste meu Blogue, nesta temática. Tenho sido ignorada. Nós queremos que o AO90 seja eliminado e reposta a nossa grafia, a grafia portuguesa, e que o Brasil reconheça, de uma vez por todas, que a sua Língua é a Língua Brasileira, para ONTEM. Não para daqui a décadas, quando a Língua Portuguesa já estiver morta e enterrada, como eles pretendem.

 

- O linguista citado no texto insiste em designar como “Português do Brasil”, a linguagem brasileira, desconhecendo que, no Brasil, já não se fala Português há muito, muito tempo.

 

- Como a linguagem no Brasil sofreu grandes evoluções, desde há muito, não será dentro de algumas décadas, conforme o refere o linguista, que poderá ser reconhecido o Brasileiro, porque já o é reconhecido por milhões de brasileiros, há muito tempo, até porque passei parte da minha infância e juventude no Brasil, a ouvir falar em Brasileiro e NÃO em Português, e há pouco tempo, uns editores brasileiros, quiseram que eu traduzisse para Brasileiro, o meu livro “Contestação”, que foi escrito em Português, mas eu recusei. Apenas os políticos d’aquém e d’além-mar e os que gravitam à volta deles, como fiéis satélites, insistem nesta falácia, por conveniências meramente políticas, e NÃO linguísticas.

 

- Portanto, este linguista, ao falar em décadas, até que o Brasileiro (que já o é oficiosamente há muito tempo), se transforme em Brasileiro (oficialmente), está a desviar-se da realidade.

 

- Para destruírem a Língua Portuguesa, até já vale dizer que o «Português não nasceu propriamente em Portugal, mas sim no Reino da Galiza, um território que fazia parte do que hoje é a Galiza, em Espanha, fundado no século V após a queda do Império Romano». Então o que fez Dom Diniz, quando contratou doutores das Ciências da Linguagem, para fazer nascer uma nova Língua?

 

- Este linguista refere as variantes brasileira e portuguesa, como se a Língua Portuguesa fosse uma variante de si própria. Parece desconhecer, por completo, o significado do termo variante, que em Linguística é sinónimo de dialecto, e a Língua Portuguesa deixou de ser um dialecto, quando se distanciou do Galaico-Português, um dialecto derivado do Latim, de onde se originaram a Língua Galega e a Língua Portuguesa. Línguas irmãs. Para quem estiver interessado em aprofundar este tema, recomendo, vivamente, a leitura de um precioso livro, intitulado «Historia da Lingua Galega», da autoria de Xosé Ramón Freixieiro Mato [professor emérito na Facultade de Filologia da Universidade da Corunha na área de Filologia Galaico-Portuguesa] e Anxo Gómez Sánchez [filólogo, escritor, licenciado em Filologia Hispânica, subsecção galaico-português, na Universidade da Corunha, e Professor de Língua Galega em Carral] onde a história do Galego e do Português é contada com mestria, saber e de um modo absolutamente fascinante.

 

- O linguista também «antevê [e tem todo o direito em antever] um futuro em que a língua falada no Brasil se distanciará tanto do Português europeu que acabará por ser considerada um idioma separado. “Não há maneira de retroceder, não há maneira de travar esse processo de afastamento entre o Português e o Brasileiro». O que talvez o linguista não saiba é que a língua falada actualmente no Brasil já se distanciou há muito tempo do Português, e não será necessário designar como europeu o NOSSO Português, porque NÃO há outro. Isto é absolutamente um descabido pleonasmo.

 

- O linguista dá como exemplo de influências entre a linguagem brasileira e a portuguesa (como se no Brasil o léxico português tivesse lá alguma influência) a geladeira e o frigorífico, esquecendo-se de que o vocábulo geladeira, para designar frigorífico é exclusivamente um vocábulo brasileiro, portanto, a criança NÃO está a falar à brasileira, ao usar o termo geladeira, mas, sim, a falar Brasileiro, se aplicar ao vocábulo geladeira. Em Português geladeira significa tanque utilizado nas fábricas de gelo para congelar a água. E isso tem toda a importância no adequado uso das palavras. E vê-se por aí tantos vocábulos mal aplicados, que até dói!

 

- Esquece-se o linguista de que a estrutura da linguagem usada no Brasil NÃO é a estrutura do Português. As diferenças lexicais são acentuadas. A grafia é o que se vê, na aplicação do AO90, as diferenças na morfologia, na sintaxe e na semântica são bem notórias, e, obviamente, NÃO impediriam a consolidação de uma “língua brasileira” distinta, como o afirma o linguista, porque a motivação é unicamente política.

 

- Não concordo, nem nunca concordei com as teorias deste linguista, por não ver nelas nenhuma consistência científica. Penso que ele está para a Língua Portuguesa tal como Malaca Casteleiro esteve, não contribuindo, até ao momento, com absolutamente nada que pudesse dar dignidade à Língua Portuguesa, que está a ser insolentemente usada e abusada.


- Para mim, este artigo não traz nenhuma mais-valia em Defesa da Língua Portuguesa, tendo sido tratada como se ela não fosse carne, nem peixe, como sói dizer-se lá na minha terra.


 Isabel A. Ferreira

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:00

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comentários:
De Isabel A. Ferreira a 27 de Agosto de 2024 às 18:42
Cara Susana Bastos, eu conheço a Constituição da República Federativa do Brasil do ano de 1988.

E ela está escrita no que virá a ser a Língua Brasileira. Para já está escrita na Variante Brasileira do Português.

Começa logo no início:
ATO [do verbo ATAR] das Disposições Constitucionais Transitórias
ATOS [que será isto em Português?] decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º

E mais: AssemblÉia; ação; patrimÔnio; não haverá juízo ou tribunal de exceção; interesse coletivo; registRo... enfim... isto NÃO é Português. E se lá está escrito DESPORTO e não “esporte” é porque num documento oficial a linguagem não pode baixar ao nível das favelas.

Há que ter em atenção que a Constituição é um Documento oficial, e não está escrito na Língua do POVO.


Eu admirava muito o presidente Michel Temer, com a sua pronúncia correctíssima, apesar da sua escrita ser conforme a Variante Brasileira do Português. É que a ortografia é uma coisa, e a fonologia é outra coisa, e as duas coisas combinadas, fazem toda a diferença.

Não percebo o vosso problema de NÃO aceitar como EVIDÊNCIA que no Brasil NÃO se escreve e muito menos se fala o Português. E aqui só estão incluídas a ortografia e a fonologia. Se formos para o léxico, para a sintaxe, para a morfologia, para a semântica e construção frásica temos uma linguagem muito, muito distanciada do Português.

Nunca houve problema algum, quando nós, Portugueses, ainda falávamos o dialecto Galaico-Português. Ficámos contentes por termos uma Língua só nossa. Mas nunca desprezámos o dialecto Galaico-Português.

Nunca houve problemas com o Crioulo Cabo-verdiano.
Mas há com do Brasil, mais o seu dialecto. Porquê, a não ser por motivações políticas obscuras?
De Susana Bastos a 28 de Agosto de 2024 às 15:08
Oh Isabel, então o inglês americano com as diferenças ortográficas que tem em relação ao inglês britânico também é outra língua? Ora, ora. Aceite que o que se fala e escreve no Brasil AINDA é português e AINDA não é outra língua. Será um dia, mas isso ainda levará o seu tempo. Cientificamente assim é, qualquer linguista lho dirá. Aceite também que uma língua tem variações e variantes, elas até existem no território nacional (um açoriano de São Miguel, por exemplo, até parece que fala outra língua).
De Isabel A. Ferreira a 28 de Agosto de 2024 às 19:25
Susana Bastos (desconfio que não seja bem Susana) não existe inglês americano, nem inglês britânico. Existe a Língua Inglesa e a Variante Americana do Inglês. E isso nota-se no modo de falar e na escrita, e ninguém precisa de ser linguista, para o saber. Basta ter estudado em profundidade a Língua Inglesa.

Jamais aceitarei que o que se escreve e fala no Brasil é Português, porque NÃO é. Só quem desconhece a Língua e a sua Variante e nunca lá estudou e viveu, ou tem motivações políticas obscuras (nada nesta guerra das línguas entre Brasil e Portugal tem a ver com LINGUAGEM [não queiram fazer-nos de parvos]) é que vê chifres em cabeça de cavalo.

Um LINGUISTA a sério, não desses linguistas malaqueiros que jorram por aí a tentar fazer de parvos quem tem saber empírico sobre a matéria, dir-me-á o que estou farta de dizer, porque só um calhau, daqueles muito calhaus, é que não consegue ver as monumentais diferenças.

As Línguas têm as suas Variantes = Dialectos, e a variante de um idioma NÃO é O idioma. Só um ignorante pensará, ou melhor, achará, porque não tem capacidade para pensar, se pensasse não acharia, que a variante de um idioma é O idioma que lhe deu origem.

Só um parvo não aceitaria os dialectos insulares portugueses, alguns deles incompreensíveis, que bem poderiam ser considerados como outra Língua, tal como o é o Mirandês.

Vejamos o caso de Espanha que tem quatro Línguas: o Castelhano, o Galego, o Catalão (que quem não sabe Castelhano pode até compreender mais ou menos) e o Basco, inacessível à compreensão de quem não domina essa Língua.
E NÃO existe língua espanhola ou espanhol, como corre por aí.

Daquilo que a “Susana” me dá a conhecer com este tipo de “conversa” é uma daquelas pessoas ao serviço dos muito subservientes decisores políticos, que estão amarrados a uma desmedida trapaça, e são assaz COBARDES para sair dela.

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